Clube de fãs dos New Order organiza convívio no cemitério que (tivesse tudo corrido bem) deveria ter acolhido o ilustre residente há 81 anos
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27 January 2018
12 May 2017
HERDAR A FESTA
A Ian Hamilton Finlay (1925–2006), pastor, jardineiro, poeta e artista plástico, devemos os “poemas-objecto” em pedra que implantou no jardim de Little Sparta, perto de Edimburgo – “cada área receberá um pequeno artefacto que reinará como uma pequena divindade ou espírito do lugar” –, a redução drástica do monóstico (poema de um só verso) a uma única palavra e a poesia visual/concreta, publicada na revista que editou, Poor.Old.Tired.Horse, o que lhe assegurou, em exclusivo, o título de "avant-gardener" da cultura britânica. A sua primeira recolha de poesia foi The Dancers Inherit the Party (1960) onde, logo a abrir, se lê: “When I have talked for an hour I feel lousy, not so when I have danced for an hour: the dancers inherit the party while the talkers wear themselves out and sit in corners alone, and glower”. Não é, obviamente, um acaso que o ultimo álbum dos British Sea Power se intitule Let The Dancers Inherit The Party e que, em "Praise For Whatever" se escute Yan Scott Wilkinson cantar “It's such a convoluted hour to play amongst the flowers, when we're counting all the missiles down from three to one to none, and in a world of extremities we all are accessories so let the dancers inherit the party”.
E também não é, de todo, inesperado: se a banda originária do paradisíaco Lake District e transplantada para Brighton já incluía no currículo o magnífico Machineries Of Joy (2013), inspirado em Ray Bradbury, e, em "Georgie Ray" (de Valhalla Dancehall, 2011), fundia Bradbury com George Orwell, invocar, agora, Ian Hamilton Finlay e recorrer a uma biografia de Jaroslav Hašek (The Bad Bohemian) para dar nome a uma canção (e correspondente videoclip de inspiração dada-surrealista via-Kurt Schwitters), é apenas uma muito natural sequência. Confessadamente concebido sobre um pano de fundo de “políticos aperfeiçoando a arte da mentira descarada, das câmaras de eco das redes sociais, dos iscos publicitárion online e dos brinquedos electrónicos que pretendem manter-nos distraídos e atordoados”, o que inquieta esta descendência – tardia mas vibrantemente reconfigurada – dos Echo & The Bunnymen e New Order é, afinal, a resposta urgente a uma pergunta: “Punk prayers, city riots, demagogues and fading lights (…) Mr psychedelic, you're a loveable relic, Mr DIY, are you no longer asking why?”
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12 February 2017
07 February 2017
ANACRONISMOS
Siouxsie & The Banshees - "Hong Kong Garden" (Marie Antoinette, real. Sofia Coppola, 2006)
Na segunda sequência de Once Upon a Time In The West, pretendendo que não restem dúvidas sobre a origem irlandesa da família McBain – que, pouco depois, será implacavelmente chacinada –, Sergio Leone faz questão que uma das personagens trauteie meia dúzia de compassos de "Danny Boy", um quase hino da comunidade irlandesa emigrada. Detalhe relevante: a acção do filme decorre na segunda metade do século XIX mas "Danny Boy" apenas foi escrita em 1910, por Frederic Weatherly. Na verdade, nada de muito grave: deliberados ou involuntários, anacronismos desse género integram a própria natureza do cinema – sempre que nos dispomos a ver um filme, não assinamos necessariamente um pacto de "suspension of disbelief"? Sem recuar demasiado, escutar Siouxsie & The Banshees, New Order, Cure, Bow Wow Wow ou os Gang Of Four lado a lado com Vivaldi, Rameau ou Scarlatti, na banda sonora de Marie Antoinette, de Sofia Coppola (2006), terá sido sequer vagamente escandaloso? Descobrir Madonna, T. Rex, Police, Nirvana ou Elton John na Montmartre "fin de siècle" (onde “eclodirá” também "The Sound Of Music”), em Moulin Rouge, de Baz Luhrmann (2001), despenteou irremediavelmente alguma regra de ouro?
"Smells Like Teen Spirit" (Nirvana - em Moulin Rouge, Baz Luhrmann, 2001)
No território das séries de televisão, no qual boa parte da narrativa audio-visual contemporânea mais interessante ocorre, os exemplos não faltam. Em The Borgias (2011), ilustrar a coroação do papa Alexandre VI com Zadok The Priest, de Haendel, composta só três séculos mais tarde, poderá ter esticado demais a corda. Mas é impossível não falar da recente Westworld. Num universo paralelo – um parque temático "western" virtual habitado por andróides que, à medida que o argumento progride, obrigam a reformular tudo o que supomos saber acerca das fronteiras do humano e da relação com a inteligência artificial –, uma pianola mecânica (sugerida pelo Player Piano, de Kurt Vonnegut) instalada no bordel de Sweetwater (vénia subliminar ao nome do terreno dos McBain, de Leone), de acordo com as exigências do guião, vai extraindo dos rolos de papel perfurado versões instrumentais de "Paint It Black", dos Rolling Stones, "House Of The Rising Sun", dos Animals, "A Forest", de The Cure, "Black Hole Sun", dos Soundgarden, ou "Exit Music (For A Film)", dos Radiohead. Afinal, como justifica Ramin Djawadi, responsável pela música da série, “num 'western' com robots, por que motivo não poderia haver canções modernas tocadas por um robot primitivo (a pianola)?”
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27 December 2014
2014 - Prémio "Álbum de 1983 que deveria ter tido reedição exclusiva para Portugal em 2014"
New Order - Power, Corruption
& Lies"
16 August 2011
ONDE SE COMPROVA QUE AS "NOVAS OPORTUNIDADES"
NEM LARÁPIOS COMPETENTES CONSEGUIRAM FORMAR
New Order - "Thieves Like Us"
"Carlos Wong, o cubano de 56 anos que foi anteontem detido na Trofa a assaltar uma casa, frequentou, em 2008, o programa Novas Oportunidades e conseguiu completar o 12º ano, recebendo do Estado um subsídio de alimentação e transporte".
(2011)
NEM LARÁPIOS COMPETENTES CONSEGUIRAM FORMAR
New Order - "Thieves Like Us"
"Carlos Wong, o cubano de 56 anos que foi anteontem detido na Trofa a assaltar uma casa, frequentou, em 2008, o programa Novas Oportunidades e conseguiu completar o 12º ano, recebendo do Estado um subsídio de alimentação e transporte".
(2011)
18 July 2011
RETROMANIA

Joy Division/New Order - Total/From Joy Division To New Order
Nas primeiras linhas da "Introdução" de Retromania: Pop Culture’s Addiction To Its Own Past, de Simon Reynolds – 458 páginas absolutamente decisivas para a navegação sem demasiados acidentes no oceano da cultura (não exclusivamente) pop contemporânea –, pode ler-se: “Vivemos numa idade pop enlouquecida pelo retro e obcecada por comemorações. Reunificações de bandas e tournées de regresso, álbuns de homenagem e 'box-sets', festivais de aniversário e interpretações ao vivo de álbuns clássicos. Será que o maior perigo para o futuro da nossa cultura musical é... o seu passado? Talvez isto soe desnecessariamente apocalíptico. Mas o cenário que estou a imaginar não é o de um cataclismo mas o de uma gradual perda de gás. A pop chegará ao fim não com um BANG mas com um 'box-set' cujo quarto disco nunca chegaremos a escutar e com um bilhete caríssimo para o concerto em que os Pixies ou os Pavement executarão aquele álbum que ouvimos até ao vómito no primeiro ano da faculdade”.
New Order - "Ceremony"
É capaz de não ser fácil imaginar quanto isto é verdade e de que forma, semanalmente, se vão acumulando caixotes sobre caixotes de reedições de outras reedições anteriores. O catálogo Joy Division/New Order já tinha sido submetido a este processo mas, hélas!, faltava ainda o formato "best of" em edição conjunta. Comprimido em dezoito faixas, só poderia ser severamente incompleto. Mas francamente pior do que isso é o tom patologicamente retromaníaco das "liner notes" de David Quantick que, para demonstrar a superior magnificência da banda de Ian Curtis e descendência directa, lança mais uma outra pazada sobre qualquer vaga hipótese de futuro: “Ainda hoje, podemos silenciar o entusiasmo de um fã adolescente pelo seu grupo de rock favorito, chamando-lhe a atenção para que, seja ele qual for, não é os New Order nem os Joy Division”.

Joy Division/New Order - Total/From Joy Division To New Order
Nas primeiras linhas da "Introdução" de Retromania: Pop Culture’s Addiction To Its Own Past, de Simon Reynolds – 458 páginas absolutamente decisivas para a navegação sem demasiados acidentes no oceano da cultura (não exclusivamente) pop contemporânea –, pode ler-se: “Vivemos numa idade pop enlouquecida pelo retro e obcecada por comemorações. Reunificações de bandas e tournées de regresso, álbuns de homenagem e 'box-sets', festivais de aniversário e interpretações ao vivo de álbuns clássicos. Será que o maior perigo para o futuro da nossa cultura musical é... o seu passado? Talvez isto soe desnecessariamente apocalíptico. Mas o cenário que estou a imaginar não é o de um cataclismo mas o de uma gradual perda de gás. A pop chegará ao fim não com um BANG mas com um 'box-set' cujo quarto disco nunca chegaremos a escutar e com um bilhete caríssimo para o concerto em que os Pixies ou os Pavement executarão aquele álbum que ouvimos até ao vómito no primeiro ano da faculdade”.
New Order - "Ceremony"
É capaz de não ser fácil imaginar quanto isto é verdade e de que forma, semanalmente, se vão acumulando caixotes sobre caixotes de reedições de outras reedições anteriores. O catálogo Joy Division/New Order já tinha sido submetido a este processo mas, hélas!, faltava ainda o formato "best of" em edição conjunta. Comprimido em dezoito faixas, só poderia ser severamente incompleto. Mas francamente pior do que isso é o tom patologicamente retromaníaco das "liner notes" de David Quantick que, para demonstrar a superior magnificência da banda de Ian Curtis e descendência directa, lança mais uma outra pazada sobre qualquer vaga hipótese de futuro: “Ainda hoje, podemos silenciar o entusiasmo de um fã adolescente pelo seu grupo de rock favorito, chamando-lhe a atenção para que, seja ele qual for, não é os New Order nem os Joy Division”.
19 February 2011
SÃO SAUDADINHAS DO TERRE'BLANCHE
(BOM NOME, NUNCA ENGANOU NINGUÉM)
OU O TIPO É MESMO FÃ DOS NEW ORDER?

Berardo defende mudança de sistema político e admite "um novo género de ditadura": "Temos que ter liderança. Tem que haver uma ordem nova de progresso". (ver aqui)
(2011)
(BOM NOME, NUNCA ENGANOU NINGUÉM)
OU O TIPO É MESMO FÃ DOS NEW ORDER?

Berardo defende mudança de sistema político e admite "um novo género de ditadura": "Temos que ter liderança. Tem que haver uma ordem nova de progresso". (ver aqui)
(2011)
29 December 2010
CAÍDOS NO CHÃO DA SALA DE MONTAGEM (II)
(durante o Verão)

The Drums - Album
O Verão é, oficialmente, uma estação, do ponto de vista musical, pouco exigente. Qualquer coisinha que desempenhe, a contento, o papel de gin-tónico sonoro e, se possível, traga acoplado um sistema de ar condicionado, cumpre, instantaneamente, os mínimos exigíveis para ser considerada música-de-Verão. The Drums estão nessa categoria: cópia de cópias dos Cure, New Order, Orange Juice e afins mas... fresquinha.
Jónsi - Go
Com os restantes Sigur Rós em sabática, Jónsi Birgisson – o cantor de timbre quase-castrato – inventa a banda sonora para uma espécie de Disneylândia imaginária. E apercebemo-nos de que a felicidade jorra como leite e mel porque Jónsi se converteu à língua da fada Sininho. Mas, caso tivéssemos dúvidas, as portentosas cavalgadas orquestrais de Nico Muhly arredá-las-iam de vez. O mundo é bom e belo e os anjos cantam.

Vários - Theme Time Radio Hour With Your Host Bob Dylan (Season 2)
A enorme riqueza das “Theme Time Radio Hours” que, entre Maio de 2006 e Abril de 2009, Bob Dylan manteve na Sirius XM Rádio, residia tanto na selecção musical como nos textos, apartes e entrevistas que Dylan incluía como separadores. Aqui, recolhem-se “apenas” 50 faixas da segunda temporada: de Captain Beefheart a Loretta Lynn, não falta quase nada. Só o humor e a sabedoria made in Zimmerman.

The White Stripes - Under Great White Northern Lights (DVD, real. Emmett Malloy)
Um pouco à maneira do que os Sigur Rós haviam realizado também em 2007 e registado no DVD Heima, os White Stripes, em digressão por palcos menos comuns (autocarros, barcos, lares de terceira idade, escolas e salões de bowling) de remotas cidades do Canadá, levantam – mas não demasiado – as cortinas sobre os bastidores e deixam-nos espreitar, em simultâneo, para alguns fragmentos dos concertos.

Los Campesinos! - Romance Is Boring
À terceira investida, Los Campesinos! (Cardiff, UK) inventam um módico de equilíbrio entre uma estética-"over the top" (cordas, sopros, guitarras frenéticas e histeria coral) e sólida filosofia pop traduzida em tiradas como “there’s future in the fucking, but there is no fucking future”, “I love the look of lust between your thighs” ou a memorável “All’s well that ends, I suppose”.
(2010)
(durante o Verão)

The Drums - Album
O Verão é, oficialmente, uma estação, do ponto de vista musical, pouco exigente. Qualquer coisinha que desempenhe, a contento, o papel de gin-tónico sonoro e, se possível, traga acoplado um sistema de ar condicionado, cumpre, instantaneamente, os mínimos exigíveis para ser considerada música-de-Verão. The Drums estão nessa categoria: cópia de cópias dos Cure, New Order, Orange Juice e afins mas... fresquinha.

Jónsi - Go
Com os restantes Sigur Rós em sabática, Jónsi Birgisson – o cantor de timbre quase-castrato – inventa a banda sonora para uma espécie de Disneylândia imaginária. E apercebemo-nos de que a felicidade jorra como leite e mel porque Jónsi se converteu à língua da fada Sininho. Mas, caso tivéssemos dúvidas, as portentosas cavalgadas orquestrais de Nico Muhly arredá-las-iam de vez. O mundo é bom e belo e os anjos cantam.

Vários - Theme Time Radio Hour With Your Host Bob Dylan (Season 2)
A enorme riqueza das “Theme Time Radio Hours” que, entre Maio de 2006 e Abril de 2009, Bob Dylan manteve na Sirius XM Rádio, residia tanto na selecção musical como nos textos, apartes e entrevistas que Dylan incluía como separadores. Aqui, recolhem-se “apenas” 50 faixas da segunda temporada: de Captain Beefheart a Loretta Lynn, não falta quase nada. Só o humor e a sabedoria made in Zimmerman.

The White Stripes - Under Great White Northern Lights (DVD, real. Emmett Malloy)
Um pouco à maneira do que os Sigur Rós haviam realizado também em 2007 e registado no DVD Heima, os White Stripes, em digressão por palcos menos comuns (autocarros, barcos, lares de terceira idade, escolas e salões de bowling) de remotas cidades do Canadá, levantam – mas não demasiado – as cortinas sobre os bastidores e deixam-nos espreitar, em simultâneo, para alguns fragmentos dos concertos.

Los Campesinos! - Romance Is Boring
À terceira investida, Los Campesinos! (Cardiff, UK) inventam um módico de equilíbrio entre uma estética-"over the top" (cordas, sopros, guitarras frenéticas e histeria coral) e sólida filosofia pop traduzida em tiradas como “there’s future in the fucking, but there is no fucking future”, “I love the look of lust between your thighs” ou a memorável “All’s well that ends, I suppose”.
(2010)
18 May 2010
O FILHO DO BISPO ENCONTRA-SE BEM
The Divine Comedy - Bang Goes The Knighthood
Neste álbum, em "Can You Stand Upon One Leg", Neil Hannon sustenta, em falsetto, um sol durante exactamente 28.9 segundos. "Neapolitan Girl", num registo quase-National Geographic, aborda o tema da, alegadamente, mais antiga profissão do mundo e a canção-título desenvolve-o em variante BDSM. Em "At The Indie Disco", num total de vinte e um versos, consegue alojar referências aos Cure, Morrissey, Soft Cell, Blur, New Order, My Bloody Valentine, Pixies, Stone Roses e Wannadies (e, nas imagens do respectivo videoclip, adicionem-lhe duas ou três vezes isso). "I Like" opta pelo estilo de versejar de que “I like the way you make me laugh, I like your brain both left and right half, I like the songs you sing when you’re bathing, I like the dog when he’s behaving” é um exemplo esclarecedor e, se googlarmos a frase “maybe this recession is a blessing in disguise” (de "The Complete Banker"), descobriremos que ela apareceu em dezenas de artigos sobre o último fim do mundo tal como o conhecemos. Na capa, de chapéu de coco, cachimbo, papillon e cálice na mão, Hannon, na banheira, toma um banho de espuma acompanhado pelo tal cão que, às vezes, se porta bem (o que, na circunstância, até parece ser o caso). Será que o filho do bispo de Clogher ensandeceu? Não necessariamente. Mais importante do que isso: de tão destrambelhado cocktail, resulta alguma coisa com a qual valha a pena perder tempo? Resulta, sim.
Coloquemos, então, a questão segundo um ponto de vista darwiniano: na origem das espécies-pop por meio da selecção natural, Neil Hannon foi o Paul McCartney que correu bem. Ambos têm o mesmo ouvido abençoado para detectar uma boa melodia à distância e não a deixar escapar, mas se, seis em cada dez vezes, McCartney a converte em xarope de melaço, Hannon poderá não construir nenhuma catedral de Chartres a partir dela mas também nunca a obrigará a passar vergonhas. O ex-Beatle tem armários atravancados de "Ob-la-di Ob-la-das" e "All Together Nows" mas, nas prateleiras do nano-irlandês, o pior que se descobre é Frank Lampard escondido atrás de uma rima de "The Lost Art Of Conversation". Um, após enviuvar da banda-mãe, imaginou-se o elo perdido entre a tradição sinfónica clássica e o pub da esquina, o outro nunca sonhou mais alto nem mais baixo do que com Scott Walker (e, vá lá, Jacques Brel, Chekhov, Scott Fitzgerald e o festival da Eurovisão).

É por isso que embora, de Promenade a Casanova ou Fin de Siècle, se possam degustar iguarias músico-literárias de finíssimo paladar, caso se tropece num qualquer Bang Goes The Knighthood ou Victory For The Comic Muse (o último, de 2006), poderemos não ter mesa de banquete real garantida mas nunca haverá motivo para receios de desastre irremediável. À nossa espera, estarão sempre um "Down In The Street Below" ou "When A Man Cries" de recorte impecavelmente clássico e (lá está) walkeriano, outro "Have You Ever Been In Love" a seguir o caminho das pedrinhas lançadas por Burt Bacharach, o perverso "jeu de massacre" em vestes de valse-musette de "Bang Goes The Knighthood" ou o sarcástico exercício de investigação sociológica vaudevillizada em "Assume The Perpendicular", para compensar das duas ou três ligeirezas frívolas com que o seriíssimo cavalheiro que faz questão de nos recomendar Graham Greene, Paolo Conte, a Penguin Café Orchestra, as esculturas de Botero ou a série Cosmos, de Carl Sagan, por vezes, insiste em se divertir. Tranquilizai-vos, nada a temer: não há sequer aqui a vaga sombra de um "We All Stand Together".
(2010)
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09 July 2008
EM ALTA-FELICIDADE
Algures em 2004, Marc Colin e Olivier Libaux tiveram a visão de uma jovem brasileira a cantar "Love Will Tear Us Apart", dos Joy Division, à beira do mar de Copacabana, nos anos 60. A visão autojustificou-se através de uma engenhosa sequência de sinónimos (bossa-nova = new-wave = nouvelle-vague) e, entoada no sotaque de Jean-Luc Godard e com o balanço de Jobim, pudemos escutar uma mão-cheia de canções dos Depeche Mode, Clash, Dead Kennedys, XTC, Undertones, Tuxedomoon, PIL, Sisters Of Mercy, Cure, Modern English, Killing Joke, Specials (e, claro, dos Joy Division), pelas vozes tépidas de Camille, Eloisia, Marina, Mélanie Pain, Siljia e Daniela D'Ambrosia. O género de néctar tipicamente estival que, não só teve o mérito de demonstrar como a expressão "música dos anos 80" (para além da referência cronológica) não significa rigorosamente nada, como se converteu no termoregulador de eleição dos momentos mais abrasadores de 2004.
Nouvelle Vague - "Dance With Me"
(Lords Of The New Church) + Bande à Part
(real. Jean Luc Godard):
poderia perfeitamente figurar aqui
Agora, quando o pesadelo "vaga de calor do norte de África" ameaça reentrar no vocabulário, a segunda investida dos Nouvelle Vague chega (não, certamente, por acaso) na altura exacta e — acreditemos no "remake" da ficção original — por via de uma outra revelação: um moço jamaicano, dedilhando à guitarra, na sua "township" de Kingston, "Heart Of Glass", dos Blondie. Reforçando a associação de conceitos inicial, o título (Bande à Part, já antes surripiado para o nome da produtora de Quentin Tarantino) é ostensivamente tomado de empréstimo a um Godard de 1964 mas a prateleira dos condimentos alarga-se para, além da bossa, incluir também a salsa, o calipso, o ska, o rocksteady e, naturalmente, o reggae.
Judiciosa e criteriosamente aplicados a "Killing Moon", dos Echo & The Bunnymen, "Ever Fallen In Love", dos Buzzcocks, "Bela Lugosi's Dead", dos Bauhaus, "Blue Monday", dos New Order, e a vários outros menos previsíveis dos Lords Of The New Church, Yazoo, Billy Idol, The Wake, Cramps, Sound, Heaven 17, Visage e Blancmange. Virou fórmula sazonal destinada a ser posta em prática, todos os anos, por esta altura? Com o aquecimento global a ajudar, é provável que sim. Mas, no capítulo das coisas fáceis, leves e frívolas, concebidas para serem exclusivamente escutadas em aparelhagens de Alta-Felicidade, há que reconhecer que não existe poção muito melhor.
Uma rápida revisão da matéria, no entanto, faz-nos descobrir que a receita foi inventada
já há um bom par de décadas, em Camino Del Sol, das Antena, La Varieté, dos Weekend, e considerável descendência jazz-cool-pop-bossa que, dessas sementes, decorreu. Pelo que se pode dizer que não faltará autoridade e legitimidade histórica ao "come back" de Toujours Du Soleil ("14 chansons bossa/samba/electro avec percussions latines et Moog tropicalia"), embora faça lembrar demasiado e com um atraso um tanto ou quanto embaraçoso, o "cocktail-jazz" de Sade e discípulos afins, por parte de quem (Isabelle Powaga/Antena) deveria, sim, reivindicar os pergaminhos de
fundadora do género. As reedições de The Prince Of Wales, Cardiffians, Tidal Blues e The Shady Tree (de Alison Statton com Ian Devine e Mark "Spike" Williams), por outro lado, ajudam a reconstituir o percurso de Statton pós-Young Marble Giants e pós-Weekend, entre a pop mais leve que o ar, as quase "nursery-rymes" de jardim infantil, uma ou outra partícula de vapor tropical, os bordados acústicos, a grelha minimal, a aguarela sonora impressionista e (em The Shady Tree) as especulações esotérico-matemáticas. Para a temível canícula que se avizinha, recomendam-se, muito especialmente, os dois primeiros.
(2006)

Nouvelle Vague - "Dance With Me"
(Lords Of The New Church) + Bande à Part
(real. Jean Luc Godard):
poderia perfeitamente figurar aqui
Agora, quando o pesadelo "vaga de calor do norte de África" ameaça reentrar no vocabulário, a segunda investida dos Nouvelle Vague chega (não, certamente, por acaso) na altura exacta e — acreditemos no "remake" da ficção original — por via de uma outra revelação: um moço jamaicano, dedilhando à guitarra, na sua "township" de Kingston, "Heart Of Glass", dos Blondie. Reforçando a associação de conceitos inicial, o título (Bande à Part, já antes surripiado para o nome da produtora de Quentin Tarantino) é ostensivamente tomado de empréstimo a um Godard de 1964 mas a prateleira dos condimentos alarga-se para, além da bossa, incluir também a salsa, o calipso, o ska, o rocksteady e, naturalmente, o reggae.
Judiciosa e criteriosamente aplicados a "Killing Moon", dos Echo & The Bunnymen, "Ever Fallen In Love", dos Buzzcocks, "Bela Lugosi's Dead", dos Bauhaus, "Blue Monday", dos New Order, e a vários outros menos previsíveis dos Lords Of The New Church, Yazoo, Billy Idol, The Wake, Cramps, Sound, Heaven 17, Visage e Blancmange. Virou fórmula sazonal destinada a ser posta em prática, todos os anos, por esta altura? Com o aquecimento global a ajudar, é provável que sim. Mas, no capítulo das coisas fáceis, leves e frívolas, concebidas para serem exclusivamente escutadas em aparelhagens de Alta-Felicidade, há que reconhecer que não existe poção muito melhor.
Uma rápida revisão da matéria, no entanto, faz-nos descobrir que a receita foi inventada


(2006)
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23 March 2007
NERVOS MODERNOS

Algures pelo meio de Brava Dança, pareceu-me que teria sido inteiramente apropriado que os realizadores Jorge Pires e José Pinheiro se tivessem lembrado de inserir no corpo do filme esta citação de Fernando Pessoa: “Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural. A coerência, a convicção, a certeza, são, além disso, demonstrações evidentes – quantas vezes escusadas – de falta de educação. É uma falta de cortesia com os outros ser sempre o mesmo à vista deles; é maçá-los, apoquentá-los com a nossa falta de variedade. Uma criatura de nervos modernos, de inteligência sem cortinas, de sensibilidade acordada, tem a obrigação cerebral de mudar de opinião e de certezas várias no mesmo dia”.

É que, não só a matriz ideológica da aventura dos Heróis do Mar se desejou entranhadamente quinto-imperial e pessoana, como, se há coisa de que a trajectória do núcleo de músicos que viajou dos Faíscas aos Madredeus, passando pelo Corpo Diplomático e Heróis, não pode ser acusada é do pecado da coerência: num percurso iniciado como devotos do prog-rock, do dia para noite, converteram-se ao punk, escorregaram, a seguir, agilmente, para a new-wave, envergaram o uniforme “new-romantic” (os Heróis do Mar propriamente ditos, com retoques de cosmética “folclórica”), aderiram à pop dançável facção-New Order e, finalmente, desaguaram na cançoneta acústica de salão, solenemente “lusitana”.
De permanente, terá apenas existido uma obstinação na busca da fórmula ideal capaz de fazer disparar a circulação dos discos – enfim encontrada, de forma consistente, com os Madredeus – e uma certa “trademark” de nacionalismo, mais ou menos “integralista” (Heróis-primeira fase) ou exportável e turisticamente “light” (Madredeus).

E não é possível, sem uma razoável dose de ironia, ver e escutar Pedro Ayres de Magalhães confessar hoje, com a maior candura, quão grande foi a surpresa dos Heróis (que até estiveram para se chamar Raça…) ao defrontarem-se, meia dúzia de anos após o 25 de Abril, com suspeitas de “fascismo” e outros reaccionários pecados, eles que tão aplicadamente reanimaram o catálogo quase completo da iconografia e dos estereótipos “patrióticos” e militaristas do Estado Novo como estratégia de “marketing” deliberadamente ambígua e provocatória. A“pátria”, porém, não estava, então, ainda madura para acomodar tais frescuras e, antes de – de acerto em ajuste – se ter chegado à diluição exacta do princípio activo em Os Dias da Madredeus, os disparos mais certeiros acabaram por ser as frivolidades dançantes de “Amor” e “Paixão”.
Significativamente (com ou sem cruz de Cristo e bélica foto de capa residuais), a compilação que acompanha a estreia do filme chama-se… Amor. Afinal, nas doces praias da Lusitânia, por mais hinos, lanças e estandartes que agitem, os bravos heróis, navegantes e guerreiros nunca deixam de sonhar com o repouso e com os “fringe benefits” das sereias locais. E isso, reconheça-se, é que é coerente e bom. (2007)

Algures pelo meio de Brava Dança, pareceu-me que teria sido inteiramente apropriado que os realizadores Jorge Pires e José Pinheiro se tivessem lembrado de inserir no corpo do filme esta citação de Fernando Pessoa: “Ser coerente é uma doença, um atavismo, talvez; data de antepassados animais em cujo estádio de evolução tal desgraça seria natural. A coerência, a convicção, a certeza, são, além disso, demonstrações evidentes – quantas vezes escusadas – de falta de educação. É uma falta de cortesia com os outros ser sempre o mesmo à vista deles; é maçá-los, apoquentá-los com a nossa falta de variedade. Uma criatura de nervos modernos, de inteligência sem cortinas, de sensibilidade acordada, tem a obrigação cerebral de mudar de opinião e de certezas várias no mesmo dia”.

É que, não só a matriz ideológica da aventura dos Heróis do Mar se desejou entranhadamente quinto-imperial e pessoana, como, se há coisa de que a trajectória do núcleo de músicos que viajou dos Faíscas aos Madredeus, passando pelo Corpo Diplomático e Heróis, não pode ser acusada é do pecado da coerência: num percurso iniciado como devotos do prog-rock, do dia para noite, converteram-se ao punk, escorregaram, a seguir, agilmente, para a new-wave, envergaram o uniforme “new-romantic” (os Heróis do Mar propriamente ditos, com retoques de cosmética “folclórica”), aderiram à pop dançável facção-New Order e, finalmente, desaguaram na cançoneta acústica de salão, solenemente “lusitana”.
De permanente, terá apenas existido uma obstinação na busca da fórmula ideal capaz de fazer disparar a circulação dos discos – enfim encontrada, de forma consistente, com os Madredeus – e uma certa “trademark” de nacionalismo, mais ou menos “integralista” (Heróis-primeira fase) ou exportável e turisticamente “light” (Madredeus).

E não é possível, sem uma razoável dose de ironia, ver e escutar Pedro Ayres de Magalhães confessar hoje, com a maior candura, quão grande foi a surpresa dos Heróis (que até estiveram para se chamar Raça…) ao defrontarem-se, meia dúzia de anos após o 25 de Abril, com suspeitas de “fascismo” e outros reaccionários pecados, eles que tão aplicadamente reanimaram o catálogo quase completo da iconografia e dos estereótipos “patrióticos” e militaristas do Estado Novo como estratégia de “marketing” deliberadamente ambígua e provocatória. A“pátria”, porém, não estava, então, ainda madura para acomodar tais frescuras e, antes de – de acerto em ajuste – se ter chegado à diluição exacta do princípio activo em Os Dias da Madredeus, os disparos mais certeiros acabaram por ser as frivolidades dançantes de “Amor” e “Paixão”.
Significativamente (com ou sem cruz de Cristo e bélica foto de capa residuais), a compilação que acompanha a estreia do filme chama-se… Amor. Afinal, nas doces praias da Lusitânia, por mais hinos, lanças e estandartes que agitem, os bravos heróis, navegantes e guerreiros nunca deixam de sonhar com o repouso e com os “fringe benefits” das sereias locais. E isso, reconheça-se, é que é coerente e bom. (2007)
26 January 2007
Clap Your Hands Say Yeah - Clap Your Hands Say Yeah

A estética do "copy+paste" nada contém de maligno em si mesma. Posso facilmente imaginar um magnífico híbrido sonoro composto da voz de Solomon Burke com a guitarra de Jimi Hendrix e a maquinaria de Brian Eno. Ou Nick Cave, em dueto com Billie Holiday, acompanhado por Bo Diddley e dispondo de Morricone aos comandos da nave. Mas tão belíssimas quimeras apenas conseguiriam ganhar vida própria se o Frankenstein de turno não se satisfizesse com o mero trabalho de corte e costura e, em simultâneo, tratasse de accionar a tecla do "shuffle", procurando atingir aquele plano superior da "random accuracy" onde as partes se esboroariam no todo, gerando um novo e assombroso organismo. A riqueza genética da(s) matéria(s)-prima(s) seria, nauralmente, decisiva. E tanto mais fértil quanto menos explorada anteriormente. É precisamente por contrariar esta última alínea do protocolo laboratorial que o álbum de estreia dos norte-americanos Clap Your Hands Say Yeah é verdadeiramente surpreendente: a voz de Alan Ounsworth é David Byrne via-Gordon Gano (Violent Femmes), as guitarras passam os Velvet Underground pela peneira dos Feelies e o baixo mimetiza todas os graus da escala que vai dos Joy Division aos New Order, passando pelos Cure. Com alguma histeria residual dos Pixies, a elegância mal amanhada de Jonathan Richman e a charanga de ferro-velho que, da Band Of Holy Joy a Tom Waits, muito bons serviços já prestou.
Nada de novo, então?... Errado: algum catalizador desconhecido terá caído, por acidente, no tubo de ensaio, pelo que a criatura CYHSY, apesar de constituída por tecidos com bastante uso, é um espécime bem interessante. Curiosamente, segundo os próprios, a fórmula da poção é outra: Nina Simone, Neil Young, Bob Dylan, Brian Eno, Beach Boys, Temptations, Clash, Phil Spector, Richard Thompson, Springsteen... mais outros tantos. É provável que eles não saibam o que dizem. Tal como nós nunca estaremos muito certos do que fala o surrealismo maltrapilho dos textos (um exemplo só e logo o primeiro: "Run the lip off sunshine shore, betray white water, delay dark forms, slap young waves on wooden bones, don't touch the laughter and away we go"). Não importa. Por uma vez, é possível dizer "believe the hype!" sem problemas respiratórios.

A estética do "copy+paste" nada contém de maligno em si mesma. Posso facilmente imaginar um magnífico híbrido sonoro composto da voz de Solomon Burke com a guitarra de Jimi Hendrix e a maquinaria de Brian Eno. Ou Nick Cave, em dueto com Billie Holiday, acompanhado por Bo Diddley e dispondo de Morricone aos comandos da nave. Mas tão belíssimas quimeras apenas conseguiriam ganhar vida própria se o Frankenstein de turno não se satisfizesse com o mero trabalho de corte e costura e, em simultâneo, tratasse de accionar a tecla do "shuffle", procurando atingir aquele plano superior da "random accuracy" onde as partes se esboroariam no todo, gerando um novo e assombroso organismo. A riqueza genética da(s) matéria(s)-prima(s) seria, nauralmente, decisiva. E tanto mais fértil quanto menos explorada anteriormente. É precisamente por contrariar esta última alínea do protocolo laboratorial que o álbum de estreia dos norte-americanos Clap Your Hands Say Yeah é verdadeiramente surpreendente: a voz de Alan Ounsworth é David Byrne via-Gordon Gano (Violent Femmes), as guitarras passam os Velvet Underground pela peneira dos Feelies e o baixo mimetiza todas os graus da escala que vai dos Joy Division aos New Order, passando pelos Cure. Com alguma histeria residual dos Pixies, a elegância mal amanhada de Jonathan Richman e a charanga de ferro-velho que, da Band Of Holy Joy a Tom Waits, muito bons serviços já prestou.
Nada de novo, então?... Errado: algum catalizador desconhecido terá caído, por acidente, no tubo de ensaio, pelo que a criatura CYHSY, apesar de constituída por tecidos com bastante uso, é um espécime bem interessante. Curiosamente, segundo os próprios, a fórmula da poção é outra: Nina Simone, Neil Young, Bob Dylan, Brian Eno, Beach Boys, Temptations, Clash, Phil Spector, Richard Thompson, Springsteen... mais outros tantos. É provável que eles não saibam o que dizem. Tal como nós nunca estaremos muito certos do que fala o surrealismo maltrapilho dos textos (um exemplo só e logo o primeiro: "Run the lip off sunshine shore, betray white water, delay dark forms, slap young waves on wooden bones, don't touch the laughter and away we go"). Não importa. Por uma vez, é possível dizer "believe the hype!" sem problemas respiratórios.
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