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quinta-feira, 16 de março de 2017

Hunald Fontes de Alencar (1942 - 2016)

Foto: reprodução TCE/SE.
Postado por MTéSERGIPE, para ilustrar artigo.

Publicado originalmente no blog Primeira Mão, em 29/05/2016.

Albano Franco (*)

Há consenso entre os estudiosos da literatura sergipana que, ao lado de Wagner Ribeiro e Amaral Cavalcanti, Hunald de Alencar se destaca como um dos três maiores poetas de sua geração. Modernista de densos versos, sua trajetória de artífice da palavra em busca de uma lírica telúrica e ao mesmo tempo onírica, foi marcada por voos metafóricos transcendentes, quer cantando a sua terra ou a mitologia dos deuses, não os do Olimpo, mas aqueles heróis imortalizados nas estórias em quadrinhos que fizeram a minha alegria de adolescente e a de milhões em todo o mundo que se deliciavam com a leitura das aventuras do Superman, o homem de aço, oriundo do Planeta Kripton. Poemas do Kandor, publicados por Hunald, em 1971, é uma refinada ode sobre a mítica cidade de Kandor, a capital de Kripton, e de seu heroico filho que foi mandado à Terra, e que, neste planeta, combateu os fora da lei.

Assim como cantou a onírica Kandor, de Superman, o poeta Hunald de Alencar, magistralmente, também cantou a sua telúrica Estância natal, de Nossa Senhora de Guadalupe, a padroeira da cidade: “Senhora de Guadalupe/Era a lágrima da tarde:/Da janela se avistavam/Duas torres de saudades/...E quando a noite moldava/Os azulejos sombrios/Senhora de Guadalupe/Recolhia as torres tristes/Na orfandade do rio.” São versos de seu poema Estancianas do livro Alvenaria da Água.

Hunald também foi um inspirado letrista de música popular. Fez belíssimas letras para composições de Sérgio Botto, Alcides Melo, Roberto Melo e outros músicos sergipanos. “A lua nos ombros do mar/Faz a estrada pra terra de Iemanjá/Ai se eu pudesse andar/ Em seu cavalo branco, feito de espuma do mar.” Esta expressiva e bonita estrofe é parte da letra de Canto a Iemanjá que o poeta fez para a composição musical de Roberto Melo e que logrou a quarta colocação no Primeiro Concurso Sergipano de Música, patrocinado pelo Diário de Aracaju, órgão dos Diários Associados. Canto a Iemanjá foi magistralmente defendida pelo saudoso e consagrado vocalista Antonio Teles.

Artista de múltiplos talentos, ultimamente peça de sua autoria sobre os derradeiros dias da grande cantora americana de jazz, Billie Holiday, estava sendo encenada com muito sucesso no Teatro Ateneu.

Tive o privilégio de privar da amizade de Hunald de Alencar e de membros de sua família. Fomos colegas na Faculdade de Direito. Somos da turma de 1966. Tive, também, a honra de ter como coordenador geral, durante quatorze anos, seu irmão e meu amigo, o competente advogado Jessé Cláudio Fontes de Alencar, que prestou decisiva colaboração enquanto estive na presidência da Confederação Nacional da Indústria. Da mesma forma, quando governador do Estado, seu outro irmão, o renomado professor e ex-reitor da UFS, Clodoaldo de Alencar Filho, foi meu primeiro Secretário de Educação.

No último dia 20 (de maio/2016), sexta-feira, o coração do poeta silenciou, silenciando para sempre uma das vozes mais originais da lírica sergipana. Fica a densa obra poética. Essa jamais morrerá.

(*) Ex-governador e Conselheiro da CNI e da FIESP e
membro da Academia Sergipana de Letras.

Texto reproduzido do blog: primeiramao.blog.br

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A última ‘canção’ de Hunald de Alencar

Tânia Maria interpreta Billie Holiday - A Canção,
primeiro monólogo musical do dramaturgo.
Crédito - Pedro Fontes/Divulgação.

Hunald de Alencar morreu aos 73 anos.
Crédito - Divulgação.

Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 24/05/2016.

A última ‘canção’ de Hunald de Alencar.

Billie Holiday foi o primeiro monólogo musical do dramaturgo sergipano com maior número de obras encenadas.

Por: Gilmara Costa/Equipe JC.

Sob as críticas e aplausos direcionados ao musical ‘Billie Holiday – A Canção’, que estreou a temporada no Teatro Lourival Baptista no dia 18, o dramaturgo sergipano Hunald Fontes de Alencar, autor do espetáculo, se despediu de maneira fugaz do público na última sexta, 19, em virtude de um infarto. Num apagar de luzes com atores ainda no palco, sob o peso do silêncio e sem improvisos, o cenário do estado se tornou vazio pela ausência de quem possui o maior número de obras encenadas em Sergipe, muitas das quais escritas no período sombrio da ditadura, tornando-se referência histórica entre atores e amantes da literatura. E assim permanecerá.

“Hunald Alencar é um dramaturgo conhecido em todo o país e que nos últimos tempos se mantinha triste ante a falta de reconhecimento de Sergipe para com a sua obra. E foi com ‘Billie Holiday’, cujo trabalho começamos em 2014, que conseguimos ver a alegria de Hunald. Esse musical deu um novo ânimo a ele. Na noite de estreia, ele mesmo falou comigo que já podia morrer feliz, pois estava supercontente com o resultado, com o público. Na segunda noite de espetáculo ele não foi, mas quis saber como tinha sido e foi um sucesso, teatro lotado, o que o deixou mais feliz. Logo depois, ele foi acometido por infarto dentro de casa, infelizmente. A obra de Hunald se manterá viva, sem qualquer dúvida, e continuaremos com o espetáculo, pois temos a certeza de que ele não deseja que paremos”, disse o diretor de teatro, Raimundo Venâncio.

Nas redes sociais, muitos foram aqueles que utilizaram o perfil de Hunald de Alencar para expressar o pesar de tê-lo ausente e o “aconchego” de perpetuar o seu legado. “Eu que tanto fujo da tristeza, dou-me hoje ao exercício da tristura. E dou-me por um cessamento: de repente, ‘a barba e as unhas’ de Hunald Fontes de Alencar pararam de crescer. Um dos nossos maiores poetas é hoje um homem a menos nesta feira-doida que é a vida. O coração que tanto lhe impulsionou à criação e lhe deu cordas pelos caminhos crespos da generosidade, resolveu dormir pra sempre na madrugada deste sábado. Parodiando o bom e velho W. H. Auden, no poema à morte do poeta irlandês William Yeats, eu também digo, nesta hora fria, ‘Terra, acolhe um hóspede famoso: / Hunald de Alencar, e dá lhe repouso. / Fique a taça de Sergipe vazia / Do que continha de poesia’, escreveu o jornalista e poeta Jozailto Lima.

Em comentário às palavras dele, a atriz Tânia Maria, que dá corpo e voz a Billie Holiday no musical sergipano, retribuiu o carinho, rememorou o dramaturgo e falou sobre a saudade. “Que belo jardim de suntuosas palavras plantadas pelo querido Jozailto Lima! Nosso Hunald Fontes de Alencar ficaria orgulhoso desses escritos leves, suavemente puros e risonhos, mas profundos! Se tinha a intenção de emocionar, assim o fez. Mais uma vez demonstrou com tão bela homenagem o insigne poeta que é! Enquanto lia me deixei conduzir pelas imagens. Visualizei nosso poeta sentadinho na frente do Lourival, sempre com aquele sorriso brando para os amigos, para todos que iam em sua direção. A forma de escrever do Jozailto Lima é muito visual, a gente se transporta para o lugar dos acontecimentos narrados... O parabenizo por esse encantamento, e agradeço pelo aconchego! Bateu saudade do Hunald”, escreveu.

Hunald de Alencar

O poeta, escritor, dramaturgo e diretor teatral Hunald Fontes de Alencar nasceu na cidade de Estância-SE, em 10 de novembro de 1942. Bacharel em Direito, licenciado em Letras Português, com pós-graduação em Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, e ocupava a cadeira de número 10 da Academia Sergipana de Letras. Como dramaturgo, escreveu inúmeras peças, entre elas: Corpus, Uma Vez, o Amor (montada duas vezes), Cárcere de Outono e Minha Vida, Meu Bolero.

Publicou vários livros, como Uma Vez, em Olduvai, Poema de Kandor Ou a Escravidão dos Deuses e Morte no Estuário. É o autor sergipano mais encenado em Sergipe. Seus textos, carregados de profundidade e politização, servem de inspiração para muitos atores e amantes da literatura e da poesia. Em 2014, escreve seu primeiro monólogo musical: Billie Holiday, a Canção. Texto contundente, que apesar da crueza de suas palavras, é poeticamente profundo.

Texto e foto reproduzidos do site: jornaldacidade.net

domingo, 22 de maio de 2016

Morre o poeta e professor Hunald Alencar


Publicada em 21/05/2016

Morre o poeta e professor Hunald Alencar.

Hunald Alencar foi vítima de infarto.

Morreu na manhã deste sábado, 21, o poeta, escritor, professor, teatrólogo, dramaturgo, e membro da Academia Sergipana de Letras, Hunald Fontes de Alencar. Nascido em Estância, em 10 de novembro de 1942, era formado em Direito e atuou como professor de Língua Portuguesa e Literatura, além de jornalista e teatrólogo. A causa da morte foi um infarto fulminante.

Hunald Alencar, um dos mais generosos intelectuais de Sergipe na atualidade, é autor de diversos livros de poesia, entre eles "Uma vez em Olduvai", "Elogios aos Peixes Ágeis", "Tempo Leste", "Oito poemas densos", "Verde silêncio da semana", "Poemas de Kandor ou a Escravidão dos Deuses", além de diversas peças de teatro.

Seu último trabalho de grande repercussão na mídia foi o musical 'Billie Holiday, a Canção', interpretado como monólogo pela atriz e cantora sergipana Tânia Sérvula, ainda em cartaz no teatro.

Hunaldinho, como os amigos o chamavam, era o filho caçula do também poeta Clodoaldo de Alencar e de Dona Eurydice Fontes de Alencar. Era irmão do ex-ministro do STJ Fontes de Alencar, do também poeta e ex-reitor da UFS Alencar Filho, e do artista plástico Leonardo Alencar. Ontem mesmo o corpo de Hunald Fontes de Alencar foi velado no Osaf e sepultado às 16 horas no cemitério Santa Isabel, em Aracaju.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br