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sábado, outubro 22, 2022

Sobre o dorso da terra o gemido

 


Sobre o dorso da terra o gemido

e a busca por dentro e por fora 

do precioso líquido

que mitigará a sede do mundo.

Não tardará....

Chegará  de mansinho

e depois como um dilúvio 

lavará todas as penas 

e as manchas

que inundam a terra

e os rios transbordarão.

Uma pausa à espera de resposta

e o arco-íris a espreitar

e a ouvir a minha prece.



Texto
 Ailime
Foto  do meu filho S.S.
22.10.2022


sábado, julho 16, 2022

Sobre o chão da terra desolada




Nas palavras, nem sempre o vento escreve o que quer.

À deriva, procura nos lugares recônditos, a luz 

que parece obscurecida pelas sombras das florestas,

onde outrora surgiam mananciais e hoje o fogo alastra.


Não há forma de escolher entre as chamas e o vento

o lugar das palavras que parecem afogadas nas cinzas.

Não há hora para ouvir a voz calma do vento e  a placidez

das chamas, dissimuladas pela ironia do vento.


Não chegou ainda o tempo de o Homem despertar

para a imagem que cada vez mais vai dizimando

as palavras que o vento espalha

sobre o chão da terra desolada.


Texto
Ailime
16.07.2022
Imagem Google






quinta-feira, março 17, 2022

Falta-me o chão

 


Falta-me o chão, esta não é a minha rua.

Subo e desço calçadas e escondo-me 

num vão de escadas.

Não sei como cheguei até aqui

Corri mais veloz que o vento

Tenho os sentidos adormecidos

Repouso o meu corpo cansado

O barulho é ensurdecedor

Ouço gritos, vozes roucas desesperadas

Parece-me ouvir um estrondo

Decerto estou a sonhar

Será um pesadelo?

Espreito a porta, quero acordar

Multidões fogem estarrecidas

Crianças ao colo, outras pela mão a chorar

Tenho fogo nos pés e voo

Não quero fugir, quero ficar aqui

Defenderei o meu chão

com cinzas na boca.

Mesmo com a alma mutilada

deixarei o meu corpo gravado

nesta terra que é minha.

 

Texto
Ailime
16.03.2022
Imagem
Google

terça-feira, janeiro 18, 2022

O silêncio abre os meus olhos

 


O silêncio abre os meus olhos

e nele me reencontro

quando na brisa das manhãs

o sol rompe uma nuvem

e os pássaros

em revoada, entoam a alvorada

no desabrochar de uma flor.

O silêncio abre os meus olhos

num recôndito vale sombrio

onde a quietude se faz presente

nas curvas sinuosas dum rio.

O silêncio abre os meus olhos

quando o sol se esconde no horizonte

e a terra respira paz.

 


Texto
Ailime
18.01.2022
Imagem Google

quinta-feira, dezembro 06, 2018

Um véu de claridade


Agarro um raio de luz
recolho-o numa folha de outono
e aguardo que o chão lhe seja fértil.
*
Na penumbra dos olhares
escasseiam os gestos
a iluminar os rostos
sedentos de liberdade.
*
Nas asas dos pássaros
relâmpagos faíscam
as cores do amor.
*
Um arco-íris
soletra nas margens
a canção do rio.
*
Ao amanhecer
a poesia das cores
mergulha na Terra
um véu de claridade.



Foto e texto
Ailime
06.12.2018