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sábado, abril 01, 2017
Erasure, 1987
Passaram esta semana 30 anos sobre a edição do álbum The Circus, o segundo da discografia dos Erasure e o primeiro no qual o sucesso os transportou a um patamar que deles fez um caso maior de popularidade na pop eletrónica nascida no Reino Unido na segunda metade dos anos 80. Com um primeiro cartão de visita (e primeiro single de sucesso para o grupo) em Sometimes, o álbum The Circus apresentou uma coleção de canções que definia a identidade pop mais luminosa que Vince Clarke procurava desde o momento em que decidira afastar-se dos Depeche Mode em 1981. Na voz de Andy Bell tinha encontrado entretanto um registo com uma certa continuidade face às experiências (magníficas, sublinhe-se) com Alison Moyet nos Yazoo.
terça-feira, novembro 26, 2013
Novas edições:
Erasure, Snow Globe
Erasure
“Snow Globe”
Mute Records
3 / 5
Tradição histórica na música popular desde o advento do formato do LP, o “disco de Natal” está longe de ser coisa formatada apenas no campo das descendências naturais dos crooners que lhes deram títulos de referencia (e sucesso) nos anos 50. Elvis foi mesmo dos primeiros a experimentar este terreno, desde então o espaço das canções de Natal tendo passado por discografias tão diversas quanto as de James Brown, os Pet Shop Boys, a família McGarrigle/Wainwright, Kristin Hersh, Sufjan Stevens, ou os Raveonettes, nos últimos anos este tendo-se revelado mesmo um espaço tão caro aos vultos globais do mainstream como a vozes vindas de terreno indie. Entre a multidão de títulos que a temporada nos vai trazer destaca-se desde já uma proposta assinada pelos veteranos Erasure (que no próximo ano celebram 30 anos de atividade). O espaço da canção de Natal não lhes é estranho, tanto que em finais de oitentas lançaram uma segunda versão do EP Crackers International com capa de temática natalícia e alinhamento parcialmente em sintonia com a quadra. A atravessar um deserto (de ideias e de reconhecimento) há já largos anos, com uma obra relativamente inconsequente desde a alvorada dos noventas – e apenas pontuais frestas de interesse no alinhamento de Light At The End of The World (2007) – Vince Clarke e Andy Bell optaram aqui por um reencontro com a sonoridade mais próxima dos registos clássicos da fase The Innocents (1988) / Wild (1989) / Chorus (1991). E convenhamos que, juntamente com The Circus, de 1987, foi então que viveram a melhor etapa da sua carreira. O alinhamento de Snow Globe cruza inéditos com versões (entre estas havendo tanto uma incursão pela música de Gustav Holst como por cânticos “clássicos” de Natal). Na verdade o mundo não ganha muito ao ouvir os sintetizadores de Vince e a voz de Andy a caminhar entre leituras sem surpresa maior de White Christmas ou Silent Night. Mas é nos originais, entre Bells of Love, Loving Man, Make it Wonderful e, sobretudo, o festivo e dançável There’ll Be No Tomorrow, que reencontramos um viço pop que faltava aos Erasure desde os dias de I Say I Say I Say... O Natal aqui serve de motivo para um disco. Mas, mesmo perante a elegância dos arranjos apresentados (com o devido fiozinho de azeite), é para além das propostas natalícias que está o melhor deste disco.
quarta-feira, abril 04, 2012
Novas edições:
VCMG, Ssss
VCMG
"Ssss"
Mute Records
2 / 5
É impossível contar a história da pop electrónica sem referir os nomes de Vince Clarke e Martin Gore. Ambos surgiram em cena na alvorada dos oitentas a bordo dos Depeche Mode. Mas foi curta a sua vida conjunta, Vince Clarke anunciando a saída do grupo pouco depois do lançamento do álbum de estreia Speak & Spell (1981). Martin Gore “salta” então para a linha da frente da escrita, revelando uma alma bem distinta da de Clarke logo em A Broken Frame (1982). Daí em diante, e salvo ocasionais contribuições de Alan Wilder e, mais recentemente, de Dave Gahan, Martin Gore fez-se o compositor dos Depeche Mode. Ao mesmo tempo Clarke procurou o seu caminho, primeiro nos Yazoo, depois na fugaz aventura The Assembly, encontrando terra firme, desde 1984, a bordo dos Erasure... Uma remistura de Clarke para um álbum de remixes dos Depeche Mode assinalou o reencontro entre os dois músicos. E da vontade em trabalhar novamente juntos após um intervalo de 30 anos resolvem fazê-lo num álbum lançado sem o aparato que poderia ser esperado perante tamanha reunião de veteranos. Chamam ao projeto VCMG (as suas iniciais, portanto) e optam por uma política instrumental em clima techno. Ou seja, em vez de procurarem um ponto de diálogo entre o que hoje são e outrora fizeram juntos, resolvem partir rumo a um espaço de interesse comum. Pena que Sssss seja tamanha desilusão, o alinhamento revelando (apesar de pontuais motivos de interesse, sobretudo nos registos de som escolhidos) uma opção por uma techno sem viço nem brilho nem mesmo marcas maiores de personalidade. Competente na produção, sem dúvida, mas inconsequente, o método de trabalho encontrado (todo o disco foi criado via email) acabando por mostrar como a presença física num espaço comum e o diálogo são ainda argumento que a comunicação digital não substitui por inteiro. Compare-se este reencontro com o (igualmente discreto) os resultados da bem mais compensadora reunião de Nick Rhodes com Stephen Duffy via The Devils (onde reencontraram as canções da primeira encarnação dos Duran Duran, onde ambos militavam em 1978) e reconheça-se quão aquém do que de potencialmente cativante poderia haver neste reencontro fica aqui por acontecer...
quinta-feira, dezembro 01, 2011
Discos Pe(r)didos:
Vários artistas, Red Hot + Blue
Vários Artistas
“Red Hot + Blue”
Chrysalis Records
(1990)
Neste 1 de Dezembro de 2011, em que se assinada mais um dia mundial de luta contra a sida, uma memória de 1990. Com Cole Porter na berlinda, uma mão cheia de músicos criaram versões de clássicos maiores da história da música norte-americana para, juntos, assinarem a primeira compilação pensada de raiz para uma campanha de recolha de fundos para programas de luta contra a sida. Não era a primeira vez que músicos se juntavam com semelhante propósito. Elton John, Dionne Warwick, Gladys Knight e Stevie Wonder tinham gravado em 1985 uma versão de That’s What Friends Are For, de Burt Bacharah, aí nascendo o primeiro single-campanha que recebeu mediatização global e levou palavras de luta contra a doença aos quatro cantos do mundo, recolhendo fundos pelas vendas do disco. Colecção de 20 versões de canções de Cole Porter, Red Hot + Blue não só serviu idênticos objectivos como representou o modelo de uma ideia de álbum-tributo que entretanto gerou uma multidão de descendências. Sem mais em comum senão os objectivos humanitários do disco e o facto de morarem criações de Cole Porter na base de cada canção, Red Hot + Blue reflecte essencialmente a diversidade de caminhos que a lista de convidados expressa por si mesma. Neneh Cherry encontra caminhos para I’ve Got You Under My Skin através da assimilação de elementos da cultura hip hop. David Byrne confirma o seu interesse por músicas de latitudes exteriores aos eixos pop/rock em Don’t Fence Me In. Iggy Pop junta-se a Debbie Harry para criar um hino eléctrico em Well Did You Evah. Annie Lennox atinge patamares máximos de emotividade na abordagem minimalista para voz e piano de Every Time We Say Goodbye. Os Les Negresses Vertes levam heranças parisienses a I Love Paris. Tom Waits veste muito ao seu jeito It’s All Right With Me. KD Lang é directa e pungente em So In Love. Os Erasure levam as electrónicas de travo pop a Too Darn Hot. Os U2 mostram, em Night + Day, primeiros sinais de uma transformação linguística em progresso na sua música (e da qual nasceria Achtung Baby)... Podíamos continuar a descrição passando por nomes como os de Salif Keita, Neville Brothers, Jimmy Sommerville, Aztec Camera, Sinead O’Connor ou Fine Young Canibals que, entre outros mais, completam o alinhamento do álbum. Uns mais certeiros, outros menos consequentes. Mas entre todos uma ideia comum e, no fim, um dos mais sólidos e marcantes dos discos-tributo alguma vez registados. E um primeiro episódio numa história que, depois deste, somou já muitos outros títulos a uma obra ainda hoje dedicada à mesma causa.
Imagens para o teledisco que, na altura, Wim Wenders rodou para a versão de Night and Day, assinada pelos U2 em Red Hot + Blue.
E desde então?
Red Hot + Blue abriu a série de compilações editadas pela Red & Hot Organization, sempre sob os mesmos objectivos de recolha de fundos para campanhas de luta contra a sida. Depois deste disco foram editados outros títulos como Red Hot + Dance (1992, nas áreas da pop e da música de dança), No Alternative (1993, com nomes da cena indie da época), Red Hot + Cool: Stolen Moments (1995, dedicado a cruzamentos entre o jazz e novas formas de hip hop e suas vizinhanças), Red Hot + Rio (1996, com diálogos com a música do Brasil), Red Hot + Lisbon: Onda Sonora (1998, com a cidade de Lisboa na berlinda), Red Hot + Rhapzody (1998, um tributo a George Gershwin) ou Dark Was The Night (2009, novamente entre a cena indie). O mais recente título da série é um segundo volume dedicado ao Brasil. Editado este ano, Red Hot + Rio 2 junta nomes como Beck, Seu Jorge, Beirut, Caetano Veloso, Of Montreal, Mutantes, Marisa Monte ou Devendra Banhart.
Primeiros sinais de um reencontro
E eis que chegam os primeiros sinais do que é a colaboração entre Martin Gore (dos Depeche Mode) e Vince Clarke (dos Erasure e ex-Depeche Mode). 30 anos depois do seu trabalho conjunto em Speak & Spell (o álbum de estreia dos Depeche Mode, onde Clarke assinou a autoria de clássicos como Just Can’t Get Enough ou New Life), juntam-se como VCMG e, antes de um álbum que têm agendado para 2012, eis que se estreiam já este mês ao som de Spock. Aqui fica o tema instrumental que será dentro de dias o seu primeiro single.
Um primeiro comentário? Algo desapontantes estes primeiros sinais. Uma evolução de pequenos acontecimentos, recuperando aqui e ali registos de teclados analógicos dos oitentas, lançando-os sob uma matriz techno que sustenta o tema mas onde nada de particularmente interessante na verdade acontece.
quarta-feira, novembro 23, 2011
Vince Clarke + Martin Gore: o reencontro
É um reencontro que se faz 30 anos depois. Em finais de 1981, depois de editado o álbum Speak & Spell e de alcançado o primeiro êxito global ao som de Just Can’t Get Enough, Vince Clarke, que era até então o principal compositor dos Depeche Mode, deixa o grupo para formar os Yazoo, mais tarde o curto projecto Assembly e, em 1984, os Erasure (ainda hoje activos). Martin Gore passou então a ser o compositor de serviço dos Depeche Mode. E apesar de pontuais contribuições de Alan Wilder e das mais recentes participações autorais de Dave Gahan, tornou-se no rosto criativo do grupo. Agora, 30 anos depois da separação, Gore e Clarke voltam a trabalhar juntos. Recentemente Vince Clarke tinha já assinado uma remistura para uma nova antologia dos Depeche Mode. Agora anunciam para 2012 a estreia em álbum da dupla VCMG (afinal as suas iniciais), que se anuncia como um disco de tecnho... Antes do álbum serão lançados alguns EPs. O primeiro chega a 13 de Dezembro e apresenta cinco misturas distintas para o tema Spock.
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