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sábado, setembro 21, 2024

O outono que se apressa


As folhas secas espalhadas no chão,
anunciam o outono, que se apressa.
O vento assobia e as folhas, em desalinho,
dançam num vaivém frenético a melodia
do verão, que se despede.
O seu olhar segue o movimento das folhas
e o dourado da tarde ofusca-lhe os sentidos,
que se misturam com o entardecer.
Os dias serão mais curtos, as noites mais longas.
O tempo encurta as horas, os minutos...
Por momentos, o seu pensamento turva-se
numa nostalgia que compunge.
Não pode voltar atrás!
O relógio acelera, mas o seu tempo
será o tempo do porvir das primaveras,
porque em cada estação há sempre
uma flor mágica a ser colhida.

Texto
Emília Simões
19.09.2024
Imagem Google

sábado, fevereiro 03, 2024

Resvalo por socalcos de montanhas



Resvalo por socalcos de montanhas
como ave em pleno voo
e procuro uma flor
uma palavra 
um gesto
um raio de sol
um enigma,
talvez um pedaço de tempo
que me fale de vida
e de auroras
e entardeceres
que me falem de amor
ou de silêncios
onde escute a tua voz.
Divago e paro num golpe de vento
que cinjo na minha cintura
como se fora um afago teu.
 
Texto 
Emília Simões
03.02.2024
Imagem Google


sábado, outubro 28, 2023

No silêncio da tarde



No silêncio da tarde
as nuvens passam apressadas.
O dia escurece.
Um aguaceiro forte
e uma rajada de vento
fustigam as janelas
e os pobres andrajosos,
que à mingua, na rua,
estendem as mãos vazias,
erguem ao céu, os olhos molhados,
e nada veem, nada sentem.
Apenas a escassez os alumia.
Sacudo os salpicos de chuva
e  ofereço-lhes uma flor,
uma simples flor
que, curvada, também chora
as iniquidades da vida.

Texto e foto
Ailime
28.10.2023


 

sábado, setembro 30, 2023

Desato as sandálias

 


Desato as sandálias e caminho descalça pelas dunas;

os meus pés pisam  areias secas e por momentos

recuo e torno a calçar-me. O chão escalda.

O deserto é penoso, mas desafiante.

Nele me reencontro, sempre que durmo ao relento

nas noites infindáveis, quando mergulho em sono profundo.

Pela manhã o sol acorda-me e uma flor sorri.

É o recomeço da travessia; por instantes, sonho.


Texto
Ailime
30.09.2023
Image Google


sábado, maio 13, 2023

Por caminhos sinuosos



Por caminhos sinuosos

tão distantes e tão próximos

das árvores, com ninhos de pássaros,

ouço o chilrear dos melros.

Nos galhos, as folhas estremecem.

O vento voraz espalha-as no chão 

antes e depois da passagem

os meus pés apressam-se.

O dia entardece.

Apenas o brilho do crepúsculo

me faz lembrar o silêncio 

escondido numa flor 

que trepa pelas escarpas

que serpenteiam a costa,

duma praia invisível.

O mundo aquieta-se.

Só o murmúrio do mar

me responde.


Texto
Ailime
13.05.2023
Imagem Google

quinta-feira, abril 28, 2022

Percorro os campos em flor



Percorro os campos em flor
que me falam de primaveras
mas também de madrugadas
de tempos muito longínquos
que trago cingidos ao peito.

Inebriada por sentimentos e afetos,
nuvens brancas em céus azuis
debruavam o meu olhar
por entre as margens do rio
que sussurravam o meu sentir
no rumorejo das águas.

Hoje, apenas ecos, reproduzem
os sons de outrora, quando os pássaros
em voos alegres e maviosos
vêm pousar nas minhas mãos
o restolho da saudade.


Texto e foto
Ailime
27.04.2022

terça-feira, janeiro 18, 2022

O silêncio abre os meus olhos

 


O silêncio abre os meus olhos

e nele me reencontro

quando na brisa das manhãs

o sol rompe uma nuvem

e os pássaros

em revoada, entoam a alvorada

no desabrochar de uma flor.

O silêncio abre os meus olhos

num recôndito vale sombrio

onde a quietude se faz presente

nas curvas sinuosas dum rio.

O silêncio abre os meus olhos

quando o sol se esconde no horizonte

e a terra respira paz.

 


Texto
Ailime
18.01.2022
Imagem Google

terça-feira, novembro 02, 2021

O tempo nunca é o mesmo




O tempo nunca é o mesmo.
Ontem a chuva  regou os meus sonhos,
hoje colho uma flor.
O dia e a noite contemplam-se, 
assim como o sol e a lua
se abraçam num golpe de vento
que vagueia por entre galáxias.
Claridade e sombras.
Um pássaro nunca está só;
poisa sobre uma estrela 
e  esvoaça no universo
por entre galhos de nuvens. 
Gravo os meus sonhos
nas folhas caídas de outono.


Texto e foto
Ailime
02.11.2021



terça-feira, agosto 31, 2021

É quase outono nas dunas



É quase outono nas dunas,

os oásis  têm sede  e as plantas mirram.


Nada é igual como dantes

quando os caminhos floriam de paz

nos teus pés descalços pelo vento

deambulando como plumas.


Ainda estamos a tempo

de colher flores amarelas

nos dias em que as névoas

orvalharem os desertos.


Texto
Ailime
31.08.2021
Imagem
Google

terça-feira, abril 27, 2021

Percorri contigo os caminhos do vento



Percorri contigo os caminhos do vento

agarraste-me pela mão e levaste-me 

pela charneca em flor, na primavera

das memórias.

As fragâncias inebriavam-me os sentidos

e era como se fosse a primeira vez

que me deleitava com todas as cores

que faziam círculos em meu redor.

Amarelas, roxas, brancas, verdes

todas as cores do meu universo

estavam ali.

Perdi-me no meio delas e redopiei

qual bailarina em pontas

no mais belo palco do mundo.

O meu e o teu mundo.


 

Texto e foto
Ailime
27.04.2021

 


terça-feira, novembro 03, 2020

Folha ao vento



Uma folha ao vento
pode não ser apenas uma folha;
é raiz, é tronco,  é seiva;
é flor, é fruto; 
pedaço de céu, nuvem,
raio de sol,  luar.

O que importa é o tempo
que por ela passa e a transforma
qual instante em que os ramos
se fundem nas teias sombrias
que agora repousam
no abismo do silêncio.

Da profundeza da ravina
uma árvore brota em flor.


Texto
Ailime
Imagem Google


 

terça-feira, abril 25, 2017

Em Abril


Em Abril sonhei-te como pólen no chão adormecido
E abriguei-te no meu peito aberto ao vento
Qual noite a emergir na madrugada
Do silêncio a luz se fez espanto.

Como um véu abriste-te em amor
E deste-te em abraços e harmonias
Num só voo ainda entoamos
Alvorada em flor até ser dia.


Texto (reposição revista)
Ailime
25.04.2015
Imagem Google

sábado, setembro 08, 2012

O jardim



O jardim, o meu pequeno jardim
Está gélido no calor que o dizima
Neste estio prolongado.

As pétalas das flores perfumadas
Pelo orvalho das manhãs
Estão murchas pela iniquidade
Dos jardineiros que não cuidam
Do meu jardim.

E as plantas gemem,
Empalidecem
E definham
Na sua seiva ferida.

O meu jardim já não é
O mar, o sol e as manhãs
Do meu alvorecer.


Ailime
08.09.2012
Imagem da Net