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16 March 2008

SINFONIAS QUÂNTICAS



Opiate - While You Were Sleeping

Thomas Knak, um terço dos dinamarqueses Future 3 (os outros dois terços são Jasper Skaaning e Anders Remmer, identificáveis também em Acustic, Altra e Dub Tractor), é Opiate. E While You Were Sleeping, como também, noutro plano, o recente Chiff-Chaffs & Willow-Warblers de Minotaur Shock, é uma delicada e minuciosa orquestra electrónica de câmara de um único executante dedicada à confecção de hologramas em miniatura que reproduzem sonoramente o movimento browniano das partículas, uma poética ultramicroscópica do infinitamente pequeno transposta para o contexto musical:



altura, timbre, volume e duração como unidades fractais mínimas, filigranas de "mobiles" calderianos suspensos sobre o universo electro-acústico, imobilizações e repetições de um único compasso num eco em espiral sobre si mesmo, o cruzamento de reflexos e refracções de luz convertidos em vibração audível, o processo de replicação viral observado em caldo de cultura digital. Colaborador de Björk em Vespertine (de que aqui é recuperada a matriz quintessencial de "Undo"), Thomas Knak dá-nos a ouvir as rarefeitas sinfonias quânticas misteriosamente alojadas na matéria e, de súbito, somos todos monges zen e extáticos sufis. (2002)

13 August 2007

THE BROTHERHOOD OF THE UNKNOWN * (I)

(* segundo David Thomas: "The first Pere Ubu record was meant to be something that would gain us entry into the Brotherhood of the Unknown that was gathering in used record bins everywhere")




Minotaur Shock - Chiff-Chaffs & Willow-Warblers

Tudo começou quando David Edwards decidiu apropriar-se do computador Atari de um budista de partida para o Tibete em demanda espiritual. Em lógica sequência, vendeu-o a um hippy e comprou um PC. O resultado foi a transformação de Edwards em Minotaur Shock, dois EP iniciais — Bagatelle e Motoring Britain — e, agora, este primeiro CD de longa duração. Tal como aos igualmente óptimos Manitoba e Boards Of Canada (ou aos bem mais antigos Ultramarine), foi-lhe colado o rótulo de "folk-tinged electronica" ou "futuristic fractured folk-music". A preguiça catalogadora é o que é mas até nem tem mal. Embora Chiff-Chaffs & Willow-Warblers seja consideravelmente mais do que isso.



O quê, então? Talvez a banda sonora para uma narrativa serenamente esquizóide realizada a partir de vertiginosas flutuações de "pitch" como ondulações de maré, interferências de rádio sobre extáticas transcrições sonoras do momento da aura epiléptica, obstinações de micro-melodias justapostas a frenesins de arritmia caótica, aguarelas bucólicas para rebanho, jardim zen e estenografia dadaísta, polaróides do luar nos Alpes de Urano, estilhaços microscópicos de ornamentos barrocos enxertados num monólogo de insectos, exercícios de aquecimento para os primeiros três segundos de uma cerimónia de defuntos, divertimentos para caixa de música e pianola num circo de gnomos, "rêveries" de absinto vertido a conta-gotas sobre uma paisagem de Legos, coreografias mecânicas para um exército liliputiano no palco de um clube de jazz. Provavelmente, a música que se escutará quando ao engenho do universo começar a faltar a corda. (2002)