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terça-feira, 29 de abril de 2025

Aracaju sob o olhar da literatura de cordel

Crédito da foto: Lízia Martins

Artigo compartilhado do site da PMA, de 24 de março de 2009 

Aracaju sob o olhar da literatura de cordel

Além de inspirar diversos escritores, historiadores, poetas e até mesmo músicos, a cidade de Aracaju também é retratada sob a ótica de uma das antigas modalidades de literatura no mundo: o cordel. Por entre as páginas dos pequenos e curiosos livrinhos é possível encontrar relatos sobre a história da capital sergipana, fatos que marcaram o percurso político e econômico e personagens que deixaram sua marca na construção e no desenvolvimento urbano da primeira cidade brasileira a ser projetada.

Nos versos de Roque Salvador dos Santos, que fazem parte do cordel "Progresso de Aracaju, a Capital do Petróleo: pequeno resumo da vida de Sergipe, passado e presente", fica bastante claro o papel que as ruas do Barão - que na década de 1930 já se chamava rua João Pessoa - e Laranjeiras já exerciam no centro econômico da cidade. "A velha Rua do Barão/João Pessoa hoje chamada/Com Laranjeiras ponto chave/Do comércio do passado/Ponto de tradição/Do meio mais elevado".

Os festejos de carnaval e outros eventos em Aracaju tinham como palco a praça Fausto Cardoso, erguida em homenagem ao bravo deputado que liderou a revolta contra as oligarquias de Sergipe, no início do século XIX. Nos livrinhos de cordel, lugares históricos como as praças do centro - complexo que inclui as praças Monsenhor Olímpio Campos e Almirante Tamandaré - são retratados com a riqueza de detalhes que somente um poeta apaixonado pela cidade pode fazer.

Texto e imagem reproduzidos do site: www aracaju se gov br

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Deputados aprovam PL que valoriza atividades de cantador e cordelista

Foto: Prefeitura de Aracaju

 

Publicação compartilhada do site da ALESE, de 31 de janeiro de 2022

 

Deputados aprovam PL que valoriza atividades de cantador e cordelista 


Por Shis Vitória  


Rimas, musicalidade dos versos, figuras do folclore e costumes locais são características do universo da literatura de cordel.  A Assembleia Legislativa de Sergipe com o intuito de enaltecer o trabalho de artistas populares aprovou o Projeto de Lei Complementar Nº 103/2019 de autoria do deputado Iran Barbosa (PT), que reconhece e valoriza as atividades de cantador e cordelista como profissões artísticas. 


“O objetivo é garantir o reconhecimento desses artistas e fazedores de cultura como profissionais que trabalham com a poesia popular, o canto, o repente, o cordel e valorizar como parte da cultura sergipana”, enfatiza Iran Barbosa que é membro da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Alese. 


O texto também considera poetas cantadores, os intérpretes de gêneros musicais populares, incluindo o coco, violeiros improvisadores, emboladores e aboiadores. 


Políticas Públicas 


A lei que dispõe sobre ações de reconhecimento e valorização das atividades de Cantador e Cordelista, e estabelece diretrizes para as políticas públicas em Cultura, Turismo e Educação, no âmbito do Estado de Sergipe, voltadas para o incentivo da Literatura de Cordel e da Cantoria, foi publicada no Diário Oficial Nº 28.586, em 15 janeiro de 2021.  


Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br 

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Biblioteca Epiphanio Dória celebra o Dia do Cordelista

Evento ocorreu na última sexta-feira, 19 - Foto: Paula Touquinho/Seduc

Publicação compartilhada do site do Portal INFONET, em 22 de novembro de 2021 


Biblioteca Epiphanio Dória celebra o Dia do Cordelista 


Um dos maiores símbolos da cultura nordestina, o cordelista, foi o grande homenageado nesta sexta-feira, 19 de novembro, na Biblioteca Pública Epiphanio Dória. O Dia do Cordelista – data  que homenageia o nascimento do poeta brasileiro Leandro Gomes de Barros, considerado o pioneiro da literatura de cordel no país, foi celebrado com um Ciclo de Debates promovido pela Sala de Cultura Popular da BPED e contou com a presença de: Chiquinho Além Mar, Hermany Donato, Lindolfo Amaral, Daniela Bento, Dona Alda Cruz, Claudia Nên e ainda a participação especial de Jackson da Silva Lima. 


Além do Ciclo de Debates, o evento também contou com  uma exposição no Hall da BPED, composta da seguinte forma: Box do Cordel;  Xilogravura e uma escultura em tamanho humano de um cordelista à moda antiga, feita com materiais reciclados, vestido de terno e chapéu de couro, com um som interno recitando de maneira contínua os versos Aceroleira e Dom Quixote Sergipano, do cordelista sergipano Eduardo Teles.

 

Juciene Maria de Jesus, diretora da BPED, fez a abertura do evento, dando às boas-vindas aos participantes. “É um dia especial, no qual, além de celebrar, estamos homenageando os poetas sergipanos da literatura de Cordel que têm a arte de contar histórias e escrever versos. A literatura de Cordel é um gênero literário muito importante, que se confunde até com a história do Brasil, com a história do Nordeste e de Sergipe, e foi por meio dos folhetos da Literatura de Cordel que muitos nordestinos aprenderam a ler. A Biblioteca Epiphanio Dória faz questão de preservar essa história, promovendo sempre eventos direcionados para o cordel”, destacou. 


A coordenadora da Sala de Cultura Popular Manuel D’Almeida Filho, Claudia Nên, que também foi uma das palestrantes, falou sobre a importância de preservar e celebrar esse gênero literário tipicamente brasileiro, marcado pelo ritmo e pela poesia, que trazem consigo a tradição das histórias contadas. “Foi, sem dúvidas, um encontro muito  relevante, no qual os participantes tiveram acesso a palestras, debates, exposições, cordelistas, xilogravuras, ferramentas e venda de cordéis”. Questionada sobre a presença da escultura em tamanho humano de uma cordelista, Claudia explicou: “A ideia foi mostrar como alguns cordelistas costumavam carregar sua “maleta” cheia de cordéis e sair pelas feiras do interior do nordeste vendendo suas obras”, finalizou.

 

Segundo Jackson da Silva Lima, historiador, escritor e crítico literário, o cordel é a alma do próprio povo, no seu sentido poético. Nas palavras dele, por meio da poesia, o poeta interpreta esse extrato cultural próprio do povo e a leva para os seus livros numa linguagem acessível ao próprio povo destinatário. “Eventos com esse é o que dá dignidade ao povo como centro cultural, como canal receptor de um acervo cultural significativo, que são os romances, as disputas poéticas, os gracejos. Então, a meu ver, o cordel cuida de coisas próprias do povo. E quando se faz um movimento como esse, quando se cria uma sessão de cordel,  é uma maneira de homenagear, uma maneira de glorificar a cultura desse povo”, ressaltou. 


Presente no evento, a cordelista de São Cristóvão, Dona Alda Cruz,  falou sobre a importância do cordel em sua trajetória de vida. “O cordel nasceu comigo. Eu tinha quatro anos quando minha mãe já comprava cordel na feira e lia para mim e meus irmãos. À medida que fomos crescendo, nós fomos  passando de um para o outro até chegarmos à idade adulta, e hoje aos 92 anos de idade, eu posso dizer  que o cordel faz parte da minha vida, da minha existência e fará também dos meus sucessores. Estou muito feliz com o convite para participar deste evento e celebrar o Dia do Cordelista aqui na Biblioteca”, explicou. 


Fonte: Ascom/Seduc 


Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Governo sanciona lei que valoriza atividades de cantador e cordelista

Objetivo é garantir o reconhecimento desses
 artistas e fazedores de cultura como profissionais 
que trabalham com a poesia popular, canto, repente e o cordel.
Foto: Heitor Xavier

Publicado originalmente no site do Portal INTONET, em 15 de janeiro de 2021

Governo sanciona lei que valoriza atividades de cantador e cordelista

A lei que dispõe sobre ações de reconhecimento e valorização das atividades de Cantador e Cordelista, e estabelece diretrizes para as políticas públicas em Cultura, Turismo e Educação, no âmbito do Estado de Sergipe, voltadas para o incentivo da Literatura de Cordel e da Cantoria, foi publicada no Diário Oficial nº 28.586, de 15 janeiro de 2021.

A autoria é do deputado estadual Iran Barbosa (PT) e, segundo a propositura, o objetivo é garantir o reconhecimento desses artistas e fazedores de cultura como profissionais que trabalham com a poesia popular, com o canto, com o repente, e com o cordel, e valorizar esses profissionais como parte da cultura sergipana.

O texto também considera poetas cantadores, os intérpretes de gêneros musicais populares, incluindo o coco, violeiros improvisadores, emboladores e aboiadores. Xilogravurista é o artesão que produz gravura em madeira, entalhando um desenho, reproduzido posteriormente em papel.

Além disso, o projeto prevê recursos incluídos na Lei Orçamentária Anual (LOA) para publicação de três folhetos de cordel e um CD para Cordelista, de um CD ou DVD para cantador em atividade, de dez trabalhos de xilogravura para cada xilogravador e incentivo financeiro para espaços de exposição de literatura em cordel, cantoria e xilogravura existentes em Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Alese aprova Projeto que valoriza e estimula a Literatura de Cordel

Foto: Valesca Montalvão

Publicado originalmente no site do CINFORM, em outubro de 2020

Alese aprova Projeto que valoriza e estimula a Literatura de Cordel

Da Redação

Sergipe terá lei que cria o Dia Estadual dedicado à Literatura de Cordel e institui mecanismos de valorização e estímulo a essa forma tradicional de escrever poesia. O projeto de Lei foi uma iniciativa do deputado estadual Iran Barbosa, do PT; foi construído em diálogo com cordelistas de Sergipe; e foi aprovado na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), na sessão desta quarta-feira, 30.

O Projeto de Lei Nº 104/2019, aprovado por unanimidade, institui, no âmbito do Estado de Sergipe, o 19 de julho como Dia Estadual da Literatura de Cordel, além de determinar outras providências que buscam reconhecer, valorizar e estimular a Literatura de Cordel.

A data é uma homenagem a um dos grandes ícones do Cordel em Sergipe e no Brasil, João Firmino Cabral. Foi nesse dia em que o sergipano, patrono da primeira Cordelteca do país, que funciona na Biblioteca Pública Clodomir Silva, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura de Cordel. A propositura aguarda sanção do governador do Estado.

Segundo Iran, o projeto tem como objetivo preservar e manter viva a Literatura de Cordel, tendo sido fruto de uma construção coletiva.

“O projeto nasceu do diálogo e da fundamentação construída pelos próprios cordelistas e eu fui apenas o porta-voz deles, inicialmente na Câmara Municipal de Aracaju, quando instituímos o Dia Municipal da Literatura de Cordel, e, agora, na Assembleia Legislativa. Portanto, o seu conteúdo reflete o desejo e as necessidades desses poetas e artistas populares. Fico muito feliz de que o projeto tenha sido aprovado com o reconhecimento unânime dos colegas parlamentares, reforçando a importância da matéria para a Cultura do nosso estado e para o fortalecimento do Cordel, que é uma marca da nossa gente”, comemorou Iran Barbosa.

Sobre a aprovação do Projeto de Lei, a cordelista Izabel Nascimento comentou que “uma lei que fortalece o Cordel em Sergipe é muito importante, principalmente num momento em que a cultura se faz ainda mais necessária nas sociedades. O deputado Iran Barbosa sempre atento aos caminhos do Cordel em nosso Estado, é também grande defensor desta nossa tradição poética”.

Sobre o projeto

Além de instituir o Dia Estadual da Literatura de Cordel, o Projeto aprovado prevê a realização de atividades destinadas a refletir sobre a importância histórica da Literatura de Cordel para as cidades, para o estado, para o Nordeste, para o Brasil e para o mundo; prevê, também, a promoção de atividades referentes à contribuição dos cordelistas à cultura nacional, regional e local, em especial, a contribuição de João Firmino Cabral, grande nome da cultura popular sergipana, reconhecido nacionalmente.

A propositura promove a Literatura de Cordel como patrimônio do povo brasileiro e sergipano; incentiva o ensino e o aprendizado da Literatura de Cordel; e estimula o debate sobre a importância da Literatura de Cordel na formação social, cultural e política do povo brasileiro, especialmente, do povo nordestino e sergipano.

O Projeto aprovado prevê também o incentivo à divulgação da Literatura de Cordel nas escolas públicas e nas atividades de educação, cultura e turismo do estado, como legítima e necessária manifestação da cultura popular; o estabelecimento de  parcerias com órgãos e instituições públicas e privadas, organizações sociais, sindicatos, associações e entidades da sociedade civil com vistas a promover a Literatura de Cordel e as manifestações culturais ligadas a ela; e incentiva as publicações de cordelistas através de iniciativa dos Poderes Públicos Estaduais.

Fonte: ALESE

Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br

terça-feira, 21 de julho de 2020

Izabel Nascimento: ‘A magia do cordel é algo marcante...’


Publicado originalmente no site do JORNAL DA CIDADE, em 20 d3 julho de 2020

Izabel Nascimento: ‘A magia do cordel é algo marcante e presente na memória afetiva’

Num resumo da conversa, há motivos diversos para festejar e desafios a enfrentar também.

Em celebração aos três anos de existência da Academia Sergipana de Cordel (ASC), comemorados neste domingo, 19 de julho, Dia do Cordelista, em homenagem ao poeta João Firmino Cabral, o Jornal da Cidade conversou com a presidente da instituição, a cordelista Izabel Nascimento. Num resumo da conversa, há motivos diversos para festejar e desafios a enfrentar também. Sergipe tem peculiaridades na formação da academia literária que o tornam referência. Essa é uma ótima característica para brindar. É sobre isso e muito mais que a cordelista Izabel conversou com o JC. Boa leitura!
                              
JORNAL DA CIDADE - Três anos de Academia Sergipana de Cordel e quais são os principais motivos de comemoração?

IZABEL NASCIMENTO - Celebrar a poesia é sempre bom! Comemorar o aniversário da Academia Sergipana de Cordel (ASC), em seus três anos de existência, é também festejar a importante forma como cada poeta tem se desafiado a viver o cordel em sua trajetória. Neste período realizamos diversas ações, participamos ativamente da cena literária em nosso Estado, ampliamos a cena cordelista em Sergipe levando o cordel como pauta a espaços importantes como à Assembleia Legislativa de Sergipe, motivamos a formação de novos nomes para o cordel e todas estas ações têm sua relevância. Este trabalho “externo” da ASC nos deixa muito felizes e com o sentimento de que estamos no caminho certo. Há um trabalho “interno” sendo feito também, de igual necessidade e importância. Trata-se do fortalecimento do trabalho poético de cada um, de cada uma que compõe a ASC. Uma Academia Literária torna-se forte à medida em que seus membros se desafiam a fortalecer as suas histórias individuais no cordel, que é uma literatura de identidade. Com o olhar para o que acontece também além do que é divulgado, as razões para celebrar são ainda maiores.

JC - E quais foram e são os desafios?

IN - Os desafios são muitos, tendo em vista que uma das tarefas de quem vive o universo do cordel é defendê-lo enquanto literatura e expressão cultural. Mesmo sabendo que o cordel tem alcançado outros espaços, é possível ver que ainda há muito preconceito entranhado na forma que as pessoas enxergam o gênero. A origem “popular” que o cordel tem, sob a ótica de quem não percebe a riqueza e a genialidade que esta mesma origem proporciona, ainda retira o cordel do protagonismo literário brasileiro e, em nosso caso, sergipano. Construir um novo tempo para o cordel se faz necessário e nós somos otimistas com este caminho. Se ainda há lugares onde um poeta cordelista não é sequer considerado escritor, por outro é possível acompanhar e qualificar as discussões em diversos espaços, como nas universidades, por exemplo. O cordel é uma rede abrangente onde estão contidas não somente as pessoas que escrevem e publicam, mas também por quem escreve, quem lê, edita, revisa, vende, pesquisa. Ampliar este olhar é necessário para aprofundar as discussões e erradicar a mentalidade rasa com as quais ainda nos deparamos.

JC - De que maneira a criação e existência da ASC contribui para a preservação e continuidade da literatura de cordel?

IN - Nossas ações buscam sempre agregar. Entendemos que a Academia Sergipana de Cordel está e estará representada nos encontros literários onde cada um de seus 37 membros se fizerem presentes. Sendo assim, nos eventos literários das diversas Academias de Sergipe, ter a representação do cordel é um ponto importante a ser citado. Da mesma forma, quando cada poeta aceitou fazer parte da ASC, assumiu o papel de agregar a sua história na poesia para fortalecimento da ação coletiva. Isso ilustra que a ASC atua em várias instâncias, ações e momentos de forma representativa também. Para além das ações indiretas, realizamos diversas atividades que merecem ser citadas, a exemplo da I Feira de Cordel em Aracaju, na ocasião do nosso primeiro aniversário, um encontro maravilhoso que uniu a cena literária e a cena musical de Sergipe no Café da Gente; o Projeto Cordel no Parque, em parceria com a Casa do Cordel e a Rural do Forró, durante os tão poéticos “Domingos de Maio” no Parque da Sementeira; a palestra realizada na Assembleia Legislativa de Sergipe, durante a tramitação do Projeto de Lei que sugere à Secretaria de Estado da Educação o cordel como prática pedagógica, um debate que desejamos aprofundar; o lançamento histórico da obra Das Neves às Nuvens – I Antologia das Mulheres do Cordel Sergipano – escrito por mulheres da ASC e outras que ainda não fazem parte, mas diante na nossa visão agregadora, jamais deixariam de estar na Antologia. A nossa recente parceria com o Programa Giro Sergipe, da TV Sergipe, apresentado por Anne Samara, que há pouco mais de um mês tem apresentado poetas em declamação, sugeridos pela ASC, entre outros. Nossas ações são pensadas para quem está na Academia, mas para além disso também. Conhecemos o valor da ação coletiva e a poesia sempre nos apresenta pessoas especiais com quem podemos contar e construir este caminho da melhor forma.

JC - Em relação às demais academias do país, o que faz Sergipe despontar com potencialidade?

IN - Mesmo cientes do trabalho que realizamos, de forma pioneira em algumas ações, é importante ressaltar que cada realidade se constrói a partir de suas peculiaridades também. O cordel é um universo brilhante, porém ainda há entraves que o fazem também muito competitivo em todos os lugares. Desejando mudar esta realidade, a ASC tem duas mulheres à frente: na presidência, onde estou, e na vice-presidência, com a querida cordelista Salete Nascimento. A criação da ASC com duas poetas que já estão no segundo mandato é um diferencial dentro da predominância masculina que o cordel ainda possui. Todas as coisas que fazemos são frutos da nossa experiência enquanto poetas cordelistas, mas também há muito de percepção, sensibilidade e criatividade de todas as pessoas que fazem a ACS. Somos a Academia Literária ligada ao Cordel que mais tem mulheres em sua composição. Somos 11, por enquanto. Lançamos a primeira antologia escrita 100% por mulheres. Estas características apontam que um novo está sendo trilhado para o cordel, sendo Sergipe uma referência. Este caminho visa ampliar o olhar e colocar o cordel como ferramenta essencial para a transformação a partir da valorização da Mulher Cordelista também, pois onde a mulher tem garantido o seu espaço todos avançam. Preciso reafirmar que cada Academia Literária tem seu trabalho que é sempre de muita dedicação e reconhecimento insuficiente. Mas quem o faz, sabe da missão que tem, por isso continuamos.

JC - O fato de ter uma mulher na presidência é um diferencial?

IN - Sem dúvida. Aprendemos a enxergar nossos caminhos literários como uma experiência coletiva, onde cada mulher é igualmente importante e, tendo em vista que o cordel tem uma construção histórica forjada na luta, ser uma mulher cordelista é ser de forma atemporal, uma resistência dentro da resistência. Este “diferencial” nos proporciona muitas coisas positivas na construção plural que almejamos.

JC - E isso tem incomodado tanto aqui no Estado e fora?

IN - Bastante! O machismo é uma realidade que também se expressa fortemente dentro do cordel. Há algumas semanas, o cordel brasileiro tem vivenciado um marco histórico a partir do Movimento de Mulheres Cordelistas Contra o Machismo. A campanha #cordelsemmachismo nasceu logo após um episódio de natureza machista (mais um) dentro do universo do cordel. Ministrei a primeira palestra do III Encontro de Cordelistas da Paraíba, em 27 de junho. No evento virtual, dentro do tema “O Cordel como Ferramenta de Transformação Social”, fiz um recorte histórico para denunciar o traço forte do machismo que também ocorre no cordel e dizer com isso que não podemos vislumbrar uma transformação numa poesia que ainda não reconhece, não valoriza, sequer respeita o papel e o protagonismo da mulher cordelista. Já na palestra foi possível perceber resistência em algumas intervenções feitas por quem estava nos assistindo, porém, foi num grupo de Whatsapp e numa publicação no Facebook, na semana subsequente à palestra, que um grupo de poetas cordelistas resolveu polemizar o assunto e não apenas me expor e atacar virtualmente, mas também julgar, questionar e agitar pautas hipotéticas sobre a minha vida, formação e atuação dentro do cordel. Esta não foi a primeira vez em que apresentei o tema numa palestra e isto sempre incomodou muitos homens, especialmente os que praticam atos machistas. É fato que não sou a primeira mulher a sofrer por conta deste problema. No entanto, foi a primeira vez que um grupo de mulheres se reuniu e resolveu organizar um movimento de denúncia e enfrentamento ao machismo no cordel e de ação em defesa de todas as mulheres cordelistas. Em Sergipe não é diferente! Há muito tempo nós, mulheres, passamos por situações em que somos depreciadas, excluídas, boicotadas, assediadas. Quando falamos em feminismo, a falta de entendimento conceitual de muitos, aliada à cômoda posição de privilégio que os poetas homens possuem, os fazem na maioria das vezes negar a sua condição de machista, no conceito estrutural da palavra. A magia do cordel é algo marcante e presente na memória afetiva de quem aprecia o gênero literário.

JC - O que tem sido planejado e executado na ASC durante a pandemia?

IN - Estamos realizando há quase dois meses o Projeto Vozes do Cordel, que consiste na realização de transmissões ao vivo, através do Instagram, cuja finalidade é movimentar ainda mais a cena poética nas redes sociais e contribuir para os debates e reflexões sobre o cordel, bem como promover momentos de declamação e diálogo. Nossa proposta, a partir do Vozes, é também estimular os poetas e as poetas que não têm habilidades com redes sociais a utilizar esta ferramenta que se faz cada vez mais necessária para a divulgação de nossos trabalhos. Realizar encontro de forma remota já era um pensamento nosso, antes mesmo da pandemia, tendo em vista que há mais de três anos já fazemos uso dos recursos virtuais. Com a pandemia, as plataformas se desenvolveram e as novas ferramentas tornaram muitas ações possíveis. O cordel também vai acompanhar estas mudanças.

JC - Como será marcada essa data comemorativa?

IN - Utilizaremos as formas de comunicação que nos aproximam remotamente. Faremos publicações e homenagens através da imprensa, o que desde já me faz agradecer ao JORNAL DA CIDADE pela matéria! A TV Sergipe apresentará uma edição especial do Programa Giro Sergipe homenageando o cordel e a ASC; na Revista Cumbuca número 28, a última revista na qual o saudoso jornalista Amaral Cavalcante trabalhou, sairá um artigo em homenagem ao Patrono da ASC, o poeta João Firmino Cabral (1940-2013); o Vozes do Cordel prestará uma homenagem aos nossos três anos, onde anunciaremos a publicação da I Antologia da Academia Sergipana de Cordel – Homenagem a João Firmino Cabral. Desejamos fortemente que o cordel seja um elixir que atenue as dores desta fase que o mundo enfrenta. Comemoramos mais um ano com alegria, muito orgulho da história que estamos escrevendo na pauta do tempo e com muita esperança de dias melhores para todos e todas!

Por Gilmara Costa

Foto: Divulgação

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Escola municipal do Bairro Industrial inaugura Cordelteca

 O convidado especial do dia foi o cordelista 
aracajuano Chiquinho do Além Mar


A cordelteca homenageia o escritor Araripe Coutinho, 
que viveu no bairro Industrial, onde a escola está localizada.

 Vanessa Lima, diretora da Emef Alcebíades Melo Vilas Boas

Gabriel Minato foi um dos alunos presenteados 
com um livro de cordel (Fotos: Isley Santos/Semed)

Publicado originalmente no site da PMA, em 24 de maio de 2019

Escola municipal do Bairro Industrial inaugura Cordelteca

Quem entrar na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alcebíades Melo Vilas Boas, no Bairro Industrial, vai encontrar, logo na entrada, um cantinho especial dedicado a um importante gênero literário brasileiro: o cordel. A escola inaugurou nesta sexta-feira, 24, a Cordelteca Araripe Coutinho, para, além de incentivar a leitura entre os seus alunos, poder valorizar a cultura nordestina na comunidade. O cordelista sergipano Chiquinho do Além Mar foi o convidado especial do dia.

Segundo a diretora da Emef, Vanessa Nascimento Lima, incentivar nos alunos o hábito da leitura é uma das prioridades da gestão. “Essa é uma leitura interessante e que valoriza a cultura nordestina, então, nada mais justo que resgatar essa cultura e deixar esse espaço aqui, na entrada da escola, para que não só os alunos possam ter acesso, mas também os pais. Escolhemos Araripe Coutinho como patrono porque, além de ter sido um grande poeta sergipano, viveu aqui, no nosso bairro, próximo à nossa escola”, afirma a diretora.

O idealizador da cordelteca foi o coordenador pedagógico da Emef, professor Tarcísio Bruno Santos, que contou com o apoio do corpo docente e da direção da unidade. “Há algum tempo, estávamos discutindo a possibilidade de abrir um espaço de leitura aqui na escola e os professores abraçaram a ideia. Quando iniciamos nossa gestão, articulamos com os colegas e tivemos a ideia da cordelteca porque este é um gênero literário de rima, agradável e, certamente, vai possibilitar essa aproximação dos nossos alunos e da nossa comunidade com a leitura”, acredita.

A iniciativa beneficiará todos os 520 alunos matriculados na Emef, tanto do Ensino Fundamental quanto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), distribuídos entre os três turnos. O cordelista Chiquinho do Além Mar, além de explicar para os alunos a história e importância da literatura de cordel para a cultura brasileira, declamou um trecho da sua obra ‘A História de Sergipe Contada em Versos’, que encantou os estudantes.

“O cordel é um gênero literário que por muitos anos esteve sob um paradigma negativo, mas sobreviveu e hoje vive um grande momento. Atualmente, venho fazendo um trabalho no Brasil inteiro levando o cordel para todos os estados e divulgando o nosso estado, que é o ponto forte do meu trabalho. Como aracajuano, eu fico muito feliz em ver um espaço como esse sendo inaugurado em uma escola municipal da cidade, fortalecendo a nossa cultura e a mantendo viva. Parabenizo os idealizadores desta iniciativa”, destacou.

Com mais de 20 anos de carreira, o artista já publicou mais de 70 obras e viaja por todo o país divulgando o gênero. Por sua passagem na Emef, ele doou alguns exemplares para serem distribuídos entre os alunos. Um dos alunos escolhidos para ser presenteado com a literatura foi Gabriel Minato Ferreira Santana, de 9 anos que, até então, não conhecia o cordel. “Eu gostei do texto que ele declamou aqui e essa é a primeira vez que eu escuto um cordel. Me interessei e vou passar a ler na cordelteca da escola”, contou.

Cordel

Os pesquisadores ainda não conseguiram entrar em consenso sobre quando o cordel chegou ao Brasil, mas a origem é certa: veio de Portugal. Os primeiros exemplares de cordel catalogados no Brasil são do período da chegada da Imprensa Régia ao país, em 1808, mas o formato não era o mesmo que se consagraria anos depois, mais especificamente, no final do século XIX. De lá para cá, a literatura de cordel se tornou um dos maiores ícones da cultura nordestina, influenciando os mais variados segmentos da arte erudita.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br