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sábado, janeiro 28, 2017

Pop: a arte da reinvenção


Em inícios dos anos 90 um dos desafios que se colocavam à canção pop era o de procurar novas formas e referências a assimilar, assegurando mais um episódio da sua constante reinvenção. Os acontecimentos que a club culture e as novas expressões da cultura urbana tinham trazido à tona das atenções em finais dos anos 80, levando fenómenos como a house (e seus derivados), novas reinvenções da soul e o hip hop a novos patamares de visibilidade, haviam já marcado claramente os terrenos indie rock, com bandas como os Stone Roses, Happy Mondays ou Primal Scream a refletir nas suas novas gravações essas mesmas presenças. Em espaço pop uma reflexão semelhante fazia-se então através de nomes como os Beloved, os Deee-Lite, os Pet Shop Boys (que traziam já louros conquistados nos 80s mas mantiveram-se na linha da frente desta manifestação) e os Saint Etienne. 

Estes últimos, nascidos em 1990, apresentavam-se inicialmente como um projeto de dois jornalistas que trocavam a escrita pelas canções e que se propunham a chamar uma nova voz a cada novo single. Começaram por se mostrar com uma magnífica versão de Only Love Can Break Your Heart (original de Neil Young), com a voz de Moira Lambert. Pouco depois convidavam Donna Savage para cantar em Kiss and Make Up, uma versão de um tema dos Field Mice. Mas quando, ao terceiro single, Nothing Can Stop Us, o seu primeiro original, encontram Sarah Cracknell, o grupo dá uma cambalhota. De dupla com convidados para cantar passam a trio de alinhamento fixo. O álbum de estreia, que editam por essa altura, retrata precisamente esse momento de transição. E de verdadeira epifania pop.

A presença da cultura house (e de algumas das suas variações então em voga) está bem evidente entre as canções de Fox Base Alpha. Tal como o está a assimilação do sampling como ferramenta cénica fulcral (ajudando, por exemplo, a construir momentos de ligação entre as faixas), num quadro de elementos em jogo que traduzem uma atenção pelo state of the art das coisas pop de então. É contudo em Nothing Can Stop Us, o tal momento “eureka” com a voz de Sarah Cracknell, que o grupo encontra a outra valência estrutural na definição da sua identidade: uma carga retro devidamente assimilada que procurava assim trazer à pop dos noventas ecos do festim de luzes, cores e imagens da swinging London dos sessentas. Fox Base Alpha é, em todas as frentes, o retrato deste conjunto de felizes encontros, representando o primeiro episódio numa discografia que somou depois inúmeros álbuns e singles que dos Saint Etienne ajudaram a fazer uma das discografias pop mais gourmet do seu tempo.

O álbum acaba de conhecer uma reedição em vinil que junta ao disco original (aqui apresentado em dois discos, a 45 rotações), o complemento Remains of The Day, um álbum inteiro feito de temas gravados naqueles dias (já disponível na reedição Deluxe em CD editada em 2016), assim como um single de sete polegadas com o tema Kiss and Make Up na voz de Moira Lambert. Há depois um booklet e uma pequena multidão de extras gráficos. Um mimo para admiradores. E ao mesmo tempo uma afirmação de que aqui está, de facto, uma peça de referência da pop dos noventas.

quarta-feira, agosto 06, 2014

Uma canção para o verão (2014.04)


Não é a primeira vez que, em tempo de verão, passamos pela discografia dos Saint Etienne. Hoje recuamos no tempo até 1994 para recordar Pale Movie, o single que então servia de primeira chamada de atenção para Tiger Bay, um novo álbum de originais, o terceiro da discografia do trio britânico.

Caracterizada pela presença de uma guitarra acústica de genética andaluz, a canção alcançou resultados na linha dos que eram então habituais para os singles do grupo. Pete Wiggs, um dos elementos dos Saint Etienne, mostraria mais tarde alguma insatisfação pela forma como a canção não descolou suficientemente da sua matriz folk.



Vinte anos depois do lançamento deste single os St. Etienne não hoje uma instituição respeitada da pop made in UK. Nunca foram fazedores de êxitos de grande dimensão e nenhum dos seus elementos alguma vez será tratado como um “famoso”. Mas são donos de uma das mais sólidas e coerentes obras que a pop britânica nascida nos anos 90 nos tem dado. E têm até no seu mais recente álbum, editado em 2012, um dos seus melhores discos de sempre.

quarta-feira, agosto 14, 2013

Álbuns para ouvir em dias quentes (6)

Discos para ouvir em tempo de Verão... Este texto integra a série 'Para ouvir na praia', que por estes dias tem sido publicada no DN.

Nunca foram figuras com protagonismo maior por estas bandas, talvez apenas os mais atentos ao que vai acontecendo pelo mundo dos discos lhes tenham dado a (merecida) atenção. Mas a verdade é que os Saint Etienne são já uma instituição da canção pop britânica do nosso tempo e, desde que em 1990 se apresentaram com Only Love Can Break Your Heart (um original de Neil Young) têm construído uma obra que sempre soube escutar as heranças maiores da canção pop dos anos 60, as electrónicas usadas nos oitentas, o tempo confirmando depois, álbum após álbum, que sempre preferiram ser atuais a “modernos”, deixando o gume da invenção das formas para as novas bandas das gerações que pelo caminho foram surgindo.

Foi pois com um certo sabor a um disco “clássico” que, em maio do ano passado, acolhemos a chegada de Words and Music by Saint Etienne, o seu oitavo álbum de originais, que quebrava um silêncio de sete anos. O disco segue a linha pop luminosa que caracteriza a obra do trio londrino, permitindo a presença de alguma melancolia e, desta vez mais que nunca, o valor da memória. De resto, o foco central das canções centra-se mesmo numa série de reflexões sobre o tempo que passou. Não em lamentos do que foi não volta a ser. Mas celebrando a vida, o que nos vai dando. E tudo isto num conjunto de canções que, tal como nuns Pet Shop Boys, nos mostram como a canção pop pode ser coisa inteligente.

quinta-feira, julho 11, 2013

Um pic nic no Central Park


Um pic nic? E com música? Na verdade confesso que dispensaria a música se tivesse o campo e um repasto leve pela frente... Mas para quem gosta de viver com música de manhã à noite e mais adiante, aqui fica uma proposta pelos St. Etienne. Bom, convém dizer desde já que este não é um pic nic qualquer. É no Central Park, em Nova Iorque... Pelo que Saint Etienne Presents Songs For A Central Park Picnic é coisa algo gourmet logo à partida. E conta no alinhamento com temas como Bee Bom de Sammy Davis Jr, Gopher Mambo de Yma Sumac, Stranger On The Shore dos The Drifters ou Softly As In A Morning Sunrise de Vince Guaraldi. Coisa entre o lounge, o easy listening e outras coisas com nome que parece complicado mas não é...

segunda-feira, maio 28, 2012

Novas edições:
Saint Etienne,
Words and Music by Saint Etienne


Saint Etienne 
“Words and Music by Saint Etienne” 
Heavenly / Universal 
4 / 5

Fosse um filme e Over The Border, a faixa de abertura de Words and Music by Saint Etienne, seria um prólogo, colocando o espectador na dimensão de tempo e espaço em que tudo depois vai acontecer. O tempo é o de hoje, o espaço o da música pop, mas esta é uma história que parte do reconhecimento que houve um “antes” para acreditar, como quando diz “love is here to stay”, que há um depois. O disco é o primeiro álbum de originais que os Saint Etienne lançam em sete anos, sucedendo ao magnífico Tales From The Turnpike House que alguns pensaram ter sabor a despedida, o que felizmente não aconteceu. Pelo caminho fizeram música para cinema, regressaram e repensaram o álbum de estreia Foxbase Alpha (chamando-lhe Foxbase Beta), lançaram uma nova antologia e um EP de Natal. Agora retomam a história onde a tinham deixado com um disco que, firme em todas as marcas linguísticas e referências que sempre caracterizaram a música do trio – um apelo pop clássico que remonta aos sessentas, um interesse maior pelas eletrónicas e um saber discreto e pontual na integração, mas sem devaneios hard floor, de elementos da música de dança – e que tematicamente celebra a importância que a música pop teve na sua formação pessoal. Sarah Cracknell conta que não tinha ia à igreja, mas era devota dos New Order e dos singles da Postcard, acompanhava a Smash Hits, a Record Morror, Paul Morley e o NME, integrando elementos de uma cultura que, no fundo, define hoje quem é o espaço de heranças vivas que há muito reconhecemos nos Saint Etienne. Como os Pet Shop Boys (que os antecederam), os Saint Etienne há muito ocupam um espaço que promove uma relação inteligente com a canção pop. Entre alguma melancolia e ocasionais frestas de luz Words and Music by Saint Etienne é um disco que prefere ser atual a querer à força ser moderno (deixam isso para quem, de facto, escreve hoje, com saber e propriedade, a linha da frente da invenção pop). Em vez de se vestir como aquilo que não é (o que não lhes impede uma colaboração com um dos elementos da “escola” Xenomania em Tonight), os Saint Etienne mostram aqui como podem ser fiéis a uma identidade num disco que fala ainda do tempo, do envelhecimento. E é de todo o conjunto de verdades, da soma de heranças que são sólidas e vividas, de uma mão cheia de belíssimas canções e da reafirmaçãoo de uma personalidade que nasce em Words and Music by Saint Etienne não só um dos melhores discos do trio britânico mas um dos grandes álbuns de 2012 (e até agora o melhor disco pop do ano).

quarta-feira, abril 25, 2012

Nome de rua


Chega em finais de maio. Mas a capa já é conhecida. Esta é a imagem que poderemos ver na capa do próximo álbum dos St. Etienne. Trata-se de uma planta de uma cidade imaginária cujas ruas são nome de canção. Lá podem encontrar a Penny Lane (dos Beatles), a Arnold Lane (dos Pink Floyd) ou a Yellow Brick Road (de Elton John). O projeto tem assinatura Dorothy, um coletivo de Manchester. O álbum, com o simples título Words and Music By Saint Etienne sai a 28 de maio.

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

O regresso dos St. Etienne

Uma das mais deliciosas entre as obras pop nascidas nos anos 90, os St Etienne regressam aos discos este ano (e passam em breve pela primeira edição do Primavera Sound, no Porto). Em jeito de aperitivo, aqui fica Tonight, o teledisco que apresenta o novo álbum.