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domingo, maio 04, 2014
40 anos de música com vistas largas
Os 40 anos de atividade de um dos mais marcantes grupos de música de câmara do nosso tempo é assinalado com um disco que em tudo sublinha a sua visão musical sem fronteiras. Fundado em Seattle em 1973 pelo violinista Dave Harrington (e desde finais dos anos 70 com morada em San Francisco), o Kronos Quartet tem hoje uma obra que se fez referência maior no panorama da música erudita, representando uma das primeiras formações a fazer da sua atividade um espaço de celebração da grande variedade da música (e dos estímulos musicais) do nosso tempo. Ao longo destas quatro décadas de atividade tanto gravaram Philip Glass, Terry Riley, John Adams, Hernryk Górecki, Osvaldo Golijov ou Kaaja Saariaho, como peças de Carlos Paredes, de Jimi Hendrix, de Bob Dylan ou dos Sigur Rós, tendo assinado colabgorações com figuras como a cantora de Bollywood Asha Bhosle, a cantora Dawn Upshaw, os norte-americanos Nine Inch Nails ou os mexicanos Café Tacuba. Na hora de celebrar os 40 anos de atividade, o Kronos Quartet apresenta em A Thousand Thoughts uma coleção de viagens por geografias musicais distintas, num alinhamento que junta antigas gravações e uma série de inéditos (dez num total de 15 faixas), tendo o cuidado de revisitar a presença dos vários violoncelistas que passaram pela formação: Joan Jeanrenaud (1978–1999), Jennifer Culp (1999–2005), Jeffrey Zeigler (2005–2013), e Sunny Yang (2013–presente). Das Américas ao extremo oriente ou aos espaços da grande cultura indiana, passando pela Europa, não limitando o disco ao que poderia ser uma celebração fechada num registo world music, em A Thousand Thoughts o Kronos Quartet visita temas tradicionais e composições de nomes como Terry Riley ou Blind Willie Johnson. Houvesse dúvidas de um saber com vistas largas entre estes músicos, o álbum trataria de as deitar por terra. Mas há muito que sabemos da invulgar versatilidade, das qualidades interpretativas e do sentido de obra que este quarteto tem vindo a transformar numa discografia que a Nonesuch tem hoje entre os títulos mais emblemáticos do seu catálogo. E uma vez mais brilham.
quarta-feira, novembro 27, 2013
Para descobrir a música da Ásia
O que conhecemos da música da Ásia? Pouco, quase nada. Falamos de Sakamoto e da Yellow Magic Orchestra e eventualmente um ou outro mais nome vindo do Japão. Falamos de Bollywood (e talvez de Lata Magenskhar)... Da Coreia do Sul vieram as canções garridas do K-Pop (e entretanto a moda já passou). Há uns anos encontrei uma banda de Shangai que soava a um encontro de Kraftwerk com Pet Shop Boys... Mas do sudeste asiático, além de reconhecer a sua influência na construção das ideias que conduziram à música dos minimalistas, então conhecemos pouco, muito pouco. Esta edição apresenta quatro CD e um livro e pode abrir algumas luzes. Sob o título Longing For The Past: The 78 RPM Era In Southeast Asia juntam-se 90 gravações e 272 páginas de informação e fotos. Aqui se contam histórias de sons que vão de 1905 a 1966, recolhidos em gravações do Vietname, Laos, Camboja, Tailândia, Birmânia, Malásia, Singapura e Indonésia. Deve refletir (nem que do ponto de vista da industria discográfica local) o peso da presença colonial na região. Mas há certamente aqui descobertas a fazer...
quarta-feira, agosto 07, 2013
Álbuns para ouvir em dias quentes (3)
Discos para ouvir em tempo de Verão... Este texto integra a série 'Para ouvir na praia', que por estes dias tem sido publicada no DN.
Nasceu nos Estados Unidos, vagueou pelo mundo nos anos 90, encontrou casa mais tarde entre a França e o Canadá. Mas foi pelo México que Lhasa de Sela viveu parte dos dias de infância e juventude que tanto a marcaram e que mais tarde ganharam projeção direta nas canções de La Llorona, o álbum de estreia que editou em 1997 e que foi uma das mais espantosas revelações que o universo da world music nos deu a ouvir na reta final dos anos 90.
As memórias dos dias de calor em que os pais, hippies, vagueavam pelas estradas mexicanas numa caravana, levou-a a querer cantar em espanhol (apesar de não ser fluente na língua) na hora de pensar a criação de um primeiro álbum onde cruzou ecos da canção popular dos anos 30 e 40, a carga emotiva das torch songs, discretos sabores do jazz e da música klezmer e, sobretudo, ecos de sonoridades de várias geografias, do México (que aqui serve de cenário protagonista) a outros destinos mais distantes.
Com momento maior em El Desierto este é um disco que assimila velhas mitologias (o título decorre mesmo de uma lenda azteca) e vivências folk locais, junta uma escrita de canções na escola dos grandes cantautores de 60 e 70 e uma voz única, que o tempo infelizmente levou cedo demais (Lhasa de Sela morreu vítima de um cancro em 2010, com 37 anos e uma obra que passou pelos palcos de teatros e de circos e que nos deixou gravados apenas três álbuns).
Nasceu nos Estados Unidos, vagueou pelo mundo nos anos 90, encontrou casa mais tarde entre a França e o Canadá. Mas foi pelo México que Lhasa de Sela viveu parte dos dias de infância e juventude que tanto a marcaram e que mais tarde ganharam projeção direta nas canções de La Llorona, o álbum de estreia que editou em 1997 e que foi uma das mais espantosas revelações que o universo da world music nos deu a ouvir na reta final dos anos 90.
As memórias dos dias de calor em que os pais, hippies, vagueavam pelas estradas mexicanas numa caravana, levou-a a querer cantar em espanhol (apesar de não ser fluente na língua) na hora de pensar a criação de um primeiro álbum onde cruzou ecos da canção popular dos anos 30 e 40, a carga emotiva das torch songs, discretos sabores do jazz e da música klezmer e, sobretudo, ecos de sonoridades de várias geografias, do México (que aqui serve de cenário protagonista) a outros destinos mais distantes.
Com momento maior em El Desierto este é um disco que assimila velhas mitologias (o título decorre mesmo de uma lenda azteca) e vivências folk locais, junta uma escrita de canções na escola dos grandes cantautores de 60 e 70 e uma voz única, que o tempo infelizmente levou cedo demais (Lhasa de Sela morreu vítima de um cancro em 2010, com 37 anos e uma obra que passou pelos palcos de teatros e de circos e que nos deixou gravados apenas três álbuns).
quinta-feira, julho 18, 2013
Discos pe(r)didos:
Amina, Wa Di Yé
Amina
“Wa Di Yé”
Mercury
(1992)
A passagem por um palco “eurovisivo” pode ser vista como potencial estigma para muita gente, sobretudo dado o panorama a resvalar para o caixote do lixo que frequentemente habita entre as canções que desfilam a cada ano pelo concurso. Mas a história do Eurofestival não é um deserto assim sempre tão árido. E entre os oásis que refrescaram a sede de descoberta podemos apontar o momento em que uma jovem cantora tunisina representou a França, em 1991, ao som de Le Dernier Qui A Parlé... Somou tantos pontos que a canção sueca desse ano (uma coisa mais chapa-cinco feita de mais-do-mesmo), mas pelas regras acabou em segundo lugar... A verdade é que, mesmo sem vencer o festival, a canção de Amina abriu-lhe as portas a uma carreira com considerável visibilidade. A música circulava há muito no seu código genético. A sua avó, assim como a sua mãe, faziam música e um dos seus tios esteve envolvido na criação do festival Tabarka, na Tunísia, onde conheceu Wasis Diop, que acabaria por vir a ter importante papel na sua discografia. Antes de passar pela Eurovisão tinha já gravado colaborações com Afrika Bambataa e Haruomi Hosono (da Yellow Magic Orchestra), iniciado uma carreira em paralelo no cinema (um dos seus primeiros papéis foi em Um Chá No Deserto, de Bernardo Bertolucci) e lançado em 1990 um álbum de estreia. Sob um perfil de maior visibilidade Amina apresentou em 1993 um segundo álbum em nome próprio que, um pouco como o ainda então recente Beauty (1990) de Ryuichi Sakamoto, procurava encontrar caminhos novos de diálogo entre os espaços da world music e uma nova identidade urbana, cosmopolita e contemporânea. Com Wasis Diop na produção e colaborações de peso como as do baterista Tony Allen e do violinista Wasis Diop, Wa Di Yé (que podemos traduzir como “o amor é único”) cruza ambientes, sonoridades e formas da música magrebina com electrónicas e padrões rítmicos que faziam então a linha da frente da invenção ocidental. Expressão evidente de uma modernidade sem fronteiras que tomava então Paris como uma das mais cosmopolitas capitais da produção discográfica das várias latitudes das músicas africanas, Wa Di Yé é também exemplo maior de uma etapa de busca de diálogos entre linguagens e geografias que caracterizou algumas frentes da world music em inícios dos anos 90.
quinta-feira, novembro 08, 2012
Discos Pe(r)didos:
Najma, Atish
Najma
“Atish”
VeraBra Records
(1989)
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