Estão sentados em duas filas
como estacas, quase inertes,
que sustentam velhas árvores
prestes a tombarem no chão.
Nalguns rostos serenidade,
outros angustiados olham sem ver.
Muitos deixam pender a cabeça
e dormem alheios ao que se passa
em seu redor.
A maioria está calada
ou chama pela mãe, pelos irmãos
que já não tem.
Outros ainda há com um brilhozinho
nos olhos e falam, falam, para alguém
que os escute.
Na parede do fundo uma TV
emite sons que ninguém entende,
perturbadores,
- são os zumbidos da idade, dizem alguns.
Lá fora, algum vento e sol,
mas não chegam a ver a luz do dia.
Rituais que se repetem como se
num cárcere estivessem, pelo "crime"
de serem já muito idosos e doentes.
Texto
22.06.2024
Emília Simões
Imagem Google