Ivan Aivazovsky
Desço a rua, descalça, e os meus pés queimam.
Acompanha-me o silêncio e vêm-me à memória
os naufrágios.
Quantos serão os náufragos, os sem-abrigo,
os desalojados deste pobre e triste mundo
que os ditadores comandam na insensibilidade
do coração que não têm?
Debruçada na tarde quente e com os pés a escaldar
eu própria me sinto a naufragar num mundo que não sonhei
e onde apenas ouço o silvo sombrio do desespero,
que vai arrastando as dores pelas estradas de ninguém.
Quem ouve as vozes dos ruídos, dos sonhos quebrados
pela insanidade dos homens?
Texto
Ailime
16.06.2023
Ailime
16.06.2023