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quinta-feira, maio 14, 2020

Spike Lee, "New York, New York"

É uma carta de amor ao povo de Nova Iorque: Spike Lee dá-nos a ver a grande metrópole sob o efeito do COVID-19, convocando a canção-tema de New York, New York (1977), de Martin Scorsese, e utilizando a maravilhosa película Super 8 da Kodak. I wanna wake up in a city / that doesn't sleep...

sexta-feira, agosto 26, 2016

Sinatra, opus 1

Numa paisagem de tantas efemérides, há algumas que ecoam, não tanto pela eventual pompa histórico, mas mais pelo modo como nos põem em contacto com qualquer coisa que, de facto, estava a começar. Assim acontece com o primeiro álbum de estúdio de Frank Sinatra (1915-1998) — The Voice of Frank Sinatra foi editado em 1946, quer dizer, há 70 anos.
Canções como You Go to My Head, Someone to Watch Over Me [som aqui em baixo] ou I Don't Stand a Ghost of a Chance with You remetem-nos para um tempo em que, por assim dizer, na rádio e no cinema, Sinatra já tinha consolidado um estatuto que os discos só iriam ampliar — por exemplo, o trailer do filme musical Anchors Aweigh/Paixão de Marinheiro (1945) já o identifica como 'The Voice' [também aqui inserido]. A sublinhar: os arranjos são de Axel Stordahl, personalidade essencial nesta fase em que Sinatra gravava para a Columbia.



terça-feira, dezembro 15, 2015

"Só se vive uma vez" [Sinatra]

Sendo essencialmente musical, a herança de Frank Sinatra é também subtilmente cinematográfica — este texto foi publicado no Diário de Notícias, a 12 de Dezembro, dia do centenário do nascimento de Sinatra.

Em 1967-68, Frank Sinatra protagonizou três policiais dirigidos por Gordon Douglas: Tony Rome Investiga, O Detective e Uma Mulher no Cimento. Retrospectivamente, tais títulos adquirem uma paradoxal clareza: por um lado, com ou sem espiões, tratava-se de rentabilizar a moda das aventuras de James Bond (surgidas em 1962); por outro lado, a postura cinematográfica de Sinatra, não disfarçando a sua idade, sublinhando o desencanto existencial das suas personagens, favorecia uma ambiguidade moral que, em última instância, o distanciava das regras correntes do entertainment.
Nesse misto de moda e anti-moda residirá, provavelmente, o enigma de um fascínio que a passagem dos anos (para além da sua própria morte) foi intensificando. Na música como no cinema, Sinatra impôs-se como autor da sua própria narrativa, não um mero peão do sucesso ou da mitologia — será preciso recordar que a canção My Way ficou como o hino pessoal dessa trajectória?
Voltando a escutar a imaculada métrica de Come Fly With Me ou revendo-o num filme como O Homem do Braço de Ouro (1955), observamo-lo através de uma drástica nostalgia. Não é, entenda-se, a nostalgia marcada pelas estratégias do marketing, sempre empenhadas nessa suave chantagem emocional e política que consiste em sugerir que perdemos uma “inocência” que, em tempos mais ou menos remotos, outros tiveram. É, isso sim, uma nostalgia que nos leva a duvidar da grandeza de alguns modelos de sucesso aliados aos eventos mais ou menos virtuais que passaram a determinar grande parte dos nossos gestos quotidianos. Sem esforço aparente, Sinatra era concreto e abstracto, literal e simbólico, corpo e alma. Ele o disse, com a elegância de um sempre contido sarcasmo: “Só se vive uma vez — da maneira que eu vivo, é quanto basta.”

segunda-feira, dezembro 14, 2015

Sinatra no arquivo da Magnum

Frank Sinatra em 1944 (ano em que completou 29 anos), fotografado pelo grande Philippe Halsman — é uma das imagens recordadas pela agência Magnum, a pretexto do centenário do nascimento do cantor.

sábado, dezembro 12, 2015

Sinatra: I've Got You Under My Skin

13 de Outubro de 1974 — The Main Event, momento apoteótico da carreira de Frank Sinatra, concebido especialmente para televisão. A dois meses de completar 59 anos, no Madison Square Garden, o cantor fazia um concerto/balanço que era tudo menos uma queixa nostálgica: revisitando temas emblemáticos da canção popular, Sinatra reafirmava a vitalidade de uma imensa tradição, sublinhando a singularidade das suas performances. Um exemplo: o clássico de Cole Porter, I've Got You Under My Skin.


>>> Site oficial de Frank Sinatra.

Dylan canta Sinatra



No dia em que se assinala o centenário de Frank Sinatra, vale a pena reparar como o seu legado está vivo. E ouvir a versão que, já este ano, Bob Dylan fez do tema The Night They Called it a Day.

Já agora fica o convite para que se juntem aos dois autores deste blogue, às 18.00 horas no CCB (na Sala Luís Freitas Branco) para o programa de homenagem 100 Sinatra, que junta conversa, imagens e canções interpretadas por Miguel Guedes.

Já agora fica aqui um link para um texto que hoje apresentei na Máquina de Escrever sobre novos DVD e discos que assinalam igualmente o centenário de Frank Sinatra.

quinta-feira, junho 25, 2015

Sinatra em Hollywood

Oito filmes editados em DVD permitem-nos reencontrar alguns dos aspectos menos conhecidos da carreira cinematográfica de Frank Sinatra — este texto foi publicado no Diário de Notícias (18 Junho), com o título 'Quando Frank Sinatra era um símbolo de Hollywood'.

Com ou sem crises associadas, é um facto que temos assistido a uma mudança nos critérios do mercado do DVD. Sinal evidente de tal dinâmica está na proliferação de títulos mais ou menos “antigos”, eventualmente com estatuto de clássicos. Nem sempre somos servidos por princípios cinéfilos de organização e apresentação... O certo é que não nos podemos queixar: há muito que o DVD deixou de ser a mera repetição do que aconteceu seis meses antes nas salas escuras.
A edição de oito filmes interpretados por Frank Sinatra (1915-1998), distribuídos por duas caixas de DVD, pode ser um bom exemplo. Acima de tudo, estamos perante um conjunto de títulos capazes de nos ajudar a aceder à pluralidade da sua trajectória, contrariando a imagem de um Sinatra “especializado” em filmes musicais.
Ironicamente, o primeiro destaque é mesmo um musical: Guys and Dolls (1955), entre nós chamado Eles e Elas, exuberante adaptação do espectáculo homónimo da Broadway, centrado nas actividades de um grupo de vigaristas de Nova Iorque, em finais dos anos 40. Em boa verdade, Sinatra não era o líder do elenco, mas sim Marlon Brando naquele que é, por certo, o papel mais bizarro de toda a sua carreira (cantando, inclusive, vários temas da banda sonora). Na filmografia do realizador, Joseph L. Mankiewicz, é também um objecto deliciosamente atípico, situado entre A Condessa Descalça (1954) e Um Americano Tranquilo (1958).
Além de Mankiewicz, está representado outro mestre clássico, Frank Capra, através do seu penúltimo trabalho de realização: Tristezas Não Pagam Dívidas (1959), melodrama em que Sinatra assume a personagem de um viúvo, com um filho de 12 anos, apostado em salvar o hotel que possui em Miami. Ainda de finais da década de 50 são o drama histórico Orgulho e Paixão (1957), de Stanley Kramer, a comédia romântica O Querido Joey (1957), de George Sidney, e Só Ficou a Saudade (1958), de Delmer Daves (com Natalie Wood numa das suas primeiras personagens adultas).
A selecção completa-se com três policiais de finais dos anos 60, todos dirigidos por Gordon Douglas: Tony Rome Investiga (1967), O Detective (1968) e Uma Mulher no Cimento (1968). Até certo ponto, correspondem a uma tentativa de concorrer com a popularidade dos filmes de James Bond, em particularmente no tratamento das personagens femininas (Jill St. John, Jacqueline Bisset e Raquel Welch são as respectivas protagonistas). Em qualquer caso, ilustram uma reconversão dos valores dramáticos do policial clássico, no sentido de um profundo desencanto moral, fenómeno por vezes citado nas histórias do cinema como neo-noir, tendo como referência emblemática o filme Bullitt (1968), de Peter Yates, com Steve McQueen (e, de novo, Jacqueline Bisset). Na prática, tudo isto significa que Sinatra foi também um símbolo desse tempo de transição em que Hollywood refez, em alguns casos de modo muito crítico, as suas matrizes clássicas.

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Sinatra, aliás, Dylan

Em tempos de insolentes modernices, não poucas vezes disfarçadas de ousadias juvenis (?), Bob Dylan não vai em modas — literalmente. O seu novo álbum, Shadows in the Night, aí está, refazendo com imaculada serenidade e contida sofisticação 10 canções de um glorioso cavaleiro andante chamado Frank Sinatra. Porque tudo começa pela disponibilidade da escuta, aqui fica Stay with Me — em baixo, a sagrada razão de tudo isto.



domingo, janeiro 04, 2015

Sinatra 2015 (1)
'September of My Years', 1965


Passam em 2015 cem anos sobre o nascimento de Frank Sinatra. E assim, ao longo do ano, o Sound + Vision vai aqui evocar alguns momentos da sua obra.

Se tivesse de escolher um disco de Sinatra... Um só (e é coisa difícil)... Deixando de parte alguns títulos não menos macantes como Sinatra Sings for Only The Lonely, Strangers In The Night, In The Wee Small Hours ou Moonlight Sinatra, a escolha acabaria por destacar September of My Years. Editado em 1965, numa etapa em que era através da Reprise Records (criada pelo próprio) que lançava os seus discos, este foi o quinto episódio de colaboração com o maestro e arranjador Gordon Jeninks e o mais exemplar desses seus vários momentos de trabalho conjunto com orquestra. Além da brilhante escolha de repertório (essencialmente feita em canções relativamente recentes, algumas de autores então menos conhecidos, com espaço para alguns clássicos, um deles September Song, de Weil e Brecht), o álbum destaca precisamente um trabalho notável de uma orquestra sumptuosa que encontra o perfeito parceiro de diálogo num Sinatra, então com 50 anos, a viver os seus melhores dias como cantor.

Disco sobre o envelhecimento e o valor da memória, tem entre o alinhamento não apenas o irrepetível It Was A Very Good Year (em cuja sessão de gravação esteve presente uma equipa de televisão, que levou depois essas imagens ao programa de Walter Cronkite) mas também o tema título que se tornou outra referencia da obra de Sinatra, tão pessoal na sua interpretação que raras foram as vezes em que outros abordaram esta canção.

Registado em quatro sessões de gravação entre abril e maio de 1965, editado em agosto do mesmo ano (ou seja, celebra o seu cinquentenário em 2015), September of My Years valeu a Sinatra vários Grammys em 1966 e representou, depois de The Concert Sinatra (1963) o seu segundo grande lançamento através da Reprise, para a qual começara a gravar em 1961.

Podem recordar aqui imagens da gravação de It Was A Very Good Year.

sexta-feira, julho 25, 2014

Reedições:
Frank Sinatra

“Frank Sinatra Sings For Only The Lonely”
Black Coffee
5 / 5

Na sequência de álbuns orquestrais como In The Wee Small Hours (1955) e Where Are You? (1957), Frank Sinatra projetou a criação de um novo disco de baladas, opção mais que certa num momento de absoluta forma vocal (nascendo entre estes discos e alguns que gravaria nos anos 60 algumas das obras mais marcantes da sua discografia). Sinatra procurava aqui trabalhar com Gordon Jenkins (com quem gravara o disco de 57 e com quem trabalharia, pouco depois, no sublime September of My Years), mas da impossibilidade de disponibilidade na agenda deste arranjador e maestro, acabou por voltar a Nelson Riddle, com quem assinara vários outros momentos, entre os quais o álbum de 1955 que representa o primeiro dos discos orquestrais desta etapa da sua carreira. Claramente marcado pela perda recente da mãe e uma filha, Riddle projetou entre os arranjos e direção de orquestra das canções de Frank Sinatra Sings For Only The Lonely um sentido de assombrada melancolia que se fez perfeito cenário para a voz de Sinatra gerando aquele que muitas vezes é apontado como o melhor dos seus (muitos) discos. Esta nova edição, que chega numa altura em que o acervo que gravou para a Capitol ganha novos lançamentos, surge acompanhada por um booklet de 12 páginas com um texto que contextualiza o álbum na história artística de Frank Sinatra.