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sábado, outubro 05, 2024

Passo à tua porta

 
José Malhoa


Passo à tua porta, subo o degrau;

a pedra desfaz-se sob os meus passos.

O tempo pesa sobre o meu corpo

tão distante da leveza dos gestos,

quando te procurava e me enlaçavas

nos teus braços tão fortes

que me faziam sentir muito amada.

O tempo tudo traz e tudo leva,

mas como as folhas  caídas

que atapetam o chão no outono,

na primavera brotam revigoradas

 e volto a sonhar outra vez

com a leveza e ternura dos gestos,

 gravados no meu viver,

Texto
Emília Simões
04.10.2024


sábado, julho 27, 2024

Nos descampados da vida



Nos descampados da vida

entre orvalhos sobre as pedras

e a terra sôfrega,

imagino o tamanho do mundo.


Saltito de pedra em pedra 

e os meus olhos semiabertos

tentam enxergar o longe e o perto.

Tudo me parece distante e confuso.


Um pássaro no seu voo matinal

anuncia-me o conforto do ninho.

Ainda é cedo para que a luz

me revele, nas sombras, a tua grandeza.


Texto
Emília Simões
27.07.2024


sábado, junho 08, 2024

Era pungente o seu viver



Era pungente o seu viver.

Penalizava-se por atos irrefletidos.

Chegava a cravar as unhas nas 

palmas das mãos

para se distrair desses atos

que ainda a combaliam.

Não dava mostras de remorsos,

mas fora dura consigo mesma

e não se perdoava

martirizando-se descalça

sobre espinhos que lhe feriam a alma.

O suor a escorrer sangue,

os lábios cerrados cobertos de sal,

não lhe davam a paz

que o seu coração ansiava.

Na correnteza do rio

muitas lágrimas caídas

misturavam-se com os peixes.

Ainda hoje se julga amarrada

à pedra onde esculpia a sua dor.

Texto
(Ensaio sobre ficção)
Emília Simões
08.06.2024
Imagem Google

sábado, março 09, 2024

Em silêncio percorro o deserto



Em silêncio percorro o deserto
das ruas sinuosas, onde tantas vezes
a solidão é companheira
das almas sedentas de amor.
Tropeço numa pedra. 
Caio, levanto-me e no vazio de mim
o silêncio é cada vez maior.
Como um mendigo
não desisto do caminho.
Impele-me o vento e a fome
como se pretendesse
agarrar o universo
com as minhas mãos esquálidas,
pela míngua e pelo frio.
Falo com a noite e descortino
uma luz, numa nesga de tempo,
e acelero o passo.


Texto 
Emília Simões

09.03.2024
Imagem Google

quarta-feira, março 23, 2022

Entre a luz e as sombras.


William Turner


Se queres enfrentar o caminho

percorre-o pedra sobre pedra;

encontrarás muros e declives

e descansarás no chão molhado.

A tua sede será mitigada,

mas não declines o futuro

que aos teus olhos se antevê.

Uma espécie de pacto será

o espanto que te distinguirá

entre a luz e as sombras.


Texto
Ailime
23.03.2022

terça-feira, outubro 05, 2021

Nem sempre o poema germina



Nem sempre o poema germina

como se fora raiz a brotar do chão árido.

O poema tem de ser esculpido,

entalhado, como se fora uma obra de arte

nas mãos do escultor

que grava a sua arte na pedra,

antes informe e discreta.

O poema na ausência das palavras

deve ser voz

a anunciar os ecos do silêncio

dos desertos profundos.

O poema necessita ser água

límpida e pura

para mitigar a sede dos poetas.


Texto 
Ailime
05.10.2021
Imagem Google

quarta-feira, abril 07, 2021

Os sons do vento





Espanto-me com os sons do vento

que me arrebatam  no cimo do monte

os pássaros afinam o canto

brilha-me o sol no olhar.

Na clareira descanso sobre a pedra

meus ombros pesados 

caem-me sobre o colo.

Da floresta, apenas o silêncio

das sombras.

Estremeço.

Estendo-me sobre um manto de musgo

a tua voz ainda tão longe.

 


Texto
Ailime
07.04.2021
Imagem Google


sexta-feira, junho 05, 2020

Jardim sem bancos

Trajeto de floresta da mola com sunbeams da manhã imagem de stock

Há um jardim sem bancos,
nem flores, nem pássaros.
Sento-me sobre uma pedra
e inalo a primavera
numa nesga de sol,
que se adentra em mim
por entre lastros verdes de céu.
Alguns insetos
atordoam-me os sentidos
libertos, na manhã clara,
que me enlaça como um
sopro de vento macio.
Os pássaros, ausentes,
ainda não cantam.
As folhas agitam-se.




Texto 
Ailime
03.06.2020
Imagem Google