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23 April 2013

DING DONG! 

Red Wedge Tour


“When England was the whore of the world, Margaret was her madam”, escreveu e cantou Evis Costello em "Tramp The Dirt Down" (sétima faixa de Spike, publicado em Fevereiro de 1989), um dos mais fétidos vómitos de ódio alguma vez vertidos por um autor pop sobre uma figura política. Invectivando Margaret Thatcher por ela, aparentemente, supor que todo o povo inglês lhe deveria estar grato, “look proud and pleased, because you've only got the symptoms, you haven't got the whole disease”, Costello enterrava o punhal até ao fundo e não pesava as palavras: “I hope I don't die too soon, I pray the Lord my soul to save, oh I'll be a good boy, I'm trying so hard to behave, because there's one thing I know, I'd like to live long enough to savour, that's when they finally put you in the ground, I'll stand on your grave and tramp the dirt down”. O fel já fermentava há muito: no rescaldo da Guerra das Falklands/Malvinas (o tal arquipélago que Adrian Mole só a custo conseguiu descobrir no mapa, debaixo de uma migalha de bolo), em Punch The Clock (1983), "Pills And Soap", sibilava ameaças, entre dentes (“The sugar coated pill is getting bitterer still, you think your country needs you but you know it never will”), e "Shipbuilding", oferecida à voz desencarnada de Robert Wyatt, era um requiem envenenado.

The Specials - "Ghost Town"

Não foi a metralha cultural pop a afastar Thatcher do poder mas Costello esteve muito longe de ser o único a quem a personagem de valquíria (do nórdico arcaico, "a que escolhe os que irão morrer") socialmente devastadora de Thatcher despertou pulsões vingadoras: em Viva Hate (1988), Morrissey, docemente, insinuava “The kind people have a wonderful dream, Margaret on the guillotine”, The Beat reivindicavam 'Stand Down Margaret', Pete Wylie e os Hefner sonhavam com 'The Day That Thatcher Dies', e os Pink Floyd, Specials, The The ou o colectivo Red Wedge (vários dos anteriores mais Billy Bragg, Paul Weller, Jimmy Somerville, Lloyd Cole e diversos outros) agitaram quanto puderam. Já na altura, contudo, Costello não tinha dúvidas: “Podemos supor que uma canção contém algum potencial de mobilização mas isso pouco significa se estivermos a cantar para um grupo de pessoas que já comunga dos nossos pontos de vista. É a forma como o fazemos que importa”.

The Knife - "Full Of Fire"

É exactamente isso que, em contexto cultural inteiramente distinto, continua, agora, a preocupar o duo sueco The Knife, que, no monumental duplo Shaking The Habitual, afirma desejar “investigar o que poderá ser, hoje, uma canção de protesto: poderá ela integrar diferentes perspectivas sobre o mesmo tema, em vez de propor uma resposta?” A realidade, porém, tê-los-á esclarecido bem mais depressa do que esperariam: a canção que, para os seus eternos opositores, celebra – com a previsível controvérsia –, o desaparecimento de Thatcher é "Ding Dong! The Witch Is Dead", da banda sonora do filme O Feiticeiro de Oz. Apressadamente reeditada no dia seguinte à morte da ex-primeira ministra, em seis dias, atingiu o 2º lugar do top de singles da BBC Radio 1. A polissemia pop ou, se preferirmos, o "détournement" situacionista, são inesgotáveis.

17 April 2013

VINTAGE (CXL)
 
The The - "Heartland" 




Beneath the old iron bridges, across the victorian parks,
And all the frightened people running home before dark,
Past the Saturday morning cinema
That lies crumbling to the ground,

And the piss stinking shopping centre in the new side of town.
I've come to smell the seasons change and watch the city,
As the sun goes down again.

 

Here comes another winter of long shadows and high hopes,
Here comes another winter, waitin for utopia,
Waitin for hell to freeze over.

 

This is the land, where nothing changes,
The land of red buses and blue blooded babies,
This is the place, where pensioners are raped, 

And the hearts are being cut, from the welfare state,
Let the poor drink the milk, while the rich eat the honey,
Let the bums count their blessings, while they count the money.

So many people, can't express what's on their minds,
Nobody knows them and nobody ever will,
Until their backs are broken and their dreams are stolen,

And they can't get what they want, then they're gonna get angry!
Well it ain't written in the papers, but it's written on the walls
The way this country is divided to fall,
So the cranes are moving on the skyline

Trying to knock down this town
But the stains on the heartland, can never be removed,
From this country, that's sick, sad, and confused.

Here comes another winter...

The ammunition's being passed, and the lords been praised,
But the wars on the televisions will never be explained,
All the bankers gettin sweaty, beneath their white collars,
As the pound in our pocket, turns into a dollar.

This is the 51st state of the U. S. A.