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quarta-feira, dezembro 18, 2024

Patti Smith
— uma canção dos U2

Na sua conta da plataforma Substack, Patti Smith dá notícias do livro que está a escrever, partilhando uma sua performance ao vivo, com Tony Shanahan no piano — é um tema dos U2, Love is all we have left, do álbum Songs of Experience (2017).

A song for you by Patti Smith

love is all we have left

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sexta-feira, novembro 01, 2024

Patti Smith / Halloween

Apesar do barulho dos vizinhos, ou precisamente por causa disso, Patti Smith celebra o Halloween — é mais um video no seu espaço na plataforma Substack, desta vez na companhia do seu pequeno morcego...

Happy Halloween by Patti Smith

Things are Batty

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segunda-feira, janeiro 01, 2024

Uma mensagem de Patti Smith

PATTI SMITH
Cairo

Patti Smith celebrou, há dias (30 dez.), o seu 77º aniversário. Agora, no primeiro dia de 2024, depois de uma série de concertos, escreveu uma mensagem em que refere que está a terminar um livro e que, no novo ano, quer manter-se "tão resistente quanto possível". Evoca também duas perdas de 2023: a sua gatinha Cairo e Tom Verlaine — daí que tenha decidido republicar o seu video de há um ano, registado pouco depois de ter estado ao telefone com Verlaine, que viria a falecer a 28 de janeiro; Cairo está do video, e viveu ainda até 23 de setembro.

sábado, dezembro 30, 2023

Patti Smith canta Bob Dylan

Há 60 anos, mais precisamente no dia 27 de maio de 1963, foi lançado The Freewheelin' Bob Dylan, segundo álbum de estúdio de Bob Dylan. No alinhamento, para lá de alguns temas que edificariam a sua própria lenda (incluindo A Hard Rain's a-Gonna Fall), surgia Masters of War, prodigioso panfleto contra a indústria da guerra cuja actualidade simbólica, infelizmente, não se desvaneceu. Foi isso mesmo que Patti Smith recordou, no dia 30, na sala do Brooklyn Steel, em Nova Iorque — a rosa que serve de fundo ao palco foi fotografada por Robert Mapplethorpe.
 
Come you masters of war
You that build all the guns
You that build the death planes
You that build the big bombs
You that hide behind walls
You that hide behind desks
I just want you to know
I can see through your masks

You that never done nothin’
But build to destroy
You play with my world
Like it’s your little toy
You put a gun in my hand
And you hide from my eyes
And you turn and run farther
When the fast bullets fly

Like Judas of old
You lie and deceive
A world war can be won
You want me to believe
But I see through your eyes
And I see through your brain
Like I see through the water
That runs down my drain

You fasten the triggers
For the others to fire
Then you set back and watch
When the death count gets higher
You hide in your mansion
As young people’s blood
Flows out of their bodies
And is buried in the mud

You’ve thrown the worst fear
That can ever be hurled
Fear to bring children
Into the world
For threatening my baby
Unborn and unnamed
You ain’t worth the blood
That runs in your veins

How much do I know
To talk out of turn
You might say that I’m young
You might say I’m unlearned
But there’s one thing I know
Though I’m younger than you
Even Jesus would never
Forgive what you do

Let me ask you one question
Is your money that good
Will it buy you forgiveness
Do you think that it could
I think you will find
When your death takes its toll
All the money you made
Will never buy back your soul

And I hope that you die
And your death’ll come soon
I will follow your casket
In the pale afternoon
And I’ll watch while you’re lowered
Down to your deathbed
And I’ll stand o’er your grave
’Til I’m sure that you’re dead

quinta-feira, novembro 23, 2023

Patti Smith no cinema...

... não os filmes "com" Patti Smith, entenda-se, mas os filmes em que, directa ou indirectamente — sobretudo através da sua música —, Patti Smith marca de forma indelével o próprio acontecimento cinematográfico. É uma das mais recentes edições do programa Blow up, do canal Arte, e serve de exemplo de um didactismo televisivo — raro em televisão — que nasce do gosto de conhecer os labirintos das linguagens artísticas, partilhando os seus insubstituíveis prazeres.

segunda-feira, outubro 09, 2023

Patti Smith: "lágrimas
pelo nosso mundo conturbado"

John Lennon nasceu no dia 9 de outubro de 1940 — faria hoje 83 anos. Patti Smith evoca a data com "lágrimas pelo nosso mundo conturbado", recordando a canção Peaceable Kingdom, do seu álbum Trampin' (2004) — o registo é do Festival de Montreux de 2005 (3 julho).

quinta-feira, setembro 28, 2023

Paul Verlaine lido por Patti Smith

Patti Smith publica esta foto no seu site, intitulando-a "Outono em Berlim". Serve de imagem para um post sobre a continuação das suas viagens, depois da morte de Cairo, a sua gata que viveu quase 22 anos.
Sempre marcada pela herança literária e moral da poesia de Paul Verlaine e Arthur Rimbaud, Patti Smith partilha connosco uma tradução de um poema de Verlaine, lido por ela própria — aqui fica também o original.

Chanson d'automne

Les sanglots longs
Des violons
De l’automne
Blessent mon coeur
D’une langueur
Monotone.

Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l’heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure

Et je m’en vais
Au vent mauvais
Qui m’emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

* * * * *

* Paul Verlaine e Arthur Rimbaud [ France Culture ].

quinta-feira, fevereiro 02, 2023

"Ele era Tom Verlaine"

[ FOTO: Howard Barlow / The New Yorker ]

Tom Verlaine faleceu no dia 28 de janeiro, em Nova Iorque — contava 73 anos. Na revista The New Yorker, sob o título 'He was Tom Verlaine', Patti Smith recorda o seu amigo e companheiro num texto tão breve quanto comovente. Como ela escreve, o som das gotas de água a cair numa superfície ferrugenta bastava para que ele criasse um acontecimento poético. Aliás, diz mesmo que foi assim que nasceu a canção Marquee Moon [letra + video], do álbum de estreia, homónimo, dos Television, lançado em 1977 — é um belo texto que vale a pena ler.

I remember
How the darkness doubled
I recall
Lightning struck itself

I was listening
Listening to the rain
I was hearing
Hearing something else

Life in the hive puckered up my night
A kiss of death, the embrace of life
There I stand neath the Marquee Moon
Just waiting

I spoke to a man
Down at the tracks
And I ask him
How he don't go mad
He said, "look here, junior, don't you be so happy
And for heaven's sake, don't you be so sad"

Life in the hive puckered up my night
The kiss of death, the embrace of life
There I stand 'neath the Marquee Moon
Hesitating

Well, the Cadillac
It pulled out of the graveyard
Pulled up to me
All they said, "get in, get in"
Then the Cadillac
It puttered back into the graveyard
Me, I got out again

Life in the hive puckered up my night
A kiss of death, the embrace of life
Ooh, there I stand neath the Marquee Moon
But I ain't waiting

I remember
How the darkness doubled
I recall
Lightning struck itself

I was listening
Listening to the rain
I was hearing
Hearing something else



>>> Obituário na NPR.
>>> Tom Verlaine na Wikipedia.
>>> Site oficial de Patti Smith.

terça-feira, janeiro 31, 2023

Patti Smith no país da poesia

Patti Smith, Poeta do Rock:
um filme sobre a construção de uma identidade artística

Eis uma bela surpresa com chancela da Zero em Comportamento: Patti Smith, Poeta do Rock é um filme do canal Arte capaz de nos devolver a energia e os contrastes de uma trajectória criativa sem equivalente — este texto foi publicado no Diário de Notícias (16 janeiro).

No panorama da distribuição/exibição cinematográfica em Portugal, a diversificação da oferta é uma questão de sempre, cada vez mais importante. De uma maneira ou de outra, todos os agentes do mercado estão sensibilizados para tal questão e é um facto que, mesmo reconhecendo os desequilíbrios que persistem, algo mudou nos últimos anos, em particular através do labor das empresas da chamada área independente.
No caso da Zero em Comportamento — que organizou o primeiro IndieLisboa, em 2004, tendo mantido uma ligação com o festival até 2013 —, a sua oferta decorre de uma especial relação de trabalho com as escolas, organizando programas de sensibilização e formação artística em que o cinema desempenha um papel nuclear. Ao mesmo tempo, através de estreias ou da recuperação de títulos já lançados no mercado, a sua actividade reparte-se pelas salas e pelos videoclubes (o próprio e também os das operadoras).
Com uma presença ainda limitada no circuito das salas, a Zero em Comportamento tem apostado em exibir cada um dos seus lançamentos regulares (“Filme do mês”) em sessões em espaços alternativos, nomeadamente em auditórios de associações culturais. Uma estreia a merecer destaque neste janeiro tem a sua chancela: passou na última edição do IndieLisboa, chama-se Patti Smith, Poeta do Rock e terá a sua primeira exibição amanhã, em Lisboa, no City Alvalade (21h30). Seguir-se-ão a Biblioteca de Marvila (dia 20, 21h00, incluindo debate com Inês Meneses), a Nova SBE - Campus de Carcavelos (dia 25, 19h00), a Biblioteca Orlando Ribeiro, Telheiras (dia 27, 21h00) e a Biblioteca de Alcântara (dia 28, 18h00 e 19h15).

“Contracultura”

Realizado por Sophie Peyrard e Anne Cutaia, Patti Smith, Poeta do Rock é, de facto, uma bela surpresa, tanto mais motivadora quanto, à partida, poderia esgotar-se numa função “descritiva”, característica de muitos produtos de raiz televisiva. Daí a inevitável ironia: estamos, de facto, perante uma típica produção do Arte, uma das muitas que o canal franco-alemão tem dedicado a figuras marcantes das artes contemporâneas. O certo é que assistimos a algo que nem sempre é perceptível em propostas documentais da mesma natureza: não apenas um acumular de dados mais ou menos enciclopédicos sobre a figura retratada (o que, como é óbvio, não exclui a importância didáctica de tais dados), mas uma narrativa que nos faz descobrir, ou redescobrir, a trajectória de Patti Smith a partir da singular elaboração de uma genuína identidade artística.
Nesta perspectiva, creio que o valor primordial de Patti Smith, Poeta do Rock decorre do modo como nos dá a ver a criadora de canções como Redondo Beach, People Have the Power [video] ou Because the Night (esta resultante de uma lendária colaboração com Bruce Springsteen) enquanto protagonista de um curioso “desvio” criativo. Dir-se-ia que ela vive uma aventura em que a escrita se abre ao mundo, transfigurando-se em música.
Em 1967, aos 20 anos de idade, quando abandona os estudos em New Jersey e tenta a sua sorte em Nova Iorque, Patti Smith afirma-se como alguém que está à procura da sua própria linguagem poética. Define-se mesmo como uma artista de performances em que a palavra (poética, justamente) surge como matéria decisiva.
O contexto da “contracultura” da época — em parte ligada aos crescentes protestos contra a guerra do Vietname — gera em Patti Smith uma energia e um desejo de auto-descoberta que não será alheio à sua convivência com Andy Warhol, William S. Burroughs, Bob Dylan ou Allen Ginsberg, sem esquecer, claro, a ligação amorosa com o fotógrafo Robert Mapplethorpe, tão admiravelmente evocada no seu livro Just Kids/Apenas Miúdos (ed. Quetzal, 2011).

Poesia eléctrica

Lançado em 1975, Horses, o primeiro álbum de Patti Smith — com a célebre fotografia da capa, em pose andrógina, da autoria de Mapplethorpe — surgiu, assim, como a proeza de alguém que, concebendo a escrita da sua poesia como indissociável do acto de a dizer em público, ao mesmo tempo recebe, transfigura e reinventa a força de um som rock marcado pela convulsão do punk. Para resumir o fascinante caldeirão cultural da época, lembremos apenas que 1975 é também o ano de álbuns como Blood on the Tracks, de Bob Dylan, Born to Run, de Bruce Springsteen, e Acid Queen, de Tina Turner, ou de filmes como Tubarão, de Steven Spielberg, e Voando sobre um Ninho de Cucos, de Milos Forman.
Patti Smith, Poeta do Rock evoca tudo isso através de uma imensa antologia de imagens emblemáticas, dos concertos à agitação política nas ruas, passando por vários registos de bastidores (incluindo, por exemplo, a Factory de Andy Warhol) e algumas das mais antigas entrevistas de Patti Smith. Aliás, vale a pena recordar que foi também em 1975 que Bob Dylan organizou uma mítica digressão, “Rolling Thunder Revue”, em que participaram Joan Baez, Joni Mitchell e… Patti Smith — as respectivas memórias estão registadas num admirável filme de 2019, homónimo, assinado por Martin Scorsese e disponível na Netflix.
Ainda em 1975, numa performance pública, na sequência das celebrações do fim da guerra do Vietname, Patti Smith recusava o uso de “metralhadoras e bombas”, exibindo a sua guitarra “o nosso instrumento de guerra” e “o nosso instrumento de combate”. Por isso, faz todo o sentido que o título português do filme exalte a sua condição de “poeta do punk”, tal como o francês Patti Smith, La Poésie du Punk. Seja como for, lembremos a opção em inglês: Patti Smith, Electric Poet — dito de outro modo: com ela, a linguagem poética é uma questão de electricidade.

quinta-feira, abril 07, 2022

Patti Smith com Jools Holland

Não será preciso uma efeméride para justificar esta revisitação...
... mas se for, aqui vai: foi em abril de 2002 — faz agora 20 anos — que Patti Smith esteve no programa de Jools Holland, Later..., para cantar Because the Night.
Como se fosse hoje.
 

sexta-feira, dezembro 25, 2020

Na América de Patti Smith

São Jerónimo no seu estúdio:
a gravura de Dürer, com data de 1514,
é convocada por Patti Smith para escrever sobre o presente

O mais recente livro de Patti Smith, O Ano do Macaco, começa no ano da eleição de Donald Trump para desembocar nas agruras deste tempo de pandemia: compreender o mundo é também viajar num sonho dentro de um sonho — este texto foi publicado no Diário de Notícias (28 Novembro). 

A imagem de São Jerónimo no seu estúdio, criada por Albrecht Dürer em 1514, é uma das ilustrações do novo livro de Patti Smith, O Ano do Macaco (ed. Quetzal, tradução de Helder Moura Pereira). Em boa verdade, designá-la como uma “ilustração” pressupõe uma lógica descritiva que o próprio livro nos leva a questionar. Para Patti Smith, as imagens não são uma mera visualização de tudo aquilo que as palavras referem, evocam ou pressentem; antes uma companhia que nos ajuda a lidar com um mistério antigo: escrever e produzir imagens são formas entrelaçadas de compreender o mundo.
Compreender o mundo? Eis um trabalho que vale a pena empreender para lá da esforçada objectividade dos noticiários televisivos. Em jogo está a ilusória transparência do tempo, esse falhanço permanente com que designamos o “agora”, para logo a seguir reconhecermos que chegamos sempre atrasados — já passou. A ampulheta de vidro que Dürer colocou lá ao fundo, ao centro, atrás de São Jerónimo, testemunha o irrisório desejo de tudo medirmos: “Ainda que seja mais do que provável a existência de um princípio objetivo que nos diga a velocidade com que a areia passa de um lado ao outro da ampulheta, não há vantagem em possuir um vidro de melhor qualidade ou grãos de areia mais perfeitos.”
Esta corrida contínua do tempo, porventura contra o tempo, não é um aparato teórico. E também não tem nada de inacessível ou esotérico. É mesmo um dado corrente, singelo, não necessariamente banal, de qualquer existência humana. Pode manifestar-se, por exemplo, como desconcertante saldo de uma refeição: “O meu esparguete já não estava no prato. Mal me lembrava de o ter comido. A conta tinha a data de 1 de fevereiro. Para onde se teria evaporado janeiro?”
Daí que os sonhos de Patti Smith pontuem muitos momentos do livro, a ponto de levar o leitor a formular uma pergunta bizarra: será que ela escreveu enquanto sonhava? Isto porque o sonho não se anuncia como uma cena alternativa, à maneira daqueles filmes em que o ecrã começa a ficar turvo, a imagem a desfocar-se, e já sabemos que “isto agora não é a realidade”… Na escrita de Patti Smith sonhar é tão só alargar as fronteiras da realidade, aceitando o misto de insensatez e beleza que todo esse movimento pode envolver: “Um botão ficara caído aos meus pés. Um pequeno botão de plástico cinzento com uma fina linha agarrada, que meti no bolso como se fosse uma moeda da sorte, uma espécie de sinal de um sonho dentro de outro sonho.”
[ Instagram ]
Qual ponto de fuga em que brilha uma luz difícil de contemplar, a morte vai-se instalando como destino suspenso de todo o paciente labor da escrita. Naturalmente, apetece dizer — mesmo se esta Natureza resiste a ser descrita ou apropriada. É preciso aceder a diferentes medidas do tempo, incluindo o calendário chinês que justifica o título do livro: “Era o Ano do Macaco e eu tinha sido teletransportada para um novo território, sendo deixada sob sol impiedoso numa estrada sem uma única sombra.”
Aqueles que vão morrer adquirem, por isso, uma intensidade tecida de amor e angústia. Corria o ano de 2016 e Patti Smith convoca duas personagens fulcrais da sua intimidade artística: o poeta e produtor musical Sandy Pearlman, ligado aos Blue Öyster Cult, banda essencial na trajectória da autora, e o escritor, actor e cineasta Sam Shepard, companheiro de todas as aventuras afectivas e filosóficas (falecidos com um ano de intervalo, a 26 de julho de 2016 e 27 de julho de 2017, respectivamente).
Recordá-los é um gesto pleno de contrastes: olhamos uma privacidade que mantemos a uma distância pudica, ao mesmo tempo que ziguezagueamos entre o triunfo de Donald Trump nas eleições de 2016 (“Tentei ignorar o aperto na garganta, consequência de um pavor que crescia a cada segundo”) e a evidência da pandemia de 2020 em que o livro se suspende. No horizonte, afinal mágico, deparamos com a mesma entidade, terna e cruel, retratada por outros grandes narradores, de David W. Griffith a Don DeLillo, passando por Bob Dylan. A saber: a mãe América.

terça-feira, novembro 10, 2020

"Horses", 45 anos


E depois dos sixties veio a década de 70... Nesta verdade de La Palice insinua-se, por vezes, uma simplificação abusiva: as atribulações do novo tempo seriam tão só a herança, mais ou menos corrigida, dos êxtases prometidos por uma época em que a palavra libertação se tornou uma moeda essencial, ainda que demasiado perversa, por vezes atraindo um paradoxal conformismo.
Enfim, digamos que se necessitamos de citar um objecto, apenas um, que nos possa ajudar a começar a compreender como os anos 70 envolveram um árduo labor de pesquisa e experimentação — como viver perante a fealdade abrasiva do mundo? —, esse objecto poderá ser Horses, álbum de estreia de Patti Smith, abrindo as portas de uma eternidade anunciada pelo seu retrato assinado por Robert Mapplethorpe.
Horses foi lançado no dia 10 de Novembro de 1975 — faz hoje 45 anos.

>>> Gloria, tema de abertura de Horses + "Pitchfork Liner Notes". 


domingo, janeiro 12, 2020

Patti Smith canta Neil Young

After the Gold Rush é um clássico do cancioneiro de Neil Young, pertencente ao álbum homónimo, lançado em 1970. Meio século mais tarde, Patti Smith esteve em The Tonight Show, com Jimmy Fallon, para falar do seu novo livro, Year of the Monkey — no final, ofereceu-nos esta maravilhosa versão da canção de Young, com Tony Shanahan nas teclas.

quarta-feira, setembro 13, 2017

Patti Smith em "The Tonight Show"

Antecipando um concerto de evocação e homenagem ao seu marido Fred "Sonic" Smith (1949-1994), a realizar no Central Park, Patti Smith foi convidada de Jimmy Fallon, em The Tonight Show. Interpretou o clássico People Have the Power, que ela compôs com Fred, em 1988. Contou com os filhos, Jesse Paris Smith (teclados) e Jackson Smith (guitarra), Tony Shanahan (baixo) e Questlove (bateria, de The Roots, banda residente do programa) — para incluir no top dos grandes momentos televisivos de 2017.

sexta-feira, março 10, 2017

Patti Smith está no filme de Terrence Malick

Depois do trailer do novo filme de Terrence Malick, ficamos a saber que Song to Song inclui várias presenças no seu próprio papel: The Black Lips, Lykke Li, Iggy Pop e, last but not least, Patti Smith — eis a autora de Horses a partilhar algumas memórias conjugais com Rooney Mara.

sábado, dezembro 10, 2016

A glória do Nobel (por Patti Smith)

FOTO: Jonas Ekstromer/AP [The Guardian]
Patti Smith esteve na cerimónia de entrega dos Prémios Nobel, em representação de Bob Dylan. Missão de especial emoção e delicadeza, sem dúvida, e tanto mais quanto a sua consumação implicava nada mais nada menos que a interpretação de A Hard Rain’s A-Gonna Fall, verdadeiro hino do álbum The Freewheelin’ Bob Dylan (1963). Acontece que, a certa altura, Patti Smith foi contaminada pela solenidade do momento, vacilando nas palavras e suspendendo o canto: "Peço desculpa, estou tão nervosa", disse ela, no mais cristalino e comovente tom de voz.
Acontece que, em muitas meios de (des)informação, o seu lapso foi promovido à condição de notícia absoluta, secundarizando tudo o resto. Escusado será dizer que a falha não é, em si mesmo, um trunfo. O certo é que acabou por ser um percalço emocional transcendido pela energia com que Patti Smith relançou as palavras do poeta, por fim, diluindo-se no genuíno reconhecimento dos que assistiam — importa, por isso, ver e escutar na íntegra os oito gloriosos minutos de Patti Smith.


>>> 'Uma Patti Smith transcendente recebe o Prémio Nobel de Bob Dylan' — artigo de Amanda Petrusich, em The New Yorker.

domingo, abril 24, 2016

Patti Smith nos 40 anos de "Horses"

Os 40 anos de Horses, obra seminal na consagração do punk dentro do rock, e do rock para além de qualquer movimento ou período histórico (sem esquecer a fotografia icónica da sua capa, assinada por Robert Mapplethorpe), foram assinalados por diversos concertos, reproduzindo o respectivo alinhamento original:

1. Gloria: In Excelsis Deo/Gloria
2. Redondo Beach
3. Birdland
4. Free Money
5. Kimberly
6. Break It Up
7. Land: Horses/Land of a Thousand Dances/La Mer (De)
8. Elegie
9. My Generation

Num desses concertos, Patti Smith regressou às origens — que é como quem diz: aos Electric Lady Studios, fundados por Jimi Hendrix, em 1970, onde decorreram as gravações de Horses. O resultado chama-se Horses: Live at Electric Lady Studios e foi um dos lançamentos do Record Store Day. Para já, para relançar as memórias, recordemos a gravação original de Birdland.

terça-feira, dezembro 08, 2015

Sonhos [citação]

>>> O meu pai dizia que nunca se recordava dos seus sonhos, mas eu conseguia facilmente contar os meus. Também me disse que ver as próprias mãos num sonho era extremamente raro. Eu tinha a certeza que o conseguiria se me preparasse para isso, atitude que me valeu uma imensidão de experiências falhadas. O meu pai questionava a utilidade de tal demanda, o que não impediu que a invasão dos meus próprios sonhos surgisse no primeiro lugar da minha lista de coisas impossíveis que, um dia, será necessário consumar.

PATTI SMITH
Bloomsbury, 2015