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sábado, setembro 24, 2022

Rasgava o horizonte com o olhar

Célia Marinho


Rasgava o horizonte com o olhar

e com os dedos agarrava o luar

que se misturava com as cores

purpúreas do entardecer.


Na sua voz embargada

acolhia todos os pássaros,

que voejavam em seu redor

numa discreta contemplação

do esplendor das sombras

que o luar acendia.


Corria-lhe nas veias um rio

onde, como em chão lavrado,

as margens repousavam

e o luar se recolhia.


Tão longa a noite...

Tão breve o dia...


Texto
Ailime
Set/2022

sábado, julho 23, 2022

Havia um oceano dentro dela



Havia um oceano dentro dela

de águas calmas, sem ondulação,

que mergulhava no silêncio das madrugadas

e na paz do entardecer.

Os barcos navegavam à tona

rodeados de corais verdes e azuis

que a cerceavam nas  noites

em que as marés fitavam a Lua

e o luar a cingia meio tímido.

Nestes momentos a presença de Deus

tomava-lhe as emoções e o silêncio

era apenas brisa refrescante

numa praia invisível.


Texto
Ailime
23.07.2022
Imagem
Google



quarta-feira, abril 20, 2022

Roubo à noite a Lua Cheia



Roubo à noite a Lua Cheia
guardo-a num quarto pintado de azul
e dependuro-a no teto qual
candelabro a iluminar as sombras
suspensas do telhado da casa.

Outrora o luar, liberto,  acendia
todos os recantos por mais escuros
e sombrios
como faróis no mar alto
em noite de tempestade.

Talvez a escuridão seja passageira
e as sombras se dissipem
em sonhos inacabados
transformados em teias de luz
a escorrerem-me  pelos dedos das mãos.


Texto e foto
Ailime
19.04.2022

quarta-feira, junho 02, 2021

Na vastidão do tempo

 
Paulo Heliodoro


Na vastidão do tempo percorro as margens

cintilam estrelas no  rio 

os peixes sabem a hora do desassossego

tão perto e tão longe dos teus olhos

o luar resguarda o barco.

Não te atreves a desviar o olhar

do infinito, que te cerceia as marés

as tuas mãos vazias puxam as redes.

Ontem era o tempo de enchentes

hoje o rio afunda-se na maré vaza

tudo tão estranho, tão vago.

No barco agora encalhado

o voo rasante dos pássaros.


Texto 
Ailime
02.06.2021


terça-feira, novembro 03, 2020

Folha ao vento



Uma folha ao vento
pode não ser apenas uma folha;
é raiz, é tronco,  é seiva;
é flor, é fruto; 
pedaço de céu, nuvem,
raio de sol,  luar.

O que importa é o tempo
que por ela passa e a transforma
qual instante em que os ramos
se fundem nas teias sombrias
que agora repousam
no abismo do silêncio.

Da profundeza da ravina
uma árvore brota em flor.


Texto
Ailime
Imagem Google


 

quinta-feira, maio 07, 2020

Uma rua



No rio que corre em mim
há agora uma rua
com pedras nuas
desprovidas de margens
e pássaros
uma rua reinventada
por medos e sombras
onde os ecos me falam
não de flores e primaveras
mas de inverno e solidão
uma rua fria, sem pirilampos
sem estrelas, sem luar
uma rua sem abraços,
nem barcos a velejar
uma rua que me fala
simplesmente, de ti.

Texto e foto
Ailime
07.05.2020

sábado, fevereiro 23, 2019

As musas


Nem sempre as musas alastram
Nas sombras dos bosques
Onde o silêncio se queda
Nas teias de luz
Que fugazmente me acariciam.

Mas as palavras soltam-se
Como pássaros em redor dos ninhos
E, por instantes, o luar
Irrompe como um espelho
E reflete no abraço da noite
A limpidez das estrelas.




18.08.2013
Reedição revista
Ailime
Imagem Google


quarta-feira, agosto 22, 2018

Palavras à solta


Na candura da tua voz
as melodias soltam-se
na liberdade dos pássaros.
*
O silêncio das estrelas
é um caminho que percorre
as sombras de Marte.
*
Nas linhas do horizonte
os meus olhos incendeiam-se
nas chispas do pôr-do-sol.
*
É à noite que vigio,
nas sombras que me envolvem,
o luar que sorri ao gesto.
*
A palavra é a poesia
com que o poeta transmuta
o pensamento da alma.



Textos
Ailime
22.08.2018
Imagem Google

terça-feira, setembro 13, 2016

Nos olhos da noite também há luz



Nos olhos da noite
sentia-te o silêncio mudo
que te escavava no rosto
a angústia, que te dilacerava
no peito a ausência da luz.

Dias tortuosos, sombras
que te trespassavam o olhar
pálido como paredes brancas
onde o luar se queda
em noite de quarto crescente.

Mas nem sempre o inverno
obscurece os mares que navegas.
Timidamente uma vigia abriu-se
e de rompante dissiparam-se as trevas.
A luz reacendeu-te no olhar, a vida
que na praia te aguardava a sorrir.

É que nos olhos da noite também há luz.



Texto e foto
Ailime
13.09.2016

sábado, novembro 03, 2012

Era quase Natal



Na sala quase vazia
De paredes nuas e brancas
Como a luz do luar que já não vês
Ressurgem os ecos de outrora
Do tempo que era nosso
No crepitar das chamas
Da lareira que agora é cinza.

Evocar-te-ei sempre,
Porque em Novembro, daqui a dias,
Separámo-nos por uns instantes,
Naquele dia tão frio,
Porque era quase Natal. Lembras-te?
...
(E, lá em baixo, o rio também soluçou.)

Ailime
03.11.2012
Imagem da Net