Queria abraçar o tempo como quem
navega à deriva
e rasgar as nuvens com os olhos
como se fossem pássaros,
a poisarem-lhe nas mãos esguias
as tempestades do mar.
Um barco pousou-lhe no rosto
a ondulação dos mares
e dos seus olhos escorreu
a maresia, que ainda a prendia
à escarpa do silêncio
que trazia presa no peito.
Encontrava-se perdida
nas sombras ocultas das névoas.
Apenas o silêncio
lhe devolvia os vestígios
do tempo, que alcançara
sem sequer o vislumbrar.
Texto
Ailime
20.08.2022
Ailime
20.08.2022
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