«As palavras pesam. Um texto nunca diz a dor das pequenas coisas» Graça Pires in Poemas escolhidos
sábado, julho 13, 2024
Oh mar enigmático
sábado, junho 29, 2024
Tarde de verão
Sentada na escarpa observa o mar
que, num doce vaivém, beija as areias da praia.
Forte neblina envolve todo o cenário
duma estranha tarde de verão.
Os barcos já há muito que partiram
deixando os rastos no horizonte.
Iam cheios de ilusões e esperanças,
mas o mar anda sufocado
por detritos incontroláveis,
que estonteiam a vida marinha.
Regressarão mais cedo,
vazios os sonhos dos pescadores
que desesperam.
Olha em seu redor.
A praia está deserta.
Chove, no mar das ilusões
e as gaivotas partem em debandada.
Emília Simões
29.06.2024
sábado, maio 25, 2024
Desassossegos
ali mesmo à beira da estrada.
Já lhe doem os pés, qual peregrino,
e os olhos embaciam-se com a neblina.
Por instantes deixa de enxergar.
Ouve as gaivotas que grasnam assustadas
prenunciando tempestade
naquele fim de tarde.
Fica em desassossego e
e num reflexo rápido esfrega os olhos
e pode observar relâmpagos
que faíscam à sua frente.
Num casebre próximo recolhe-se
até a tempestade passar.
O cansaço é mais forte e adormece.
Quando acorda já é manhã.
No horizonte, nuvens brancas, sorriem-lhe
25.05.2024
sábado, abril 06, 2024
Quem escreve, lê e ouve os poemas?
Quem escreve, lê e ouve os poemas?
O mundo anda muito distraído.
Os ruídos são ensurdecedores.
Mas o mar esboça na areia com a sua maresia
rendilhados de espuma branca.
As gaivotas leem nas migalhas, ao final da tarde,
o sabor do seu sustento.
Nas escarpas homens e mulheres sós
com o sal a escorrer pelas faces
estão atentos aos sons do mar,
sob o efeito das marés.
Talvez um poeta que tenha passado por ali
tentasse passar a sua mensagem
no purpúreo entardecer.
__Mas, ninguém o escutou__
Emília Simões
Imagem Google
sábado, janeiro 06, 2024
Mergulho nos rastos do vento
segunda-feira, junho 12, 2023
Eterno desejo de amar
para escrever um poema subordinado ao tema Amor, para celebrar o dia dos Namorados no Brasil.
Caminhando pela praia deixo-me seduzir pelo vento
e aspiro a brisa do mar que me fala de ti.
Pressinto-te ao longe junto à escarpa
e vou no teu encalce como se foras um príncipe,
que mora em meu coração desde sempre.
Anseio pelo reencontro.
Há tanto tempo que não te vislumbro,
mas sei que me esperas com o mesmo anseio
com que outrora me abraçavas e beijavas.
Hoje não vai ser diferente e o nosso abraço
prolongar-se-á no tempo, num eterno desejo de amar.
sábado, janeiro 21, 2023
O mar
Observo o mar sempre com espanto;
quando escuto o seu rugido
nas noites de tempestade
ou quando suavemente beija
as areias douradas duma praia qualquer,
logo ao nascer do sol.
O mar é irrequieto e imprevisível
e tanto arrasta ondas brancas como neve
como cascos de navios afundados.
O mar é alegria e brisa
é força e leveza
que me envolve como um véu
quando fito todo o seu esplendor
nos inaudíveis silêncios.
Ailime
21.01.2023
sábado, agosto 27, 2022
Nas asas do vento
Nas asas do vento descansava
das provações da vida.
O seu coração ficava leve, leve
como pássaros a esvoaçar
em redor da sua cintura.
Decidira não mais se penalizar
por todos os absurdos com que se cruzara.
Era um caminho árduo, silencioso
que lhe ardia sob os pés cansados,
onde não queria voltar.
Como um inseto saltitava
sobre as flores secas e sem cheiro
e redimia-se num casulo de silêncio
numa escarpa junto ao mar.
Ailime
27.08.2022
Imagem Google
sábado, junho 11, 2022
Um dia
Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.
Mas num dia não cabe todo o amor que as distâncias separam
todas as saudades que fazem doer o coração
todo o afeto que um beijo pode transmitir
ou o abraço apertado que se dá com um nó na garganta.
Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.
Mas jamais pode substituir a presença de quem longe
olha o horizonte como se ali pudesse beber da seiva das suas raízes
mergulhar num mar de sentimentos reprimidos
estreitando os laços que teimam em queimar a pele.
Um dia pode significar uma infinidade de coisas e factos.
Lembranças, glórias, vitórias, feitos, conquistas
mas jamais poderá mostrar o brilho do olhar e o sorriso
de quem longe é pródigo em silêncios e solidão
atravessando o dia com uma vontade irreprimível de regressar.
Para o meu filho SS
Ailime
Imagem Google
terça-feira, maio 17, 2022
Diante do mar o espanto
segunda-feira, fevereiro 28, 2022
Nem tudo nos dias é claro
mas há dias mais iguais que outros
quando os silêncios percorrem a noite
e os pássaros voam mais alto.
e nem sequer as lembranças
trazem à tona os rios nelas imergentes.
mas há dias mais iguais que outros
quando o mar agitado empurra a nau
que se desmorona na escarpa.
porque apenas os lobrigamos
nas ferozes tenazes da guerra.
Ailime
28.02.2022
segunda-feira, fevereiro 14, 2022
Nas asas do vento
ouves o meu canto
que te fala de amor.
Não de um amor qualquer.
Um amor que se rasga no tempo,
que se imprime nas pedras
quando passeamos descalços
a olhar o mar,
que nos acaricia com a espuma
das ondas que, ufanas,
serpenteiam as escarpas
do nosso ser.
No esplendor das águas
desbravamos horizontes
até ao entardecer.
Ailime
13.02.2022
terça-feira, janeiro 11, 2022
Há no silêncio dos corpos
Há no silêncio dos corpos
uma cumplicidade no olhar
como se relâmpagos
alumiassem as escarpas
onde nos desnudamos
como cardumes ao vento
a marulhar em praias
invisíveis.
Afetos e vozes inaudíveis
mergulham definitivamente
num mar de privação,
no universo inacabado
para lá do tempo
e dos enigmas do espaço.
Ailime
10.01.2022
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terça-feira, julho 20, 2021
Atravesso contigo o minucioso universo
Atravesso contigo o minucioso universo
e conto as estrelas que nos separam dos abismos
onde repousam os nossos silêncios.
Dás-me a tua mão que me segura e fortalece
e afastas todos os medos que eu invento
quanto não estás perto de mim,
como se o mar me segredasse
os ecos nas margens dos oceanos
que habitam na serenidade das águas.
As sombras dispersam-se na luz
enquanto os pássaros em voo rasante
mergulham no tempo as medusas da lucidez.
Ailime
20.07.2021
quinta-feira, março 11, 2021
O poema pode conter silêncios
sorrisos e pores do sol.
Pode ser, simplesmente, uma folha
que esvoaça ao vento levando um beijo
para um amor distante.
Pode conter ecos da alma,
murmúrios do mar,
memórias e saudades.
Pode ser, simplesmente,
uma linha reta ou
uma curva com metáforas
onde crescem flores na primavera.
Um poema pode ser, simplesmente,
um pássaro a voar.
Ailime
11.03.2021
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segunda-feira, agosto 24, 2020
Palavras tantas vezes sufragadas
quinta-feira, janeiro 09, 2020
Na busca incessante das manhãs.
terça-feira, julho 02, 2019
Rasgo o tempo com os sentidos
Rasgo o tempo com os sentidos
e caminho suavemente sobre as marés
como se as águas me impelissem
a abraçar-te
enquanto os búzios entoam
a canção do mar
que nos recorda
que as medusas vêm à tona
sempre que dançamos
sobre a proa do barco
enquanto um pássaro
desenha no firmamento
um bailado só para nós.
Texto
Ailime
02.07.2019
Imagem Google
quinta-feira, março 14, 2019
Diante do mar o assombro
segunda-feira, agosto 06, 2018
A insónia
E tão incompreensível a insónia
quando o mar sussurra na noite
um cântico límpido e melódico
como a maré baixa ao cair da tarde
a ondular no areal a volúpia das espumas.
Num vaivém, como barco a baloiçar
a vigília irrompe insidiosa
e estremece amedrontada sob a lua
a espreitar o dia que, entretanto,
já clareia o horizonte.
Texto e foto
Ailime
Julho 20118