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domingo, março 09, 2014

Os Oscars, Nikki Finke e Baudelaire

CHARLES BAUDELAIRE (1821-1867)
— foto de Étienne Carjat
Algumas utilizações "sociais" dos circuitos da Net reflectem uma patética miséria de pensamento. E os Oscars não escapam a tal efeito — esta crónica de televisão foi publicada no Diário de Notícias (7 Março), com o título '"Os Oscars em tom "social"'.

Sou dos que pensam que a utilização dos conteúdos das chamadas “redes sociais” como matéria (ou mesmo caução) de informação — televisiva ou não — reflecte um entendimento pueril do jornalismo. Os milhões que as utilizam geram, por certo, muitos conteúdos interessantes, estimulantes ou inovadores. Não é isso que está em causa. O que está em causa é o facto quotidiano de as ditas “redes” serem citadas como origem de algo a que, não poucas vezes, se atribui um valor automático e irrefutável. No limite, é possível que algum utilizador iluminado por uma redentora consciência “social” escreva algures qualquer coisa como “Oi, pessoal! O vosso programa é bué fixe...” e que isso mesmo, sem tirar nem por, ganhe direito de entrada em algum ecrã televisivo (desgraçadamente, não estou a exagerar).
Nikki Finke
Exemplo destes dias: algumas palavras da jornalista norte-americana Nikki Finke sobre a cerimónia dos Oscars. Ao que parece, o evento não a entusiasmou. Assim, na brevidade chique do Twitter, escreveu ela que queria a “devolução das três horas e meia de vida” que o espectáculo durou... Enfim, é um exercício de humor tão legítimo como qualquer outro: uns sentem-se tocados pela sua formulação, outros não e haverá mesmo quem fique completamente indiferente. O problema não está aí. O que importa discutir é a facilidade com que frases deste género encontram eco, não apenas no espaço “social” da Net, mas nas próprias notícias que se alimentam das suas matérias. Ninguém reflecte sobre a formulação, ninguém sublinha o relativismo — reproduz-se apenas porque é “giro”.
Conhecendo há muitas décadas a demagogia populista que confunde a crítica de cinema e televisão com um relatório da NASA, exigindo-lhe “objectividade” e “imparcialidade”, pasmo com a ligeireza com que os juízos de valor mais canhestros encontram, numa fracção de segundo, eco planetário. Consolo-me lembrando Baudelaire e a sua defesa da crítica como um exercício “parcial” e “apaixonado”. Mas reconheço a tragédia: que eu saiba, ele ainda não abriu uma conta no Facebook...

quinta-feira, março 06, 2014

Bette Midler nos Oscars

A presença de Bette Midler nos Oscars envolveu o poder mais radical, porventura mais esquecido, das matérias cinematográficas: o de nos levarem a refazer as regras da organização do tempo — com o título 'Elogio de Bette Midler', este texto integrava o balanço da 86ª edição dos prémios da Academia de Hollywood, publicado no Diário de Notícias (4 Março).

Acredito que o cinema não é uma mera acumulação de “bons” e “maus” filmes (até porque, naturalmente, o “bom” filme de um espectador é o “mau” de outro...). Há também uma história paralela de cada espectador, feita daquilo que os filmes nos deram, porventura nos recusaram.
O tempo é a ambígua medida de todos esses sobressaltos, como pudemos verificar quando Bette Midler emergiu no palco do Dolby Theater a interpretar Wind Beneath My Wings, tema que gravou em 1988, para a comédia Beaches (título português: Eternamente Amigas), de Garry Marshall (com Barbara Hershey e a própria Midler nos papéis principais). A canção surgiu como complemento do tradicional quadro de homenagem aos que faleceram ao longo do último ano, conferindo-lhe uma inevitável dimensão de luto; ao mesmo tempo, a performance de Midler soube resgatar a amargura do momento, transfigurando-o em cerimónia de perturbante energia emocional.
Há, talvez, outra maneira de dizer tudo isto. Necessariamente marcados pelo artifício dos modelos televisivos, os Oscars parecem não ter um programa definido para lidar com algo que, inevitavelmente, vai crescendo ano após ano: o cinema como imenso património de pessoas, filmes e mitologias. Viu-se com a fraqueza simbólica da homenagem a Judy Garland. Contrariando tal problema, a presença de Midler foi tanto mais tocante quanto há nela um vulcão de talento que, depois do impacto de A Rosa (1979), de Mark Rydell, sobre o destino trágico de uma vedeta do rock, acabou por não gerar uma consistente carreira cinematográfica. Agora, com 68 anos, sentimos que tão imenso talento pode recomeçar, como se fosse a partir do zero. Para mim, os Oscars são também essa possibilidade de resistência à usura do tempo.

quarta-feira, março 05, 2014

E o primeiro vencedor foi...

Estreado em 1927 e premiado na primeira cerimónia de entrega dos prémios da Academia em 1929, Asas tem agora edição em Blu-ray numa cópia restaurada. Este texto foi originalmente publicado na edição de 1 de março do suplemento Q. do DN com o título ‘E o primeiro Melhor Filme foi...”.

A 16 de maio de 1929 os 270 que se sentaram nas cadeiras de um salão do Hollywood Roosevelt Hotel, em Los Angeles, ouviram em primeira mão a atribuição do primeiro prémio para Melhor Filme (Outstanding Picture era a designação adotada, numa altura em que ainda não se falava de Óscares) a Asas, no original Wings, de William A. Wellman (1896-1975). Épico de aviação com a I Guerra Mundial como cenário, o filme sairia da cerimónia com dois prémios (correspondendo às suas duas nomeações), juntando à distinção como Melhor Filme uma outra, pelos efeitos visuais (Best Engineered Efects, como então se dizia). Apresentada por Douglas Fairbanks, que na altura era o presidente da Academy of Motion Pictures Arts and Sciences, essa primeira cerimónia de entrega de prémios celebrava filmes estreados entre 1927 e 28, entre eles contando-se o belíssimo Aurora, de F.M. Murnau (que venceu Melhor Produção Artística, Melhor Fotografia e Melhor Atriz, pelo trabalho de Janet Gaynor) e o histórico O Cantor de Jazz (The Jazz Singer, no original), o primeiro filme sonoro síncrono (que não venceu todavia a categoria de Melhor Argumento Adaptado, a única para a qual estava nomeado).

Ao chamar a si o primeiro Óscar de Melhor Filme (na verdade só um ano depois ficou claro que essa tinha sido a mais importante distinção da noite), Asas ganhou um lugar na história do cinema. Será contudo injusto reduzir o filme aos feitos de um palmarés, representando este esforço colossal de Wellman uma das primeiras abordagens do cinema de ficção às memórias (ainda recentes) da I Guerra Mundial (1914-1918), assim como traduziu uma aposta na exploração do universo da aviação que antecipou o clássico Os Anjos do Inferno (Hell's Angels no original), que Howard Hughes realizaria em 1930.

Antes de fazer cinema, William A. Wellman tinha tentado vários caminhos em busca de um rumo para a sua vida. Tentou vender doces, mas não conseguiu vender nenhum. O mesmo aconteceu quando tentou ser vendedor de algodão ou lãs. Teve mais sucesso no negócio das madeiras até ao dia em que se despistou com um camião e entrou por um celeiro dentro. A salvação chegou dos céus, os aviões chamando a sua atenção, levando-o aos campos de combate na Europa, durante a I Guerra Mundial. E do desemprego que se seguiu surgiu um caminho rumo ao cinema, primeiro como ator, depois atrás das câmaras, mal imaginando certamente que, poucos anos depois, estaria a juntar, num mesmo filme, as experiências como aviador e de combate na Grande Guerra.

Apesar de ter como evidentes protagonistas as várias cenas de combate aéreo, Asas desenvolve uma narrativa linear e cronologicamente ordenada, que começa por nos apresentar os protagonistas Jack Powell e David Armstrong (respetivamente interpretados por Charles 'Buddy' Rogers e Richard Arlen) e Mary Preston (uma criação da então grande estrela Clara Bow, cujo papel teve de ser reescrito para acomodar melhor a dimensão da sua fama na época). Vivem numa pequena cidade americana, a jovem Mary nutrindo sentimentos especiais por David, sem que este o saiba. O treino de combate faz dos dois homens (a principio evidentes rivais) os dois maiores amigos. Mary chega a juntar-se a eles em Paris, integrada num corpo militar, mas o encontro acontece em noite de festa e o álcool impede-os de a reconhecer. A ação cruza momentos de batalha e atinge o seu pico emocional numa sequência em que, após a batalha de Saint-Mihiel (em França), na qual é dado como morto, David cai para lá das linhas inimigas, usa um avião alemão para escapar, mas acaba abatido pelo melhor amigo sem que este o imaginasse, soltando pouco depois o último suspiro nos seus braços.

O conhecimento de Wellman sobre aviões e a sua experiência de combate na Europa conferiram a Asas características de grande realismo. Numa entrevista de 1978, na qual recorda a criação do filme, citada no booklet da nova edição em Blu-ray e DVD, o próprio Wellman confessa contudo que não se lembra de muito do que fora a rodagem, apenas que o fizera com uma câmara manual nas sequências de combates aéreos, e sem zooms. E que ele mesmo fez um trabalho como aviador, pilotando um dos aviões alemães numa sequência do filme.


A lenda de Asas, “devidamente bem contada, precisaria de umas mil páginas cuidadosas e bem escritas” recorda o realizador em A Short Time For Insanity, uma autobiografia publicada em 1974. E para quê? “Para contar tudo o que acontece quando uma companhia de mais de duzentas pessoas é levada para lá das suas casas e famílias e deixada num lugar estranho”, explica. E conclui: “É difícil para a companhia e para o lugar”. Wellman lembra nessas mesmas páginas que tinha então à sua disposição todos os aviões de Brooks Field e de outros campos de aviação cujos nomes nem se lembrava já, assim como podia escolher quem entendesse entre o seu pessoal. Nesse livro recorda que a dada altura chegou a ensaiar “com 3500 pessoas do exército e 65 pilotos durante dez dias” e que a única coisa que não podia controlar era a meteorologia. O filme foi rodado em San Antonio, no Texas, numa zona despovoada onde foram construídos os cenários necessários para algumas das sequências de guerra e sobre os quais evoluíram os aviões nas cenas de combate aéreo. O processo foi longo (cerca de um ano) e caro. “Ficámos no Saint Antony Hotel durante nove meses. Eu sei que foi esse o tempo porque as empregadas dos elevadores eram mulheres e todas elas ficaram grávidas”, recorda Wellman no mesmo volume.

Mas nem só dos feitos aéreos ou da representação de cenas de guerra entre o ar e as trincheiras vive o legado de Asas. O filme foi uma das primeiras longas metragens de grande distribuição a exibir cenas de nudez e foi o primeiro no qual o cinema mostrou um beijo entre dois homens (na verdade um beijo fraternal entre os protagonistas no leito de morte de David).

Asas foi um êxito de bilheteira logo após a sua estreia em agosto de 1927 e captou o entusiasmo pelos aviões que se seguiu à travessia do Atlântico por Charles Lindbergh em maio desse mesmo ano. “Depois de se ter transformado num êxito pediram-me para fazer outro filme e eu disse OK”, descreve Wellman na sua autobiografia. E de facto estreou The Legion of the Condemned, em 1928. Pouco Howard Hughes abordou-o para que ele mesmo fizesse o filme que em 1930 nasceria com o título Hell's Angels. “Disse-me que não tinha mesmo de o fazer, mas pelo menos ter uma aparição... Não quisemos estar mal com ele... Então fui ter com ele e disse 'não, já fiz dois filmes e já estou aborrecido”. Foi a única vez que falou com Hughes. E em Asas ficou com o seu momento de glória na história da relação do cinema com os aviões. O filme andou perdido até que uma cópia foi encontrada nos arquivos da Cinemateca Francesa. A nova edição em Blu-ray e DVD apresenta o filme num restauro recente, junta-lhe extras e duas bandas sonoras alternativas.

terça-feira, março 04, 2014

Os Oscars não são um tribunal

Os Oscars não têm nada a ver com o espírito "justiceiro" que passou a imperar no futebol... Esta crónica foi lida aos microfones da Antena 1 (na manhã do dia 3 de Março).

Não creio que os Oscars tenham, ou devam ter, uma leitura de justiça e injustiça.
São os comentadores de futebol que vêem uma bola entrar aos solavancos numa baliza e fazem grandes discursos morais sobre a “justiça” ou a “injustiça” dos resultados.
Ora, os Oscars não são um tribunal. São, isso sim, o reflexo das ideias e sensibilidades, por certo das cumplicidades, mas também das contradições, de seis mil pessoas que trabalham na mais poderosa indústria audiovisual do planeta.
Nesse sentido, eu diria que consagraram Gravidade com sete Oscars porque o filme reflecte a sofisticação técnica da sua indústria, ao mesmo tempo mostrando que os seus recursos podem estar ao serviço, não apenas de aventuras de super-heróis, mas de histórias com gente viva, de carne e osso.
E distinguiram 12 Anos Escravo com o prémio de melhor filme de 2013 porque o cinema é também uma arte de memórias, de não deixar cair no esquecimento o passado e as suas lições políticas e morais.
Não sei se o cinema fica melhor ou fica pior por causa destes Oscars. Mas não tenho dúvidas em dizer que o mundo fica um pouco melhor enquanto existirem filmes como 12 Anos Escravo.

segunda-feira, março 03, 2014

Óscares 2014:
'Gravidade', os outros, a 'selfie' e as pizzas

A ficção científica terá mesmo de criar uma situação de... ficção científica, para um dia ver a Academia reconhecer o género com uma estatueta na categoria de Melhor Filme. Gravidade, de Alfonso Cuarón, colheu sete Óscares esta noite (incluindo o de realização), mas na hora de fechar a gala, o Melhor Filme acabou por ser 12 Anos Escravo, de Steve McQueen. Nada de grave, ambos são magníficos. Mas mesmo sem ser 2001: Odisseia no Espaço (que em 1968 só venceu nos Efeitos Visuais, imagine-se), Gravidade inscreveu já um marco na história do género com um filme que, tal como a obra-prima de Kubrick, usa os efeitos para servir história e imagem e não o contrário, que é regra que faz das muitas produções que vão chegando neste departamento uma verdadeira chuva de logros. Os sete Óscares já sublinham o estatuto do filme. E note-se que esta coisa de dar Realizador a um e Filme a outro começa ser tendência salomónica a ganhar raiz pelos lados de Hollywood.

Mesmo com uma Ellen DeGeneres com alguns instantes de piada e com episódios que souberam mostrar que o cinema não começou em 2013, a cerimónia foi maçadora. Os discursos de aceitação foram mornos (destacaram-se Jared Leto – que falou mesmo no momento que de vive na Ucrânia e na Venezuela -, Cate Blanchett e Lupita Nyong’o) e além do palmarés pouco mais aconteceu, tanto que muito do discurso sobre a cerimónia deste ano corre o risco de acabar reduzido a uma selfie que bateu recordes (ou, como se pode pensar, a Academia a tentar mostrar que sabe ser "moderna") e a umas pizzas que a apresentadora de facto encomendou (ou a produção tratou disso) e distribuiu entre os que se sentavam nas cadeiras da frente... Sabor a pouca coisa com tanto que ali estava em jogo e tanto que ali se podia ter dito.


Mau mesmo foi a forma como, no dia da notícia da morte de Alain Resnais, a produção da cerimónia não tem golpe de asa para o incluiu nem no segmento ‘In Memoriam’ nem mesmo no discurso de quem o apresentou. Ali só se vem para cá de Ellis Island quando se destaca o filme em língua estrangeira ou pontuais brilharetes com passaporte diferente...

Posto isto, o saldo: poucas surpresas. Dos nomeados para Melhor Filme, Golpada Americana, Nebraska, Filomena, Um Quente Agosto, Capitão Phillips e O Lobo de Wall Street ficaram a zeros. A baladinha ensossa de Frozen ganhou até mesmo ao star power dos U2 (mas como ainda ontem comentava, podiam ter ali os Beatles, que ganhava a baladinha à mesma). Um documentário sobre backing singers derrotou o “favorito” The Act of Killing... E para o ano há mais.

Aqui fica a lista final dos premiados:

Melhor Filme - '12 Anos Escravo'
Melhor Realizador - Alfonso Cuarón (Gravidade)
Melhor Ator - Matthew McConaughey (O Clube de Dallas)
Melhor Atriz - Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Melhor Ator Secundário - Jared Leto (O Clube de Dallas)
Melhor Atriz Secundária - Lupita Nyong'o (12 Anos Escravo)
Melhor Argumento Adaptado - John Ridley (12 Anos Escravo)
Melhor Argumento Original - Spike Jonze (Her - Uma História de Amor)
Melhor Filme em Língua Estrangeira - 'A Grande Beleza' (Itália)
Melhor Fotografia - Gravidade
Melhor Montagem - Gravidade
Melhor Banda Sonora Original - Gravidade
Melhor Caracterização - O Clube de Dallas
Melhor Guarda Roupa - O Grande Gatsby
Melhor Direção Artística - O Grande Gatsby
Melhores Efeitos Visuais - Gravidade
Melhor Mistura de Som - Gravidade
Melhor Montagem de Som - Gravidade
Melhor Longa Metragem de Animação - 'Frozen'
Melhor Curta Metragem de Animação - 'Mr Hublot'
Melhor Curta Metragem de Imagem Real - 'Helium'
Melhor Curta Metragem Documental - 'The Lady in Number 6'
Melhor Documentário (Longa Metragem) - '20 Feet From Stardom'

domingo, março 02, 2014

Óscares 2014: as escolhas dos leitores

É uma tradição anual no Sound + Vision. Uma vez mais os leitores escolheram os seus favoritos na corrida aos Óscares, e as escolhas finais são as que se seguem. Entre as 12 categorias que colocámos a votos os filmes 12 Anos Escravo, de Steve McQueen e Her - Uma História de Amor, de Spike Jonze, são quem mais "prémios" recolhe. O primeiro sobretudo nas categorias de interpretação, o segundo dominando na música. O Lobo de Wall Street vence em duas. A mais clara vitória é a da banda sonora de Her, assinada por Win Butler (dos Arcade Fire) e Owen Pallett, que arrecadou 70% dos votos. O mais disputado dos triunfos foi o de Lupita Nyong'O (em 12 Anos Escravo), que recolheu 38% dos votos, contra 37% de Jennifer Lawrence em Golpada Americana. As escolhas finais são estas:


Melhor Filme
12 Anos Escravo


Melhor Realizador
Alfonso Cuarón (Gravidade)


Melhor Ator
Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)


Melhor Atriz
Cate Blanchett (Blue Jasmine)


Melhor Ator Secundário
Michael Fassbender (12 Anos Escravo)


Melhor Atriz Secundária
Lupita Nyong'O (12 Anos Escravo)


Melhor Argumento Adaptado
O Lobo de Wall Street


Melhor Argumento Original
Her - Uma História de Amor


Melhor Banda Sonora Original
Her - Uma História de Amor


Melhor Canção Original
'The Moon Song', em Her - Uma História de Amor


Melhor Filme em Língua Estrangeira
A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino


Melhor Longa Metragem de Animação
Frozen

A cerimónia de entrega dos Óscares decorre esta noite no Dolby Theatre, em Los Angeles, com apresentação a cargo de Ellen deGeneres. Gravidade e Golpada Americana partem com dez nomeações...

sábado, março 01, 2014

Os Óscares não ouvem bem as canções...

Este texto sobre canções que os Óscares ignoraram é uma versão editada e atualizada de um outro que foi publicado há cerca de um ano na revista Metrópolis com o título ‘Quando os Oscares não ouvem as melhores canções’.

Em tempo de Óscares, propomos um outro olhar pela história das estatuetas douradas com que Hollywood celebra anualmente os feitos do cinema. Se há categoria onde são mais os tiros ao lado que aqueles em que as escolhas acertam no alvo, ela é a da Melhor Canção Original. E são tantas as ocasiões em que temas que fizeram história passaram ao lado das atenções da Academia, muitas vezes até sem nomeação, que resolvemos apresentar uma lista de dez clássicos criados para o cinema que nunca foram premiados. Mas que mereciam tê-lo sido...

Com nova cerimónia de entrega de Óscares a caminho fazem-se contas, ensaiam-se projeções, antecipam-se cenários... Se em algumas das categorias principais 2014 promete ser um dos anos mais disputados dos últimos tempos, já no espaço da música mora a monotonia de sempre, a sensação de que o que de melhor havia por aí a considerar acabando fora das listas dos nomeados. Não é novidade esta sensação. Tem mesmo sido regra e raras foram as ocasiões nos últimos anos em que uma canção musicalmente estimulante ou até cinematograficamente marcante tenha chegado à lista dos nomeados, muito menos ainda as que subiram ao palco para receber a estatueta dourada. Há um ano a cantora Adele levou o primeiro Óscar para uma das mais tradicionais das famílias musicais da história do cinema: as canções para James Bond. Skyfall ficou assim como a primeira ‘Bond song’ oscarizada, ultrapassando o patamar das nomeações a que chegaram as contribuições de Paul McCartney, Carly Simon ou Sheena Easton também ao serviço do agente 007. E superando também aquelas que continuam a ser, pelos feitos do mercado (ou seja, pelas vendas dos discos) as mais populares ‘Bond songs’ de sempre: a campeã A View To A Kill dos Duran Duran (a única que alguma vez atingiu o número um nos EUA ou Reino Unido) e as não menos aclamadas Live and Let Die de Paul McCartney e Nobody Does It Better de Carly Simon que, tendo igualado nos EUA o número dois na tabela de vendas alcançado por Adele no Reino Unido, conseguiram melhores resultados em Inglaterra que a voz de Skyfall na América...

Podemos olhar para a história de todo um legado de prémios onde, apesar a lista impressionante de clássicos que por ali passam, conhecemos a falta de algumas das canções que fizeram páginas maiores na história da relação da música com o cinema. E para não esquecer hoje quem ficou de fora, mais que recordar a história das canções que os Óscares já premiaram, propomos uma viagem no tempo através de dez outras que, por incrível que possa parecer, ficaram de fora dessa lista.

1937. Someday My Prince Will Come, por Adriana Caselotti
É verdade que a Disney não se pode queixar de falta de atenção por parte dos Óscares, pelo menos na hora de premiar a música dos seus filmes. Só entre 1989 e 1999 somou seis vitórias - com Under the Sea de A Pequena Sereia, o tema título de A Bela e o Monstro, A Whole New World de Aladdin, Can You Feel The Love Tonight de O Rei Leão, Clours of The Wind de Pocahontas e You'll Be In My Heart, de Tarzan - numa lista de mais de dez que remonta a 1940, ano em que somou a primeira com When You Wish Upon A Star, da banda sonora de Pinóquio, e avança até 2012, quando Man or a Muppet, da mais recente encarnação no grande ecrã dos Marretas voltou a cantar triunfo para aqueles lados. Curiosamente, a estreia da Disney nas longas metragens com Branca de Neve e os Sete Anões (em 1937) passou ao lado até mesmo das nomeações. Destino bizarro (na época, claro esta) para uma banda sonora da qual saiu uma mão-cheia de canções que se transformaram em standards, com o é há muito Someday My Prince Will Come, canção que teve a sua primeira versão na voz da cantora Adriana Caselotti para a banda sonora original do filme.

1961. Can't Help Falling In Love With You, por Elvis Presley
Muita da obra de Elvis Presley na primeira metade da década de 60 surgiu associada à multidão de filmes que então protagonizou, as respetivas bandas sonoras apresentando assim as novas canções que ia gravando. Para Blue Hawaii, filme de Norman Taurog, uma das canções inéditas então criadas para a voz de Elvis Presley foi Can't Help Falling In Love With You, que se revelaria mesmo com um dos maiores sucessos do cantor nos anos 60. A canção conheceu depois varias outras vidas. Os U2 usaram a versão original para fechar os concertos da Zoo TV Tour e Bono chegou a gravar uma leitura em nome próprio para a banda sonora de Honeymoon in Vegas, de Andrew Bergman. Entre os muitos que assinaram outras versões estão figuras com Doris Day, Patti Page, Bob Dylan, os UB40 ou Chris Isaac.

1964. Goldfinger, por Shirley Bassey.
Se há canção do "cancioneiro 007" que merecia ter ganho um Óscar ela seria a que em 1964 Shirley Bassey deu ao terceiro filme da série. Traduzindo a essência do encontro de uma pungente secção de metais com a alma orquestral que John Barry transformou em imagem de marca do som para James Bond (sugerindo um paradigma ainda hoje respeitado), esta foi a primeira das três contribuições da cantora para os filmes de 007 (regressando mais tarde para colaborar em Diamonds Are Forever e Moonraker). Varias versões de Goldfinger surgiram mais tarde, por nomes que vão dos Magazine ou Tom Petty aos portugueses Belle Chase Hotel.

1965. You’ve Got To Hide Your Love Away, dos The Beatles
A carreira cinematográfica dos Beatles, um pouco ao jeito da do seu compatriota Cliff Richard (mas sem a dimensão atingida pela de Elvis Presley), nasceu como derivação direta do seu trabalho musical, os seus dois primeiros filmes, ambos realizados por Richard Lester, servindo mesmo de veículo para a apresentação de novas canções e a respetiva edição imediata em álbuns que, em parte, registavam a face vocal das suas bandas sonoras. Help!, estreado em 1965, representou musicalmente a materialização de sinais de mudança iminente na música dos Beatles e deu-nos uma mão cheia de grandes clássicos, entre os quais este tema, na voz de John Lennon.

1967. Mrs. Robinson, de Simon & Garfunkel
Uma das canções de maior sucesso da história da dupla Paul Simon / Art Garfunkel, deu-lhes um número um em 1968 e representou um dos temas centrais do álbum Bookends. Mas uma primeira versão da canção tinha surgido um ano antes, na banda sonora de The Graduate, o histórico filme de Mike Nichols magnificamente interpretado por Dustin Hoffman e Anne Bankroft. Nem uma nomeação conquistou...


1973. Knocking on Heaven’s Door, de Bob Dylan
Tema composto e cantado por Bob Dylan para o filme Pat Garret and Billy The Kid de Sam Peckinpah, no qual o próprio cantor surge como ator, ao lado de nomes como James Coburn e Kris Kristofferson. A canção foi um êxito logo na sua versão original, dando a Dylan o seu maior sucesso no formato de single em toda a década de 70. E conheceu depois inúmeras versões, assinadas por nomes que vão dos Grateful Dead ou Guns N’Roses a Antony and The Johnsons.

1977. New York New York, de Liza Minelli
Canção composta por John Kamber e Fred Ebb para a voz de Liza Minelli, para a banda sonora do filme com o mesmo título, o drama musical realizado por Martin Scorsese após Taxi Driver que, na altura, foi um fracasso na bilheteira. Dois anos depois da estreia do filme uma versão da canção, gravada por Frank Sinatra transformou-se não só num dos maiores êxitos do cantor como numa referência maior do “songbook” americano.

1982. Forbidden Colours, de David Sylvian e Ryuichi Sakamoto
David Sylvian integrava ainda os Japan quando, meses depois de se estrear a solo, na companhia de Ryuichi Sakamoto, com o single Bamboo Houses / Bamboo Music foi convidado pelo músico japonês, que assinava a banda sonora de Feliz Natal Mr. Lawrence, de Nagisa Oshima, a juntar-se a ele para criar a canção-título para o filme. Juntos assinaram assim Forbidden Colours, que, com título inspirado por um livro de Mishima, não só uma das pérolas maiores da obra dos dois músicos como uma das mais belas canções alguma vez compostas para o cinema.

1986. Absolute Beginers, de David Bowie
A relação de Bowie com o cinema iniciou-se nos anos 70, como ator em The Man Who Fell To Earth, de Nicholas Roeg, e expandiu-se nos anos 80, quando ao trabalho em cena juntou a escrita de uma série de canções, muitas delas editadas em singles, sem representação nos seus álbuns de estúdio da época. O ano de 1986 foi mesmo o mais produtivo nesta relação de Bowie com o cinema, tendo assinado parte da banda sonora de Labirinto, a canção-tema da animação When The Wind Blows e participando (como ator e músico) em Absolutamente Principiantes, de Julian Temple, para o qual compôs o tema-título, que lhe deu um dos seus maiores êxitos nessa década.

2000. Playground Love, dos Air
O álbum de 1998 Moon Safari colocou nas bocas do mundo (que ouve música) o nome dos franceses Air e, com eles, um gosto por um sentido de elegância onde electrónicas com travo vintage faziam canções com sabor a coisa do presente. Sofia Coppola, desafiou então os dois músicos para assinarem a banda sonora original para a sua primeira longa-metragem, As Virgens Suicidas, para a qual, além do score instrumental, compuseram (com Gordon Tracks) e gravaram esta canção que hoje é já um dos “clássicos” da sua carreira.

Óscares 2014: as escolhas principais (N.G.)

Nos últimos dias desfilei aqui escolhas pessoais nas categorias principais dos Óscares para este ano. Ficarão a faltar as de animação, as curtas metragens e os documentários (dos nomeados só vi The Act of Killing). E assim sendo completa-se aqui o panorama com as escolhas para Melhor Filme Estrangeiro e, depois, na realização e para Melhor Filme.

Que não hajam dúvidas: o Melhor filme de 2013 foi Lore de Cate Shortland e o Melhor Realizador foi Terrence Malick em A Essência do Amor. E o Melhor Filme em língua que não a inglesa (e daí o conceito de “língua estrangeira”) foi Like Someone in Love, de Abbas Kiarostami. Pois, nenhum deles surge entre os nomeados.

Mas para o Óscar que contempla o cinema internacional numa outra língua há vários pólos de interesse entre os nomeados, destacando-se A Caça de Thomas Vinterberg (naquele que é o seu melhor filme até ao momento, deixando arrumada na gaveta das experiências ultrapassadas o formalismo “dogma 95” com que muitos o descobrimos em A Festa) e, mais ainda, o belíssimo A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, um filme diferente de todos os outros que o cineasta italiano nos deu antes a ver e que mostra como o cinema pode ser mais que uma bela narrativa bem contada, propondo antes uma profunda experiência cinematográfica que sabe aliar o trabalho da imagem e da música à narrativa e personagens que coloca em cena. Há poucos filmes assim. E é certamente um daqueles títulos a figurar na lista dos melhores que 2014 viu estrear em salas portuguesas. 

As duas categorias principais atribuo claramente a Gravidade, de Alfonso Cuarón. Não só por ser um espantoso filme, como por representar um dos melhores momentos que a ficção científica nos deu a ver nos últimos anos (apenas o Moon de Duncan Jones está em patamar semelhante). Gravidade é herdeiro de um minimalismo e um sentido realista que têm paradigma no 2001 de Kubrick. Sabe entender o silêncio e a solidão do espaço. Sabe que o tempo é ali regido por outro ritmo. Sabe colocar uma situação no ecrã e vivê-la recorrendo aos efeitos especiais que a história carece e não fazer o inverso (lógica dominante em muito do cinema de ficção científica do nosso tempo). É um exemplo claro de um domínio de uma ideia de realização e tem tudo para, ganhando estes prémios, ficar inscrito na história do cinema de ficção científica como um dos seus episódios mais marcantes. 

Melhor Filme – Gravidade, de Alfonso Cuarón
Melhor Realizador – Alfonso Cuarón, por Gravidade
Mellhor Filme Estrangeiro – A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino

sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Óscares 2014: As escolhas na interpretação (N.G.)

Em contagem decrescente para a noite de entrega dos Óscares vamos lançando olhares e ideias sobre os nomeados. Hoje apresento escolhas pessoais nos campos da interpretação.
A primeira coisa que muitos sentimos quando chega a hora de ver os nomeados para os Óscares é reparar se aqueles a quem gostaríamos de dar as estatuetas realmente estão entre os nomes revelados. E nas categorias de interpretação deste ano há uma gritante ausência: a de Robert Redford. O seu espantoso trabalho em Quando Tudo Está Perdido, suportando todo um intenso filme sem que outra figura com ele contracene (senão o mar), faz desse seu contributo para a história cinematográfica do último ano uma das mais clamorosas faltas da lista de nomeados deste ano. Seria seu o Óscar...

Fazendo as escolhas entre os nomeados, como Melhor Atriz parece ser “pacífica” a escolha de Cate Blanchett como protagonista em Blue Jasmine, aquele que claramente se revelou como o melhor filme de Woody Allen desde Match Point.

De resto, cabe a 12 Anos Escravo de Steve McQueen o resto da colheita, nas categorias de Melhor Ator e de Ator e Atriz Secundários. Suportado por um belíssimo argumento adaptado e mostrando como se pode fazer um cinema histórico no presente, explorando um firme sentido de realismo sem filtro, 12 Anos Escravo pode não ser o meu candidato às categorias de Filme e Realização, mas na interpretação merece os prémios (sublinhando apenas que ainda não vi Nebraska, que aqui podia fazer a diferença, pelo que me é dado a entender).

Melhor Ator - Chiwetel Ejiofor (12 Anos Escravo)
Melhor Atriz - Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Melhor Ator Secundário - Michael Fassbender (12 Anos Escravo)
Melhor Atriz Secundária - Lupita Nyong'o (12 Anos Escravo)

quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Óscares 2014: as escolhas na escrita (N.G.)

Em contagem decrescente para a noite de entrega dos Óscares vamos lançando olhares e ideias sobre os nomeados. Hoje apresento escolhas pessoais nos campos da escrita.

As categorias de escrita são fundamentais para distinguir peças determinantes na construção de um filme. E entre os títulos que este ano surgem entre os nomeados nota-se (e parece ser mesmo uma tendência deste ano) a presença evidente de narrativas inspiradas em factos e personagens reais.

Entre os candidatos a Melhor Argumento Adaptado conta-se o trabalho de John Ridley sobre o livro de memórias de Solomon Northup, um negro norte-americano nascido livre que é raptado em 1841 e vendido a donos de plantações no Sul, onde trabalha como escravo durante 12 anos, que Steve McQueen filmou em 12 Anos Escravo.

Na categoria de Melhor Argumento Original destaca-se o belíssimo olhar sobre a solidão que Spike Jonze apresenta em Her – Uma História de Amor, onde nos fala de como a presença de um computador com inteligência artificial gera num homem recentemente separado a ilusão de um amor.

Melhor Argumento Adaptado – John Ridley em 12 Anos Escravo
Melhor Argumento Original – Spike Jonze em Her – Uma História de Amor

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Óscares 2014: as escolhas "técnicas" (N.G.)

Em contagem decrescente para a noite de entrega dos Óscares vamos lançando olhares e ideias sobre os nomeados. Hoje apresento escolhas pessoais nos campos habitualmente descritos como “técnicos”...

Há um claro candidato a brilhar em muitas das categorias “técnicas” para as quais está nomeado. Trata-se do belíssimo Gravidade, de Alfonso Cuarón que este ano, quem sabe, quebrará aquela má relação histórica dos Óscares com o cinema de ficção científica no que diz respeito aos prémios vistos como os mais “nobres” (leia-se realização e Melhor Filme). Verdadeiro marco na história do cinema de ficção científica e importante herdeiro de um registo realista e minimalista que tem por paradigma o mítico 2001: Odisseia no Espaço de Kubrick, Gravidade merece as distinções nas categorias de Fotografia, Montagem, Mistura de Som e Efeitos Visuais. Na verdade, o único Óscar “mal” atribuído ao filme será o da Banda Sonora, caso venha a acontecer...

Entre este pequeno mundo de muitas categorias que representam esforços técnicos e criativos sem os quais os filmes não seriam o que são, O Clube de Dallas merece vencer na caracterização, O Grande Gatsby no Guarda Roupa, Quando Tudo Está Perdido na Montagem de Som e Her – Uma História de Amor seria o grande merecedor do trabalho de Cenografia (área que se enquadra na categoria de Production Design).

Seriam estes os prémios mais justos? São as escolhas em função das nomeações. Mas não compreendo como A Essência do Amor, de Terrence Malick não surge entre os nomeados para Melhor Fotografia e Melhor Montagem quando, na verdade, foi o filme do ano passado com mais espantosos feitos nestas duas áreas.

Melhor Fotografia – Gravidade
Melhor Montagem – Gravidade
Melhor Caracterização – O Clube de Dallas 
Melhor Guarda Roupa – O Grande Gatsby
Melhor Cenografia – Her – Uma História de Amor Melhor Mistura Sonora – Gravidade
Melhor Montagem de Som – Quando Tudo Está Perdido
Melhores Efeitos Visuais – Gravidade

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Óscares 2014: as escolhas na música (N.G.)

Em contagem decrescente para a noite de entrega dos Óscares vamos lançando olhares e ideias sobre os nomeados. Hoje apresento escolhas pessoais nos campos da música... 

É verdade que costumo dizer que a Academia é dura de ouvido. E são raras as vezes em que chegam à lista das nomeadas as melhores bandas sonoras e canções criadas no ano anterior ao serviço do cinema... Veja-se o caso deste ano: onde estão as bandas sonoras originais que Max Richter e Hanan Townshend assinaram respetivamente para Lore de Cate Shortland ou A Essência do Amor, de Terrence Malick? Foram as duas melhores bandas sonoras de 2013 e, na hora de escolher nomeadas, nicles...

Entre os nomeados para este ano estão contudo as importantes contribuições musicais para Her – Uma História de Amor, de Spike Jonze. O score instrumental é uma criação conjunta de Win Butler (dos Arcade Fire) com Owen Pallett e contou com os próprios Arcade Fire como instrumentistas (citando até alguns momentos do mais recente Reflektor). Spike Jonze (que tem mais extensa obra nos telediscos que no cinema) esta representou assim mais uma colaboração com os Arcade Fire, com os quais tinha já trabalhado em The Suburbs e, mais recentemente, em Afterlife. Para os músicos esta foi uma primeira (e bem sucedida) experiência no cinema (até mesmo para Owen Pallett, que tem assinado arranjos de cordas para inúmeros discos e contava já com trabalhos em algumas curtas e títulos de menor visibilidade e aqui tem a sua primeira produção de grande escala).

Win e Owen têm como mais forte concorrente a música que Steven Price criou para Gravidade que, contudo, representa um dos piores ingredientes do belíssimo filme de Alfonso Cuarón. Os experientes John Williams, Alexandre Desplat e Thomas Newman estão também nomeados, mas com trabalhos menos interessantes que outros que outrora nos mostraram já.

Na categoria de Melhor Canção Original destaca-se também Her, desta vez com The Moon Song, da autoria de Karen O e do próprio Spike Jonze, que a vocalista dos Yeah Yeah Yeahs canta em dueto com Ezra Koenig, dos Vampire Weekend.

Melhor Banda Sonora Original – Win Butler e Owen Pallett em 'Her – Uma História de Amor'
Melhor Canção – 'The Moon Song', de Karen O e Spike Jonze em 'Her – Uma História de Amor'

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

A quem dava este ano os Óscares?

Em tempo de contagem decrescente para a noite de entrega dos Oscares o Sound + Vision retoma uma das suas tradições e abre aos leitores um espaço de votação. Como sempre podem-nos ajudar a escolher os vencedores votando na coluna lateral do blogue. Os resultados serão aqui publicados no dia 2, horas antes de sabermos quem serão os vencedores em Hollywood. Aqui fica a lista das categorias que colocamos a votos:

Melhor Filme
Melhor Realizador
Melhor Ator
Melhor Atriz
Melhor Ator Secundário
Melhor Atriz Secundária
Melhor Argumento Adaptado
Melhor Argumento Original
Melhor Banda Sonora
Melhor Canção
Melhor Filme Estrangeiro
Melhor Animação (longa-metragem)