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sábado, novembro 25, 2023

No meu canto



No meu canto escrevo uma palavra, 

depois outra e ainda outra.

Que pretendem meus dedos expressar

quando seguram a caneta e ela desliza

lentamente, como a desenhar um poema

que nem sequer está esboçado?

Deixo que gotas de tinta escorram

e molhem o papel e nesse borrão

eu tenha esculpido algo

que se assemelhe a poesia.

Tal como o pintor, quando na tela

deixa que as tintas se esbatam 

e formem a sua inspiração contida.

A tinta secou, olho-a incrédula!   

Nada restou e o poema não aconteceu.


Texto
Ailime
25.11.2023
Imagem Google



sábado, maio 06, 2023

Presságio de esperança


 

Pé ante pé percorro a seara por maturar;

procuro as papoilas vermelhas

qual pôr do sol a raiar o chão.

Mil e uma cores abraçam-me o peito

e, por momentos, agarro outra flor e outra

e deixo para trás o vento

que teima em rodopiar-me nas mãos

o fogo intenso das primaveras,

que o tempo percorre no meu olhar.

Aqui e ali ouço o canto dos pássaros

e um presságio de esperança

acalenta-me a alma.



Texto e foto
Ailime
06.05.2023

sábado, janeiro 28, 2023

Na nudez das árvores


Na nudez das árvores

sobre os galhos secos

os pássaros sustêm o canto.


Asas cerradas

na espera do voo

que o frio retrai

e o silêncio guarda.


É inverno.

O frio açoita os mais frágeis

que, como os pássaros,

não têm ninho.

Apenas a noite...



Texto e foto
Ailime
28.01.2023



sábado, dezembro 03, 2022

Na respiração de novos rebentos

(Desconheço o autor)


No silêncio da seiva a árvore adormecida;

folhas caídas sobre o chão molhado

e os líquenes a envolverem-na

como primícias de vida prometida


os pássaros adejam em seu redor 

alegres no seu canto sempre mavioso,

indiferentes às estações

e ao vento dos dias gelados


a natureza canta sempre ao amanhecer

e adormece no entardecer

quando as aves partem em debandada

na respiração de novos rebentos.

 

Texto
Ailime
03.11.2022


segunda-feira, fevereiro 14, 2022

Nas asas do vento



Nas asas do vento                        

ouves o meu canto

que te fala de amor.

Não de um amor qualquer.

Um amor que se rasga no tempo,

que se imprime nas pedras

quando passeamos descalços

a olhar o mar,

que nos acaricia com a espuma

das ondas que, ufanas,

serpenteiam as escarpas

do nosso ser.

No esplendor das águas 

desbravamos  horizontes

até ao entardecer.



Texto
Ailime
13.02.2022
Imagem Google

terça-feira, março 12, 2013

Porque canto

O grito - Munch
Porque canto o que não me encanta,
Se nos silêncios de mim
As trevas que me envolvem
Me sufocam o grito
Preso na garganta quase rouca
Onde já nem sequer as palavras
Ousam revelar-me os segredos
Das primaveras floridas.

Porque canto o que não me encanta,
Se o mar de águas revoltas
Me nega os areais de espuma
Onde as anémonas e os búzios
Afagavam ondas de esperança
Que os desertos agora consomem
Em oásis desprovidos de flama.


Ailime
12.03.2013
Imagem Google