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sábado, julho 09, 2022

Yeah Yeah Yeahs + Perfume Genius

O mais recente álbum dos novaiorquinos Yeah Yeah Yeahs intitula-se Mosquito e data de 2013... Entretanto, a vocalista Karen O aventurou-se em algumas derivações a solo, Nick Zinner (guitarra, teclas) e Brian Chase (bateria) também circularam por outras paragens, mas, finalmente, a espera acabou! Ou seja: o quinto álbum de estúdio da banda, Cool It Down, vai chegar a 30 de setembro — e é verdade, sim: o título é roubado a uma das canções de Loaded (1970), de The Velvet Underground.
O cartão de visita, exuberante, quase burlesco, saborosamente "lynchiano", chama-se Spitting Off the Edge of the World, tem a colaboração de Perfume Genius e teledisco com assinatura de Cody Critcheloe.

terça-feira, dezembro 23, 2014

Os melhores discos de 2014 (N.G.)


Se ainda houvesse dúvidas o concerto no Cinema São Jorge trataria de as dissipar. O impressionante fôlego irado e seguro com o qual Mike Hadreas animou a alma do seu terceiro álbum não só o confirmou como um dos grandes cantautores do nosso tempo como lhe deu o disco do ano. Em tempo de fazer balanços, o melhor de 2014 está cheio de discos que marcaram um ano rico em boas gravações e ideias. Entre encontros e reencontros, entre a linha da frente da invenção e uma relação não nostálgica com a memória vale a pena guardar uma mão-cheia de álbuns, entre os quais aquele que assinala o reencontro de Beck com o espaço da orquestra (que lhe deu essa obra-prima chamada Sea Change) e a estreia (finalmente) a solo de Dean Wareham num disco onde a novidade das canções traduz uma tranquila familiaridade com a sua voz e uma escrita amadurecida. Se estes são dez discos eleitos, da produção de 2014 vale a pena não esquecer nomes como os de Angel Olsen, TV on The Radio, Aphex Twin, Fujiya & Myiagi, Leonard Cohen, Brian Eno (que em dois álbuns se aliou este ano a Karl Hyde), Damon Albarn, Andrew Bird, Eels, Tori Amos ou Blonde Redhead. Mas dez são dez, e a que se segue é a lista “oficial”...

1 Perfume Genius, ‘Too Bright’
2 Beck, ‘Morning Phase’
3 Dean Wareham ‘Dean Wareham’
4 Ariel Pink ‘Pom Pom’
5 Owen Pallett ‘In Conflict’
6 St Vincent ‘St Vincent’
7 Caribou ‘Our Love’
8 Teleman ‘Breakfast’
9 The Notwist ‘Close to the Glass’
10 Neneh Cherry ‘Blank Project’


Nacional


Vivi os dias do ‘boom’ do “rock português” de 1980 e 81 e também o frenesi criativo que nascia semana após semana no palco do Rock Rendez Vous, mas o que temos assistido nos últimos anos entre nós mostra um fulgor de ideias, talentos e vontade de fazer (e ouvir) como nunca. Se as tabelas de vendas estão ensopadas pelo mais do mesmo e os concursos de “talentos” dão mediatismo por 15 minutos, a melhor nova música que se faz entre nós passa por outros discos e outros palcos. Precisava de uma lista bem mais extensa para um retrato mais fiel de um ano que fez perder de conta os discos e nomes que mostraram como por aqui a coisa mexe (e bem). Não posso deixar de assinalar o melhor disco de Norberto Lobo até à data, as fulgurantes estreias de Sensible Soccers, Bruno Pernadas e do projeto Jibóia, e as provas de solidez reforçada da obra de Legendary Tigerman, Rita Redshoes ou Clã. Birds are Indie, Xinobi e You Can’t Win Charlie Brown fecham o top 10. Mas nomes como os de Sérgio Godinho, Mão Morta, Walter Benjamin (em despedida), Real Combo Lisbonense, Capicua, B Fachada, Capitão Fausto, Dead Combo ou António Zambujo fazem também parte da história de um ano que, assinalou ainda as Bodas de Ouro da carreira de Carlos do Carmo.

1. Norberto Lobo ‘Fornalha’
2. Sensible Soccers ‘8’
3. Bruno Pernadas ‘How Can We Be Joyful in a World Full of Knowledge’
4. Jibóia ‘Badlav EP’
5. The Legendary Tigerman ‘True’
6. Birds are Indie ‘Love is Not Enough’
7. Xinobi ‘1975'
8. Rita Redshoes ‘Life is a Second of Love’
9. Clã ‘Corrente’
10. You Can’t Win Charlie Brown ‘Diffraction/Refraction’


Reedições / antologias



Gravadas em 1967, as ‘basement tapes’ registadas por Bob Dylan juntamente com os músicos com quem tinha andado pela estrada meses anos (e que no ano seguinte se estreariam em disco como The Band) começaram a dar sinais de vida quer em versões de nomes como Julie Driscoll ou os Byrds ou em bootlegs. Em 1975 um duplo álbum deu-lhes finalmente uma voz oficial. Mas só agora, 47 anos depois, a música que ali ganhou forma (e que não só transformou Dylan como lançou as bases daquilo a que hoje chamamos ‘americana’) chegou, sem filtros nem silêncios, a todos nós. O 11º volume das Bootleg Series de Dylan traz-nos um tesouro histórico – talvez o mais importante que esta série de edições de arquivo já nos deu a conhecer. É o mais significativo dos lançamentos de material antigo que este ano chegou a disco, partilhando esta importante fatia da oferta editorial ao lado da mais representativa antologia alguma vez criada para a música de Bowie, a reedição (com extras) do melhor disco de Grace Jones, o reencontro com o primeiro álbum a solo de Max Richter ou a caixa com as edições em mono dos álbuns dos Beatles, agora em novas prensagens em vinil.

1. Bob Dylan ‘The Complete Basement Tapes’
2. David Bowie ‘Nothing Has Changed’
3. Grace Jones ‘Nightclubbing’
4. Max Richter ‘Memoryhouse’
5. The Beatles ‘Beatles in Mono’
6. The Velvet Underground ‘The Velvet Underground’
7. Underworld ‘Dubnobasswithmyheadman’
8. Tears For Fears ‘Songs From The Big Chair’
9. Pixies ‘Doolittle 25’
10. The The ‘Soul Mining’


Clássica



A música do século XXI – mesmo continuando inexplicavelmente invisível em muitas frentes de programação por estes lados – consegue arrebatar atenções por aqui, e dominar parte significativa do panorama dos melhores discos na área da música “clássica” de 2014. Obras posteriores à chegada do novo século por compositores como Max Richter, John Adams, Bryce Dessner, Johnny Greenwood, Nico Muhly e António Pinho Vargas dão conta da atenção dos discos para com a música que está a nascer no nosso tempo. Do melhor de 2014 há ainda a assinalar a continuação do esforço de justa (re)descoberta de Weinebrg (agora com uma importante contribuição de G. Kremer) e o fim da integral sinfónica de Shostakovich por Petrenko, com a “sua” orquestra de Liverpool. Mas o melhor de 2014 (em disco) foi mesmo a belíssima gravação de West Side Story, de Bernstein, pela San Francisco Symphony, dirigida por Michael Tilson Thomas, correspondendo à primeira vez que a obra teve uma apresentação integral em versão de concerto. 

1. L. Bernstein ‘West Side Story’, San Francisco Symph + M Tilson Thomas 
2. Max Richter ‘Retrospective’
3. M. Weinberg, ‘Mieczyslaw Weinberg’, Kremerata Baltica + G Kremer 
4. Steve Reich ‘Radio Rewrite’
5. Philip Glass ‘Heroes Symphony’, Sinfonieorchester Basel + D R Davies
6. John Adams, ‘City Noir’ St Louis Symphony + D Robertson 
7. Bryce Dessner + Johnny Greenwood ‘St Carolyn By The Sea / Suite from ‘There Will Be Blood’ Copenhagen Phil + A de Ridder
8. D. Shostakovich, ‘Symphony No 13 – Babi Yar’, Liverpool Phil. Orchestra + V Petrenko 
9. Nico Muhly ‘Two Boys’ Metropolitan Opera and Chorus + D Robertson
10. António Pinho Vargas ‘Requiem’ Orq. e coro Gulbenkian + J Carneiro e F Eldoro

quarta-feira, dezembro 17, 2014

As canções de 2014:
Perfume Genius, Queen



O single que nos apresentou o álbum Too Bright deixava logo claro que algo tinha mudado. A memória do cantor tímido, de olho esmurrado (nas fotos promocionais, claro) de há alguns anos - não muitos - dava lugar a um olhar desafiante. E com uma canção a sublinhar a mudança. Queen não só é uma das canções do ano como abriu a porta à confirmação de que em Mike Hadreas temos um dos grandes escritores de canções do nosso tempo.

sexta-feira, dezembro 12, 2014

Ver + ouvir:
Perfume Genius, Fool



Este é já o terceiro teledisco criado para um tema do alinhamento de Too Bright, o álbum editado este ano por Perfume Genius. A realização é assinda por Charlotte Rutherford.

domingo, novembro 30, 2014

Nasceu um herói independente


Há atuações ao vivo que definem momentos de viragem (ou revelação). E se uma sala maior do Cinema São Jorge à pinha, mais extensa fila lá fora (quase a chegar à esquina da Rua do Salitre), davam conta, às onze da noite, de que havia expectativa no ar para ver Perfume Genius, a ovação e satisfação com que a sala se despediu pouco depois da meia noite não deixavam dúvidas: nasceu um novo herói independente. E podemos todos agradecer a Queen (brilhante single de apresentação do mais recente Too Bright), que fechou de forma intensa o alinhamento do concerto, o papel de catalisador de algo que o álbum veiculou e o concerto agora confirmou. 

Aquele que ali vimos era o mesmo Mike Hadreas que, há uns dois anos, apresentara um frágil e soberbo alinhamento de canções ao fim da tarde no palco secundário do Meco, um uma plateia dedicada, mas pouco numerosa. Vestia agora de preto, sapatos reluzentes, ora sentado frente ao teclado, ora de pé de microfone na mão, ora entre o sussurro de palavras íntimas e o grito visceral que projeta a ira com que ajudou a moldar as canções de um álbum que marcou o ano que está a terminar. Mostrava ainda maior confiança no enfrentar das plateias. Mas não esconde uma timidez natural nem volta as costas à forma como se expõe através das canções. O que mudou mais, afinal, foi a atenção com que agora muitos mais o seguem.

Sem corantes nem conservantes, sem aparatos, as canções falam por si e nele confirmam um dos grandes cantautores do nosso tempo. Ao cabo de três álbuns o projeto Perfume Genius tem já um corpo expressivo (e versátil) de temas que suportam um alinhamento que vinca, através de uma personalidade bem demarcada, um saber estar na música que celebra o que de melhor há na expressão das marcas de um autor: o ser único. E assim se fez a melhor noite de música ao vivo que vi em 2014.

Perfume Genius
Cinema S. Jorge - Vodafone Mexefest 2014

terça-feira, novembro 18, 2014

Para ouvir: um tema 'bónus' de Perfume Genius



Mike Hadreas partilhou via Sound Cloud este tema que se serve como bónus em algumas versões do álbum Too Bright, editado este ano.

segunda-feira, outubro 27, 2014

Em conversa: Perfume Genius (2)


Voltei a conversar com Mike Hadreas a propósito de um disco do seu projeto Perfume Genius, desta vez com Too Bright na berlinda. Esta entrevista serviu de base a um artigo publicado no DN.

O seu trabalho com as imagens (fotografias e vídeo) tem sido importante. Usar os saltos altos tem um valor simbólico. E político. É uma maneira de contribuir para uma mudança da sociedade relativamente a questões de sexualidade e identidade de género?
Certamente. São pequenas coisas. São pequenas ações que definem ideias. Gosto de fazer isso. Sinto um certo dever em fazer coisas destas. 

Sente já mudanças na América dos nossos dias?
Eu vivo em Seattle, que é uma cidade muito liberal. Mas há lugares na América que não são nada liberais... E há também lugares fora da América igualmente assim. Não faço música apenas para a minha cidade... As coisas aqui estão melhores, acho. Agradeço isso. Mas vou continuar a lutar para que se chegue onde deveríamos estar. Não fico satisfeito apenas com prémios de consolação. Porque todos os direitos que estamos a conquistar eram direitos que já deveríamos ter. 

Recebe mensagens de jovens dessas áreas mais conservadoras? As pessoas falam consigo?
Às vezes são situações tremendas. Mas essa é a parte mais importante de tudo isto. Parece piroso dizê-lo, mas os momentos mais importantes da minha carreira são quando essas coisas acontecem. Quando jovens gays vêm ter comigo depois dos concertos. Porque sentem que disse algo que nem eles conseguiram ainda dizer a si mesmos. Ou porque lhes dei força. Dizem-me coisas que não puderam ainda dizer aos amigos ou família. E eu lembro-me de ter sido assim. Lembro-me de ouvir música à procura de coisas que me dessem força ou fizessem sentir que não estava sozinho. Porque não tinha outra forma de o fazer... É espantoso quando isso acontecia...

E as reações fora da América são muito diferentes?
Musicalmente, pensando na forma como soa, o último álbum funcionou melhor fora da América. Especialmente na Europa... Nunca tocámos em festivais nos EUA. Mas fizemos muitos na Europa. Os americanos muitas vezes ouvem música de forma diferente e vão a concertos de forma diferente. Muitas vezes vão para beber copos... Não é errado fazer isso, note-se bem! Mas há outros países em que sinto que as pessoas estão mais sérias e investem mais no facto de estar num concerto. E são mais entusiasmadas que os americanos... Talvez com este disco seja diferente e consigam entender melhor, porque é mais barulhento [risos]...

Mais barulhento, mas mais cheio de pequenos detalhes e mais próximo do corpo. A canção Fools, por exemplo, traduz um empenho físico mais intenso...
Nessa canção eu queria perder-me naquele momento. É uma coisa física, sim. Quando vejo pessoas a cantar em concertos estou sempre à espera daquele momento em que parece que se esquecem de tudo o que está à sua volta e mergulham completamente no que estão a fazer. E tentei evocar isso na parte do meio dessa canção. Desligámos as luzes do estúdio, acendemos velas por todo o lado... Tudo estava em silêncio e eu cantei e cantei, umas dez vezes... Houve ali algo quase místico... Mesmo que seja teatro...

terça-feira, outubro 21, 2014

Em conversa: Perfume Genius (1)


Voltei a conversar com Mike Hadreas a propósito de um disco do seu projeto Perfume Genius, desta vez com Too Bright na berlinda. Esta entrevista serviu de base a um artigo publicado no DN.

Fez dois discos lentos, com canções de enorme fragilidade. E agora surge um álbum que se apresentou ao som de duas canções completamente diferentes. Era preciso mudar? 
Tentei ir um pouco mais longe com este disco, em todos os sentidos. E não seria justo para com o disco se não o começasse a apresentar com canções que que deixam claramente essa ideia de mudança. Até a capa do disco queria que traduzissem uma sentido de força muito especial. Não que as outras canções não fossem fortes, mas traduzem um outro sentido de força.

Há uns anos apresentava como foto oficial o seu rosto com um olho esmurrado. Agora o homem que se mostra na capa do novo disco parece ser aquele que dá murros...É um pouco essa a ideia. Sim...

Conquistou uma certa auto-confiança? O que mudou?
Conquistei alguma confiança, sim. Durante algum tempo mantive uma certa atitude de quem tomava um olhar de vítima perante o mundo. Estava em modo de defesa. Ressentia o mundo. Mas não estava mais a funcionar para mim manter-me nesse modo, paciente e apologético. Isso ainda está um pouco comigo, é verdade. Mas esta canção foi uma maneira de procurar ir para além disso, me dá força. Uma força que não vem da mudança, mas de um orgulho em ser quem sou e como sou. Não a fazer as coisas de forma diferente, mas processando-as de outra maneira. Ao mesmo tempo é uma canção em que aponto o dedo a outras pessoas também.

Fazer canções, enfrentando plateias, foram lições de autoconfiança para si nestes últimos anos?
Estar ali à frente de toda a gente? Sim... Mas mesmo que as coisas tenham melhorado, e estou mesmo satisfeito com isso, ainda não me encaixei a 100%... Mesmo que a música traduza a autoconfiança maior que sinto, é mais uma projeção do que quero ser. É um lugar a que sei que posso chegar se me livrar dos meus problemas e das minhas inseguranças ridículas. Aos poucos estou a chegar lá... Mas sou uma pessoa de humores... Mas se me sento e paro para pensar lembro-me de como, há quatro anos, ficava aterrorizado só por estar em palco. Agora estou preocupado com o concerto, mas não com o facto de ter de lá estar. É importante para mim fazer as coisas mesmo que me assustem. Há anos sentia demasiadas inseguranças. Este disco envolveu algum rico para mim. Envolveu enfrentar a timidez de partilhar estas coisas. Mas é importante mostrar as coisas. E é por isso que o lado performativo é também importante.

Há mais raiva neste disco? 
Sim... Os meus dois primeiros discos tinham a ver com o enfrentar do meu passado. Eram coisas que já tinham acontecido e era importante ter compaixão e ser gentil para com essas coisas. Não que esses dois álbuns não tenham qualidades de coragem e força, mas havia uma doçura na forma de lidar com tudo. Mesmo quando os temas eram negros... Desta vez era importante para mim agir de forma diferente. Era mais terapêutico para mim estar zangado... Pode parecer mais sofisticado, mas é mais gutural.

(continua)

segunda-feira, outubro 06, 2014

Três meses, três discos (pop/rock)


O terceiro trimestre de 2014, mesmo correspondendo aos meses do calor do verão (habitualmente pouco dado a grandes lançamentos) acolheu, na verdade, alguns discos que certamente ficarão entre as listas dos melhores do ano. O terceiro álbum de Perfume Genius, Too Bright, será disso um claro exemplo. Era um dos títulos mais aguardados do ano, teve em Queen e Grid brilhantes cartões de visita e confirmou em pleno que o projeto soube caminhar para lá dos espaços de maior fragilidade entre os quais fizera nascer os dois primeiros álbuns.

As duas grandes surpresas que completam este trio chegaram dos espaços das eletrónicas. Em primeiro lugar com um álbum onde os Simian Mobile Disco resolvem experimentar um clima diferente, mais tranquilo nas formas e visual nas sugestões. E, depois, com o regresso aos discos de Aphex Twin, a confirmar em Syro porque foi, de facto, um nome central no panorama da música dos anos 90.

quinta-feira, setembro 25, 2014

Novas edições:
Perfume Genius

“Too Bright”
Caroline International / Popstock
5 / 5

Há quatro tempos era um rosto com um olho negro, aparentemente esmurrado, aquele que nos encarava quando começávamos a ler sobre um jovem cantautor norte-americano que enfrentava os seus medos para, através de delicadas canções de deliciosa fragilidade, ousar falar-nos de si e do seu mundo. Quatro anos depois, as imagens que acompanham o lançamento de Too Bright, o seu terceiro álbum, revelam a pose de quem, em vez de ser sovado, é agora aquele que dá os murros e aponta o dedo. Não que tenha conquistado todos os patamares na escala da segurança (sendo contudo um facto que editar discos, levar as canções ao palco e falar com muita gente pelo mundo fora terá ajudado), mas o homem que agora nos apresenta este novo (e maravilhoso) conjunto de canções ganhou fôlego para, depois de encarado o mundo, o comentar e criticar. E a verdade é que se está a fazer ouvir. Se Learning (2010) trouxe a surpresa e Put Your Back N2 It (2012) sublinhou que havia ali muito mais que um primeiro punhado de canções, ao chegar ao terceiro álbum que edita sob o nome Perfume Genius, Michael Hadreas confirma em pleno que não só é um dos mais inspirados cantautores do nosso tempo e que conseguiu já inscrever através da sua obra uma personalidade demarcada que dele faz uma voz única e claramente distinta, mas revela-se mais que nunca uma figura de referencia, valendo a sua obra musical e visual como uma das mais importantes contribuições recentes para uma mais plural representação das sexualidades e da identidade de género através da arte. E porque a arte é política, Too Bright acaba assim por ser um dos mais importantes contributos neste mesmo espaço, se bem que sem uma agenda tão focadamente ativista como o fizeram os The Knife no mais recente Shaking The Habitual. Ao apresentar o álbum com canções como Queen (onde há uma intensidade cénica que convoca memórias de um Bowie de finais de 70) ou Grid (que experimenta uma pulsão rítmica como a sua música antes nunca ensaiara), Perfume Genius deixou claro o alargamento de horizontes que este disco propõe, sem que tal implique uma rutura com o espaço da balada em que a voz dialoga quase solitária com o piano, algo que o tema de abertura I Decline assegura assim que se mantém como parte do corpo desta obra em construção. Há contudo entre as canções novos desafios no plano da instrumentação e produção (e a presença de Adrian Utley, dos Portishead, ajudou certamente a assegurar a nitidez de novas formas mais elaboradas e intensas), mantendo-se contudo bem firme uma escrita que convoca memórias e cruza personagens em que a dor e as lutas estão patentes (como nos discos anteriores), desta vez todavia com ira onde antes muitas vezes havia mais murmúrios e uma autoconfiança em busca de vencer assombrações de outros tempos. Liricamente seguro, musicalmente mais ousado e implicando uma relação física mais intensa na interpretação Too Bright é daqueles raros terceiros discos que deixam claro que por aqui há já uma obra e uma clara perspetiva de carreira. Um dos discos do ano, sem qualquer dúvida!

sexta-feira, setembro 19, 2014

Ver + ouvir:
Perfume Genius, I Decline



Perfume Genius apresenta, apenas acompanhado por um piano, o tema I Decline, que integra o alinhamento de Too Bright, álbum que será editado na próxima segunda-feira. Esta performance foi registada pela revista The New Yorker.

quinta-feira, setembro 18, 2014

Para ouvir: o novo álbum de Perfume Genius

O site da NPR tem já disponível, para escuta por streaming, o álbum Too Bright, novo disco de originais de Perfume Genius. Depois dos aperitivos que descobrimos ao som de Queen e Grid, acreditem que as surpresas não acabam aqui. Assim como notarão que há também elos de ligação aos discos anteriores.

Podem ouvir aqui.

terça-feira, setembro 16, 2014

Para ler: Perfume Genius na 'New Yorker'

A revista New Yorker acaba de publicar uma crítica a Too Bright, o terceiro disco do projeto Perfume Genius, que terá edição na próxima semana. Enquanto não falamos aqui do disco podem ir lendo esta opinião.

Podem ler aqui o texto da New Yorker.

quarta-feira, setembro 10, 2014

Ver + ouvir:
Perfume Genius, Grid



Poucas semanas depois de Queen e já em contagem decrescente para o lançamento do belíssimo Too Bright, eis que surge um novo teledisco para mais um tema do alinhamento do terceiro álbum de Perfume Genius.

quarta-feira, setembro 03, 2014

Perfume Genius no Mexefest

Perfume Genius é mais um nome confirmado para a edição deste ano do Mexefest. Com ele estão também agora confirmadas as presenças de Capicua, Cloud Nothings e The Fresh & Onlys, que assim se juntam ao cartaz onde figuravam já St. Vincent, Sharon Van Etten e Tune-Yards. O festival decorre entre os dias 28 e 29 de novembro, em Lisboa, uma vez mais na Av. Liberdade.

Podem ver aqui o site do festival.

sexta-feira, julho 18, 2014

Ver + ouvir:
Perfume Genius, Queen



Não só a canção é já uma das melhores de 2014 como o teledisco é um acontecimento a assinalar. Começa assim a história de Too Bright, o terceiro álbum de Perfume Genius que mora já entre os mais aguardados do ano (pelo menos por estes lados). A realização tem assinatura SSION.

quarta-feira, julho 16, 2014

Para ouvir: novo tema de Perfume Genius


Perfume Genius acaba de apresentar um primeiro avanço do terceiro álbum de originais, de título Too Bright, que tem edição agendada para 22 de setembro. O primeiro tema em escuta chama-se Queen e pode ser escutado no site oficial do músico, onde são também lançadas as primeiras datas da sua nova digressão. Para já não surge nenhuma por estes lados...

Podem ouvir aqui o novo Queen.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Os melhores discos de 2012 (N.G.)

É uma tradição que o Sound + Vision respeita anualmente. E a partir de hoje as listas dos melhores do ano vão surgir por aqui. Começamos pelos discos que mais marcaram um ano de muitas (e boas) edições discográficas. E os melhores são...

Depois da promessa sugerida no impressionante Learning, em 2012 Mike Hardeas confirmou em Put Your Back N2 It a visão e a personalidade de um autor que se encontrou a si mesmo num espaço pleno de verdade e personalidade. Sem perder as características, temas e demandas, a voz criativa do seu projeto Perfect Genius avançou e, para lá das fronteiras lo-fi, encontrou outra nitidez, fazendo deste seu segundo álbum o “grande” acontecimento discográfico pop/rock (e cercanias) do ano. Um ano que mostrou, sobretudo, interessantes casos de cruzamentos de linguagens, em discos que, aos poucos, definem o início do século XXI como um tempo de diálogos e cruzamentos. Vejam-se os casos de Gold Dust, onde Tori Amos revisita com um a orquestra as canções de 20 anos de discos e nelas encontra novos pontos de vista. Ou Rework onde, sob curadoria de Beck, uma série de músicos (de Amon Tobin a Johann Johansson) procuram olhares pessoais sobre momentos marcantes da obra de Philip Glass. Ou ainda Dr. Dee, onde Damon Albarn (depois da experiência de Monkey: Journey To The West), regressa ao espaço da ópera contemporânea, desta vez assinando aqui o seu primeiro disco a solo. Do balanço do ano destaque-se ainda a proeminência de Frank Ocean e Miguel, novas vozes que definitivamente se afirmam no espaço do R&B, também aqui em franco diálogo com outras referências (em ambos morando aquele olhar transversal que fez a diferença para Prince nos anos 80). De 2012 ficam ainda as memórias do melhor álbum dos Pet Shop Boys desde os dias de Behaviour, a “estreia” (sim, porque já tinha editado antes sob outro nome) de Lana del Rey – que criou uma “estrela” nos moldes dos tempos dos ícones de outrora -, das melhores electrónicas que ouvimos ao longo do ano em Fin de John Talabot e o belíssimo regresso (agora a solo) do ex-Blue Nile Paul Buchanan. A história discográfica do melhor do ano podia ainda juntar nomes como os de Patti Smith, St. Etienne, Andrew Bird, David Byrne com St Vincent, Brian Eno, Ombre, Grizzly Bear, Lemonade, Jack White, Beach House, Leonard Cohen ou Matthew Dear. Mas um Top 10 é um Top 10 e, assim sendo, aqui fica...

1. Perfume Genius, ‘Put Your Back N2 It’ (Matador Records)
2. Tori Amos, ‘Gold Dust’ (Deutsche Grammophon)
3. Pet Shop Boys, ‘Elysium’ (Parlophone)
4. Philip Glass, ‘Rework’ (Orange Mountain Music)
5. Frank Ocean, ‘Channel Orange’ (Def Jam)
6. Miguel, ‘Kaleidoscope Dream’ (Epic Records)
7. Lana del Rey, ‘Born To Die’ (Universal)
8. Damon Albarn, ‘Dr Dee’ (EMI Music)
9. John Talabot, ‘Fin’ (Permanent Vacation)
10. Paul Buchanan, ‘Mid Air’ (Essential Newsroom)

Nacional

Tirando o álbum da Sétima Legião, que é uma antologia de ‘memórias’, é curioso reparar que o melhor do ano editorial português ficou por conta de editoras independentes, acentuando uma tendência que se vem a acentuar nos anos mais recentes. Do panorama destaca-se claramente a estreia em álbum de Moullinex, um dos rostos centrais do catálogo da editora Discotexas, com um disco onde promove um franco (e compensador) diálogo entre a música de dança e o formato da canção, num espaço onde o presente sabe escutar ecos e grandes lições do disco sound, da soul, do funk e da pop. Sem dúvida, a grande surpresa do ano. A memória, além das canções da Sétima Legião (que viram a sua obra ser editada em formato remasterizado, mas ainda sem o tratamento arquivístico que justificava), mora ainda na abordagem de B Fachada, Minta e João Correia ao alinhamento do clássico Os Sobreviventes de Sérgio Godinho. O aprumar da visão de Norberto Lobo (cada vez mais um nome maior no panorama local), o encontro dos The Gift com o piano como voz maior na composição e os diálogos entre a raiz e a modernidade, em sede açoriana, pelo projeto O Experimentar são ainda notas maiores num ano onde convém ainda reter as propostas de DJ Ride, Gaiteiros de Lisboa e o coletivo Orelha Negra.(*)

1. Moullinex, ‘Flora’ (Discotexas)
2. Sétima Legião, ‘Memória’ (EMI Music)
3. B Fachada + Minta + João Correia ‘Os Sobreviventes’ (Mbari)
4. Norberto Lobo, ‘Mel Azul’ (Mbari)
5. The Gift, ‘Primavera’ (La Folie)
6. O Experimentar, ‘Sagrado e Profano’ (O Experimentar)
7. DJ Ride, ‘Life in Loops’ (Optimus Discos)8. Orelha Negra, ‘Orelha Negra’ (VC)
9. B Fachada, ‘Criôlo’ (Mbari)
10. Gaiteiros de Lisboa, 'Avis Rara' (D'Euridice)

Clássica

25 anos depois da sua estreia, a ópera Nixon In China regressou este ano aos palcos e, numa espantosa produção do Met, confirmou essa obra de John Adams como uma das peças maiores da história deste espaço de criação musical (dela falaremos na tabela dos melhores DVD e Blu-ray do ano). Mas de John Adams o ano recorda mais que apenas essa nova vida para a sua obra-prima. E o igualmente fundamental Harmonielehre, de quem havia uma gravação dos anos 80 dirigida por Edo de Waart, conheceu nova gravação, pela mesma San Francisco Symphony, numa direção de Michael Tison Thomas que se destacou claramente como o mais vibrante instante musical do ano discográfico nos domínios da música clássica. Do ano editorial destaca-se ainda a estreia em disco de Out Of Nowhere e Nyx, de Esa Pekka Salonen, parecendo cada vez mais certo que, se perdemos um maestro tão presente em palcos e gravações, passámos a contar com mais um valor maior no panorama da composição do século XXI. Tudo isto num mesmo ano em que Max Richer mostrou como uma editora (neste caso, a Deutsche Grammophon) pode ser também catalisadora de novas visões, ao propor um olhar diferente pelas Quatro Estações de Vivaldi no mais recente volume da série Re-Composed. Em tempo de assinalar os seus 75 anos, Philip Glass estreou duas sinfonias, tendo editado uma gravação da sua empolgante “nona” logo no início do ano. O melhor de 2012 passou ainda por obras para piano de Debussy por Alexei Lubimov e pela abordagem aos concertos para piano de Shostakovich por Menlikov. Simon Rattle gravou uma arrebatadora visão “completa” da nona de Bruckner e Gardiner completou o ciclo de gravações da obra orquestral de Brahms com um belíssimo Ein Deutsches Requiem. Notas ainda para Wagner’s Dream, editado ainda em vida de Jonathan Harvey e o inteligente programa, ao estilo de um recital, de Adès e Isserlis para, de obras de outros compositores, chegar aos Lieux Retrouvèes do primeiro.

1. John Adams, ‘Harmonielehre’ M. Tilson Thomas / San Francisco Symphony (SFS Media)
2. Esa Pekka Salonnen, ‘Out of Nowhere’ Salonen / Finnish Radio Symphony Orchestra (Deutsche Grammophone)
3. Claude Debussy, ‘Preludes’ – Alexei Lubimov (ECM)
4. Max Richter, ‘Recomposed – Vivaldi Four Seasons’, Daniel Hope
5. Philip Glass, ‘Symphony N. 9’ – Bruckner Orchester Linz
6. Anton Bruckner, Symphony N. 9’ – Simon Rattle / Berliner Philharmoniker
7. Thomas Adès ‘Lieux Retrouvées’ – T. Adès + S. Isserlis (Hyperion)
8. Johannes Brahms, ‘Ein Deutsches Requiem’ – J Eliot Gardiner / Orch Revolutionarie et Romantique
9. Dmitri Shostakovich, ‘Piano Concertos’ A. Menlikov / Mahler Chamber Orchestra, dir. Teodor Currentzis (Harmonia Mundi)
10. Jonathan Harvey, ‘Wagner’s Dream’ dir. Martyn Brabbis (Cypress)

(*) Uma lista originalmente publicada incluía o disco a solo de Manuel Fúria, que na verdade só será publicado em 2013.

terça-feira, dezembro 18, 2012

E os melhores discos do ano são...

... Bloom, dos Beach House. Em segundo lugar ficou o segundo álbum de Perfume Genius, Put Your Back n2 It e, em terceiro, Born To Die de Lana del Rey. Entre os muitos que votaram ‘outro’ surgiram citações a nomes como os de Frank Ocean, Nils Bech, Bat For Lashes, Kindness, Blanche Blanche Blanche, Chromatics, Lambchop, How To Dress Well, Kendrick Lamar, Japanddroid, Alt J, Py, Emily Portman, Ava Luna. Na tabela nacional, B Fachada liderou sempre a votação com Criôlo, seguindo-se o álbum dos TV Rural e o mais recente disco dos The Gift. Entre os que escolheram a opção “outro” houve quem apontasse os discos de nomes como as Pega Monstro, Diabo na Cruz, Black Bombaim ou Trêsporcento. Aqui ficam os resultados finais das votações dos leitores.


Internacional:

1º Beach House, Bloom - 42
2º Perfume Genius, Put Your Back N2 It – 25
3º Lana del Rey, Born To Die – 22
4º Django Django, Django Django – 19
5º Jack White, Blunderbuss – 17
6º Grizzly Bear – Shields – 16
7º Fiona Apple, The Idler Wheel – 15
7º Grimes, Visions – 15
7º The XX, Coexist – 15
10º Ariel Pink’s Haunted Graffiti, Coexist – 10
10º Dirty Projectors, Swing Lo Magellan – 10
10º John Talabot, Fin – 10
13º Paul Buchanan, Mid Air - 9
13º Cat Power, Sun – 9
15º Andrew Bird – Break It Yourself – 8
15º Madonna – MDNA – 8
15º Pet Shop Boys, Elysium – 8
15º Spiritualized, Sweet Heart Sweet Light – 8
19º Patti Smith, Banga – 7
20º Damon Albarn, Dr. Dee – 6
20º Animal Collective, Centipede Hz – 6
22º David Byrne + St Vincent, Love This Giant - 5
22º Crystal Castles, III – 5
24º Miguel, Kaleidoscope Dream – 4
25º Tori Amos, Golden Dust – 3
25º Brian Eno, Lux – 3
27º Santigold, Master Of My Make Believe – 2
28º Andrew Bird, Hands on Glory – 1
28º Magnetic Fields, Love At The Bottom of The Sea – 1
28º Patrick Wolf, Sunligt & Riverlight - 1



Nacional:

1º B Fachada, Criôlo – 119
2º TV Rural, Balada do Coiote – 100
3º The Gift, Primavera – 38
4º Norberto Lobo, Mel Azul – 31
5º António Zambujo, Quinto – 26
6º Moullinex, Flora – 23
7º B Fachada + Minta + J Correia – Os Sobreviventes – 20
8º David Fonseca, Seasons Rising / Falling – 18
8º Minta & The Book Trout, Olympia – 18
8º Orelha Negra, Orelha Negra – 18
11º Ana Moura, Desfado – 11
12º Salto, Salto – 8
12º Wray Gunn, L’Art Brut – 8
14º Gala Drop, Broda – 7
15º Walter Benjamin, The Imaginary Life of Rosemary – 6
16º Gaiteiros de Lisboa, Avis Rara – 5
17º DJ Ride, Life in Loops – 4
18º Balla, Canções – 3
18º Carminho, Alma – 3
20º Papercutz, The Blur Between Us – 0

quarta-feira, dezembro 12, 2012

As canções de 2012: Perfume Genius

Foi o segundo single extraído do segundo álbum de Perfume Genius, Put Your Back N2 It. Aqui fica a memória de Dark Parts e, também, de um dos mais belos telediscos de 2012.