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quarta-feira, dezembro 03, 2014

Discos: as edições desta semana




Há um verdadeiro festim de edições de discos ao vivo a chegar esta semana aos escaparates das novidades. Além dos álbuns de John Grant com a BBC Philharmonic Orchestra – Live In Concert – e de BjörkBiophilia – de que já aqui falámos nos dois últimos dias, foram lançados esta semana os discos Live In Dublin de Leonard Cohen (que inclui 3CD e um DVD), Winterland Night 1978 de Bruce Springsteen (triplo CD), The 1972 Broadcast dos Crosby Stills Nash & Young, Live In Orlando 1989 dos R.E.M., Through Yellow Curtains de Joni Mitchell (com gravações de finais dos anos 60), Chicago 1992 dos Pearl JamTwenty Thousand Roads de Emmylou Harris e Live at The Sands do Rat Pack.

O departamento das grandes antologias também vibra nesta altura do ano. E há edições em versões económicas e nem por isso e em todas as frentes. Os Wilco editam a caixa Alpha Mike Foxtroot: Rare Tracks 1994-2014 em caixa e, ao mesmo tempo, a versão compactada What’s Your 20?. A obra de Donna Summer é recuperada na caixa The CD Collection e em várias reedições avulsas. Há uma nova integral em álbum de Simon & Garfunkel sob o título The Complete Album Collection. Peter Hammil lança a caixa ...All That Might Have Been. De Serge Gainsbourg e Jane Birkin surge Jane + Serge 1973. Dos Blondie há uma caixa em vinil com os LPs do grupo.

Em formato ‘best of’ mais “clássico” há que ter atenção para com o Best Of (literalmente) dos The Czars, a banda onde em tempos militava John Grant.

Há ainda mais espaços para a memória no plano das reedições. Brian Eno lança versões expandidas de alguns dos seus álbuns dos anos 80: Nerve Net, Neroli, The Drop e The Shutov Assembly. E dos Pixies chega a muito esperada edição alargada do seu álbum de 1989: Doolittle 25, com lados B, sessões na rádio e maquetes, entre os extras. 

Nos terrenos da música contemporânea há notar a chegada, via Naxos, de gravações de Beltane Fire de Peter Maxwell Davies e Airline Icarus de Brian Current, assim como uma interpretação, por Tom Winpenny (organista) de La Nativité du Seigneur, de Messiaen

Entre novidades, mais algumas antologias e reedições, há ainda a assinalar:
Boris Blank - Electrified
Future Sound of London – Environments 2 (agora em vinil)
Klaus Schulze – Schulze Boot Vol 1 – Stars are Burning
Mark Kozelek – Sings Christmas Carols
Mogwai – Industry 3 Fitness Industry 1 EP
She + Him – Classics

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Novas edições:
John Grant

and the BBC Philharmonic Orchestra
"Live in Concert"
Bella Union / Edel
4 / 5

Há precisamente um ano dava um brilhante concerto no Cinema São Jorge, confirmando a vitalidade que a chegada de uma relação mais intensa com as electrónicas (e com a Islândia) tinha trazido à sua música. Em 2014 vimos John Grant a coassinar a canção que representou a Islândia na Eurovisão, escutámo-lo numa das versões que celebraram a memória de Goodbye Yellow Brick Road, de Elton John e, agora, podemos partilhar de uma experiência que levou por palcos do Reino Unido numa parceria com a BBC Philharmonic Orchestra. Tal como em tempos o fizeram os Divine Comedy numa experiência semelhante – mas então apenas com visibilidade discográfica em lados B de singles – John Grant apresentou em palco as canções sob arranjos que valorizam a colaboração, sem contudo cair num deslumbramento que eventualmente apagassem a força da escrita e da sua voz. Pelo contrário, o diálogo que se estabelece entre a orquestra e a instrumentação mais frequente em concerto alarga horizontes sem nunca abafar uma escrita que, assim se reconhece uma vez mais, é de impressionante solidez revelando mesmo como nascera já com afinidades naturais para com as cores e sonoridades que a orquestra lhe acrescenta. O alinhamento do concerto caminha entre os dois álbuns a solo do músico – Queen of Denmark (2010) e Pale Green Ghosts (2013), juntando ainda Fireflies (na verdade um extra presente na edição especial do álbum de 2010) e uma memória dos The Czars (a antiga banda de John Grant – que esta semana apresenta um ‘best of’ em disco) em Drug. Retrato de noites diferentes, Live In Concert é um daqueles raros discos ao vivo que traduzem mais que um reencontrar em palco do que já conhecemos. É um olhar sobre uma experiência única que, assim, podemos agora partilhar.

quinta-feira, novembro 27, 2014

John Grant edita disco com orquestra da BBC
(e amanhã há concerto na Internet)


Um álbum duplo gravado ao vivo, que junta a voz e as canções de John Grant ao som da BBC Philharmonic Orchestra, é um dos grandes lançamentos da próxima semana. O disco, a editar pela Bella Union, é assim o retrato de uma digressão conjunta do cantor com esta orquestra da rádio pública do Reino Unido e que se conclui este fim de semana com concertos em Edimburgo e Londres (este último no domingo, no Royal Albert Hall).

Amanhã John Grant e a BBC Philharmonic Orchestra atuam numa sala em Gateshead, pequena cidade no nordeste do Reino Unido. O concerto terá transmissão em direto através da Internet.

Podem acompanhar o concerto aqui.

Para os interessados, aqui fica o alinhamento do disco ao vivo:

CD1: It Doesn't Matter To Him, Sigourney Weaver, Vietnam, Marz, Fireflies, Where Dreams Go To Die, Carame e Glacier.

CD2: T C & Honeybear, It's Easier, GMF, Pale Green Ghosts, Outer Space, You Don't Have To, Drug e Queen of Denmark.


quinta-feira, agosto 07, 2014

Para ler: Orquestra da BBC em concertos
com John Grant e os Culture Club

A BBC Philharmonic vai ser a protagonista de uma série de concertos que vão promover cruzamentos com a música pop. Pelo programa passa a recriação do álbum de 1983 dos Culture Club Colour By Numbers, ao lado do grupo que assim volta a reunir. Entre os nomes a colaborar nesta série de concertos conta-se ainda o do cantautor norte-americano John Grant.

Podem ler aqui uma notícia na BBC sobre este programa.

terça-feira, janeiro 28, 2014

Ver + ouvir:
John Grant, Glacier



Jonathan Caouette, o realizador de Tarnation, criou um novo teledisco para o tema Glacier, que encerra o alinhamento do álbum que John Grant publicou em 2013.

sexta-feira, dezembro 27, 2013

Os melhores concertos de 2013 (N.G.)

Foto: Teatro M. Matos
Marc Almond
(Teatro Maria Matos, Lisboa)
Foi preciso esperar mais de 30 anos para vermos Marc Almond num palco português. Mas a espera foi compensada. E a noite de dia 20 de dezembro fez do Natal no Maria Matos um acontecimento emotivo de partilha de canções, onde não faltaram as referências a Jacques Brel nem mesmo aos Soft Cell.

Panda Bear
(Lux, Lisboa)
Era uma noite programada por ele mesmo. Mas ele era também o mais aguardado do cartaz, até porque ia apresentar apenas temas novos. Um trabalho de mais clara abordagem a ritmos mais pronunciados e, pelo caminho, uma nova canção (mais lenta) que é das melhores que alguma vez nos deu.

John Grant
(Cinema São Jorge, Lisboa)
O mais apelativo dos nomes do Mexefst, John Grant visitou Lisboa com o grupo (essencialmente islandês) com o qual dá corpo às canções de um soberbo segundo álbum – Pale Green Ghosts - que editou este ano. O encontro deixou claro que este é nome para nos voltar a visitar brevemente.

Justin Timberlake
(Rock in Rio, Rio de Janeiro)
Foi o grande concerto da edição deste ano do Rock In Rio e é já um nome certo no cartaz do festival que em 2014 vai assinalar os dez anos de presença em Lisboa. Sem aparato maior no palco, Timberlake centrou as atenções nas canções e nas suas capacidades como performer. E venceu o desafio.

Dead Can Dance
(Coliseu dos Recreios, Lisboa)
Poucas vezes os regressos e reuniões são matéria digna de entusiasmar mais que o departamento da nostalgia. Talvez tenha havido alguma ali, sim. Mas foi um serão de intensa vivência de uma linguagem que transporta ecos dos oitentas, mas que acolheu também os sons do álbum recentemente editado.


Clássica


The Perfect American, de Philip Glass
Cantores e Coro e Orquestra do Teatro Real, dir. Dennis Russel Davies
(Teatro Real, Madrid)
Uma das melhores óperas de Philip Glass, The Perfect American parte de um retrato de Walt Disney para refletir também sobre o mundo político e social do seu tempo (estabelecendo pontes com o nosso). Trabalho de orquestra e voz reflete procura de novos sentidos dramáticos e soberba encenação.

Candide, de Leonard Bernstein
Cantores, Orq. Sinfónica Portuguesa e Coro do T.N. São Carlos, dir. João Paulo Santos
(Largo S. Carlos, Lisboa)
A ópera saiu à rua. Foi numa noite quente, apresentando a Lisboa um dos mais brilhantes (e bem humorados) trabalhos de música dramática do século XX, na versão “definitiva” que o próprio Bernstein chegou a dirigir em finais dos anos 80. Largo cheio para um dos grandes momentos que a cidade viveu este ano.

Sinfonia Nº 7, de Sibelius
Mahler Jugendorchester, dir. Leo McFall
(Fund. Gulbenkian, Lisboa)
Já nos habituamos à visita anual da brilhante Mahler Jugendorchester ao Grande Auditório da Gulbenkian. Este ano, com o maestro LeoMcFall escutámos uma belíssima interpretação da Sinfonia Nº 7 de Sibelius (e com ela uma rara oportunidade para ouvir, ao vivo, a música deste grande sinfonista do séc. XX).

Diabelli Variations, de Beethoven
Uri Caine + Orq. Gulbenkian, dir. Joana Amaral
(Fund. Gulbenkian, Lisboa)
Depois de uma visita triunfal no ano passado, evocando Wagner e a sua relação com Veneza, Uri Caine regressou à Gulbenkian para nos propor uma abordagem livre e muito pessoal das Diabelli Variations, numa interpretação que contou com uma espantosa cumplicidade da Orquestra Gulbenkian.

Emilie, de Kaaija Saariaho
Barbara Hannigan + Orq. Gulbankian
(Fund. Gulbenkian, Lisboa)
Tal como ali vimos recentemente uma expressão de palco que transcende o modelo da versão de concerto, de um A Flowering Tree, de John Adams, este ano a finlandesa Saariaho levou à Gulbenkian Emilie, com uma pungente Barbara Hanningan e bela criação cénica de Vasco Araújo e André Teodósio.

quinta-feira, dezembro 26, 2013

As canções de 2013:
John Grant, GMF



O segundo single extraído do álbum que John Grant lançou este ano está mais próximo da essência folksy do disco anterior, mas é sem dúvida mais um exemplo não só da sua capacidade autoral, mas também de uma voz interpretativa em pico de forma.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Os melhores discos de 2013 (N. G.)



Juntar num mesmo disco um manifesto político e uma perspetiva musical que olha em frente, desafiando (em vez da mais habitual cenografia voz e guitarra tantas vezes usada quando se pretende debater causas). Foi o que fizeram os suecos The Knife. Sucessor de Silent Shout (2006) e nascido na sequência de uma experiência nos palcos da ópera com Tomorrow In A Year, o álbum Shaking The Habitual mostrou por um lado uma alma interventiva com vontade de discutir questões de género, de igualdade de oportunidades ou de uma mais justa distribuição de riqueza (juntando mesmo uma BD para levar o debate a um patamar artístico e político ainda mais completo) e, por outro, uma abordagem à composição com vontade de olhar adiante na utilização das electrónicas, experimentando mesmo uma certa aspereza e angulosidades num quadro de ideias que faz deste um dos discos mais visionários do nosso tempo. A vontade de procurar novos caminhos habita também o álbum Matangi de M.I.A.. O reencontro de Nick Cave com os Bad Seeds deu-lhe o seu melhor disco de sempre. O regresso de David Bowie foi um dos casos maiores do ano. Os diálogos de John Grant com as electrónicas confirmaram as promessas do álbum de estreia a solo. E, com nova alma (ler ânimo) os Arcade Fire voltaram a ser entusiasmantes. Breve retrato de um ano que teve discos dos These New Puritans, James Blake, Kanye West e Disclosure (reativando ecos da deep house) entre os seus melhores. Além destes dez títulos o melhor de 2013 no departamento pop/rock e periferias passa ainda por discos de nomes como Mark Eitzel, Darkside, Pet Shop Boys, Julianna Barwick, Alela Diane, Major Lazer, Justin Timberlake, Julian Cope, Vampire Weekend e Elvis Costello com os The Roots.

1. The Knife, Shaking The Habitual (Rabid)
2. M.I.A., Matangi (Interscope)
3. Nick Cave & The Bad Seeds, Push The Sky Away (Bad Seeds, Ltd.)
4. John Grant, Pale Green Ghosts (Bella Union)
5. David Bowie, The Next Day (ISO Records)
6. Arcade Fire, Reflektor (Merge)
7. These New Purtitans, Field of Reeds (Infectious Music)
8. James Blake, Overgrown (Polydor)
9. Kanye West, Yeezus (Roc-A-Fella)
10. Disclosure, Settle (Island)


Canção do ano


A 8 de janeiro o mundo acordava com uma nova canção de David Bowie, a sua primeira nova canção em dez anos. Com uma carga de memórias, transportando-nos para os dias em que viveu em Berlim, Where Are We Now foi o cartão de visita perfeito para o álbum que chegaria dois meses depois. Outra das grandes surpresas do ano chegou com David Sylvian, que editou em formato de single (num vinil de dez polegadas e lançamento digital) o tema Do You Know Me Now?, onde retomou as linhas mais clássicas de composição que lhe deram em Secrets Of The Beehive (1987) a sua obra-prima em disco. Entre as grandes canções do ano está John Grant e também Nick Cave, com Jubilee Street, o momento maio do alinhamento do álbum que lançou logo no início do ano. Ecos do psicadelismo dos sessentas iluminam San Francisco, o tema que anunciou a chegada do segundo álbum dos Foxygen. E em Love Is A Bourgeois Construct reencontramos o charme e a perspicácia do melhor da obra dos Pet Shop Boys num tema que usa elementos de uma composição de Michael Nyman que, por sua vez, cita Henry Purcell. Entre os melhores do ano estão ainda temas do projeto Major Lazer (com a voz de Ezra Koenig, dos Vampire Weekend), da dupla alemã Coma, de uma colaboração de Blixa Bargeld com Teho Teardo e uma outra de Elvis Costello com os The Roots. Arcade Fire, Franz Ferdinand, CocoRosie, El Perro del Mar, Seoul ou o regresso dos Pixies contam-se ainda entre os momentos melhores de 2013.

1. David Bowie, Where Are We Now? (Iso)
2. David Sylvian, Do You Know Me Now? (Samadhi Sound)
3. John Grant, GMF (Bella Union)
4. Nick Cave & The Bad Seeds, Jubilee Street (Bad Seeds Ltd.)
5. Foxygen, San Francisco (Jagjaguwar)
6. Pet Shop Boys, Love Is a Bourgeois Construct (X2)
7. Major Lazer, Jessica (Secretly Canadian)
8. Coma, Les Dilletantes (Kompakt)
9. Blixa Bargeld + Teho Teardo, Mi Scusi (Specula Records)
10. Elvis Costello + The Roots, Cinco Minutos Con Vos (Blue Note)


Arquivo / reedições


Os cinco álbuns que Scott Walker editou entre 1967 e 1970, entre os quais encontramos nove versões sublimes de canções de Jacques Brel, surgiram este ano reunidos numa caixa. Não trazia temas extra, mas o som remasterizado e um booklet com um completo ensaio que serve de exemplo ao que deve ser o trabalho de escrita para servir uma reedição. Entre os muitos discos que, ao longo do ano, reativaram registos de arquivo contam-se novas incursões pelos catálogos de nomes como os de Nick Drake ou The Velvet Underground. Houve edições expandidas de importantes títulos de nomes como os House of Love, Postal Service, Teardrop Explodes, Tears For Fears ou Electronic. Dos Beatles continuam a chegar surpresas: primeiro na forma de um segundo volume de sessões na BBC, depois através de uma coleção de gravações ainda inéditas de 1963, lançadas para já apenas em suporte digital.

1. Scott Walker, Scott – The Collection 1967 – 1970 (Mercury)
2. Nick Drake, Tuckbox (Island)
3. The House Of Love, The House Of Love – 3CD Deluxe Edition (Cherry Red)
4. Postal Service, Give It Up – 10th Anniversary Edition (Sub Pop)
5. The Beatles, Beatles Bootlegs 1963 (Apple Records)
6. The Velvet Underground, White Light White Heat – Super Deluxe (Verve)
7. Teardrop Explodes, Wilder – Deluxe Edition (Mercury)
8. Tears For Fears, The Hurting – CD + DVD Box Set (Mercury)
9. Electronic, ElectronicSpecial Edition (EMI)
10. The Beatles, The Beatles At The BBC – Vol 2 (Apple Records)


Clássica


Between Two Waves não corresponde à primeira edição em disco de obras do compositor contemporâneo russo Victor Kissine, mas representou o primeiro momento de protagonismo maior da sua obra até ao momento, numa ediçãoo pela ECM que contou com a contribuição de Gidon Kremer e dos músicos da sua Kremerata Baltica. Transportando ecos de memórias de juventude (da cidade de São Petesburgo – então Leninegrado – onde viveu e das águas do rio Neva em particular) o disco representou mais um exemplo claro de uma atenção sábia de Manfred Eicher (e da sua ECM) pelo espaço musical que nasce de filhos da antiga URSS. O ano “clássico” vincou a presença de John Adams entre os nomes de referência da sua geração junto das programações das orquestras e de quem as edita. Trouxe belíssimas gravações de obras recentes de John Corrigliano, Philip Glass e Dutilleux. Juntou novas abordagens de grande nível a Poulenc, Shostakovich (com a integral de Petrenko a caminho de se completar) ou Stravinsky (no ano do centenário d’A Sagração da Primavera). A Deutsche Grammophon juntou as suas gravações de obras de Henze numa só caixa. E Daniel Hope celebrou a música do nosso tempo no mais interessante dos seus discos temáticos. 

1. Victor Kissine, Between Two Waves (ECM)
2. John Adams – P. Oundjian / Royal Scottish Nat. Orch., Harmonielehre + Doctor Atomic Symphony (Chandos)
3. John Corrigliano – D.A. Miller / Albany Symphony, Conjurer (Naxos)
4. Francis Poulenc - P. Jaarvi / Orch. de Paris, Stabat Mater (Deutsche Grammophon)
5. Hans W. Henze, The Complete Deutsche Grammophon Recordings (Deutsche Grammophon)
6. Pierre Dutilleux, B Hanningan + A. Kartunen / Orch. Phil. De Radio France, Correspondences (Deutsche Grammophon)
7. Dmitri Shostakovich – V. Petrenko / Royal Liverpool S. Orch, Symphony 4 (Naxos)
8. Daniel Hope, Spheres (Deutsche Grammophon)
9. Philip Glass, Visitors (Orange Mountain Music)
10. Igor Stravinsky - S. Rattle / Berliner Phil., Le Sacre du Printemps (EMI Classics)

PS. A produção nacional surgirá numa lista a publicar ainda esta semana. Esta é a lista "definitiva" (se é que isso existe) deste ano. A que apresentei na Radar já tem umas semanas e entretanto foi ligeiramente alterada. 

sábado, novembro 30, 2013

John Grant: breve retrato de um belo momento

Fica aqui um excerto do texto que publiquei no DN sobre a atuação de John Grant integrada na edição deste ano do Mexefest:

A sala Manoel de Oliveira, a maior do Cinema São Jorge, estava cheia à pinha. A multidão clamava ainda pelas canções de Queen of Denmark, o álbum de estreia a solo que deu finalmente a John Grant o reconhecimento que lhe faltara após anos de labor nos Czars (uma das “pedidas”, Sigourney Weaver, nem chegou a ser escutada). Mas o prato principal da noite eram mesmo os temas do belíssimo Pale Green Ghosts editado este ano. Resultado? Não podia haver plateia mais feliz ao fim da noite naquele que foi certamente para muitos dos que ali estavam um dos melhores concertos que o ano trouxe a Lisboa.

Foi curto, mas o formato assim o definia (e ninguém se queixou). Tal como curta é foi a breve passagem de apenas um dia do músico pela cidade... Curiosamente há dias (ainda John Grant estava na Islândia onde hoje vive) e falávamos precisamente sobre as rotinas em tempo de digressão, que mal deixam tempo para viver (e conhecer) os locais por onde a caravana passa. Ficou claro, nas palavras que lançou à plateia, que gostou do pouco que conseguiu ver e que deseja voltar. Pela forma como foi acolhido, será certamente bem recebido de novo.

Podem ler aqui o texto completo.

sexta-feira, novembro 29, 2013

Ver + ouvir:
John Grant + Conor O'Brien, Glacier



Em dia de concerto em Lisboa (atua pelas 23.00 no Cinema São Jorge, integrado no Mexefest), John Grant passa hoje por aqui ao som de Glacier, uma das canções do seu álbum deste ano, aqui numa atuação ao vivo ao lado de Conor O'Brien.

sexta-feira, setembro 06, 2013

John Grant, num estúdio de televisão

Com data agendada para o Mexefest deste ano, John Grant continua a estar entre os autores dos melhores discos de 2013. Aqui fica hoje um momento ao vivo captado numa recente passagem pelo programa de Jools Holland na BBC, ao som de GMF.

segunda-feira, abril 01, 2013

Ainda pelo novo disco de John Grant

Depois do tema-título, o segundo teledisco extraído de Pale Green Ghosts, o mais recente álbum de John Grant, é GMF. Aqui ficam as imagens que acompanham agora um dos mais belos momentos do alinhamento deste disco. A realização é de Lucy Luscombe.

quinta-feira, março 14, 2013

Em conversa: John Grant (2 / 2)

Continuamos a publicação de uma entrevista com John Grant que serviu de base ao artigo ‘Como a música e uma nova casa transformaram a vida de um homem’, publicado na edição de 11 de março do DN. 

O seu novo disco reflete o que parece ser um homem a entender-se consigo mesmo... Ainda vou a meio desse processo. Esse é o centro de gravidade do que está a acontecer. Mas sinto-me mais consciente de quem sou, e é-me mais fácil hoje aceitar quem sou. Isso foi sempre um desafio enorme para mim. Muitas vezes sinto até um pouco de vergonha de mim mesmo de ter levado tanto tempo para aqui chegar. Mas o percurso que fiz foi esse mesmo. Levou-me tempo a aceitar quem sou. A jornada de cada um é diferente da do outro. Passei tempo demais a esconder-me e a fugir...

Porque levou tanto tempo esse processo de busca? Creio que sempre andei à procura de um lugar ao qual pertencesse. E achava que esse lugar não existia para mim. E isso foi um problema enorme. Para podermos pertencer ao que quer que seja temos, primeiro, de saber o que queremos e de estar bem. Agora estou mais capaz de despir essas camadas exteriores e chegar à medula dos assuntos e assim poder integrar, fazer parte de uma comunidade. Isso por vezes ainda me assusta. Lembro-me sempre de episódios de dor e de rejeição... Mas agora sinto-me confortável na Islândia. Gosto da mentalidade das pessoas. São muito abertos. E conheci pessoas espantosas aqui. Denver nunca foi um lugar onde sentisse conforto comigo e com os erros que ali fiz. Ali perdi a mãe para um cancro do pulmão, passei por episódios de dependência e pela separação da minha antiga banda. Aquele lugar está cheio de erros e dor. Estive lá cerca de um mês por alturas de dezembro, e reparei que ainda hoje não é o lugar para mim. Posso ser mais quem sou na Islândia. Ainda tenho muitos dos meus mecanismos de defesa ativados, mas sinto que há uma outra atmosfera aqui.

É sabido que, na estrada, gosta do contacto com aqueles que assistem aos seus concertos. Gosta de falar com quem ouve sua música? Isso é uma das partes mais importantes desta viagem. Eu deixo que as pessoas me ajudem. Ao mesmo tempo acho que posso ter uma mensagem para pessoas que lidem com os mesmos problemas que eu. Sei o que é a autorejeição. Tenho por isso uma mensagem para pessoas que têm uma vida horrível como a que vivi. Ligar-me às outras pessoas ajudou-me a crescer. Essa ligação é mesmo muito importante que o que alguma vez pudesse supor. Sempre consegui fazer amigos. As pessoas são mesmo muito importantes para mim, se bem que houve uma altura em que não me sentia com vontade de estar com ninguém.

Teve uma formação religiosa. Como se relaciona hoje com essa herança formadora? A religião é uma parte importante de todos nós. Eu tenho uma educação religiosa. Uma das coisas piores é a rejeição do outro que vem dessa cultura, o que é o oposto do que supostamente deveria ser... Nunca entendi aquela direita religiosa americana que acredita que a Bíblia é a constituição dos EUA. Os EUA fizeram muito de bem, mas também muito de mal ao mundo. Tem de haver necessariamente uma separação entre a igreja e o estado. Não é uma teocracia como o Irão, mas parece haver quem não o entenda... Não estou a falar de questões como a violação ou o assassínio. Estou a falar de amor entre dois homens. Quando as pessoas dizem que Deus diz que é errado, tudo bem... Mas a forma como a constituição dos EUA foi feita criou um lugar onde as pessoas pudessem viver as suas vidas como elas são. Querem levar-nos de volta à Idade Média, à Inquisição. E isto vai contra aquilo em que acreditam... Jesus dizia para as pessoas serem humildes, ajudar os necessitados e estar disponível para as pessoas e os seus entes queridos.

quarta-feira, março 13, 2013

Em conversa: John Grant (1 / 2)

Iniciamos hoje a publicação de uma entrevista com John Grant que serviu de base ao artigo ‘Como a música e uma nova casa transformaram a vida de um homem’, publicado na edição de 11 de março do DN. 
Como têm reagido as pessoas que o seguem mais de perto a um disco onde as electrónicas têm evidente protagonismo? As pessoas à minha volta não ficaram muito surpreendidas, porque na verdade já estava à espera há algum tempo para que este momento chegasse. Na verdade sempre quis fazer música com electrónicas, as nunca tinha chegado o momento certo. No primeiro álbum trabalhei com músicos dos Midlake, pelo que não estava com as ferramentas certas na altura...

De onde vem este seu interesse pelas electrónicas? As electrónicas ligam-se muito ao nascimento do meu amor pela música, nos anos 70. Há muito que ouvia música electrónica e foi um espaço que nunca deixei de acompanhar. Mas estava à espera de alguém com quem pudesse trabalhar. Nunca o poderia ter feito sozinho.

É sabido que foi por isso que foi parar à Islândia... Vim para a Islândia com um objetivo específico, que era o de trabalhar com o Biggi. Na verdade, à primeira visita, e antes disso, tinha sido para tocar num festival. Ao voltar, aí já foi com a ideia de trabalhar com ele. Foi em janeiro do ano passado. Tornou-se claro para mim que precisava de ficar para acabar o disco. E a verdade é que fui ficando...

E porque foi ficando? Identifica-se com o lugar? Viver na Islândia é um pouco como viver em qualquer outro lado. Mas em muitos aspetos tem as suas grandes diferenças. Senti-me inspirado pela paisagem. E tudo tem também muito a ver com as pessoas, a música e a linguagem. A linguagem é difícil, é um desafio. A comunidade musical é muito diversa e muito aberta. Experimentam muitas coisas e colaboram uns com os outros.

Mas não deixou de seguir de perto o que se passa na América, onde nasceu... A América está na etapa inicial de começar a ser diferente. Há um progresso em curso. Em França, por exemplo, pareceu-me que as pessoas retrocederam ao ser confrontadas com algumas questões. Mas já o imaginava. A França é vista como sendo aquela coisa do [Serge] Gainsbourg: a Bardot, a abertura aberta às questões do sexo e do saborear da vida. Mas tem também um lado muito conservador. Que é o da burguesia francesa... E a verdade é que estão a fazer com que a sua voz seja escutada.

Que diz da reeleição de Obama? Obama é um homem espantoso. As coisas normalmente pioram sempre antes de serem resolvidas. É assim quando se debate uma questão. E para algumas das questões e a sua origem, na América é preciso recuar décadas, talvez mesmo aos dias em que a nação foi fundada. Questões como o capitalismo, o racismo, a economia, os direitos humanos... Não podem mudar da noite para o dia. Obama é um individuo impressionante, que se sabe expressar com eloquência e representa o progresso.

terça-feira, março 12, 2013

Novas edições:
John Grant, Pale Green Ghosts

John Grant 
“Pale Green Ghosts” 
Bella Union / Popstock 
4 / 5 

Há perto de três anos o álbum Queen of Denmark deu finalmente a John Grant o reconhecimento que (sabe-se lá porquê) nunca bateu à porta dos The Czars, a banda onde antes militou e pela qual gravou vários discos. Foi uma estreia notável, a parceria, via editora, com os Midlake, concedendo-lhe argumentos em favor de uma atmosfera pastoral, que os arranjos engrandeceram, as canções todavia não deixando distrair pelas formas, colocando antes os dedos em velhas feridas, falando de demónios antigos, tentando de certa forma o seu exorcismo. Quase três anos depois encontramo-lo agora em Pale Green Ghosts mais seguro de si, mais capaz de se entender com quem é e o mundo ao seu redor, sem que isso traduza um apaziguar de velhas raivas, as contas por ajustar com dores antigas, um passado de rejeição, inquietude e dependência passando bem claras, e sem filtros, ainda entre canções. Mas algo completamente diferente entra em cena: as electrónicas. Era uma vontade antiga, a de trabalhar com sons que sempre acompanharam a sua vida de melómano. E por isso rumou à Islândia (onde antes tinha atuado num festival) para desafiar Birgir Porarinsson, dos Gus Gus, para com ele desenhar os caminhos de um disco que não só herda ecos de memórias das electrónicas da geração pop de finais de 70 e inícios dos oitentas, como traduz, de certo modo, a mais direta herança (natural) dos caminhos que os Gus Gus talharam em alguns momentos do belíssimo This Is Normal, de 1999. Apesar da luminosidade pop que brota das canções, o disco está habitado por ressonâncias de mágoa e mesmo ódio, mas expressas na forma de memórias, de relatos de experiências e até de um desejo de partilha com outros que tenham passado por situações semelhantes (como o confronto de uma educação religiosa com a sua homossexualidade, a autorrejeição, a dependência). O alinhamento abre pontualmente frestas de contacto direto com os caminhos seguidos no disco anterior, como em Glacier ou GMF, onde brilha mais que nunca um saber quase sinfonista nos arranjos. Porém, é da assimilaçãoo das electrónicas que vive o ritmo cardíaco de um álbum que, podendo não repetir o efeito de deslumbramento e surpresa do anterior, não deixa de ser um seguro passo na afirmação de John Grant como um dos grandes cantautores do nosso tempo.