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segunda-feira, janeiro 29, 2024

Abro a porta ao silêncio

 


Abro a porta ao silêncio
e refugio-me nas memórias
que tenho albergadas em mim.

São memórias longínquas,
que se vão desvanecendo
como as nuvens que se desfazem
impelidas pelo vento, deixando uma
estrada no céu.

Procuro uma luz para as proteger
para que fiquem intactas, sempre
que me recordar dos dias em que tudo
era claro e as aves esvoaçavam
em alegres bandos dentro de mim.

Distancio-me e indiferente
procuro outro lugar para
guardar as memórias,
que parecem vaguear entre sombras
e solidões que, de instante a instante,
se revelam à minha passagem.


Texto
Emília Simões
29.01.2024
Imagem Google



sábado, outubro 28, 2023

No silêncio da tarde



No silêncio da tarde
as nuvens passam apressadas.
O dia escurece.
Um aguaceiro forte
e uma rajada de vento
fustigam as janelas
e os pobres andrajosos,
que à mingua, na rua,
estendem as mãos vazias,
erguem ao céu, os olhos molhados,
e nada veem, nada sentem.
Apenas a escassez os alumia.
Sacudo os salpicos de chuva
e  ofereço-lhes uma flor,
uma simples flor
que, curvada, também chora
as iniquidades da vida.

Texto e foto
Ailime
28.10.2023


 

sábado, março 04, 2023

Há atalhos que percorremos


Joseph William Turner


Há atalhos que percorremos 

e nem sempre reconhecemos quem passa ao nosso lado

indiferente, como se o mundo estivesse vazio

e não houvesse primaveras

a enfeitar os caminhos e aves a cantar

nos galhos das árvores que nos sorriem.


Um mundo moribundo que não destrinça

uma tarde de sol num dia de tempestade

e o arco-íris a rasgar uma estrada colorida no céu,

numa aliança de amor. 


Texto
Ailime
04.03.2023

sábado, julho 30, 2022

Na solidão do lodo


Conhecia de perto todos os mistérios do rio.

De pedra em pedra percorria-lhe as margens

e desvendava o sabor das auroras quando as neblinas

o afagavam  ainda antes do refulgir do sol.

E estendia-lhe as redes.

Era um rio límpido, sem mácula, azul de tanto céu,

que brilhava no silêncio da lezíria

como se fora outro lugar onde o trigo ondeava.

Nada era tão puro como a transparência dos barcos,

onde saltitavam os pássaros para captar as presas

que quase afundavam o barco.

A faina era tão leve e a colheita tão farta...

.........

Hoje, apenas um velho barco carcomido,

na solidão do lodo.


Texto
Ailime
30.07.2022
Imagem Google


sábado, julho 02, 2022

Na solidão do vento

Erick Alves

Na solidão do vento encontro-me com o amanhã.

Os meus braços abrem-se como ramos de árvores

a baloiçarem-se num ritmo frenético

como se o outono surgisse no meio das folhas

que vão caindo amarelando o chão.


Nos muros já não brilham as glórias da manhã

que, ressequidas, apenas das hastes a lembrança

dos eflúvios que  aromatizavam  o meu ser

que agora preenchem um pacto de silêncio.


Não distingo nas sombras do vento

a claridade dos dias e os sons do alvorecer.

Apenas um pássaro veloz, indiferente à minha sede,

traça no céu as cores da primavera.


Texto
Ailime
01.07.2022

terça-feira, março 29, 2022

O meu rio é azul



O meu rio é azul como o céu,

mas nem sempre viajo nas suas águas.

Os barcos há muito que estão atracados

e nem o vento os embala

como nos tempos remotos

da transparência das águas

e da abundância de peixe.

Os pássaros voejam nos choupos

e cantam sobre as escarpas

a claridade da primavera;

os barcos não se movem

e os peixes ausentes.

No lodo do rio, repousa

a insensatez do homem.


Texto e foto
Ailime
29.03.2022


segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Pé ante pé

(Desconheço o autor)

 

Pé ante pé percorro cada instante em silêncio

e vou desenhando com as pontas dos dedos

pedaços de céu e primavera  nas folhas e flores

que brilham nas escarpas ao sol,

onde gravo os meus pensamentos

como se as pedras tivessem vida por dentro.

Assim vou construindo as minhas imagens,

que os pássaros vão desconstruindo

nos seus voos rasantes e céleres

debruçados na solidão das tardes.


Texto
Ailime
21.02.2022
Imagem Google



terça-feira, novembro 03, 2020

Folha ao vento



Uma folha ao vento
pode não ser apenas uma folha;
é raiz, é tronco,  é seiva;
é flor, é fruto; 
pedaço de céu, nuvem,
raio de sol,  luar.

O que importa é o tempo
que por ela passa e a transforma
qual instante em que os ramos
se fundem nas teias sombrias
que agora repousam
no abismo do silêncio.

Da profundeza da ravina
uma árvore brota em flor.


Texto
Ailime
Imagem Google


 

quarta-feira, outubro 18, 2017

Quando no meu regaço vazio

Imagem Google


Quando no meu regaço vazio
Abrigo o silêncio dos búzios
É como se o mar recuasse
Em perseguição do sol-posto.

Estendo o olhar ao infinito
E perscruto nas asas dos pássaros
O regresso das águas
Envoltas em manhãs de coral.

A luz antecipa-se às marés
E esboça nas velas dos barcos
Tons rasgados de aurora
A raiar o céu verde de espanto.


TextoAilime
 08.07.2015
(Reposição)