A sua assinatura visual, posando no interior de um zoo mais ou menos privado, é eloquente. Revelado em 2011, com o single BTSTU, Jai Paul constitui um belo exemplo dos cruzamentos formais que, hoje em dia, podem sustentar a música mais interessante (e, por vezes, também a mais desinteressante...). Na altura, a sua performance desencadeou muitos e justificados entusiasmos (The Guardian). O seu álbum de estreia, finalmente editado (NME), é um exemplo festivo de contaminações que integram as mais ousadas técnicas de sampling, tanto quanto algumas memórias discretamente nostálgicas do R&B — para escutar, aqui mesmo.
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domingo, abril 14, 2013
terça-feira, janeiro 03, 2012
As melhores canções de 2011
Ainda a fechar a época de balanços de 2011 (só começaremos a ouvir discos novos, ou alguns ainda “esquecidos” da recta final do ano passado na próxima semana), deixamos hoje uma lista de dez canções que marcaram o ano.
1 . Brian Eno – Pour It Out
2 . Panda Bear – Benfica
3 . James Blake – Lindisfarne
4 . Lana del Rey – Video Games
5 . Cat’s Eyes – I’m Not Stupid
6 . Bon Iver – Beth / Rest
7 . Jai Paul – BTSTU
8 . Jamie Woon – Street
9 . S.C.U.M. – Whitechapel
10 . MEN – Credit Card Babie$
quarta-feira, dezembro 21, 2011
As revelações de 2011
Revelações na área da música, entenda-se (e em departamento pop/rock e periferias). Uma lista pessoal, tentando arrumar em dez lugares um ano cheio de muitas e boas supresas.
Encontrei-o num post que o João escreveu, mas que me tinha escapado na altura... Mas ainda fui a tempo. Disponível no iTunes, o álbum We Are Rising pode não ter sido o primeiro editado por Son Lux. É, na verdade o seu segundo disco (o de estreia data de 2008, mas passou ainda mais a Leste das atenções). O álbum revela mais um músico com formação na área "clássica", mas com vontade de agir sobre os domínios habitualmente percorridos pelos espaços e gentes da música popular... Electrónicas, ambientes, samples, ruídos, acontecimentos... Um mundo surpreendente, criado apenas em 28 dias, mas que faz de Son Lux, mesmo num ano que não seja o da sua estreia, na grande revelação que escutei em 2011. Em segundo surge a grande promessa para 2012, Lana del Rey que, depois de promissora estreia no single Video Games / Blue Jeans e de um primeiro aperitivo para o álbum anunciado para inícios do ano, promete ser mesmo um dos casos maiores dos próximos tempos. (Re)nascida em terreno indie, depois de uma estreia menos bem sucedida sob outro nome, Lana del Rey poderá mesmo ser uma figura com projecção mainstream em 2012 (e já imagino alguns dos seus primeiros entusiastas, aqueles menos capazes de conviver com o sucesso dos outros, a torcer-lhe o nariz mais dia, menos dia)... Terceiro lugar para Nicholas Jaar, o autor de um dos grandes discos de música electrónica de 2011 que, a par com James Blake, fizeram das heranças do dubstep o "som" do ano.
1. Son Lux
2. Lana del Rey
3. Nicholas Jaar
4. Osso Vaidoso
5. Active Child
6. Cat's Eyes
7. Anna Calvi
8. Jai Paul
9. S.C.U.M.
10. Monarchy
domingo, outubro 09, 2011
Para definir o som de 2011
Este texto foi originalmente publicado no número 1 do caderno Q., publicado com a edição de 10 de Setembro do DN, com o título 'Os fantasmas do silêncio'. Um percurso em volta de discos de James Blake, Nicholas Jaar, Jamie Woon e Jai Paul, que ajuda a definir um som para o ano em que vivemos.
São excepções e não regras aqueles anos cuja produção musical foi concentrada em torno de uma ideia com tal intensidade que, tempos depois, podemos afirmar: “soa ao ano tal”... Foi assim, por exemplo, em 1967, quando o psicadelismo moldou não apenas as estreias, dos Pink Floyd aos Jefferson Airplane mas também as novas propostas de quase veteranos, dos Beatles aos Rolling Stones. Em 1981, quando os ecos da new wave e a assimilação das electrónicas permitiu o nascimento de uma nova pop _com os Human League, New Order ou Soft Cell. Ou em 1989, quando uma revolução na música de dança chegou aos espaços da cultura rock’n’roll com os Stone Roses, Happy Mondays ou Inspiral Carpets. 2011 parece destinado a semelhante fado, através de discos de jovens músicos como James Blake, Jamie Woon, Nicholas Jaar ou Jai Paul. Todos em tempo de estreia. Todos usando as electrónicas como ferramenta protagonista. Todos servindo-se de um visão minimalista de recursos, mas sempre cientes de uma vontade maior em nunca deixar de lado o gosto pela canção como objectivo a atingir. Todos escutando ideias nas periferias do silêncio, como se escutabndo ecos dos ensinamentos de John Cage. Todos apontando o dubstep na raiz mais profunda do seu som... E todos muito novos.
À frente deste grupo de visionários apresenta-se James Blake, a quem a revista britânica Q – título já veterano na área da divulgação da música popular – já chamou “mestre Jedi do dusbtep”. O músico tinha já editado alguns EPs desde 2009, brilhando agora, em 2011 com o álbum de estreia James Blake, que a Universal editou a 7 de Fevereiro. A cada disco chamou atenções para uma música discreta, elegante, onde as batidas electrónicas convivem por vezes com as teclas de um piano e onde a voz, aos poucos, se ajustou à ideia de fazer canções. Em CMYK (imagem ao lado), EP que lançou em Maio de 2010, garantindo primeiras chamadas de atenção, mostrava um interesse pela música de dança. Já em Klaviwerwrke, cinco meses mais tarde, revelava uma relação mais profunda com o piano, os silêncios e uma vontade em desenhar ambientes. Admira Erik Satie, Art Tatum ou, sobretudo, o norte-americano Arthur Russell. E, no fundo, ele é exemplo de como do cruzamento de universos que muitos poderiam julgar inconciliáveis podem nascer as melhores ideias. Em concreto, os espaços do dubstep, uma música essencialmente feita para a noite (e para a dança) e os da música para piano...
“Tive lições de piano”, sublinhou em entrevista recente ao DN. E para si o ensino do piano clássico é como o “DNA da música”. Dessa etapa de aprendizagem colheu então “ensinamentos muito válidos”, chamando a atenção para o facto de acreditar que aprender num sistema de ensino clássico “não quer dizer depois que não se possa ser criativo”. De resto, basta escutar algumas das suas composições, de Lindisfarne ou o já citado Klavierwerke a uma versão bem pessoal de Limit To Your Love, de Feist, usada como single de apresentação para o seu álbum de estreia, para o constatar.
Aos 21 anos este filho de um músico e uma designer encontrou o seu caminho quando juntou ao piano a descoberta do trabalho de produtor (que entretanto desenvolveu em estúdio). “Senti que o processo de estar no escuro, sem saber o que fazer, acaba por ser o mais indicado quando queremos que surjam ideias”, reflectiu em palavras ao DN. “Assim”, continuou, essas ideias “não estão adulteradas por qualquer processo já existente”. E a verdade é que nunca se tinha ouvido nada assim...
Nos últimos meses, e ao mesmo tempo que fez de The Wilhelm Scream e Lindisfarne mais duas canções fundamentais da banda sonora de 2011, James Blake saiu da privacidade (e tranquilidade) do estúdio onde compôs e gravou a sua música para, sem rede, enfrentar o desafio dos palcos. De resto, uma recente passagem por Portugal (para actuação bem sucedida na edição deste ano do Optimus Alive) mostrou como o que parecia um desafio impossível afinal se transformou numa realidade.
Depois desse concerto, e em declarações ao DN, James Blake concordava que o acto de levar uma música tão íntima e privada a uma plateia de festival poderia parecer uma “contradição” ou “até mesmo um paradoxo”, mas descreveu este como um processo não apenas “interessante” mas também “muito positivo”. A forma como acaba inevitavelmente acolhido, aclamado no fim com os aplausos de quem assim agradece o bom momento que viveu à sua frente levam-no então a reflectir: “Se toda esta gente veio para me ver então é porque tenho algo em comum com eles. Há uma ligação que já estava ali mesmo antes de eu começar a tocar e isso deixa-me confortável”, conclui. E não há quem daquela plateia saia sem a sensação de quem está a viver o começo de qualquer coisa nova. E entusiasmante.
“Estamos a tentar criar um novo espaço para uma música electrónica que olhe em frente e que atraia um púbico que seja criativo e interessante”, explicou Nicholas Jaar em entrevista à Interview Magazine. E à Dummymag acrescentou: “Gosto da ideia de brincar no limite das coisas”. O jovem nova-iorquino, estudante de literatura comparada em Rhode Island, crescido em Santiago do Chile, e hoje com apenas 21 anos, editou recentemente o álbum Space Is Only Noise, que juntamente com o álbum de apresentação de James Blake podemos entender como sendo um dos discos que neste momento definem o som de 2011. Já foi descrito como um “companheiro espiritual” para James Blake, ao que respondeu, em entrevista à List, que “o que ele está a fazer é apenas música pop”. Confessa que o admira, mas explica que não está interessado em saber onde a sua música “se enquadra”. Prefere, apenas, “fazê-la”.
Tal como escutamos nos discos dos outros três músicos que aqui percorremos, em Nicholas Jaar sentimos um interesse claro pelos domínios do silêncio - e que provém de uma admiração antiga por John Cage. O músico explicou já que, todavia, não está “interessado no silêncio real na música”, mas antes “nos fantasmas que aparecem dentro do silêncio”. E esta parece ser a característica transversal a todos os que, destas ferramentas e neste quadro de interesses, definem os caminhos que estão a definir o som do ano que vivemos.
Jamie Woon junta ainda um outro condimento a esta culinária requintada: um evidente interesse pela tradição rhythm’n’blues, que a sua voz tranquila e segura sabe sustentar. Mas, como tantos outros, tenta resistir a categorizações. “Nunca quis estar apenas numa só cena”, alertou em palavras ao The Guardian. E confessou: “sempre quis fazer música pop”. Na mesma entrevista deixava ainda claro que não tem a ideia de vir a ser “uma personalidade” entre os seus objectivos. Uma das revelações do programa Sound of 2011 da BBC, o londrino, de 28 anos, editou já este ano o álbum Mirrorwriting onde as heranças do dubstep voltam a ser presença genética central, a diferença sublinhando-se pelos elementos R&B que moldam e dominam as canções. “Se acrescentarmos aquela vibração antiga à música electrónica, onde é nos possível samplar e mudar a frequência, podemos fazer o que entendermos”, justificou em entrevista ao site The Quietus.
Jai Paul é dos quatro o nome por enquanto ainda menos conhecido. Londrino, de 22 anos, tem assinado remisturas e acaba de editar o single BTSTU, estreia que em tudo o coloca nestas fileiras. Numa versão original, o tema chegou a circular entre alguns DJs de renome da rádio britânica. Essa exposição bastou para que a editora XL Recordings (com tradição na edição de música de dança) o convidasse, editando em Abril deste ano o single BTSTU (em formato para download digital).
O ano ainda tem alguns meses pela frente. Mas há já algum tempo não se via tão clara concentração de novas ideias, tão coerentes entre si, entre tantos discos de estreia lançados num mesmo ano. Este é mesmo o som de 2011.
Os discos:
James Blake - James Blake (Universal Music)
Nicholas Jaar - Space Is Only Noise (Circus Company)
Jamie Woon - Mirrorwriting (Polydor)
Jai Paul - BTSTU (XL Recordings)
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