Tens na voz o embargo
de quem navega ao relento
nas esquinas da cidade
onde tudo falta e tudo sobra.
Corpos molhados, faces enrugadas,
olhos baços de tantas súplicas
que ninguém ouve, ninguém vê.
Apenas sombras...
Do outro lado da rua choros e gritos
sob estrondos atroadores
numa tristeza letal.
Chove nos meus olhos
a tua sede, a tua fome, o teu martírio.
No meu silêncio guardo tudo
e num arrastar de folhas
peço ao vento benevolência.