«As palavras pesam. Um texto nunca diz a dor das pequenas coisas» Graça Pires in Poemas escolhidos
sábado, julho 13, 2024
Oh mar enigmático
sábado, outubro 08, 2022
O tempo, sempre o tempo
O tempo, sempre o tempo, na voz,
como um rio que percorre as palavras
que teimam em libertar-se nas manhãs,
em que o orvalho lhe cinge o olhar
ainda meio adormecido.
Como uma fonte soletra nas águas
os sentidos, em movimentos ascendentes,
no esplendor da manhã a cativar-lhe
as palavras, que se soltam como flores
a desabrochar num chão de primavera.
Retoma o caminho
liberto de sombras e silêncios
e regressa ao tempo, nas palavras,
refletidas no rio.
Ailime
08.10.2022
sábado, julho 23, 2022
Havia um oceano dentro dela
Havia um oceano dentro dela
de águas calmas, sem ondulação,
que mergulhava no silêncio das madrugadas
e na paz do entardecer.
Os barcos navegavam à tona
rodeados de corais verdes e azuis
que a cerceavam nas noites
em que as marés fitavam a Lua
e o luar a cingia meio tímido.
Nestes momentos a presença de Deus
tomava-lhe as emoções e o silêncio
era apenas brisa refrescante
numa praia invisível.
Ailime
sábado, junho 25, 2022
O tempo
Por entre nuvens e céus claros
o tempo corre veloz como pássaros;
nem as trovoadas o detêm
na sua correria louca, intempestiva
como foguetes em dias de festa
a provocarem surdez
quando os foguetes se apagam.
O tempo não esvaece, alastra-se
como fogo impelido pelo vento
e nem as águas o estancam.
O tempo na sua voraz pressa
nem sequer tem tempo
para observar o mundo
onde frenético, voa em liberdade.
Ailime
Imagem Google
segunda-feira, abril 11, 2022
Para colher um nenúfar
onde cresciam nenúfares
num lago que improvisei.
Apenas o marulho das águas
me impedia de caminhar nas margens
ora pintadas de azul,
O sol debruçava-se sobre as águas
e a claridade iluminava-me como fogo,
como se ateasse uma fogueira.
O céu matizado de nuvens, tingidas de púrpura,
era o espaço dileto dos pássaros
que, em voos rasantes, anunciavam o entardecer.
O sol ia baixando no horizonte
até que o esplendor da noite
fulgisse na linha do infinito.
Descalça, sobre os seixos, contornava o lago
estendendo as mãos, incólumes,
para colher um nenúfar.
Ailime
04.04.2022
terça-feira, março 29, 2022
O meu rio é azul
O meu rio é azul como o céu,
mas nem sempre viajo nas suas águas.
Os barcos há muito que estão atracados
e nem o vento os embala
como nos tempos remotos
da transparência das águas
e da abundância de peixe.
Os pássaros voejam nos choupos
e cantam sobre as escarpas
a claridade da primavera;
os barcos não se movem
e os peixes ausentes.
No lodo do rio, repousa
a insensatez do homem.
Ailime
29.03.2022
terça-feira, novembro 09, 2021
O mundo ainda pode ter cor
terça-feira, agosto 03, 2021
Abro os meus gestos ao universo
Abro os meus gestos ao universo
e segredo-te um mundo de cores;
as estrelas brilham como sóis,
a lua é um mar de prata
que te cinge como um barco
a deslizar sobre as águas
e um farol ali tão perto
rasga as sombras trazidas pelo vento,
clareando as marés.
Em silêncio repousamos o olhar
no sossego da noite.
Ailime
03.08.2021
terça-feira, julho 20, 2021
Atravesso contigo o minucioso universo
Atravesso contigo o minucioso universo
e conto as estrelas que nos separam dos abismos
onde repousam os nossos silêncios.
Dás-me a tua mão que me segura e fortalece
e afastas todos os medos que eu invento
quanto não estás perto de mim,
como se o mar me segredasse
os ecos nas margens dos oceanos
que habitam na serenidade das águas.
As sombras dispersam-se na luz
enquanto os pássaros em voo rasante
mergulham no tempo as medusas da lucidez.
Ailime
20.07.2021
segunda-feira, agosto 10, 2020
No vazio dos teus gestos
e o teu rosto sorria
Texto
Ailime
10.08.2020
Imagem Google
sexta-feira, julho 19, 2019
O teu sorriso
Gosto do teu sorriso
quando o barco te aporta
ao início da madrugada
na praia incendiada por pássaros
no rebentar das marés.
Pé ante pé persigo a luz
que desponta suave,
quase inocente
nos gestos das águas
que te aspergem o dia.
Um rasto de corais
move-se contra o vento
que sopra a manhã
que te abraça
com faíscas imperceptíveis.
Texto
Ailime
19.07.2019
Imagem Google
quarta-feira, junho 19, 2019
A vida não é reta nem plana
a alma inquieta e sedenta
No meu olhar, sustenho a claridade.