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20 July 2017

Au Revoir Simone - "A Violent Yet Flammable World"

(de Twin Peaks, 3ª temporada)

21 June 2009

SER DE BROOKLYN
 

  Grizzly Bear - Veckatimest
 
 

Dirty Projectors - Bitte Orca
 
Aquilo que de, provavelmente, melhor a chamada "Brooklyn scene" tem é o facto de, em comum com as habituais "scenes", apenas partilhar, na realidade, o território geográfico do município de Nova Iorque baptizado a partir da cidade holandesa de Breukelen. Tirando isso – o "ser de Broolyn" ou viver lá – pouco mais se poderá encontrar de semelhante em bandas e músicos como Vampire Weekend, High Places, St Vincent, Yeasayer, Animal Collective, Au Revoir Simone, Sufjan Stevens ou My Brightest Diamond. Ou, agora, Grizzly Bear e Dirty Projectors.
 

 
Veckatimest – nomeado a partir de uma minúscula ilha deserta próxima de Cape Cod... pronto, estabeleçam, se assim o desejarem, a ligação com os Vampire a partir daqui –, terceiro álbum da banda de Daniel Rossen, Ed Droste, Chris Taylor e Christopher Bear, é uma pequena jóia de pop detalhadamente burilada que talvez possa ser mais facilmente circunscrita se se falar das afinidades que suscita. A saber, personalidades musicais tão diversas como Paul Simon ou os Radiohead que já declararam publicamente a sua devoção. Não seria impossível desenhar um ponto de intersecção entre as músicas de ambos – raíz folk sofisticadamente academizada e complexidade pop-rock – e, por aí, descobrir o território onde os Bear se sentem confortáveis, na companhia dos arranjos de cordas subliminarmente precisos de Nico Muhly e das imponderabilidades corais herdadas dos Beach Boys. 
 

O fã ilustre de serviço dos Dirty Projectors é David Byrne mas, se a referência Talking Heads não é, de todo, despropositada, a formidável música da banda do diplomado em composição por Yale, Dave Longstreth, é algo de bastante menos definível, num bizarro polígono entre o aracnídeo "high-life" africano, Jimmy Page, as "disco car ad harmonies" das sereias Angel Deradoorian e Amber Coffman (pensem Nigéria em Bollywood) e, sim, acreditem, Nico. (2009)

07 June 2009

ALIÁS, COM MUITA GRAÇA



Au Revoir Simone - Still Night, Still Light

Não passaria pela cabeça de ninguém encostar o cano de uma arma aos adoráveis temporais de Erika, Heather e Annie e exigir-lhes que, ao terceiro álbum, operassem rupturas radicais na sua particular derivação da pop minimal dos Young Marble Giants. Até porque continuamos sem saber quão diferente seria um segundo álbum dos Giants. Mas as três sílfides * de Brooklyn não deverão levar a mal se lhes dissermos que aquilo a que – aliás, com muita graça, meninas... – chamam "dreamy electronic lo-fi keyboard pop", continuando a ser o fundo sonoro ideal para um confortável despertar burguês com "breakfast-in-bed" e vista sobre o Amstel, não perderia nada se, aqui e ali, começassem a introduzir um ou outro discreto elemento de perturbação. Os "laurieandersonismos" de "Only You Can Make You Happy" ou a espartana austeridade sonora de "Take Me As I Am", por exemplo, ficam-lhe muito bem.



* tenho consciência de que me repito; mas definições como "The term originates in Paracelsus, who describes sylphs as invisible beings of the air, his elementals of air" ou "a term for minor spirits, elementals, or faeries of the air. Fantasy authors will sometimes employ sylphs in their fiction. Sylphs could create giant artistic clouds in the skies with their airy wings" que aqui se oferecem continuam a parecer-me estranhamente pertinentes. Prometo não reincidir.

(2009)

26 December 2007

MÚSICA 2007 - II (CD & DVD)
(a classificação, por ordem decrescente, deverá ser vastamente relativizada)



21 - Jenny Owen Youngs - Batten The Hatches
22 - Kevin Ayers - The Unfairground
23 - Crippled Black Phoenix - A Love Of Shared Disasters
24 - PJ Harvey - White Chalk
25 - Lucky Soul - The Great Unwanted
26 - Au Revoir Simone - Bird Of Music
27 - Laura Veirs - Saltbreakers
28 - The Mary Timony Band - The Shapes We Make
29 - Laub – Deinetwegen
30 - Skeletons And The Kings Of All Cities – Lucas
31 - Björk – Volta
32 - Vários - Plague Songs
33 - Nina Nastasia & Jim White - You Follow Me
34 - Ray’s Vast Basement - Starvation Under Orange Trees
35 - Holly Golightly & The Brokeoffs - You Can’t Buy A Gun When You’re Crying
36 - Tomahawk – Anonymous
37 - Ego Plum & The Ebola Music Orchestra – The Rat King
38 - Irene - Long Gone Since Last Summer
39 - The Most Serene Republic – Population
40 - Ai Phoenix - The Light Shines Almost All The Way

21 April 2007

O “FAKE” COMO ARTE


Lucky Soul - The Great Unwanted



Au Revoir Simone - The Bird Of Music

Um naco da filosofia de Andy Warhol: “Ando a ver se me decido entre ser sincero ou fingir que o sou. Sempre pensei que toda a gente fingia. Mas, agora, sei que não é assim. Não tenho a certeza se devo fingir que tudo é verdade ou que tudo é falso. Não sei se está a ver: é que, para que uma coisa se tornasse verdadeira, eu teria que a fingir”. É possível que não tenham reparado mas acabaram de vos cair no colo as coordenadas éticas/estéticas de que necessitam para saborear sem preconceitos nem sentimentos de culpa os dois monumentos (estou a pesar cuidadosamente as palavras) do mais puríssimo “fake” que são The Great Unwanted e Bird Of Music: tanto os Lucky Soul como as Au Revoir Simone fingem tão completamente que chegam a fingir que é pop a pop que deveras sentem.



Ali Howard não poderia ser mais sincera no seu fingimento de Debbie Harry – que é tão sentido e autêntico que incorpora também Sandie Shaw, Dusty Springfield, Petula Clark, Diana Ross e Ronnie Spector – e os restantes Lucky Soul (origem: Greenwich, Londres), com a mais profunda convicção, simulam viver nos anos dourados da Tamla Motown e terem sido colegas de escola das Supremes, Shangri-Las, Ronettes ou Shirelles. O que, no admirável mundo da mentira wildeana (ou da simulação de Warhol), é, evidentemente, verdade e oferece o bónus sem preço de uma mão-cheia de pop-pop-pop gloriosamente clássica, daquela que, vinte segundos após ter disparado em corrida, explode no fogo-de-artifício de ofuscantes refrões que se agrafam irremediavelmente aos tímpanos.



Erika Forster, Heather D’Angelo e Annie Hart, as três sílfides de Brooklyn foragidas de um sonho húmido de David Hamilton (ou de David Lynch, fã confesso que as descreveu como “innocent, hip and new"), essas, alimentam diariamente a ilusão de a Casio-pop de porcelana de Bird Of Music – Sofia Coppola bem poderia ter esperado alguns anos para fazer dela a banda sonora de Virgin Suicides – ser, na verdade, o segundo álbum “perdido” dos Young Marble Giants de que nem Stereolab nem Broadcast tiveram a arte de sintonizar a alma para o poder canalizar no plano terreno. Não ousemos duvidar: o nome do trio poderá ter sido tomado de empréstimo a Pee Wee’s Big Adventure, de Tim Burton, mas apenas Alison Statton (aliás, Erika) poderia cantar “Let the sunshine, let it come, to show us that tomorrow is eventual”. (2007)