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segunda-feira, setembro 25, 2023

[ideias] Sexo e género


Eis uma boa ideia para, aqui no Sound+Vision, começar uma secção sobre... ideias.
A saber: ver e escutar uma reflexão de Judith Butler no canal Big Think do YouTube. À partida, estão em jogo as noções de sexo e género, centrais no seu trabalho e, em particular, nos seus dois livros mais famosos: Problemas de Género e Corpos que Contam. Ou como as palavras, porventura sem sexo, instauram géneros de pensamento — são 13 minutos fascinantes, além do mais conscientes do meio de comunicação em que, com invulgar agilidade, sabem integrar-se.
 

domingo, maio 29, 2022

CANNES
— o cinema queer está em festa

André Cabral e Mauro Costa
— Afonso e Alfredo em Fogo-Fátuo

Fogo-Fátuo, de João Pedro Rodrigues, é uma comédia surreal sobre as atribulações de um jovem príncipe que quer ser… bombeiro: apresentado na Quinzena dos Realizadores, o filme integrava a lista de candidatos à Queer Palm — este texto foi publicado no Diário de Notícias (26 maio).

Será que existe, realmente, um cinema queer? Ou deveremos resistir ao simplismo com que alguns rótulos são mediaticamente aplicados e falar antes de filmes (e narrativas) de sensibilidade queer? Uma coisa é certa: em Cannes, desde 2010, existe uma Queer Palm que distingue um filme apresentado no festival (em qualquer das suas secções) reflectindo, precisamente, tal sensibilidade. Ao longo dos anos, têm sido premiadas obras tão fascinantes quanto Carol (2015), de Todd Haynes, Girl (2018), de Lukas Dhont, ou Retrato de uma Rapariga em Chamas (2019), de Céline Sciamma.
Pois bem, este ano um dos óbvios candidatos à Queer Palm é português, tem assinatura de João Pedro Rodrigues e intitula-se Fogo-Fátuo (Quinzena dos Realizadores) [Joyland acabaria por receber a Queer Palm]. Para além de ironias ou simbolismos vários que o título possa suscitar, a referência ao fogo envolve uma razão muito explícita. A saber: esta é a história breve (o filme dura 67 minutos) de Alfredo, um rei sem coroa que, ainda jovem, manifesta a vontade de ser bombeiro — não comandante, mas começando pela base da hierarquia, como qualquer plebeu; a sua vontade choca os pais, preocupados com a ameaça de perdição de tão nobre descendência num mundo dominado pela gentalha “republicana”; o que entenda-se, não impede o cumprimento da vocação de Alfredo nem o seu intenso envolvimento amoroso com Afonso, companheiro do quartel que com ele viverá uma operática cena sexual filmada numa mata destruída pelo fogo…
Eis uma sinopse que, embora sugestiva, está longe de conseguir sugerir o clima de verdadeira festa formal de Fogo-Fátuo. No genérico, o realizador classifica mesmo o seu filme como uma “fantasia musical”, o que se justifica pelas suas copiosas matérias musicais — incluindo uma deliciosa evocação de Amália Rodrigues e uma performance pouco ortodoxa do Fado do Embuçado, por Paulo Bragança —, mas também e sobretudo pela desconcertante invenção da narrativa.
Escusado será lembrar que, de O Fantasma (2000) a O Ornitólogo (2016), passando por O Corpo de Afonso (2012), a filmografia de João Pedro Rodrigues não é estranha à referida sensibilidade queer e a temas LGBT. Em qualquer caso, seria redutor considerar o seu labor como mera “ilustração” de um discurso político (por mais rico e pertinente que seja esse discurso).
Como podemos confirmar através de Fogo-Fátuo, o que distingue tal labor é a capacidade de pensar e configurar tudo isso (e muito mais) através de uma sofisticada visão cinematográfica. No limite, este é um filme sobre as convulsões de um imaginário português pontuado por elementos tão díspares quanto uma certa nostalgia de raiz monárquica e a presença muito realista das florestas ardidas. Estamos perante uma comédia surreal em que tudo pode dialogar com tudo — das memórias do fado às notícias televisivas, dos efeitos do Covid à iconografia pictórica dos corpos nus. Queer, sem dúvida, mas mais livre que qualquer rótulo. Dito de outro modo: um dos filmes mais sedutores e inclassificáveis de Cannes/2022.

terça-feira, junho 29, 2021

Madonna, LGBT+

[ Vogue Italia ]

Esta é uma das fotografias de Madonna, assinadas por Ricardo Gomes, produzidas em exclusivo para a Vogue Italia. São imagens surgidas em paralelo com a performance da Material Girl, em Nova Iorque, no Standard Hotel (24 de junho). Objectivo: participar nas celebrações do Pride 2021.
Segundo as notícias [NME], a festa permitiu angariar mais de 100.000 dólares para várias organizações LGBT+. A ter em conta: para assinalar o evento, Madonna elaborou este video de 3 minutos, projectado nos ecrãs da Time Square.

quarta-feira, janeiro 09, 2019

Kevin Hart — ser ou não ser um monstro

1. Um dos efeitos mais perversos de muitas polémicas dos nossos dias é o seu determinismo compulsivo, sem alternativa. Dir-se-ia que não se trata de conhecer a complexidade do que está em jogo, mas apenas de dividir o mundo em "puros" e "impuros" (além do mais, demonizando os segundos).

2. Kevin Hart foi convidado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para apresentar os Oscars (24 Fev.). Aceitou. Dias depois, a revelação de algumas frases suas, provenientes de contextos de comunicação ou representação [Billboard], foram denunciadas por muitas personalidades, em particular membros da comunidade LGBT, como anti-gay. Hart acabou por desistir da função para que tinha sido convidado [Variety].

3. Entretanto, os sinais polémicos não deixaram de proliferar, até que, cerca de um mês depois da sua desistência, Hart veio declarar publicamente que não voltará a falar do assunto. Porquê? Por não reconhecer legitimidade a quem o criticou de forma mais severa? Não. Antes porque se identificou como (ou foi conduzido à condição de) peça móvel e, no limite, descartável de um processo de compulsiva "purificação".

4. É a explicitação disso mesmo que encontramos na conversa de Hart com Michael Strahan, tão invulgar quanto corajosa, no programa Good Morning America (ABC). A ponto de a questão desembocar numa pergunta que, regra geral, os espaços mediáticos — e, em particular, os dispositivos televisivos — não enfrentam. A saber: por que é que, para além das considerações específicas que possam sustentar uma polémica, alguém deve ser tratado como um réu obrigado a demonstrar que não é um monstro?

5. Não está, em jogo, entenda-se, a maior ou menor simpatia que a figura pública de Kevin Hart possa suscitar. Trata-se antes de saber o que acontece quando o "social" se reduz a um tribunal que criou o seu próprio sistema de leis — eis 10 minutos, de uma só vez fascinantes e perturbantes, de diálogo televisivo.

quinta-feira, junho 28, 2018

Parábola sexual, comédia romântica (2/2)

Com Amor, Simon é aquilo que se poderia chamar uma parábola sexual que não abdica de ser uma comédia romântica — este texto foi publicado no Diário de Notícias (22 Junho), com o título 'As linguagens têm sexo?'.

[ 1 ]

Em cinema, o que define a força de uma narrativa realista não é a mera verosimilhança de cenários e guarda-roupa. É, isso sim, a proximidade existencial das personagens e respectivas acções — numa história contemporânea, poderá ser a sensação de que, directa ou indirectamente, conhecemos pessoas como aquelas que nos são apresentadas no interior de uma determinada história. Com Amor, Simon é um filme com essas qualidades, até porque os seus jovens são interpretados por um magnífico elenco em que é forçoso destacar a complexa sobriedade de Nick Robinson, no papel de Simon (tínhamo-lo visto, por exemplo, em Mundo Jurássico, lançado em 2015).
Por pedagógica ironia, vale a pena referir que a pulsão realista do filme se “desmancha” em dois momentos emblemáticos. Um deles é uma breve e sugestiva sequência musical em que Simon se imagina como protagonista de uma performance organizada a partir do arco-íris da bandeira LGBT — dir-se-ia que o filme quer lembrar que a afirmação de um símbolo pode e deve saber integrar as mais diversas linguagens (incluindo a do cinema musical). A outra, divertidíssima, propõe uma variação daquilo que é, ou parece ser, o drama central de Simon. A saber: a “obrigação” de se assumir como homossexual perante todos os seus interlocutores familiares, escolares e sociais. Que vemos, então? Uma série de personagens a revelar aos outros, em tom de esforçado confessionalismo, um facto insólito: nunca o disseram a ninguém, mas são... heterossexuais!
A comédia (e, em particular, a tradição da comédia de Hollywood) passa por aqui. Entenda-se: não se trata de minimizar, muito menos de ignorar, as formas de marginalização ou repressão dos homossexuais. Trata-se, isso sim, de lembrar que também as linguagens narrativas são polimorfas.

segunda-feira, outubro 10, 2016

Larry Kramer — uma causa e uma revolução

Como se diz no cartaz, "ele assumiu uma causa e inspirou uma revolução": está a passar no canal TV Séries um notável documentário sobre Larry Kramer — esta crónica de televisão foi publicada no Diário de Notícias (7 Outubro), com o título 'O sexo não é tudo'.

Na desoladora rotina da Casa dos Segredos (TVI), tudo é sexo. Sexo mecânico. Sexo instrumental e instrumentalizado. Sexo, dizem eles, para fazer espectáculo e “entretenimento”. Triunfou mesmo a ideia (?) segundo a qual quando mais se aviltar a nobreza do factor humano, mais “entretidos” estão os espectadores.
De facto, o sexo não é tudo. Pode ser mesmo muito pouco para entendermos o que quer que seja. E não precisamos de sair do espaço televisivo para encontrar objectos que nos ensinam uma outra visão da sexualidade. Ou melhor: das sexualidades. Falo de quê? De um espantoso documentário, Larry Kramer: Em Amor e em Cólera (2015), de Jean Carlomusto, a passar no canal TVCine 2 (próximas exibições: dia 12, 16h35; dia 13, 06h50).
No seu centro está o americano Larry Kramer (n. 1935), escritor, dramaturgo, argumentista, personalidade nuclear na defesa dos direitos dos homossexuais (publicou, em 1978, o célebre e polémico romance Faggots). Mais do que isso: como militante da comunidade LGBT, Kramer teve um papel decisivo no combate contra a apatia política e os preconceitos morais que, durante a presidência de Ronald Reagan, condicionaram o conhecimento da sida e o estudo das respectivas formas de tratamento.
Reunindo preciosas informações sobre Kramer (incluindo a evocação da sua peça Um Coração Normal, transformada em filme em 2014 por Ryan Murphy), o documentário de Jean Carlomusto exemplifica uma visão de genuínos valores humanistas, empenhada em lidar com a sexualidade para além de rótulos banalmente sexuais — é o próprio Kramer que sustenta que o conhecimento e reconhecimento social dos homossexuais não pode ser estruturado apenas através do sexo. Que, através de filmes como este, a televisão nos ajude a pensar a complexidade do ser humano, eis um valor precioso que importa defender contra a mediocridade existencial da “reality TV”.

quarta-feira, junho 15, 2016

Orlando [citação]

>>> Para além do horror que sentimos neste momento, sinto que a verdadeira resposta reside num novo sentido de afinidade com todas as outras pessoas LGBTQ que são perseguidas, e com os seus aliados à volta do mundo. A luta pela justiça está apenas a começar e o massacre de Orlando lembra de modo radical quão violenta vai ser, inevitavelmente, essa batalha. Mas como disse Oscar Wilde, 'O mistério do amor é maior que o mistério da morte', e é bem certo que temos o amor do nosso lado.

RUFUS WAINWRIGHT
'Fight for Justice Only Just Begun'
in Rolling Stone, 14 Junho 2016

sábado, setembro 19, 2015

Queer Lisboa abriu com "Praia do Futuro"

Praia do Futuro, coprodução Brasil/Alemanha realizada por Karim Aïnouz [trailer], foi o título oficial de abertura da 19ª edição do Queer Lisboa. Este ano, o festival prolonga-se através de um Queer Porto, a decorrer de 7 a 10 de Outubro.
Com uma programação apostada em revelar novas propostas cinematográficas de temática gay, lésbica, bissexual, transgénero e transsexual, o certame decorre no cinema São Jorge até dia 26, encerrando com a primeira apresentação em salas portuguesas de Eisenstein in Guanajuato, de Peter Greenaway.
As sessões do "Queer Pop" contarão com a participação dos autores deste blog:
— dia 20, 18h30 - Red + Hot: música por uma causa (apresentação: NG).
— dia 26, 18h30 - Björk: o corpo e a natureza (apresentação: NG + JL).

sábado, junho 27, 2015

"Love is love"

No dia 26 de Junho de 2015, o Supremo Tribunal dos EUA estabeleceu que os casais de pessoas do mesmo sexo podem contrair casamento. Foi o dia em que a Casa Branca assumiu as cores do Orgulho Gay, num gesto simbólico que ilustra o modo como uma parte de todas as lutas políticas, legislativas e morais se trava também no domínio das imagens — uma parte certamente rudimentar, mas essencial no mundo polimorfo em que vivemos e comunicamos. O Presidente Barack Obama fez um discurso histórico [video] através do qual, além do mais, a mais bela das redundâncias — "Love is love" — deu entrada no património vivo das palavras políticas.

segunda-feira, agosto 04, 2014

Ruby Rose: a fábula dos sexos


O Neutro não é uma média de activo e de passivo; antes será um vaivém, uma oscilação amoral, em resumo, e se assim se pode dizer: o contrário de uma antinomia. Como valor (proveniente da região Paixão), o Neutro corresponderia à força através da qual a prática social varre e irrealiza as antinomias escolásticas.

Roland Barthes
Edições 70 (Lisboa, 1976)

Ruby Rose — 28 anos, australiana — é uma artista multifacetada que, como modelo, criadora musical ou DJ televisiva, tem trabalhado sobre temáticas LGBT. De acordo com uma lógica pessoal muito particular, a ponto de, recentemente, se ter definido como "gender fluid" [o que poderíamos traduzir, embora de forma aproximada, como de género fluido]. Como ela diz, tende a acordar cada dia como alguém de "género neutro".
O seu pequeno filme (sublinho: filme, não teledisco) Break Free constitui uma prodigiosa e belíssima ilustração dessa indizível neutralidade, afinal capaz de integrar e, em última instância, celebrar todas as diferenças. Escrito, produzido e protagonizado por Ruby Rose, realizado por Phillip R. Lopez, contendo uma canção de Butterfly Boucher (It Pulls Me Under), nele se diz/mostra que a identidade é uma ficção que nos mobiliza até ao mais fundo do nosso ser. Ficção, entenda-se, não como banal artifício de encenação, antes como fábula íntima que, estranhamente, nos pode aproximar da verdade.


>>> Site oficial de Ruby Rose.

domingo, julho 27, 2014

1981-1984: memórias da sida

Um grande filme, sem dúvida um telefilme, marca a actualidade da televisão em Portugal: Um Coração Normal, de Ryan Murphy, revisita os anos dramáticas de descoberta da epidemia da sida — esta crónica de televisão foi publicada na "Notícias TV", do Diário de Notícias (25 Julho), com o título 'Outras memórias da sida'.

Será que as televisões generalistas perderam a capacidade de criar genuínos acontecimentos sociais a partir da ficção... televisiva? Não há, por certo, uma resposta global e definitiva, mas é um facto que algumas das mais importantes produções televisivas dos nossos dias tendem a ser relegadas para horários noctívagos ou, então, apenas surgem nos canais de cabo. Um Coração Normal, de Ryan Murphy, aí está como um significativo exemplo desses desequilíbrios — o filme estreou no TVCine e não será exagerado considerar que se trata, desde já, de um dos acontecimentos maiores do ano televisivo.
É um objecto de televisão, de facto. Tem chancela da HBO e, no seu elenco, conta com nomes tão conhecidos como Mark Ruffalo (nomeado para um Oscar, em 2011, por Os Miúdos Estão Bem), Taylor Kitsch (protagonista de John Carter, superprodução dos estúdios Disney, que já trabalhou sob a direcção de Oliver Stone, em Selvagens) e Julia Roberts. O realizador está ligado à criação de séries tão populares como Nip/Tuck e Glee. Além do mais, um dos produtores dá pelo nome de Brad Pitt, já que a sua empresa Plan B está também envolvida no projecto.
Larry Kramer
Estamos perante a adaptação da peça homónima de Larry Kramer estreada em 1985 (título original: The Normal Heart), por certo um dos textos mais radicais, e também mais representados em palcos de todo o mundo, sobre os primeiros anos da sida. Mais concretamente, a acção situa-se em Nova Iorque, entre 1981 e 1984, e centra-se na personagem de Ned Weeks (Ruffalo), escritor e activista homossexual com um papel determinante na militância para a criação de condições — científicas, sociais e morais — para enfrentar a doença.
São memórias contundentes e desencantadas, cujas ressonâncias autobiográficas o próprio Kramer é o primeiro a reconhecer. Trata-se, sobretudo, de uma visão que dispensa qualquer paternalismo ou piedade, colocando em jogo a vergonhosa indiferença dos poderes políticos, tanto quanto a discussão das contradições ideológicas no interior da comunidade gay. Não é todos os dias que a televisão consegue ser tão rica de ideias e emoções.

>>> Produzido a pretexto do lançamento de Um Coração Normal,  este video da MSNBC, datado de 23 de Maio, inclui um precioso documento: uma entrevista televisiva de Larry Kramer, em 1983.

domingo, fevereiro 09, 2014

Beijos para Vladimir Putin

Os Jogos Olímpicos de Sochi não têm sido empreendimento fácil para Vladimir Putin. A sua realização gerou mais um cenário mediático para muitas formas de contestação da recente legislação russa que tende a limitar a liberdade de expressão [artigo: The Guardian], visando, em particular, os homossexuais e todos aqueles que, segundo a lei, "favoreçam" os seus comportamentos.
Neste contexto, o caso das Pussy Riot voltou às notícias, primeiro com a presença de Masha Alyokhina e Nadia Tolokonnikova no programa The Colbert Report, depois através de um discurso exemplarmente político de Madonna, apresentando-as num concerto da Amnistia Internacional realizado em Nova Iorque. Mais do que isso — e assumindo uma dimensão internacional impossível de escamotear —, numa carta aberta, duas centenas de personalidades do mundo literário e artístico (incluindo, por exemplo, Aki Kaurismäki, David Malouf, E.L. Doctorow, Edward Albee, Elfriede Jelinek, Günter Grass, Jonathan Franzen, Margaret Atwood, Orhan Pamuk, Paul Auster e Tony Kushner) vieram recordar que "uma democracia saudável deve escutar as vozes independentes de todos os cidadãos", sublinhando que "a comunidade global necessita de ouvir e ser enriquecida pela diversidade da opinião russa".
Entretanto, a cantora norueguesa Annie decidiu transformar tudo isso em canção, aliando o seu peculiar electropop a uma galeria de beijos de todas as cores, sexos e estéticas — eis o teledisco.

domingo, junho 30, 2013

Lady Gaga na Gay Pride Parade

Foi em Nova Iorque, sexta-feira, 28 de Junho: na abertura da Gay Pride Parade, Lady Gaga fez um discurso emocionado e emocionante. E não apenas pelo modo como exprimiu toda uma política de solidariedade(s): "A nossa evolução como cidadãos LGBT continua a produzir mudança. E vemos que quanto mais somos capazes de dar a conhecer e partilhar as nossas vidas, mais nos aproximamos dos corações e pensamentos de outros americanos." A criadora de Born This Way soube também criar e partilhar um genuíno momento de star, interpretando o hino nacional americano [video] — com algumas derivações exemplares: "star-spangled banner” transformou-se em star-spangled flag of pride e “home of the brave” em home for the gays.

domingo, março 17, 2013

Madonna e o "medo do desconhecido"

Anderson Cooper (n. 1967), jornalista e apresentador de televisão, responsável pelo programa Anderson Cooper 360º (CNN), foi distinguido este ano com o prémio Vito Russo, atribuído pela associação americana GLAAD (Aliança Gay & Lésbica Contra a Difamação). A apresentação do galardoado esteve a cargo de Madonna que, em pose de escuteiro [foto: instagram.com/madonna/], proferiu um admirável discurso político sobre a discriminação e o direito a todas as diferenças, denunciando as formas de repressão enraízadas no "medo do desconhecido".
Video aqui em baixo. Sobre a proliferação de imagens em que vivemos, uma citação:

>>> "Com as maravilhas da tecnologia acessíveis através dos nossos dedos, vivemos sob a ilusão de que o mundo está mais unido, que as pessoas estão mais familiarizadas umas com as outras, que diminuiu a distância entre um ser humano e outro. Por um lado, isso é verdade; mas, por outro, não é. Acredito que é o contrário que está a acontecer, porque uma imagem não conta mil histórias: uma imagem conta uma versão de mil histórias. E esta suposta intimidade, que julgamos que estamos a ganhar, é falsa — não foi conquistada, é um engano."

domingo, junho 24, 2012

Orgulho LGBT: três histórias em imagens

XIA CAO (interpretando um guarda da Revolução Cultural, em Xangai):
com uma existência marginal, como muitos homossexuais chineses,
vive numa casa de 8 metros quadrados, nas traseiras de um urinol público
— foto de Aly Song/Reuters
SEEMA (mostrando uma fotografia de si próprio, vestido de mulher):
a sua condição de transgénero implica uma identidade ilegal,
sendo forçado a prostituir-se para sobreviver
— foto de Adnan Abidi/Reuters
MORINE (bilhete de identidade, alterado para protecção da privacidade):
embora assumindo desde muito nova a condição feminina,
continua a ser identificada pelo governo do Quénia como "masculino"
— foto de Tobin Jones
Junho é um mês de muitas iniciativas de celebração do Orgulho LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgéneros (em Lisboa, por exemplo, a ILGA promoveu a 13ª Marcha do Orgulho LGBT, no Jardim do Príncipe Real). No excelente blog de fotografia The Big Picture, do jornal The Boston Globe, encontramos um notável portfolio centrado em três histórias pessoais que reflectem experiências tão singulares quanto dramáticas, em contextos de aguda discriminação (China, Índia e Quénia) — o título: LGBT Pride: Three stories.