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domingo, outubro 20, 2019

Frank Ocean — uma nova canção

Depois de Blonde e Endless, ambos lançamentos de 2016, Frank Ocean estará a trabalhar num novo álbum. Sinal a ter em conta: uma nova canção, intitulada DHL.

segunda-feira, junho 04, 2018

Frank Ocean recria "Moon River"

Moon River, o tema clássico de Henry Mancini, com letra de Johnny Mercer, foi refeito por Frank Ocean — o resultado é um exemplo modelar de recriação liberta de qualquer prisão nostálgica, embora sabendo preservar a verdade sensual do original. Aqui fica a nova versão, com a devida vénia a Audrey Hepburn e à sua performance de Moon River em Breakfast at Tiffany's/Boneca de Luxo (1961), de Blake Edwards.



sábado, agosto 20, 2016

O regresso de Frank Ocean

Frank Ocean assinou um dos grandes álbuns de 2012, Channel Orange, prova muito real das transfigurações sempre possíveis na paisagem de uma sensibilidade hip hop que se mantém fiel às raízes do R&B. Há dias, sem aviso prévio, lançou Endless, álbum visual que, além do mais, parece confirmar a actualidade artística e comercial deste formato (pouco tempo depois de Beyoncé nos ter dado o seu prodigioso Lemonade). Tudo isto enquanto se renovavam as expectativas em torno de um novo álbum, cujo título inicialmente divulgado (Boys Don't Cry) foi, entretanto, abandonado por Ocean.
Agora, surge Nikes, primeira e admirável canção desse segundo álbum por vir — a letra foi divulgada, assim mesmo, no Twitter de Ocean; o teledisco é um fascinante labirinto de referências sociais e culturais, capaz de confirmar que há cada vez mais hipóteses de narrativa nos formatos "paralelos" que, com maior ou menor felicidade, o mercado vai gerando.


THESE BITCHES WANT NIKES. THEY LOOKING FOR A CHECK. I TELL EM IT AIN’T LIKELY. SAID SHE NEED A RING LIKE CARMELO. MUST BE ON THAT WHITE LIKE OTHELLO. ALL YOU WANT IS NIKES. BUT THE REAL ONES. JUST LIKE YOU. JUST LIKE ME. I DON’T PLAY, I DONT MAKE TIME. BUT IF YOU NEED DICK I GOT YOU AND I YAM FROM THE LINE. POUR UP FOR A$AP. RIP PIMP C. RIP TRAYVON, THAT NIGGA LOOK JUST LIKE ME. WOOO, FUCCKKINN BUZZINNN WOOOO. THAT MY LIL COUSIN, HE GOT A LIL TRADE. HIS GIRL KEEP THE SCALES, A LIL MERMAID. WE OUT BY THE POOL SOME LIL MERMAIDS. ME AND THEM GEL, LIKE TWIGS WIT DEM BANGS. NOW THAT’S A REAL MERMAID. YOU BEEN HOLDING YOUR BREATH. WEIGHTED DOWN. PUNK MADRE, PUNK PAPA. HE DON’T CARE FOR ME, BUT HE CARES FOR ME. AND THAT’S GOOD ENOUGH. WE DON’T TALK MUCH OR NOTHING. BUT WHEN WE TALKING BOUT SOMETHING, WE HAVE GOOD DISCUSSION. I MET HIS FRIENDS LAST WEEK. FEELS LIKE THEY’RE UP TO SOMETHING. THAT’S GOOD FOR US. WE’LL LET YOU GUYS PROPHESY. WE’LL LET YOU GUYS PROPHESY. WE GON SEE THE FUTURE FIRST. WE’LL LET YOU GUYS PROPHESY. WE GON SEE THE FUTURE FIRST. LIVING SO THE LAST NIGHT, FEELS LIKE A PAST LIFE. SPEAKING OF THE DON’T KNOW WHAT GOT INTO PEOPLE, DEVIL BE POSSESSING HOMIES DEMONS TRY TO BODY JUMP. WHY YOU THINK I’M IN THIS BITCH WEARING A FUCKING YARMULKE. ACID ON ME LIKE THE RAIN. WEED CRUMBLES INTO GLITTER. RAIN. GLITTER. WE LAID OUT ON THIS WET FLOOR. AWAY TURF, NO ASTRO. MESMERIZED HOW THE STROBES GLOW, LOOK AT ALL THE PEOPLE FEET DANCE. I KNOW THAT YOUR NIGGA CAME WITCHA. BUT HE AIN’T WITCHA. WE ONLY HUMAN AND IT’S HUMID IN THESE BALMAINS. I MEAN MY BALLS STICKING TO MY JEANS. WE BREATHING PHEROMONES, AMBER ROSE. SIPPING PINK GOLD LEMONADES. FEELING. I MAY BE YOUNGER, BUT I’LL LOOK AFTER YOU. WE’RE NOT IN LOVE BUT I’LL , MAKE LOVE TO YOU. WHEN YOU’RE NOT HERE, I’LL SAVE SOME FOR YOU. I’M NOT HIM, BUT I’LL MEAN SOMETHING TO YOU. I’LL MEAN SOMETHING TO YOU.

segunda-feira, dezembro 24, 2012

Tarantino "dispensa" Frank Ocean

A notícia seria a revelação de uma canção original de Frank Ocean na banda sonora do novo filme de Quentin Tarantino, Django Unchained... O certo é que o realizador, embora reconhecendo a excelência dos resultados, não encontrou a "cena" onde pudesse inseri-la. Chama-se Wiseman e é uma belíssima reflexão sobre os caminhos cruzados do Bem e do Mal.

sábado, dezembro 22, 2012

As canções de 2012: Frank Ocean

Não é exatamente um estreante (tinha já uma mixtape editada no ano passado), mas Frank Ocean foi dos nomes de quem mais se falou em 2012. E com razão. Em Channel Orange deu-nos um dos melhores álbuns do ano e em Pyramids uma das canções que o ano não vai esquecer.

Os melhores discos de 2012 (J.L.)


1. Patti Smith, Banga
2. Fiona Apple, The Idler Wheel...
3. Dan Deacon, America
4. Frank Ocean, Channel Orange
5. Bob Dylan, Tempest
6. Bruce Springsteen, Wrecking Ball
7. alt-J, An Awsome Wave
8. Spiritualized, Sweet Light, Sweet Light
9. Divine Fits, A Thing Called Divine Fits
10. Angel Haze, Reservation

Memórias contraditórias do ano musical: por um lado, tenho consciência de que não tive possibilidade de escutar na íntegra — ou com a devida atenção — alguns álbuns que continuam a despertar-me, no mínimo, uma aguda curiosidade (os Pet Shop Boys, por exemplo, ainda estão em lista de espera...); por outro lado, num rápido balanço, deparo com uma lista francamente impressionante de assinaláveis proezas musicais em que, além dos incluídos neste sempre instável top, poderia citar a experiência “antiga” de Leonard Cohen (Old Ideas), The Roots (Undun), Bobby Womack (The Bravest Man in the Universe), Jack White (Blunderbuss) ou The Walkmen (Heaven), a par da tocante frescura de alguns magníficos “novatos”, incluindo a prodigiosa Angel Haze, com direito ao top dos “grandes”. Dos outros mais ou menos estreantes, vale a pena ficar com um breve ‘Top 5’:
I. Lianne La Havas, Is Your Love Big Enough?
II. Tame Impala, Lonerism
III. Jessie Ware, Devotion
IV. Now, Now, Threads
V. THEESatisfaction, Awe Naturale

Last but not least, este foi também o ano em que saíu a maravilhosa antologia de Amy Winehouse, At the BBC. Aqui fica uma memória, tão longe, tão perto.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Os melhores discos de 2012 (N.G.)

É uma tradição que o Sound + Vision respeita anualmente. E a partir de hoje as listas dos melhores do ano vão surgir por aqui. Começamos pelos discos que mais marcaram um ano de muitas (e boas) edições discográficas. E os melhores são...

Depois da promessa sugerida no impressionante Learning, em 2012 Mike Hardeas confirmou em Put Your Back N2 It a visão e a personalidade de um autor que se encontrou a si mesmo num espaço pleno de verdade e personalidade. Sem perder as características, temas e demandas, a voz criativa do seu projeto Perfect Genius avançou e, para lá das fronteiras lo-fi, encontrou outra nitidez, fazendo deste seu segundo álbum o “grande” acontecimento discográfico pop/rock (e cercanias) do ano. Um ano que mostrou, sobretudo, interessantes casos de cruzamentos de linguagens, em discos que, aos poucos, definem o início do século XXI como um tempo de diálogos e cruzamentos. Vejam-se os casos de Gold Dust, onde Tori Amos revisita com um a orquestra as canções de 20 anos de discos e nelas encontra novos pontos de vista. Ou Rework onde, sob curadoria de Beck, uma série de músicos (de Amon Tobin a Johann Johansson) procuram olhares pessoais sobre momentos marcantes da obra de Philip Glass. Ou ainda Dr. Dee, onde Damon Albarn (depois da experiência de Monkey: Journey To The West), regressa ao espaço da ópera contemporânea, desta vez assinando aqui o seu primeiro disco a solo. Do balanço do ano destaque-se ainda a proeminência de Frank Ocean e Miguel, novas vozes que definitivamente se afirmam no espaço do R&B, também aqui em franco diálogo com outras referências (em ambos morando aquele olhar transversal que fez a diferença para Prince nos anos 80). De 2012 ficam ainda as memórias do melhor álbum dos Pet Shop Boys desde os dias de Behaviour, a “estreia” (sim, porque já tinha editado antes sob outro nome) de Lana del Rey – que criou uma “estrela” nos moldes dos tempos dos ícones de outrora -, das melhores electrónicas que ouvimos ao longo do ano em Fin de John Talabot e o belíssimo regresso (agora a solo) do ex-Blue Nile Paul Buchanan. A história discográfica do melhor do ano podia ainda juntar nomes como os de Patti Smith, St. Etienne, Andrew Bird, David Byrne com St Vincent, Brian Eno, Ombre, Grizzly Bear, Lemonade, Jack White, Beach House, Leonard Cohen ou Matthew Dear. Mas um Top 10 é um Top 10 e, assim sendo, aqui fica...

1. Perfume Genius, ‘Put Your Back N2 It’ (Matador Records)
2. Tori Amos, ‘Gold Dust’ (Deutsche Grammophon)
3. Pet Shop Boys, ‘Elysium’ (Parlophone)
4. Philip Glass, ‘Rework’ (Orange Mountain Music)
5. Frank Ocean, ‘Channel Orange’ (Def Jam)
6. Miguel, ‘Kaleidoscope Dream’ (Epic Records)
7. Lana del Rey, ‘Born To Die’ (Universal)
8. Damon Albarn, ‘Dr Dee’ (EMI Music)
9. John Talabot, ‘Fin’ (Permanent Vacation)
10. Paul Buchanan, ‘Mid Air’ (Essential Newsroom)

Nacional

Tirando o álbum da Sétima Legião, que é uma antologia de ‘memórias’, é curioso reparar que o melhor do ano editorial português ficou por conta de editoras independentes, acentuando uma tendência que se vem a acentuar nos anos mais recentes. Do panorama destaca-se claramente a estreia em álbum de Moullinex, um dos rostos centrais do catálogo da editora Discotexas, com um disco onde promove um franco (e compensador) diálogo entre a música de dança e o formato da canção, num espaço onde o presente sabe escutar ecos e grandes lições do disco sound, da soul, do funk e da pop. Sem dúvida, a grande surpresa do ano. A memória, além das canções da Sétima Legião (que viram a sua obra ser editada em formato remasterizado, mas ainda sem o tratamento arquivístico que justificava), mora ainda na abordagem de B Fachada, Minta e João Correia ao alinhamento do clássico Os Sobreviventes de Sérgio Godinho. O aprumar da visão de Norberto Lobo (cada vez mais um nome maior no panorama local), o encontro dos The Gift com o piano como voz maior na composição e os diálogos entre a raiz e a modernidade, em sede açoriana, pelo projeto O Experimentar são ainda notas maiores num ano onde convém ainda reter as propostas de DJ Ride, Gaiteiros de Lisboa e o coletivo Orelha Negra.(*)

1. Moullinex, ‘Flora’ (Discotexas)
2. Sétima Legião, ‘Memória’ (EMI Music)
3. B Fachada + Minta + João Correia ‘Os Sobreviventes’ (Mbari)
4. Norberto Lobo, ‘Mel Azul’ (Mbari)
5. The Gift, ‘Primavera’ (La Folie)
6. O Experimentar, ‘Sagrado e Profano’ (O Experimentar)
7. DJ Ride, ‘Life in Loops’ (Optimus Discos)8. Orelha Negra, ‘Orelha Negra’ (VC)
9. B Fachada, ‘Criôlo’ (Mbari)
10. Gaiteiros de Lisboa, 'Avis Rara' (D'Euridice)

Clássica

25 anos depois da sua estreia, a ópera Nixon In China regressou este ano aos palcos e, numa espantosa produção do Met, confirmou essa obra de John Adams como uma das peças maiores da história deste espaço de criação musical (dela falaremos na tabela dos melhores DVD e Blu-ray do ano). Mas de John Adams o ano recorda mais que apenas essa nova vida para a sua obra-prima. E o igualmente fundamental Harmonielehre, de quem havia uma gravação dos anos 80 dirigida por Edo de Waart, conheceu nova gravação, pela mesma San Francisco Symphony, numa direção de Michael Tison Thomas que se destacou claramente como o mais vibrante instante musical do ano discográfico nos domínios da música clássica. Do ano editorial destaca-se ainda a estreia em disco de Out Of Nowhere e Nyx, de Esa Pekka Salonen, parecendo cada vez mais certo que, se perdemos um maestro tão presente em palcos e gravações, passámos a contar com mais um valor maior no panorama da composição do século XXI. Tudo isto num mesmo ano em que Max Richer mostrou como uma editora (neste caso, a Deutsche Grammophon) pode ser também catalisadora de novas visões, ao propor um olhar diferente pelas Quatro Estações de Vivaldi no mais recente volume da série Re-Composed. Em tempo de assinalar os seus 75 anos, Philip Glass estreou duas sinfonias, tendo editado uma gravação da sua empolgante “nona” logo no início do ano. O melhor de 2012 passou ainda por obras para piano de Debussy por Alexei Lubimov e pela abordagem aos concertos para piano de Shostakovich por Menlikov. Simon Rattle gravou uma arrebatadora visão “completa” da nona de Bruckner e Gardiner completou o ciclo de gravações da obra orquestral de Brahms com um belíssimo Ein Deutsches Requiem. Notas ainda para Wagner’s Dream, editado ainda em vida de Jonathan Harvey e o inteligente programa, ao estilo de um recital, de Adès e Isserlis para, de obras de outros compositores, chegar aos Lieux Retrouvèes do primeiro.

1. John Adams, ‘Harmonielehre’ M. Tilson Thomas / San Francisco Symphony (SFS Media)
2. Esa Pekka Salonnen, ‘Out of Nowhere’ Salonen / Finnish Radio Symphony Orchestra (Deutsche Grammophone)
3. Claude Debussy, ‘Preludes’ – Alexei Lubimov (ECM)
4. Max Richter, ‘Recomposed – Vivaldi Four Seasons’, Daniel Hope
5. Philip Glass, ‘Symphony N. 9’ – Bruckner Orchester Linz
6. Anton Bruckner, Symphony N. 9’ – Simon Rattle / Berliner Philharmoniker
7. Thomas Adès ‘Lieux Retrouvées’ – T. Adès + S. Isserlis (Hyperion)
8. Johannes Brahms, ‘Ein Deutsches Requiem’ – J Eliot Gardiner / Orch Revolutionarie et Romantique
9. Dmitri Shostakovich, ‘Piano Concertos’ A. Menlikov / Mahler Chamber Orchestra, dir. Teodor Currentzis (Harmonia Mundi)
10. Jonathan Harvey, ‘Wagner’s Dream’ dir. Martyn Brabbis (Cypress)

(*) Uma lista originalmente publicada incluía o disco a solo de Manuel Fúria, que na verdade só será publicado em 2013.

terça-feira, dezembro 18, 2012

Novas edições:
Frank Ocean, Channel Orange


Frank Ocean 
“Channel Orange” 
Def Jam / Universal 
5 / 5

É verdade que costumo andar mais vezes pelos caminhos das electrónicas e das orquestras (já andei mais pelas guitarras, também é um facto...) e que o r & b não é a praia onde apanhe mais sol, apesar de ocasionalmente me ter rendido a nomes e carreiras, das referências absolutamente clássicas a alguns casos da história mais recente... Podendo os clientes mais habituais destes espaços ter outra perspetiva (e, admito, maior exposição e conhecimento de títulos lançados e nomes revelados), a verdade é que 2012 colocou em cena três nomes que fizeram do espaço r & b um dos mais vibrantes caldeirões de acontecimentos do ano, entre todos eles habitando uma vontade de dialogar com outros universos e transcender fronteiras. Afinal, não mais senão uma lógica de criação musical adiante dos espaços de género que caracteriza, de facto, o pensar da música do século XXI. Falo em concreto de The Weekend (que depois de três discos em lançamento online os junta agora numa “trilogia” física), Miguel (cujo Kaleidoscope Dream lhe deu a visibilidade que os mais atentos tinham já pressentido iminente no álbum de estreia lançado em 2010) e Frank Ocean, cujo álbum de estreia, apesar de ter dividido opiniões, me soa como uma das obras-primas do ano. E, claramente, um dos melhores discos de 2012.

Um biopic, à moda de um grande estúdio americano, que um dia recorde a figura de Frank Ocean, vai certamente começar com um prólogo com imagens entre os efeitos devastadores do furacão Katrina. Christopher Breaux, o verdadeiro nome de Frank Ocean, sugere genealogia que recua à presença francesa no Louisiana. Foi, de resto, em New Orleans, que nasceu, em 1987, o furacão tendo destruído por inteiro o seu espaço de trabalho. Mudou-se para Los Angeles e a curta temporada de poucas semanas transformou-se numa residência permanente. O trabalho tomou o seu dia a dia. Ganhando primeiro notoriedade ao compor para terceiros (assinou canções para Beyoncé ou Justin Bieber), depois através de uma mixtape que lançou em 2011 e abriu caminho a um mais sólido passo em frente que chegou quando, este ano, editou o seu álbum de estreia, a que chamou Channel Orange. Por essa altura, e na sequência de sugestões que alguns jornalistas apontaram nas letras de algumas canções do álbum, Frank Ocean tornou público um texto onde falava da sua sexualidade, do facto de se ter apaixonado por alguém do mesmo sexo e da forma como a escrita destas canções foi importante para o seu bem estar como indivíduo. Porém, e como tão bem ressalva o belo texto de Alex Petridis no The Guardian (por alturas do lançamento do álbum), convém que não se reduza o papel de Frank Ocean em 2012 ao facto (muito importante, é verdade) de ter sido um dos primeiros artistas afro-americanos a falar publicamente da sua homossexualidade. Porque há um disco em questão. E é simplesmente uma obra de exceção. Como aquelas poucas obras de estreia que ficam na história o são.

Channel Orange é um pouco como um álbum R&B não alinhando a nenhuma das grandes correntes do nosso tempo. Antes, e um pouco como Kaleidoscope Dream de Miguel, traduz um olhar de síntese de alguém que assimila heranças e referencias de outros tempos para daí partir em busca de si, do seu tempo e do seu lugar. Stevie Wonder e Marvin Gaye surgem como pilares estruturais na busca de caminhos, por onde passam ainda a visão caleidoscópica de um Prince e um alargar de horizontes que promove, mais que um lugar no campeonato das vozes canoras, uma muito pessoal exploração lírica (que passa pelas questões da identidade, da dificuldade do reconhecimento pelo outro, entre olhares pelo tecido social em seu redor) e uma ideia de construção musical de alguma ambição (e convenhamos que, sem disputar o lugar de um Kanye West, dá conta do recado). Contando com colaboradores como Pharell Williams (um dos produtores) ou Andre 3000, mais feito de temas lentos e em toada mid-tempo, com expressão maior no opus de alma prog e pele electro que se escuta no belíssimo Pyramids, Channel Orange é um álbum que parte do R&B para experimentar os caminhos do mundo em que vivemos. E quando a música sai da casca para olhar em seu redor e nos contar o que sentiu, acabamos quase sempre a ganhar. E, verdade seja dita, este ano poucos nos deram um disco como este que Frank Ocean agora nos dá.

PS. Se os rumores sobre ser este o seu único álbum (ou seja, que não fará mais), esperemos para ver...