Levanto voo para alcançá-las, mas
a gravidade deita-me ao chão.
Ergo-me e tento trepar.
O tronco, escorregadio,
faz-me resvalar e cada vez mais
as palavras se afastam.
Chove e os pássaros, taciturnos,
não abandonam as crias.
As palavras estão cada vez mais longe.
Tento voar numa folha ao vento
para as agarrar mas, teimosas,
ignoram-me.
Esqueço-me, por instantes,
que ainda não é o tempo
propício das colheitas.
Emília Simões
12.10.2024