Publicado originalmente no site Agência Sergipe de Notícias,
em 18/07/2017.
Belivaldo Chagas conhece trabalho desenvolvido pela Fazenda
da Esperança.
Governador conheceu instalações da unidade localizada em
Lagarto.
O governador em exercício Belivaldo Chagas visitou nesta
terça-feira, 18, a Fazenda da Esperança São Miguel, no município sergipano de
Lagarto, para conhecer os trabalhos realizados no local. A Fazenda da Esperança
é uma comunidade terapêutica com mais de 30 anos de experiência na recuperação
de jovens e adultos dependentes químicos. Em Sergipe, já são 27 anos de
história.
“Fiz questão de conhecer de perto as ações da Fazenda
Esperança. Fiquei impressionado com os depoimentos das pessoas acolhidas aqui.
Quis conhecer melhor esse trabalho para avaliar o que podemos fazer para ajudar
essas pessoas que buscam a recuperação. Resolvi que precisava vir para sentir o
que é feito aqui. O governo do Estado já ajuda esse espaço por meio de
convênios, mas queremos ver de que forma podemos melhorar esse auxílio. A
Fazenda tem um modelo que tem dado certo nesses quase 30 anos. Vamos passar um
relatório para o governador Jackson Barreto para que ele conheça mais sobre o
trabalhos realizado aqui. Vim hoje fazer essa visita não só como governador,
mas como cidadão. E estou feliz por ter tido essa oportunidade”, declarou
Belivaldo.
Já são 130 unidades da Fazenda Esperança espalhadas pelo
mundo, cerca de 70 no Brasil. Em Sergipe, além da São Miguel, que atende
usuários do sexo masculino, há a unidade feminina Fazenda Santa Francisca
Romana, também em Lagarto, e a Fazenda Santa Rita (masculina), em Gararu.
Segundo o coordenador regional das fazendas, Maurício Bovo a instituição
sustenta-se pelo tripé: trabalho, convivência e espiritualidade e depende,
sobretudo, do voluntariado.
Maurício, que no passado foi acolhido por uma das unidades
da Fazenda Esperança e conseguiu se recuperar, deixou o emprego que tinha em um
grande banco para dedicar-se ao trabalho na comunidade. “No Brasil, de 20 e 30
mil pessoas já passaram pelas fazendas. Atualmente elas acolhem mais de 1.000
pessoas em 17 países. Ela se espalhou através da gratuidade daqueles que se
recuperam. Porque quem se recupera muitas vezes permanece em uma dessas
unidades e trabalha para receber os outros. É um trabalho que se multiplica.
Como no meu caso, que fui um dia acolhido na fazenda. Alguém me estendeu a mão
e graças a Deus consegui a minha recuperação. Depois sentir que não deveria
guardar isso só pra mim, foi o que me motivou a voltar à fazenda, porque se as
pessoas fossem egoístas eu não teria espaço nas fazendas um dia. Eu pude ser
acolhido porque houve pessoas que renunciaram a tudo lá fora para estar na
fazenda e me acolher e isso me motivou a voltar. Sentia que minha vida não era
mais minha, precisava repassar isso para outros”, relatou.
O coordenador lembrou que o tratamento na Fazenda é
gratuito. Mas que algumas famílias, quando podem, colaboram recebendo as cestas
com produtos produzidos pelos membros da Esperança para revenda. “É uma forma
também de envolvermos as famílias no tratamento, o que é fundamental para
recuperação dessas pessoas. Tem muita gente nessa situação de querer sair dessa
condição, mas que não consegue sozinho e a Fazenda veio justamente para acolher
essas pessoas, porque se a gente não tem uma orientação, local adequado que
favoreça àquela pessoal que quer sair dessa vida de drogadição, realmente fica
muito complicado. Então a fazenda é esse espaço agradável, familiar, com
pessoas que já passaram pelo mesmo problema, com uma metodologia que contribui
para que a pessoa possa se encontrar e dá passos para ficar livre da
drogadição. E é uma metodologia que já está sendo comprovada há mais de 30
anos, um jeito de se viver, que favorece e ajuda as pessoas que precisam de uma
vida nova”, explicou Maurício.
De acordo com Maurício, 80% das pessoas que chegam às
unidades conseguem se recuperar. A Fazenda da Esperança acolhe pessoas com
idade entre 15 e 45 anos, que deseja livremente se recuperar de drogas, álcool
e outros tipos de vícios. É necessário entrar em um processo pedagógico de 12
meses de duração.
Roney Patrício é uma das pessoas acolhidas na unidade de
Lagarto e conta que encontrou na Fazenda valores que não tinha lá fora. “Foram
dez anos de drogadição. Mas vi que essa vida não leva a nada. Então, estou aqui
há 8 meses. Perdi minha esposa e filhos, mas depois que entrei aqui nos
reconciliamos. O que não tinha lá fora, encontrei aqui, família, irmãos,
espiritualidade e trabalho”.
Há um mês, Ana Grace foi acolhida na unidade feminina de
Lagarto, que além de dependentes de álcool e outras drogas, também atende
pessoas com depressão. De família de classe média e pós graduada, a jovem
representa um perfil diferenciado do que, na maioria das vezes, é associado aos
membros da comunidade.
“Sofri com uma forte depressão e síndrome do pânico. Depois
de um momento de vulnerabilidade, encontrei paz aqui na Fazenda da Esperança.
Estamos aqui para dizer que não somos pessoas à margem da sociedade, a sociedade
está aqui. Qualquer um pode precisar de um lugar como este, assim como
aconteceu comigo. Todos estão expostos à violência e podem precisar deste tipo
de ajuda”, destacou Ana Grace ao enaltecer a dedicação e trabalho realizado na
Fazenda.
A visita do governador em exercício à Fazenda foi
acompanhada pelo deputado federal Fábio Reis; deputada estadual Goretti Reis;
secretários de Estado da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e
dos Direitos Humanos, José Sobral, da Segurança Pública, João Eloy, interina da
Casa Civil, Conceição Vieira, da Comunicação Social, Sales Neto e da Justiça,
Cristiano Barreto. Assim como do superintendente executivo da Secretaria de
Estado da Saúde, Luís Eduardo e do diretor-presidente da Fundação Renascer,
Wellington Mangueira e assessores do Estado.
Texto e imagens reproduzidos do site: agencia.se.gov.br