«As palavras pesam. Um texto nunca diz a dor das pequenas coisas» Graça Pires in Poemas escolhidos
sábado, junho 22, 2024
Estão sentados
sábado, junho 01, 2024
No silêncio das palavras
enxergo com assombro
os dias em que o sol, brilhante,
torna os dias mais alegres
e as aves cantam e saltitam
nas flores em cada manhã.
Nos rastos dos jardins
procuro as tuas pegadas
quando, na sombra das árvores,
lias no meu olhar
a sede do teu amor.
Na natureza em festa
por instantes não há guerras.
Há uma grande paz e suavidade
que, embora céleres,
me fazem sonhar e acreditar
numa nova humanidade.
sábado, novembro 11, 2023
No clarear das manhãs
a terra cheira a musgo
e a pedras escorregadias
pelas intempéries
que agitam as árvores
em aguaceiros intermitentes,
deixando sobre o chão
folhas irreconhecíveis,
que vou recolhendo em silêncio.
No vórtice do tempo
aves atravessam as nuvens
resguardando-se de tempestades
numa nesga de luz,
antes que o vento as resgate.
Ailime
11.11.2023
Imagem Google
sábado, junho 24, 2023
Não sabia os caminhos de cor
Traçou com uma lufada de vento
o caminho que perseguia
e nem as flores nem as árvores
lhe disseram qual o destino
que havia de percorrer.
Sentia-se perdida, ao abandono,
como criança inocente
que, por momentos, larga a mão de seu pai
e cai desamparada no chão.
Não sabia os caminhos de cor
tão longa a distância a alcançar
movia-a apenas o sentido do sol
a acender-lhe no peito
a chama brilhante do dia
até confundir-se com ele.
Ailime
24.06.2023
sábado, maio 13, 2023
Por caminhos sinuosos
Por caminhos sinuosos
tão distantes e tão próximos
das árvores, com ninhos de pássaros,
ouço o chilrear dos melros.
Nos galhos, as folhas estremecem.
O vento voraz espalha-as no chão
antes e depois da passagem
os meus pés apressam-se.
O dia entardece.
Apenas o brilho do crepúsculo
me faz lembrar o silêncio
escondido numa flor
que trepa pelas escarpas
que serpenteiam a costa,
duma praia invisível.
O mundo aquieta-se.
Só o murmúrio do mar
me responde.
Ailime
13.05.2023
Imagem Google
sábado, março 04, 2023
Há atalhos que percorremos
Há atalhos que percorremos
e nem sempre reconhecemos quem passa ao nosso lado
indiferente, como se o mundo estivesse vazio
e não houvesse primaveras
a enfeitar os caminhos e aves a cantar
nos galhos das árvores que nos sorriem.
Um mundo moribundo que não destrinça
uma tarde de sol num dia de tempestade
e o arco-íris a rasgar uma estrada colorida no céu,
numa aliança de amor.
Ailime
04.03.2023
sábado, janeiro 28, 2023
Na nudez das árvores
Na nudez das árvores
sobre os galhos secos
os pássaros sustêm o canto.
Asas cerradas
na espera do voo
que o frio retrai
e o silêncio guarda.
É inverno.
O frio açoita os mais frágeis
que, como os pássaros,
não têm ninho.
Apenas a noite...
Ailime
28.01.2023
sábado, julho 02, 2022
Na solidão do vento
Na solidão do vento encontro-me com o amanhã.
Os meus braços abrem-se como ramos de árvores
a baloiçarem-se num ritmo frenético
como se o outono surgisse no meio das folhas
que vão caindo amarelando o chão.
Nos muros já não brilham as glórias da manhã
que, ressequidas, apenas das hastes a lembrança
dos eflúvios que aromatizavam o meu ser
que agora preenchem um pacto de silêncio.
Não distingo nas sombras do vento
a claridade dos dias e os sons do alvorecer.
Apenas um pássaro veloz, indiferente à minha sede,
traça no céu as cores da primavera.
Ailime
01.07.2022
terça-feira, janeiro 25, 2022
Uma rua
Uma rua pode ser lisa, ter pedregulhos, buracos.
Pode ser uma ponte de passagem,
mas também uma armadilha.
Pode ser nua, ter flores nos canteiros
e árvores nos jardins a ladeá-la.
Um rua pode ser tanto e tão pouco.
Pode ser um beco sem saída
mas também uma avenida retilínea
sem fim à vista.
Uma rua pode ser principio e fim.
O principio de uma viagem,
o fim de um grande amor.
Ailime
25.01.2022
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sexta-feira, janeiro 04, 2013
Transporto no olhar
domingo, julho 17, 2011
Ouço o murmúrio do mar
Ailime
17.07.2011
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