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sábado, janeiro 11, 2025

Inverno, duro e frio


Inverno duro e frio,
chuva, gelo,
meninos descalços,
flores murchas,
pássaros, entoam 
melodias apressadas
de vento, em debandada.
Dias sombrios,
ruas molhadas,
passos inseguros
atravessam o tempo
que se esvai por entre
sorrisos amargos.
O silêncio
rasga memórias
dum passado próximo,
dorido, com feridas
escondidas atrás dos olhos.
Sobre o rio, uma névoa clara,
auspicia 
novas flores a brotar.

Texto e foto
Emília Simões
11.01.2024

sábado, dezembro 28, 2024

As minhas palavras estremecem


As minhas palavras estremecem.

Escondo-as num coral em silêncio.

Não quero que ninguém as leia,

ouça ou profane.

O vento, por vezes, distorce

o sentir e a imaginação dos poetas,

que se arrastam nas penas,

que os pássaros vão deixando aqui e ali.

Na vertigem do tempo

rodopio segura de que 

apenas as palavras amor e paz,

podem salvar os pactos.


Texto e foto
Emília Simões
28.12.2024

sábado, outubro 12, 2024

As palavras

 


Hoje as palavras estão escondidas num ninho.

Levanto voo para alcançá-las, mas

a gravidade deita-me ao chão.

Ergo-me e tento trepar.

O tronco, escorregadio,

faz-me resvalar e cada vez mais

as palavras se afastam.

Chove e os pássaros, taciturnos,

não abandonam as crias.

As palavras estão cada vez mais longe.

Tento voar numa folha ao vento

para as agarrar mas, teimosas,

ignoram-me.

Esqueço-me, por instantes,

que ainda não é o tempo

propício das colheitas.


Texto e foto
Emília Simões
12.10.2024

sábado, outubro 05, 2024

Passo à tua porta

 
José Malhoa


Passo à tua porta, subo o degrau;

a pedra desfaz-se sob os meus passos.

O tempo pesa sobre o meu corpo

tão distante da leveza dos gestos,

quando te procurava e me enlaçavas

nos teus braços tão fortes

que me faziam sentir muito amada.

O tempo tudo traz e tudo leva,

mas como as folhas  caídas

que atapetam o chão no outono,

na primavera brotam revigoradas

 e volto a sonhar outra vez

com a leveza e ternura dos gestos,

 gravados no meu viver,

Texto
Emília Simões
04.10.2024


sábado, setembro 21, 2024

O outono que se apressa


As folhas secas espalhadas no chão,
anunciam o outono, que se apressa.
O vento assobia e as folhas, em desalinho,
dançam num vaivém frenético a melodia
do verão, que se despede.
O seu olhar segue o movimento das folhas
e o dourado da tarde ofusca-lhe os sentidos,
que se misturam com o entardecer.
Os dias serão mais curtos, as noites mais longas.
O tempo encurta as horas, os minutos...
Por momentos, o seu pensamento turva-se
numa nostalgia que compunge.
Não pode voltar atrás!
O relógio acelera, mas o seu tempo
será o tempo do porvir das primaveras,
porque em cada estação há sempre
uma flor mágica a ser colhida.

Texto
Emília Simões
19.09.2024
Imagem Google

sábado, julho 06, 2024

No desalinho do tempo



Percorro-te no desalinho do tempo
e guardo as folhas ressequidas nos
nos meus olhos cor de outono
como se um raio de sol refulgisse
timidamente, nas minhas mãos,
os sinais do tempo,
que corre veloz.
Tento cingi-los para que retardem
as mudanças de estação
onde me perco nas emoções
do entardecer,
quando ouço a tua voz
que diz o meu nome,
como se fosse ontem.


Texto
Emília Simões
06.07.2024
Imagem Google

sábado, maio 11, 2024

No silêncio do quarto


No silêncio do quarto, ouço a manhã a cantar

nos pássaros a esvoaçar em redor dos ninhos,

nas flores a desabrochar e nas crianças a brincar

no pátio da antiga escola, onde joguei à cabra-cega.

O tempo adejou com o vento, deixando apenas rastos,

que hoje fazem a minha história parecer tão remota.

Nada está como dantes, muitas metamorfoses...

Até o rio corre aos soluços por entre os seixos

esculpindo nas margens ecos passados, de tão copioso.

Os campos devastados pelos incêndios não são os mesmos.

As casas são mais brancas, mas permanecem vazias.

Olho para trás e falta alma à minha aldeia.

A vida de outrora apagou-se e o sol já não tem brilho.


Texto e foto
Emília Simões
11.05.2024

sábado, fevereiro 17, 2024

Nas intermitências do tempo



Nas intermitências do tempo
desbravo caminhos e, em silêncio,
colho alvoradas suspensas
nos sorrisos, com que te revelas,
em teus olhos brilhantes 
quando me fixas,
numa profusão de cores,
como se a primavera
envolvesse num abraço,
o tempo que resgatámos.
As manhãs são mais sadias,
as tardes, mais leves,
o teu amor mais firme.
Da escarpa, um pássaro voa
levando nas asas, para longe,
segredos que não deixaram rasto.

Para minha mãe

Texto 
Emília Simões
17.02.2024
Imagem Google



sábado, fevereiro 03, 2024

Resvalo por socalcos de montanhas



Resvalo por socalcos de montanhas
como ave em pleno voo
e procuro uma flor
uma palavra 
um gesto
um raio de sol
um enigma,
talvez um pedaço de tempo
que me fale de vida
e de auroras
e entardeceres
que me falem de amor
ou de silêncios
onde escute a tua voz.
Divago e paro num golpe de vento
que cinjo na minha cintura
como se fora um afago teu.
 
Texto 
Emília Simões
03.02.2024
Imagem Google


sábado, janeiro 13, 2024

Hoje a chuva molha a calçada


Hoje a chuva molha a calçada
e as pedras brilham como cristais
na densa tarde de inverno.
As árvores, nuas, parecem chorar
as folhas que, coladas ao chão,
parecem adormecidas.
Há raízes profundas que as unem
e não é a falta de luz que as 
mantêm vigorosas na sua nudez.
A seiva continua a circular
no interior dos seus troncos.
Por um lapso de tempo
sobrevivem à noite que as cinge.
A primavera não tardará
e como milagre
no silêncio de uma manhã amena,
despertarão reluzentes
em ramos iluminados,
como um brilho impresso no tempo.


Texto e foto
Emília Simões
13.01.2024




sábado, novembro 11, 2023

No clarear das manhãs


No clarear das manhãs

a terra cheira a musgo

e a  pedras escorregadias

pelas intempéries 

que agitam as árvores

em aguaceiros intermitentes,

deixando sobre o chão

folhas irreconhecíveis,

que vou recolhendo em silêncio.

No vórtice do tempo

aves atravessam as nuvens

resguardando-se de tempestades  

numa nesga de luz,

antes que o vento as resgate. 


Texto
Ailime
11.11.2023
Imagem Google



sábado, setembro 23, 2023

Cedo ao tempo



Cedo ao tempo em silêncio

e escrevo palavras à toa

nas horas incertas,

quando os ponteiros do relógio

se detêm nos ecos

insondáveis dos minutos

e os segundos, suspensos, 

como num compasso,

me prendem os sentidos.


Vagueio sem saber das horas

e nelas me reencontro sempre

que me reconheço

na voragem dos dias.


Texto 
Ailime
Set/2023
Imagem Google


segunda-feira, junho 12, 2023

Eterno desejo de amar

Esta a minha participação respondendo ao amável convite de Rosélia, no seu Blogue Escritos da Alma,
para escrever um poema subordinado ao tema Amor, para celebrar o dia dos Namorados no Brasil.

Caminhando pela praia deixo-me seduzir pelo vento

e aspiro a brisa do mar que me fala de ti.

Pressinto-te ao longe junto à escarpa

e vou no teu encalce como se foras um príncipe,

que mora em meu coração desde sempre.

Anseio pelo reencontro.

Há tanto tempo que não te vislumbro,

mas sei que me esperas com o mesmo anseio

com que outrora me abraçavas e beijavas.

Hoje não vai ser diferente e o nosso abraço

prolongar-se-á no tempo, num eterno desejo de amar.


Texto
Ailime
09.06.2023



sábado, junho 03, 2023

Há ainda o cordão umbilical

(Desconheço o autor da tela)

Há ainda o cordão umbilical

que nos une no tempo

e nos ajuda a sorrir e a contar histórias.


Por vezes tudo me parece tão estranho.

O tempo andou depressa demais

e o rio já não tem o brilho

das primaveras longínquas.


As lezírias brilhavam ao sol

e os barcos carregados de peixe,

eram leves como o amor,

que alimentava o suor das gentes.


Hoje há o vazio dos que se foram

e as recordações que restam

no silêncio dos ecos

das palavras adormecidas.



Texto
 Ailime
03.06.2023
Imagem Google


sábado, maio 06, 2023

Presságio de esperança


 

Pé ante pé percorro a seara por maturar;

procuro as papoilas vermelhas

qual pôr do sol a raiar o chão.

Mil e uma cores abraçam-me o peito

e, por momentos, agarro outra flor e outra

e deixo para trás o vento

que teima em rodopiar-me nas mãos

o fogo intenso das primaveras,

que o tempo percorre no meu olhar.

Aqui e ali ouço o canto dos pássaros

e um presságio de esperança

acalenta-me a alma.



Texto e foto
Ailime
06.05.2023

sábado, novembro 12, 2022

Da janela florida

Imagem Net


Nas escarpas do tempo

ouço a tua voz que me fala 

das estações que ainda ontem 

eram barcos atracados nos cais,

hoje apenas restos de cinzas

esquecidas na velha lareira

onde crepitavam silêncios

a marejar dos teus olhos,

debruçados na solidão das noites.


Dos voos rasantes dos pássaros

a arrastar as sombras

diante da janela florida,

do inverno restou apenas o vento

que segreda em silêncio

os atalhos em que te reconheço.


Texto
Ailime
12.11.2022


sábado, outubro 08, 2022

O tempo, sempre o tempo

 

Ailime

O tempo, sempre o tempo, na voz,

como um rio que percorre as palavras

que teimam em libertar-se nas manhãs,

em que o orvalho lhe cinge o olhar

ainda meio adormecido.

Como uma fonte soletra nas águas

os sentidos, em movimentos ascendentes,

no esplendor da manhã a cativar-lhe

as palavras, que se soltam como flores

a desabrochar num chão de primavera.

Retoma o caminho

liberto de sombras e silêncios

e regressa ao tempo, nas palavras,

refletidas no rio.


Texto e foto
Ailime
08.10.2022

sábado, agosto 20, 2022

Queria abraçar o tempo


Queria abraçar o tempo como quem

navega à deriva

e rasgar as nuvens com os olhos

como se fossem pássaros,

a poisarem-lhe nas mãos esguias 

as tempestades do mar.


Um barco pousou-lhe no rosto

a ondulação dos mares

e dos seus olhos escorreu

a maresia, que ainda a prendia

à escarpa do silêncio

que trazia  presa no peito.


Encontrava-se perdida

nas sombras ocultas das névoas.

Apenas o silêncio

lhe devolvia os vestígios

do tempo, que alcançara

sem sequer o vislumbrar.


Texto
Ailime
20.08.2022
Imagem Google





sábado, agosto 06, 2022

Com seu vestido bordado de cerejas

Imagem Net


Com o seu vestido bordado de cerejas
sob uma imaculada bata branca
viu-se ainda menina 
sentada no banco da escola
onde aprendeu as primeiras letras.

Num pequeno lapso de tempo
todas as memórias
lhe afloraram o pensamento
que vagueava como se 
fossem andorinhas 
a construir os ninhos
no alpendre do recreio.

Tudo lhe era tão próximo
como se ainda ontem entoasse a tabuada
e brincasse à linda falua, que "lá vem lá vem"...

O tempo, implacável, num raio de sol
desfez-lhe, por instantes, o encanto.
Mas não duvidava.
Dali, também podia abraçar o azul do seu rio.


Texto
Ailime
06.08.2022
Imagem Google


sábado, junho 25, 2022

O tempo

 Jacob Brostrup

Por entre nuvens e céus claros

o tempo corre veloz como pássaros;

nem as trovoadas o detêm 

na sua correria louca, intempestiva

como foguetes em dias de festa

a provocarem surdez

quando os foguetes se apagam.

O tempo não esvaece, alastra-se

como fogo impelido pelo vento

e nem as águas o estancam.

O tempo na sua voraz pressa

nem sequer tem tempo

para observar  o mundo

onde frenético, voa em liberdade.


Texto
Ailime
25.06.22
Imagem Google