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segunda-feira, 1 de abril de 2024

'De Dom Luciano aos padres marqueteiros', por Luciano Correia

Legenda da foto: Catedral Metropolitana 
de Aracaju, até hoje inacabada
 
Legenda da foto: Dom Luciano, O Pastor

Artigo compartilhado do site SÓ SERGIPE, de 14 de março de 2024 

De Dom Luciano aos padres marqueteiros
Por Luciano Correia*

A Igreja Católica em Sergipe recebeu finalmente seu novo arcebispo. Já não era sem tempo, afinal, depois de alguns meses de vácuo total na liderança dessa secular instituição. Isto sem falar no ocaso provocado pela pior gestão de toda sua história, sob o comando do ex-arcebispo Dom João José Costa, marcada pela incompetência e desmandos na reforma do principal templo religioso do estado, a Catedral Metropolitana de Aracaju, até hoje inacabada. Acuado por todos os lados, por fogo interno e externo, o ex-arcebispo foi tragado pelas próprias contradições.

Por um princípio da Física e da política, aqui estendido à religião, todo vácuo tende a ser ocupado. E foi. Vencido pelas críticas e denúncias relacionadas com a obra da catedral, o então chefe da Igreja permaneceu a maior parte da sua gestão na defensiva, na proporção em que outros sacerdotes subordinados ao seu comando desenvolveram bem sucedidas carreiras solo, pelo menos no campo midiático. Uns estrelaram programas de rádio, outros eram os donos da “hora da Ave Maria”, missas teatrais no melhor estilo pop.

Aqui não vai nenhuma crítica ao desejo de líderes religiosos almejarem o status de celebridades, afinal, no atual mercado (ops!) religioso, quem não vende suas garrafas, não monta palanque para os fiéis. O tamanho do rebanho é proporcional à relevância com que cada igreja ou terreiro se afirma na sociedade. Reconheço que por trás de minhas observações talvez se esconda alguma má vontade com o desempenho medíocre do primeiro e segundo escalões da Santa Madre Iglesia em terras sergipanas, sobretudo quando lembro do imaginário construído na minha infância e juventude pelo desempenho de Dom Luciano Cabral Duarte.

Dom Luciano, O Pastor

Dom Luciano, chamado por católicos sergipanos de “O Pastor”, foi um homem extremamente culto, único sergipano que alcançou a proeza de ser colunista semanal de um jornal de alcance nacional, a Folha de S. Paulo, um intelectual refinado, respeitado no país inteiro. Embora conservador, desenvolveu na região do baixo São Francisco um projeto (acreditem!) de reforma agrária. Eu mesmo, quando trabalhava no jornal Tribuna da Bahia, fui verificar in loco a dimensão desse projeto e publiquei matéria de página inteira no periódico baiano.

Além de seu trabalho pastoral, foi um empreendedor extremamente competente, transformando a Rádio Cultura de Sergipe na emissora mais ouvida, com uma programação eclética, equilibrando jornalismo, música, variedades, cobertura esportiva e o trabalho evangelizador da instituição no estado. Papai não perdia sua célebre “A Hora Católica”, um sermão dominical que, mesmo para um menino ainda pouco interessado nas coisas do espírito, soava inteligível e interessante. Sem falar no exímio domínio da linguagem radiofônica, com uma voz grave, belíssima, uma das mais belas vozes que passaram pelo rádio sergipano. Nunca fui de igrejas, nem de religião, mas carreguei com orgulho o mesmo nome do pastor Dom Luciano, escolha de Papai para seu primogênito.

Mais recentemente, conforme contei aqui no portal Só Sergipe (O batismo de João), tentei batizar meu filho João na única igreja que não se encontrava em recesso no final do ano, período em que os padrinhos, que moram na Suíça, estariam por aqui. Consegui até um padre que se dispôs a fazer a celebração, mas fui informado que o ato não poderia ser consumado, pois minha querida sobrinha Carol e seu marido Pierre não são casados no religioso, apenas no civil. Já ouvi de várias pessoas que isso não é regra geral e que pode ser flexibilizada conforme a vontade do padre celebrador, o que, no meu caso, não ocorreu. Mas não quis prosseguir com a polêmica. Para mim, com toda a honestidade da alma, não tenho dúvidas de que, ao perder a ovelha Jão Cabeça Quente, quem mais perdeu foi a Santa Madre.

Aproveitei o ensejo, então, para encerrar minha interlocução com as celebridades eclesiásticas em questão. A chegada de novo comandante, quem sabe um pastor, como o saudoso Dom Luciano, talvez para poder trazer o alento às ovelhas abandonadas pelo circo midiático dos padres marqueteiros.

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* Articulista Luciano Correia, é Jornalista e presidente da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju).

Texto e imagem reproduidos do site: www sosergipe com br

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Lançamento do livro do Professor-Doutor Luciano Correia

Foto: Ascom.

Infonet - Cultura - Noticias - 23/01/2015.

Livro Entre Promessas e a Realidade da Televisão Digital.
Lançamento do livro do professor-doutor Luciano Correia.

“Nesse momento vem à memória aquele que idealizou e estimulou a Edise, o ex- governador Marcelo Déda. Ele abriu todas as portas para que escritores sergipanos tivessem um veículo para chegar ao mercado de trabalho, e esta idéia do governador tem ato contínuo com o governador Jackson Barreto”, disse o diretor Industrial da Segrase, Mílton Alves, durante o lançamento do livro “Entre promessas e a realidade da televisão digital”, do professor-doutor Luciano Correia.

Para Mílton Alves, “o Governo de Sergipe disponibiliza a estrada para que a criação literária seja estimulada e que a sociedade possa ter em suas mãos aquela produção que reflete todo sentimento político, econômico, social e cultural do estado de Sergipe”. O secretário de Comunicação, José Sales Neto, destacou o trabalho que realiza a Editora Diáario Oficial de Sergipe - Edise. “O trabalho da editora é primordial para que a sociedade sergipana tenha acesso a obras literárias que traduzem a nossa cultura, nossa identidade, aquilo que nós somos. São livros que enriquecem o universo literário”.

O professor-doutro e escritor Luciano Correia classificou de valiosa a contribuição do Governo do Estado para o mundo literário a criação da editora e observou: “Esse livro é o resultado de um Governo que tem compromisso com a cultura e com a comunicação. A Edise foi sendo moldada no governo Marcelo Déda e continua hoje na atual administração. A gente precisa saber preservar e reconhecer publicamente o valor da editora. A Edise vem publicando grandes trabalhos, presenteando a sociedade sergipana”.

“Foi um estudo de quatro anos em que cobri todas as notícias relacionadas a mudança do patamar da Globo. Tudo aquilo que eu poderia retirar para fazer minhas análises sobre esse reposicionamento, foi um material que serviu de base para fazer minha pesquisa”, disse Luciano Correia, arrematando: "Eu busco compreender como a Globo se posiciona, como ela traz a sua herança a sua experiência em 50 anos de televisão como também é possível a possibilidade emancipatória da digitalização mudar o mercado de televisão quebrando essa possibilidade da comunicação de massa – de um emissor falar para multidões. Essa é a grande novidade que interessa a sociedade, a possibilidade de que pessoas se comuniquem e recebam também informação".

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

Fonte: Ascom.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Jornalista Luciano Correia lança novo livro

Foto: divulgação.

Infonet - Cultura - Noticias - 22/01/2015.

Jornalista Luciano Correia lança novo livro em Aracaju.
Autor aborda o reposicionamento das TVs no universo digital.

"Entre Promessas e a Realidade da Televisão Digital” é o título do novo livro de autoria do jornalista Luciano Correia. A obra, que é resultado de uma tese de doutorado realizada na Unisinos (RS) e na Universidad Carlos III, de Madrid, Espanha, traz um retrato de um importante momento da mudança de patamar tecnológico na televisão brasileira, especificamente no registro dos movimentos desenvolvidos pela Rede Globo de Televisão no seu reposicionamento no universo da TV digital.

No resumo do livro, o autor conta que em dezembro de 2007, o Brasil deu início à nova fase da televisão, caracterizada pela passagem do patamar analógico para o digital. De acordo com ele, a Rede Globo de Televisão, principal emissora de TV do país e uma das maiores do mundo, aos poucos, fez sua passagem nas capitais e principais cidades brasileiras e começou a investir na implantação dos serviços inerentes à nova tecnologia de transmissão.

“O presente trabalho busca identificar as principais decisões tomadas pela Globo para se posicionar, dos pontos de vista econômico, mercadológico, administrativo, artístico, tecno-estético e sob outros aspectos, no ambiente da digitalização. O conjunto dessas estratégias é analisado aqui pelos instrumentos da Economia Política da Comunicação, linha de pesquisa na qual se inscreve o trabalho”, explica.

“Como pesquisador, eu atuo na linha da Economia Política da Comunicação, onde militava no grupo de pesquisa Cepos, liderado pelo prof. Valério Cruz Brittos, falecido em 2012. A pesquisa estuda os movimentos (estratégias) adotados pela Rede Globo de Televisão na passagem do patamar analógico para o digital. Na UC3 de Madrid, fui orientado pelo prof. Dr. Luis Albornoz, ex-presidente da seção internacional da Ulepicc, a União Latina de Economia Política da Comunicação, Informação e da Cultura”, completa.

Esta é o quarto livro lançado Luciano Correria. Nos anos 80, ele lançou um livrinho de poesias chamado “O Passeio”; em 2007, ele publicou "Jornalismo e espetáculo: o mundo da vida nos canais midiáticos"; em 2012, lançou “TV Caju e TV Cidade: o conteúdo local no mercado de televisão por assinatura em Aracaju".

O lançamento da nova obra está marcado para esta quinta-feira, 22, a partir das 17h, na livraria Escariz, localizada no bairro Garcia.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Aracaju também é minha.

Publicado originalmente no blog Espaço Público, em 17/03/2014.

Aracaju também é minha.
Por Luciano Correia.

A inevitável força do acaso me jogou para todos os cantos do mundo desde cedo, de uma maneira tão irremediável, que resultei me sentindo em tantas cidades e ao mesmo tempo em nenhuma delas. Esse mundo do trabalho e da vida que nos impõe uma desterritorialização, me fez órfão de endereço fixo. No dizer dos Titãs: “Não sou de nenhum lugar/ sou de lugar nenhum”. E antes que soe lamuriento, vos asseguro: isso não é bom nem ruim, melhor ou pior do que poderia ter sido. Apenas um registro de coisas como o pouco tempo que a vida me deu para reviver na doce e pequena Macambira os primeiros sinais de vida, justamente aqueles que nos marca, lapida e garimpa pelo resto de nossos anos. Anos depois, talvez já muito tarde, busquei em vão retomar laços perdidos, mas, como a Itabira de Drumond, fotografia na parede, a “minha” cidade já não existia: Macambira vive na minha memória.

Em Itabaiana cheguei aos dez e fiquei até os dezessete, tangido pela aprovação em Engenharia na UFS. Mas lá ficaram os demais, a maioria deles, pai e mãe principalmente, razão que fez dela um razoável porto seguro, onde sei que tenho cama cativa. A Aracaju que parecia a parada final só me abrigou por três anos, o suficiente para a Engenharia desistir de mim, antes que eu dela. Fui viver, conforme Gil e Caetano, na Cidade da Bahia, uma estranha gente que nos via como “o quintal da Bahia”, proféticas premonições de que um dia, muito tempo depois, surgiria aqui um grupo de empresários musicais dispostos a nos devolver a condição de colônia, colonizados que nos mostrávamos entre requebros e abadás.

Vivi uma Salvador que trazia nos becos da velha cidade o fantasma ainda fresco de Gláuber Rocha, o cinema “de arte” dos Bairris, as festas na faculdade de Medicina do Canela, cerveja e pilombeta no Terreiro de Jesus, as putas do Maciel, o projeto Pixinguinha no TCA, todas as peças de Nelson Rodrigues na Escola de Teatro da UFBa. A residência estudantil das meninas na Araújo Pinho, a residência de Jacobina, as mijadas nas centenárias árvores do Campo Grande. Alegre Bahia onde busquei régua e compasso para outros traços. Triste era a Bahia oficial que eu ignorei do começo ao fim. Tanto que no carnaval eu largava antecipadamente minha morada, no Corredor da Vitória, antes do primeiro baticum. Ia descansar minha cabeça em amores sergipanos numa Atalaia Nova bucólica, de tantas lendas e tantos ais.

E assim fui por aí, Oropa, França e Bahia. Começando pelo Paraná, depois Cuba, a francesa São Luís do Maranhão, outro tanto em Maceió, mais cinco anos entre o Rio Grande do Sul e seis meses em terras de Espanha. Comigo houve de ser assim: sempre estou indo, sempre voltando. Aracaju nunca me foi estranha. Aqui, faço cara feia ou bonita sempre que me aprouver, porque sou dono do meu sorriso. Aqui recomeço como se nunca tivesse nada interrompido. Aqui sou unha e carne, fogo e paixão, encantamento e enfado, onde minha dialética se aplica no correr dos dias e noites.

A primeira Aracaju era o lugar para onde Papai ia todos os meses para os deveres de sua Exatoria em Macambira e voltava com a pasta cheia de maçãs, aquela fruta nobre, deliciosa, de algum lugar que só poderia ser muito distante de nossas jacas e pitombas. Era o lugar que eu pensava onde moravam aqueles artistas do álbum de figurinha Coleção 69, Roberto Carlos, inclusive. Lembro de Mamãe demonstrando um certo ciúme de Ângela Maria, a cantora, sei lá eu por quais motivos. Mas, como ela morasse ali onde Papai ia com uma frequência capaz de criar limo, não tive dúvidas: “Papai deve estar comendo esta moça”. Ele chegava com sua pasta de documentos e eu corria, antes das minhas irmãs, para pegar uma das maçãs destinadas aos cinco filhos (Serginho só veio depois, já em Itabaiana). Jamais, em toda minha vida, senti o cheiro de maçã como o da pasta de Papai, um maravilhoso aroma também colado à minha memória de forma definitiva.

Por essa mesma época, comecei a fazer viagens curtas para as visitas a um dentista, no cruzamento dos calçadões. Papai parava sua imensa Rural na Rua da Frente, cujo rio Sergipe me foi apresentado por Mamãe como sendo “O Mar”. Hoje, sabedor de que as palavras não contêm os atos e os pensamentos, sei muito bem que minha mãe se referia a uma boca de barra, nem tanto rio, nem mar ainda. Depois vieram outras e outras Aracajus, sobrepondo-as umas sobre as anteriores como camadas, a minha vida feita aqui, com paradas, idas e retornos, mas com o sentimento de que acabei grudando nela, como parte de mim, a cidade a quem eu recorro quando, em algum lugar mais remoto, alguém me pergunta de onde sou. Para não alongar a resposta, nem tornar minha localização um exercício penoso a quem pergunta, dou minhas coordenadas: ”Sou de Aracaju, Sergipe, no nordeste do Brasil”.

Texto reproduzido do blog: luccorreia.blogspot.com.br
Foto reproduzida do site: visitearacaju.com.br