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04 June 2008

MONTGOLFIÈRE *


The Montgolfier Brothers - Seventeen Stars

Este é um disco antigo. Não é um disco muito antigo mas é um disco antigo. Por acaso, acabado de gravar e publicar agora mesmo. O que não é necessariamente mau (até é um disco muito bom) e é substancialmente melhor do que um disco velho. Os Oasis, os Radiohead, os Belle & Sebastian são velhos, irremediável e desgraçadamente velhos. Os Montgolfier Brothers — tal como os seus homónimos "frères", pioneiros da navegação aérea — são antigos. Antigos como Robert Wyatt, como os Gist, como Kevin Ayers, como os Go-Betweens, como os Durruti Column (menos os afectados maneirismos barrocos), como a Virginia Astley de From Gardens Where We Feel Secure (menos o lado irritantemente bucólico/campestre). E modernos como o foram os Young Marble Giants, os Blue Nile, Pascal Comelade, Momus e It's Immaterial. Eu disse-vos que era um disco antigo. E não escondi que era um disco muito bom e bonito.
 

Pelo meio, há a história (é a história da própria canção "Seventeen Stars" que dá o título ao disco, erguida sobre três ou quatro acordes, com introdução e final radicalmente lacónicos) de uma viagem pela costa do sul de França, de Bordeaux ao Bassin d'Arcachon, mas isso é só um pequeno pormenor deste "travelogue" interior que, quase sem querer, entre outras preciosidades, nos deposita nas mãos três miniaturas absoluta e irredutivelmente clássicas como "Even If My Mind Can't Tell You", "In Walks A Ghost" e "Une Chanson Du Crépuscule" (assuntos da dimensão, e ainda mais, digo-vos eu, de "Love At First Sight"). É uma coisa muito secreta como foram as Deux Filles e Jane & Barton de 80 de que só nós (ninguém se acuse) sabemos. Agora — é uma proposta irrecusável da omnipotente seita oculta — é obrigatório compreender que voar de balão numa "montgolfière" (Richard Branson não tem nada a ver com isto) é equivalente a vinte pastilhas de "E" e que Seventeen Stars é simultaneamente um radical desafio à lei da gravidade e o mais perfeito diário de bordo de uma viagem literalmente mais leve do que o ar. Bem vindos a bordo da baixa tecnologia aeronáutica.