Erick Alves
Na solidão do vento encontro-me com o amanhã.
Os meus braços abrem-se como ramos de árvores
a baloiçarem-se num ritmo frenético
como se o outono surgisse no meio das folhas
que vão caindo amarelando o chão.
Nos muros já não brilham as glórias da manhã
que, ressequidas, apenas das hastes a lembrança
dos eflúvios que aromatizavam o meu ser
que agora preenchem um pacto de silêncio.
Não distingo nas sombras do vento
a claridade dos dias e os sons do alvorecer.
Apenas um pássaro veloz, indiferente à minha sede,
traça no céu as cores da primavera.
Texto
Ailime
01.07.2022
Ailime
01.07.2022