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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Os cem anos de Seixas Dória

Imagem reproduzida do site: g1.globo.com/se/sergipe
Postada por Isto é SERGIPE, para ilustrar registro.

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 12/04/2017.

Os cem anos de Seixas Dória.

Alese fará uma sessão especial na segunda, 24.

Por Ivan Valença/Blog/Infonet.

Se vivo fosse ainda hoje, o ex-Governador Seixas Dória estaria completando este mês cem anos de idade. Por isso, na segunda-feira, 24 de abril, a Assembleia Legislativa fará uma sessão especial comemorativa do centenário dele, em parceria com a Academia Sergipana de Letras. Integrante da Academia Sergipana de Letras, João de Seixas Dória foi deputado estadual ainda nos anos 40 e, em seguida, Deputado Federal, e, finalmente, Governador do Estado. Para o período de 4 anos para o qual foi eleito em outubro de 1962, ele só pode cumprir um ano e três meses, sendo preso e cassado em abril de 1964 pelos militares que lavraram o golpe de Estado que mudou o regime democrático brasileiro para regime ditatorial.

VIDA LIMPA – Os militares adorariam ter encontrado algum ato desabonador na carreira do político da antiga UDN mas não encontraram nada. Seixas primava por ter uma vida limpa, bem longe da corrupção reinante naquela época. Uma vez preso na madrugada de 2 de abril de 1964, ele foi enviado para Fernando de Noronha, onde “cumpriu pena”, mesmo sem ser julgado e/ou condenado. Na prisão, Seixas escreveu o livro “Eu, Réu Sem Culpa”, que foi um enorme sucesso de vendas. Passado o regime militar, Seixas voltou a residir em Aracaju mas ficou afastado da política. Esta é, sem dúvida, uma homenagem justa, porque Dória era também um intelectual de primeira linha.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Os 100 anos de Seixas Dória.

Foto postada por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.
Imagem reproduzida do site: globotv.globo.com/tv-sergipe

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 07/11/2016.

Os 100 anos de Seixas Dória.

O ex-governador Seixas Dória, vivo fosse, faria 100 anos
Por Marcos Cardoso*

O ex-governador Seixas Dória, vivo fosse, faria 100 anos no dia 23 de fevereiro de 2017. Esse herói sergipano nascido em Propriá e que quase deu a vida na defesa dos seus ideais de liberdade e justiça, faleceu há quase cinco anos, em 31 de janeiro de 2012.

A homenageada coluna política “Painel” da Folha de S.Paulo quase dez anos atrás cometeu uma “barrigada” jornalística e uma ofensa histórica aos sergipanos quando noticiou que, após a morte de Miguel Arraes, o então prefeito de São Paulo, José Serra, teria passado a ser o único sobrevivente entre os oradores do histórico comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964. Um e-mail foi enviado ao “jornal a serviço do Brasil”, esclarecendo que o ex-governador João de Seixas Dória estava vivíssimo, do alto do seu pouco mais de metro e meio de altura e 88 anos e meio de memória, a lembrar que foi um dos principais oradores daquela noite de sexta-feira, dia que definiu a queda de João Goulart e que desencadeou o golpe militar. Mas eles não se deram ao trabalho de publicar nem um “erramos”. Autocentrado, o paulista vive às voltas com os mistérios do próprio umbigo.

José Serra estava lá, tinha 21 anos, era presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) e foi o segundo orador da noite. Discurso frio, de principiante. Além, de Jango, os oradores mais aguardados pela multidão de 200 mil pessoas que se espremia na Praça da República, centro carioca, eram mesmo o ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, o governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e Seixas Dória. Este colunista abre um parêntese para fazer uma inconfidência. Em conversa com o ex-governador sergipano, ele transmitiu uma opinião e pediu que não fosse publicada, era informação em off: “Eu acho que fui o mais aplaudido”. Quem há de duvidar? O talento de Seixas Dória para discursar era reconhecido.

Ibarê Dantas (História de Sergipe República: 1889-2000) recorda que, quando Seixas Dória discursava, não perdia oportunidade de exercitar sua retórica, que se apresentava “mais incandescente” nos discursos proferidos fora do Estado. “Seu pronunciamento de maior repercussão foi no famoso comício de 13 de março, no Rio de Janeiro, quando anunciou bombasticamente que, ao retornar a Sergipe, iria fazer a reforma agrária”, conta o historiador. O comício resultou na cassação dos mandatos dele e de Miguel Arraes. Os ex-governadores que defendiam as Reformas de Base foram obrigados a conviver por longos quatro meses no degredo em Fernando de Noronha.

Arraes foi preso já no dia 1º e enviado imediatamente ao arquipélago. Seixas, na madrugada do dia 2 de abril, sendo encaminhado primeiro ao 29º Batalhão de Caçadores, em Salvador, onde passou sete dias. Da prisão na capital baiana, enviou carta ao presidente empossado, Humberto de Alencar Castello Branco, desafiando-o a apontar o crime pelo qual estava pagando. Não obteve resposta, claro. Ali mesmo, o Exército lhe ofereceu a possibilidade de retornar ao governo de Sergipe, desde que assinasse um manifesto de apoio ao novo regime, como fizeram alguns governadores para se garantirem nos cargos. Seixas negou-se a assinar: como olharia para a mulher, os filhos e os amigos depois? Foi embarcado também para Fernando de Noronha.

“Miguel Arraes falava pouco, mas tinha opiniões muito sábias”, disse o ex-governador de Sergipe, acrescentando que guardava as melhores recordações do colega cearense que se tornou líder socialista e governador de Pernambuco por três mandatos, morto no dia 13 de agosto de 2005, também aos 88 anos. “Foi um homem singular, que gostava de rapadura e que queria que eu também comesse. Mas eu não gosto de rapadura”, afirmou Seixas Dória, revelando que, indiretamente, evitou que ambos fossem assassinados.

“Uma vez, Arraes propôs que nós fugíssemos. No nosso quarto, havia um buraco no chão coberto por uma tampa que nós poderíamos retirar e escapar por ali. Eu fiquei receoso e ponderei: ‘Como nós vamos sair da ilha? O continente é distante e acontece que eu não sei nadar!’ Depois, nós íamos dar razão para que nos matassem. Aí eu o convenci do contrário.”

Arraes e Seixas liam muito na prisão, inclusive os jornais Última Hora e Correio da Manhã, que eram contra o regime, mas que chegavam às suas mãos graças à simpatia do coronel que governava o arquipélago. “Era um homem civilizado, que nos tratava com respeito”, acrescentou. Ali, ele começou a escrever os depoimentos que acabaram resultando no livro Eu, réu sem crime, um libelo contra a opressão, publicado graças à interferência do amigo jornalista e conterrâneo Joel Silveira e o apoio do jornal Correio da Manhã. O livro tornou-se best-seller e vendeu mais de 5 mil exemplares na noite de autógrafo, segundo cálculo do autor, lembrando, humildemente, que o número é contestado. Rubem Braga escreveu, surpreendido, que a noite de autógrafos da Livraria Entrelivros, no Edifício Avenida Central, resultou na venda de 2.432 exemplares.

“Espero que os rapazes do DOPS e os do SNI, que certamente estavam por lá, tenham informado corretamente o coronel Borges e o general Golbery: toda essa gente, na maioria humilde, fazia questão de mostrar que estava solidária com o homem que foi arrancado do governo e preso durante meses injustamente. E que a gente do governo sinta que a homenagem não era apenas à pessoa de Seixas Dória: era a todos os que são demitidos, humilhados, presos e torturados. Sinta que o povo brasileiro não aprova esses processos de opressão”, disse o maior dos cronistas, em texto publicado no Jornal do Brasil no dia 29 de dezembro de 1964.

Seixas Dória lembra que o momento de maior aflição para ele e sua família aconteceu pouco antes de ser libertado. “Um dia, em Fernando de Noronha, eu fui raptado por um grupo radical do Exército e levado de volta à Bahia”. Nem ele e nem sua família sabiam onde se encontrava. Havia rumores de que estava desaparecido. “Não fui morto porque se levantou um clamor da imprensa e de alguns políticos cobrando uma explicação para o meu desaparecimento”. Então mandaram o general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar do governo Castello Branco, para mostrar à família e à sociedade que ele estava vivo. “O general me perguntou se eu estava sendo maltratado no 19º BC. Eu respondi que dependia da interpretação que se quisesse dar. Eu comia a mesma comida dos oficiais, portanto, nesse sentido não era maltratado. Mas convivia diariamente com os gritos de dor dos torturados”.

No final do mês de março de 2004, quando a Fundação Joaquim Nabuco, do Recife, promoveu um evento para debater os 40 anos do golpe militar, Seixas Dória e Miguel Arraes participaram como conferencistas. Ali, o ex-governador sergipano definiu o movimento como uma “revolta” e não uma revolução, como denominavam os conspiradores. “Revolta é saque, é sangue, é desordem, é violência, é quartelada. Revolução é quebra de estruturas arcaicas”, comparou. E aproveitou para denunciar o descaso histórico dos governos nacionais com o Nordeste. Descaso que está na divisão inconsciente que há entre o Brasil do sul e o Brasil do norte e que se repete agora, quando o maior jornal do país esquece de um herói sergipano, um herói nacional.

No dia do lançamento de Eu, réu sem crime, 22 de dezembro de 1964, Joel Silveira escreveu assim no Correio da Manhã: “João de Seixas Dória, (...) 1,56 de altura, 58 de peso, gestos inquietos, palavra fácil, humilde e teimoso ao mesmo tempo — um ‘carne de pescoço’. (...) Quando Sergipe acerta, é assim. Acertou com Tobias, com Sílvio, com João Ribeiro. No caso de Seixas Dória, estava acertando como governador, que em catorze meses de governo modificou radicalmente a fisionomia oligárquica e semifeudal do Estado; e acertou em cheio com o prisioneiro.”
Quem não acertou foi a Folha de S.Paulo, que nunca corrigiu seu erro.

* Marcos Cardoso é jornalista, autor de "Sempre aos Domingos:
Antologia de textos jornalísticos".

Texto reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/marcoscardoso

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Relembre a carreira de Seixas Dória.

Foto reproduzida do site: sejuc.se.gov.br

Publicado originalmente no site G1, em 31/01/2012.

Relembre a carreira de Seixas Dória.

Ex-governador de Sergipe faleceu na tarde desta terça-feira (31).
Seixas Dória faleceu devido a um quadro de insuficiência respiratória.

Do G1 SE.

Aos 94 anos, o ex-governador de Sergipe, Seixas Dória, faleceu na tarde desta terça-feira (31), após complicações respiratórias no Hospital São Lucas, em Aracaju, após ter sido submetido a uma cirurgia nesta segunda-feira para colocação de uma sonda.

Ele estava debilitado após um AVC - Acidente Vascular Cerebral, ocorrido em 2011.

A Prefeitura de Aracaju decretou luto oficial. "Seixas foi um grande politico, que nos inspirou. Um homem que preferiu perder o mandato a se render ao regime militar", disse o prefeito Edvaldo Nogueira.

Recorde a trajetória do ex-governador.

Filho de Antônio de Lima Dória e de Maria de Seixas Dória. Em 1962 foi eleito governador de Sergipe derrotando o udenista Leandro Maciel. Assinou, sob ressalva, o “Manifesto dos governadores democratas”, uma iniciativa do paulista Ademar de Barros. Aliado do presidente João Goulart, defendia as chamadas "reformas de base" a ponto de opor-se, via rádio, ao Golpe Militar que abreviou o mandato presidencial em 31 de março de 1964.

Removido à força do governo no dia seguinte, Seixas Dória foi preso e levado à ilha de Fernando de Noronha onde sua detenção findou por um habeas corpus do Superior Tribunal Militar após quatro meses. Em seu lugar foi empossado o vice-governador Celso Carvalho. Por força do Ato Institucional Número Dois teve os direitos políticos suspensos por dez anos a partir de 4 de julho de 1966 passando a viver às voltas com a agropecuária e à literatura.

Encerrada a sua "reclusão política" ingressou no MDB e fez sua primeira aparição pública na convenção estadual do partido em maio de 1978 a ali não poupou críticas aos seus contendores. Coordenou a estratégia do diretório estadual nas eleições daquele ano e atuou em defesa da anistia e da redemocratização. Beneficiado pela Lei da Anistia sancionada pelo presidente João Figueiredo, filiou-se ao PMDB e foi eleito suplente de deputado federal em 1982 e exerceu o mandato a partir de uma licença médica de José Carlos Teixeira sendo efetivado após a vitória de Jackson Barreto nas eleições para prefeito de Aracaju em 1985.

Derrotado ao disputar um mandato de senador em 1986, foi nomeado Secretário de Transportes pelo governador Antônio Carlos Valadares em agosto de 1988 permanecendo no cargo por quatro meses. Assessor político da Presidência da República nos últimos meses do Governo Sarney, foi Secretário de Transportes no segundo governo João Alves Filho e depois membro do conselho de administração da Companhia Vale do Rio Doce.

Seixas era membro da Academia Sergipana de Letras,  autor de Sílvio Romero, jurista e filósofo e Eu, réu sem crime.

Texto reproduzido do site: g1.globo.com/se

domingo, 2 de março de 2014

Acervo de Seixas Dória irá para o Palácio Museu

Seixas Dória (foto: arquivo Infonet).

Infonet - Cultura - Noticias - 27/02/2014.

Acervo de Seixas Dória irá para o Palácio Museu
Documento que cede o acervo por 20 anos foi assinado

Após um hiato de 50 anos, o Palácio Museu Olímpio Campos (PMOC ) prepara seus cômodos para receber a história de Seixas Dória. Deposto do cargo e retirado da sede do Governo pelo exército em 1964, Dórea passa a compor o acervo permanente do PMOC através de correspondências, fotografias, comendas, diplomas, banner, manuscritos, impressos e 983 volumes.

O contrato de Comodato foi assinado na manhã desta quinta-feira, 27, pelo governador Jackson Barreto e os filhos de Seixas Dórea. O documento acerta a cessão temporária por 20 anos, ao Estado de Sergipe, pelos herdeiros do governador Seixas Dória, do conjunto de documentos privados produzidos e/ou acumulados pelo ex-governador, que corresponde a seu arquivo pessoal. Deverá o estado de Sergipe manter os arquivos custodiados no Palácio-Museu Olímpio Campos (PMOC).

Jackson Barreto destacou o papel de Seixas Dórea na história política de Sergipe. “Hoje é um dia muito importante para mim que acompanhei seus comícios encantado pela sua oratória. É para esta casa, histórica para vida de Seixas Dórea e para os sergipanos que volta o seu acervo. Esse acervo é parte significativa da história de nosso estado, dos sergipanos. Que esse acervo sirva de estímulo para as novas gerações, que possamos aprender com a vida de um homem nacionalista e democrata. A história de Seixas Dórea nos inspira a continuar na vida pública”, afirmou.

O secretário adjunto de Cultura, Wellington Mangueira comentou a importância dessa cessão para a identidade histórica do Estado. “Este acervo é de suma importância para as novas gerações. Seixas Dórea foi um nacionalista, um democrata que lutou pela reforma agrária, por um desenvolvimento permanente do País. Este acervo será fonte de pesquisa sobre um homem que lutou por um mundo melhor”.

“Este é um momento extremamente feliz para nossa família. Esse acervo é fruto de um trabalho de minha mãe, que arquivou tudo que ele fez e recebeu de prêmios, comendas. O desejo dela era justamente esse: deixar que as pessoas conhecessem a história de meu pai”, disse Antônio Carlos Mesquita, filho de Seixas Dórea.

Acervo

Inclui-se no acervo, a biblioteca pessoal do ex-governador Seixas Dória, composta de 983 volumes, abrangendo assuntos de interesse geral, com ênfase na história e na política de Sergipe. A transferência possibilitará o tratamento arquivístico, guarda, conservação e custódia adequada, bem como a exibição ao público dos documentos e à promoção do estudo histórico destes. O Governo do Estado poderá, inclusive, reproduzir os documentos mediante supervisão técnica de profissional com formação em arquivologia, de modo a garantir sua integridade física.

O acervo vai se juntar ao Centro de Documentação de Estudos e Pesquisas do PMOC, que conta com a biblioteca Vice-Governador Manoel Cabral Machado, abriga os acervos bibliográficos do Ex-Governador Arnaldo Garcez, doados ao Estado por seus herdeiros, e a coleção do Palácio.

Seixas Dórea

Removido à força do governo um dia após tomar posse como governador, Seixas Dória foi preso e levado à ilha de Fernando de Noronha onde sua detenção durou quatro meses. Em seu lugar foi empossado o vice-governador Celso Carvalho. Por força do Ato Institucional número 2, Dórea teve os direitos políticos suspensos por dez anos.

Encerrada a sua reclusão política, ele ingressou no MDB e fez sua primeira aparição pública na convenção estadual do partido em maio de 1978. Coordenou a estratégia do diretório estadual nas eleições daquele ano e atuou em defesa da anistia e da redemocratização. Beneficiado pela Lei da Anistia, filiou-se ao PMDB e foi eleito suplente de deputado federal em 1982. Derrotado ao disputar um mandato de senador em 1986, foi nomeado secretário de Transportes pelo governador Antônio Carlos Valadares em agosto de 1988, permanecendo no cargo por quatro meses. Assessor político da Presidência da República nos últimos meses do Governo Sarney, foi secretário de Transportes no segundo governo João Alves Filho e depois membro do conselho de administração da Companhia Vale do Rio Doce. Membro da Academia Sergipana de Letras, escreveu as obras Sílvio Romero, jurista e filósofo e Eu, réu sem crime.

Fonte: ASN.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/cultura 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Seixas Dória, Um Gênio da Palavra.


Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 19/01/2012.

Seixas Dória, Um Gênio da Palavra.
Por Luíz Antônio Barreto.

(...) Nascido em fevereiro de 1917, em Propriá, fez formação em Direito e tornou-se, ainda jovem, um político. Sua força estava na palavra, com a qual iluminou o Brasil com suas orações patrióticas, dando consciência aos brasileiros para o que ocorria no País, após a II Guerra Mundial. O Brasil, que participou do campo de batalha, possuía muitas e variadas riquezas minerais, cobiçadas pelos Estados Unidos e por outros países aliados, segundo as denúncias que fez Seixas Dória, nos auditórios universitários, nas tribunas do Parlamento, nos artigos de jornais e nas entrevistas que mobilizaram a atenção dos brasileiros.

O início da carreira política, em Aracaju, foi como Secretário da Prefeitura. Depois vieram dois mandatos seguidos à Assembléia Legislativa, pela sigla da UDN, a mesma que o levaria, também duas vezes, à Câmara Federal. Maior que os estatutos estreitos do partido, Dória fez da UDN uma voz solidária, criando com outros parlamentares a Frente Parlamentar Nacionalista, que ampliou no Brasil o discurso denunciando manobras internacionais, formando uma opinião pública para cobrar do Governo ações de proteção e defesa da riqueza nacional. Pequeno de estatura, franzino, frágil, Seixas Dória agigantava-se na luta em favor do Brasil e do futuro dos brasileiros. Referência do nacionalismo, sem radicalizações, Dória integrou, com outros políticos, a “Bossa Nova da UDN”, conquistando simpatia da mídia e aplausos da população.

Em 1962, rompendo com Leandro Maciel e aliando-se ao PSD, PR, PSB e PTB de Aracaju, foi candidato a Governador do Estado de Sergipe, quebrando a espinha dorsal do seu antigo partido. Ele conquistou 67.514 votos, contra 58.825 dados a Leandro Maciel. No Governo, logo levou seu apoio ao Presidente João Goulart, em favor das Reformas de Base, que Jango queria realizá-las, para corrigir as deformações históricas que dominavam a vida brasileira. Sua voz foi ouvida no Brasil, ao lado do Presidente e de outros bravos companheiros, engajados na mesma ideia de promover amplas e profundas reformas, modernizando o País. Seixas Dória, que foi um dos oradores do célebre comício da Central do Brasil, no de Janeiro, mais uma vez mostrou sua voz afinada com a Nação, verbalizando com elegância e destemor o discurso das verdadeiras mudanças.

Com o movimento militar de 31 de março de 1964 foi preso, deposto e mandado para o presídio de Fernando de Noronha. Depois perdeu os Direitos Políticos. Teve, assim, sua voz silenciada. Mas não desistiu, voltou-se para registrar sua participação na vida brasileira, publicando, debaixo de censura, seu livro Eu réu sem crime. Mostrava ao Brasil que também era bom na escrita, completando sua genialidade de orador de massas, e de jornalista de crítica. Seu perfil intelectual justifica o fato de que, desde a década de 1940, pertence ao rol dos imortais da Academia Sergipana de Letras. Nas páginas do Correio de Aracaju, principalmente, estão muitos dos seus textos, que abonam o conceito que os sergipanos e os brasileiros construíram dele.

Por muitos e muitos anos o nome de Seixas Dória foi lembrado e exaltado. A crônica do passado deixou para os sergipanos de hoje a fama de alguns oradores, tidos como os mais brilhantes. Seixas Dória está entre eles, no mesmo panteão. Fausto Cardoso foi ouvido por plateias atentas, na Câmara Federal e nas ruas brasileiras. Homero de Oliveira, magistrado e poeta, foi considerado, nas primeiras décadas do século XX, como um sucessor de Fausto. Seixas Dória entra aí, nesta cronologia que avança até Marcelo Deda, aplaudido como tribuno que domina a cena na atualidade, contemporâneo, também parlamentar estadual e federal, também governador. João de Seixas Dória tem sobrevivido para ser aclamado pelas atuais gerações e portar a memória das gerações anteriores, que foram empolgadas pelos seus arroubos de orador. Vida longa de um gênio da palavra, jograu da nacionalidade brasileira, ocupante de um lugar na galeria dos grandes sergipanos. Muito do que sabe de e sobre Seixas Dória deve-se ao trabalho de organização arquivista de sua mulher, Dona Meire Dória, exemplo de solidariedade, em todos os momentos de vida do seu pequeno grande homem.

Foto: Foto: Márcio Dantas (ASN).
Reproduzida do site: unit.br

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto