Mostrando postagens com marcador - OSMÁRIO SANTOS. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador - OSMÁRIO SANTOS. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Perfil de Osmário Santos

Publicado originalmente no site Osmário Santos, em 09/10/2012.

Osmário Santos - Perfil

Osmário Santos é bacharel em Comunicação Social, habilitação Jornalismo, pelas Faculdades Integradas Tiradentes e pós-graduado "Lato Sensu", especialização em Jornalismo Político e Econômico, pela Universidade Tiradentes. O fascínio pelo jornalismo começou ainda menino, estudante do Colégio Salvador, quando foi com os colegas de turma conhecer a redação do Diário de Aracaju, órgão integrante dos Diários Associados. A empolgaçãofoi tanta, que chegou a convidar o então diretor do jornal, Raimundo Luiz a fazer palestra no próprio colégio enfocando o tema Jornalismo. Daí por diante começa a fazer o jornal mural do grêmio estudantil do colégio.

No final da década de 60, funda o jornal "Capacidade" que passou a ser dirigido pelo poeta Danilo Sampaio e participação mais efetiva de dois jovens entusiastas pela imprensa, Aderbal Corumba e Antônio Menezes Barbosa. A serviço da cultura sergipana, o jornal circulava mensalmente e tinha como público alvo os assíduos freqüentadores da Galeria de Arte Álvaro Santos em seu tempo áureo de inauguração. Embora mimeografado, era disputado pelos jovens e intelectuais da época, que marcavam presença diária na galeria que na época era o point das pessoas envolvidas com o movimento cultural da cidade. Os encontros aconteciam pela noite e eram marcados por bons papos e compra de livros, pela pequena, mas poderosa livraria que funcionava anexo a galeria, exclusivamente com lançamentos voltados para a área política e social e que tinha como proprietário Luís Antônio Barreto. Pleno período da Ditadura Militar e o jornal não se intimidava na publicação de poemas sociais e de cunho revolucionário.

Ainda jovem, fez estréia de programa de sociedade na Rádio Jornal. Nesta época registra a cobertura jornalística do concurso Miss Brasil realizado na cidade de Salvador, quando foi responsável pelos comentários do certame de beleza em transmissão pelo rádio ao lado dos radialistas Paulo Barbosa e Jairo Alves.

Com a inauguração da Rádio Atalaia AM, colabora no Programa Hora do Recreio com notícias da área estudantil. Dessa experiência tem oportunidade de fazer reportagem externa cobrindo a Feira dos Municípios.

Teve programa de sociedade nas rádios Liberdade AM e na antiga Difusora e ainda na juventude, assina coluna social aos domingos no Jornal do Comércio do Recife, que mantinha, na época, sucursal em Aracaju.

Com a compra de Nazário Pimentel do Jornal de Sergipe, faz estréia no novo jornal, com direito a página diária de sociedade, passando o período de um ano e meio.

Na Gazeta de Sergipe uma participação por dois períodos: no primeiro, assinando coluna social diária e no segundo, como editor do suplemento dominical " Gazetinha".

No Jornal da Cidade lança o caderno Atalaia que circulava aos sábados, No caderno assinava coluna de sociedade e era responsável pela editoria do caderno. Na sua equipe de trabalho, contava com a presença do jornalista Valdomiro Júnior como secretário de redação Valdomiro Júnior. Com mais um tempo o caderno deixa de circular e assina no JC coluna social aos domingos que tinha o espaço de uma página.

Se afasta do jornalismo por um período para se dedicar ao comércio, trabalhando ao lado seu pai, José dos Santos na loja Magazin dos Móveis. Desse tempo, uma participação ativa no Clube de Diretores Lojistas de Aracaju na condição de diretor social.

No Iate Clube de Aracaju emplacou uma movimentada programação na condição de diretor social, nas administrações Laonte Gama e Rodrigo Teixeira, promovendo inesquecíveis festas que contaram com as presenças das grandes estrelas da música nacional, a exemplo de Clara Nunes, Gal Costa, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho, Bete Carvalho e tantos outros. Também no Iate Clube a revelação do seu lado de administrador quando assumiu na segunda administração de Laonte Gama a intendência do clube.

Passados alguns anos volta com mais garra no Jornal da Cidade, onde assume aos domingos uma página dedicada a memória de Sergipe. A idéia do trabalho de organizar a memória sergipana surgiu quando percebeu em pesquisa que realizou no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, a disponibilidade de um único livro retratando a vida de personalidades de Sergipe do passado, o Dicionário Bibliográfico de Armindo Guaraná, mas com um detalhe: só apresentava cinco ou seis linhas revelando a vida dessas importantes pessoas.

Por conta do trabalho da organização da memória sergipana, logo nos primeiros passos se sente recompensado, por telegramas de congratulações que serviram de incentivo, enviados pelo Conselho de Cultura do Estado, Câmara de Vereadores, Assembléia Legislativa, Conselho de Educação e de muitos leitores.

Tem o trabalho reconhecido pela Fundação Augusto Franco, que solenemente, faz a entrega de uma placa em que registra o reconhecimento daquela Fundação, pelo trabalho que estava desenvolvendo para organizar a Memória do Estado.

Ainda no retorno ao Jornal da Cidade, pela circulação do jornal na segunda –feira, assume todo o caderno B do jornal onde assina reportagens especiais e organiza a agenda de eventos da cidade. Também editou no JC o suplemento especial "Qualidade Total".

Registra passagem por inúmeros jornais alternativos.

Recebe da Associação Sergipana de Imprensa, o Troféu Imprensa, na categoria jornalista do ano de 91. Também recebe da ASI Menção Honrosa pela participação no Prêmio de Reportagem Pascoal Maynard em 1992.

Passa pela Revista Aracaju Magazine durante o período de três anos assinando reportagens especiais .

No passado assinou coluna na Revista Alvorada.

Com a volta do Diário de Aracaju em outra fase, pela compra dos direitos DA marca do jornal, assume a coluna social do jornal.

Apresentou na Rádio Delmar FM- o programa jornalístico "Osmário Entre Linhas Eletrônicas" onde passa o período de um ano e meio. Do programa, a conquista do Prêmio Gato do Jornal Capital, como melhor programa do rádio em 97.

Em 1999, apresenta o mesmo programa na Jornal FM, porém, em vez dos quinze minutos tal como fazia na Delmar, faz uso de dois minutos apresentados de hora em hora na programação da emissora. Na TV Sergipe no período de sua fundação, foi o responsável pelas promoções das emissoras, quando lançou o 1º Festival de Músicas Carnavalescas do Canal 4. Também foi o primeiro cenógrafo da TV Sergipe.

Foi o idealizador do Clube do Povo, nome tirado da decoração de sua autoria em parceria com os artista Naelson Belém e Ribeiro.

Por dois anos consecutivos fez parte da comissão organizadora do carnaval sergipano.

Atuou como decorador, tendo assinado por dois anos consecutivos a decoração de natal da cidade de Aracaju nas administrações Valdir Brito e Cleovansóstenes Pereira de Aguiar. Também por dois anos assinou a decoração carnavalesca da cidade de Aracaju. Foi campeão de decoração de clubes no carnaval pelo Cotinguiba, Associação Atlética e Iate Clube.

Como aluno do Colégio Atheneu, na época de secundarista, ingressou na Arcádia após defender tese sobre Clodomir Silva, chegando a presidência da entidade cultural daquele colégio, oportunidade em que foi o responsável pelo lançamento do 1º Festival de Músicas Estudantil de Sergipe, que lançou valores a exemplo de Alcides, Tonho Baixinho, Irmão e Marcos Xulé, Neri entre outros.

No 1o Festival de Artes de São Cristóvão, conquistou com o filme Caranguejo, o 1 º lugar no Festival Nacional de Curta Metragem.

Na segunda administração de Jackson Barreto passou pela Secretaria de Comunicação do Município. Por inúmeras vezes acompanhou Jackson nas suas viagens semanais que fazia junto de Valadares nos primeiros passos de campanha para disputa de governador.

Na primeira campanha de Albano Franco para governador, assume a coordenação do setor de rádio jornalismo . Já na segunda também faz parte da campanha no mesmo setor mas sem a responsabilidade da coordenação.

Atualmente responde pela Assessoria de Comunicação Empresarial da Cehop.

Em termos de assessoria, além da Secretaria de Comunicação do Município, presença na Secom do Governo.

Foi assessor de Comunicação da Unit, da Associação Comercial de Sergipe, do Conselho Regional de Contabilidade e passagem pela Secretaria da Fazenda quando foi o primeiro editor do Jornal O Fazendário.

Foi diretor de marketing do Del Mar Hotel durante o período de um ano e três meses.

Também foi professor das disciplinas. Entrevista, Técnicas de Reportagem e Produção de Pequeno Meio do curso de Jornalismo da Universidade Tiradentes. Já fez inúmeras palestras sobre jornalismo nos colégios de Aracaju.

Tem dois filhos maravilhosos, incentivos permanente no trabalho: Linna Rosa Leite Santos e Paulo Ricardo Leite Santos.

Por dois anos estudou no curso superior de Administração pela então Faculdades Integradas Tiradentes, hoje Universidade Tiradentes.
  
Premiações:

-Placa de Mérito Cultural pela Fundação Augusto Franco em maio de 91

- Jornalista do Ano de 91 – pela Associação Sergipana de Imprensa

- Menção Honrosa – Prêmio Jornalista Pascoal Maynard –

Associação Sergipana de Imprensa- ano de 1991.

- Mérito Cultural da Funcaju em 1996.

- Troféu Clodomir Silva da Biblioteca Municipal Clodomir Silva

Troféu Destaque Cultural em 95 em evento organizado pelo ator Jorge Lins.

Troféu João de Barro – pelas reportagens especiais no Jornal de Cidade em evento organizado pelo jornalista João de Barros.
  
Troféu Gato – Jornal "O Capital" pelo melhor programa do rádio sergipano de 1997 categoria jornalismo.

Colunista do Ano de 2001 – Troféu da Associação Sergipana de Imprensa

- Prêmio Jornalista do Futuro – em evento organizado por Hilda Queiroz
  
Colunista do ano – 2000 - Prêmio Personalidade, evento organizado pela vereadora Rivanda Farias.

Troféu Lisboa - pela Prefeitura de Aracajuno no ano de 2001, premiação pelo reconhecimento do trabalho pelo carnaval sergipano.

Texto e imagem reproduzidos do site: osmario.com.br

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Crítica ao "Oxente! Essa é a nossa gente"


Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 28/09/2004.

"Oxente! Essa é a nossa gente".

O médico humanista, o garçom boa-praça, o engraxate confiável, o padre contestador, o intelectual comunista que virou cristão, o empresário folclórico, a prostituta que era odiada pelas damas e amada pelos esposos destas. Estas são alguns dos 85 personagens que desfilam, sem cerimônia, pelas 518 páginas do livro “Oxente! Essa é a nossa gente” que o jornalista Osmário Santos estará lançando, às 20 horas desta sexta-feira, no Clube do Banese. “Os homens e mulheres que figuram nesse novo livro de Osmário ocupam, na memória sergipana, lugares especiais, por conta do modo como viveram ou vivem”, escreve em seu prefácio o jornalista e pesquisador Luiz Antônio Barreto.

E Luiz Antônio Barreto prossegue afirmando que o leitor terá uma agradável surpresa ao folhear e ao consultar o novo livro de Osmário Santos “e apreenderá, de forma simples, com quantos sergipanos se faz uma cultura”. Já o diretor de redação do Jornal da Cidade, Marcos Cardoso, revela que o autor “é o Armindo Guaraná do nosso tempo, com a vantagem de que sua obra dispensa o cunho elitista do Dicionário Bio-Bibliográfico Sergipano”. Responsável pela apresentação da orelha do livro, Cardoso prossegue afirmando que os personagens de “Oxente! Essa é a nossa gente”, “por esses desígnios inexplicáveis da vida, meio sem querer, tornaram-se, cada um no seu ramo de atividade, figuras emblemáticas de Aracaju”.

E por que Osmário resolveu enveredar pela literatura? Ele explica que decidiu publicar os dois livros para que o seu trabalho de jornalista memorialista não ficasse somente nas páginas do jornal, “para garantia das gerações futuras e facilidade de pesquisadores e estudantes”. Luiz Antônio Barreto concorda: “Os livros de Osmário, bem preparados, mantendo informações substanciosas, são singulares, únicos e estão destinados a cumprir um papel referencial igualmente destacado”, elogia. Barreto continua afirmando que “tudo começa com a escolha das personalidades entrevistadas, espécie de calçada da fama, ditada pelo prestígio de cada um, no seu ambiente de convivência”.

RECEITA DE SUCESSO - Assim como o primeiro livro de Osmário Santos, “Memórias de Políticos do Século XX em Sergipe (824 páginas)”, a obra é fruto das inúmeras entrevistas produzidas pelo autor para a página dominical do Jornal da Cidade. “É um trabalho jornalístico que quebra a frieza do texto puramente noticioso por conta do relato da história dos entrevistados, que, diante das perguntas e provocações, revelam espontaneamente os fatos mais interessantes de suas vidas, alguns deles até desconhecidos da própria família”, afirma o autor como se estivesse ensinando parte da fórmula do sucesso da página que produz ininterruptamente há 15 anos.

Osmário precisou de muito mais para tornar a página dominical do Jornal da Cidade uma leitura obrigatória. Não é para qualquer um arrancar segredos de políticos tradicionais com a mesma facilidade de quem refresca a memória de octagenários que nunca se imaginaram diante de um gravador. Conquistada a confiança para remexer no baú do passado alheio, o autor precisou de muita paciência e sutileza para “enxugar” a longa conversa e, naturalmente, todo o cuidado do mundo para entrar, sem invadir, a intimidade do entrevistado. São necessários, portanto, muitos anos de estrada e sensibilidade aguçada para juntar estes e outros condimentos e não estragar a receita. Convenhamos, Osmário conseguiu.

Por Adiberto de Souza.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/cultura

O que diz a crítica sobre o livro “Oxente! Essa é a nossa gente”

Foto reproduzida do site: infonet.com.br

Publicado no site Osmário Santos, em 16/10/2004.

O que diz a crítica sobre o livro “Oxente! Essa é a nossa gente”.

(...) Comentários da crítica sobre o livro do jornalista Osmário Santos, que ao longo de 15 anos vem trabalhando na organização da memória sergipana...
.....................................................................................................................................

Um novo livro de biografias.
Por Luiz Antonio Barreto.

Osmário Santos, autor do livro Memórias de Políticos de Sergipe no Século XX (Aracaju: UFSE/Fundação Oviêdo Teixeira/Banese, 2002), organizado com a colaboração do professor Afonso Nascimento, repete o feito de retirar das páginas domingueiras do JORNAL DA CIDADE os textos que emolduram biografias sergipanas. Não há mesmo como não comparar um e outro livros. “Oxente! Essa é a nossa gente”, de 450 páginas, 71 nomes, não tendo a pretensão de ser um dicionário de memórias, ao final complementa o livro anterior, ampliando não apenas as 123 biografias, distribuídas em 824 páginas, mas a visão do Estado e especialmente da vida política e social de Aracaju.

Um livro sobre ou de políticos é sempre alguma coisa pesada e medida, rebuscada para deixar a melhor das impressões, como uma exigência comportamental, perante um leitorado que julga, aplaude e vota. Já um livro de pessoas simples, flagradas em seu cotidiano e urdidas em suas histórias de vida, é outra coisa, mais livre, límpida, sincera.

Os jornais são fontes preciosas de documentos, sempre fornecendo dados, fatos, opiniões, perfis, que podem servir de roteiro ao conhecimento ampliado da realidade. O dia-a-dia do jornal nas mãos dos leitores encobre essa função profunda, exclusiva, que a imprensa desempenha ao fixar na memória social as suas páginas, e notadamente as suas colunas. Osmário Santos fez da sua página semanal um amplo registro e agora seleciona, organiza e oferece, de uma só vez, o produto de anos de trabalho.

Os livros de Osmário Santos, bem preparados, mantendo informações substanciosas, construídas através dos depoimentos tomados e gravados, são singulares, únicos e estão destinados a cumprir, no futuro bem próximo, um papel referencial igualmente destacado. Tudo começa com a escolha das personalidades entrevistadas, espécie de calçada da fama, ditada pelo prestígio de cada um, no seu ambiente de convivência. Depois, a edição, limitada ao espaço de uma página, deixando aparas e sobras que passam desapercebidas do leitor comum. Por fim, depois de anos nas estantes das bibliotecas, quase sem consulta, eles ganham nova vida nas páginas dos livros, onde vão recircular.

A fórmula de Osmário Santos deu certo. Tanto ele já produziu um número gigantesco de horas gravadas, com centenas de pessoas, como soube selecionar dois conjuntos de personagens, primeiro os do mundo da política, agora os dos vários segmentos sociais, apanhados como se fossem tipos populares, sem aquela conotação de pessoas excêntricas, portadoras de singularidades.

Os homens e mulheres que figuram em “Oxente! Essa é a nossa gente” ocupam, na memória sergipana, lugares especiais, por conta do modo como viveram ou vivem. São pessoas das mais variadas profissões e condição social, alguns dos quais marginalizados pelas suas opções de vida, e que engrossam os grupos que dão calor e ritmo ao viver sergipano. Explorando particularidades, Osmário Santos produz a oportunidade de revelar, integralmente, pessoas que nem sempre o tempo glorifica.

O leitor terá uma agradável surpresa ao folhear e a consultar “Oxente! Essa é a nossa gente” e aprenderá, de forma simples, com quantos sergipanos se faz uma cultura. E terá, ainda, a certeza de que os jornais guardam tesouros em suas páginas, como as entrevistas de Osmário Santos. Uma riqueza agora partilhada, como exercício jornalístico da melhor validade.

O livro de Osmário Santos repete a fórmula de transpor textos das páginas de jornais para as páginas do livro, como a verter jornalismo em literatura, combinação que tem dado muito certo no Brasil. São poucos os intelectuais, fora da academia, que não exercem papéis de cronistas, críticos, articulistas, nos jornais e revistas nacionais. Basta conferir entre os imortais da Academia Brasileira de Letras aqueles que, como Antonio Calado, Arnaldo Neskier, Murilo Melo Filho, têm uma militância na imprensa. Outros, como Austregésilo de Ataide, Carlos Castelo Branco, Roberto Marinho, que já morreram, elevaram o texto diário às mais altas ressonâncias da escritura literária.
____________________________________________________________

Dois olhos muito acesos.
Por Araripe Coutinho.

Dois olhos muito acesos e “Oxente! Essa é a nossa gente”. A forma desproposital com que Osmário Santos, jornalista, professor e quase multimídia, desenvolve seus personagens no livro recém-lançado pela Ós Editora, envolvendo vultos sergipanos vivos e alguns de recente e saudosa lembrança, é um trabalho de fôlego, colhido em 15 anos de trabalho quase insano deste que é o jornalista que mais contribui, hoje, para a nossa memória biográfica.

Carente e pobre de biografias, as pessoas importantes para a cidade, para a sua identidade cultural ou sociológica, são enfocadas no livro “Oxente! Essa é a nossa gente”. Mais que um resultado dos anos de publicação no JORNAL DA CIDADE, o livro é um atestado vivo da existência de um povo multifacetado, interessante, comovente e, sobretudo, ímpar. As histórias de vida vão se revelando num mosaico vivo, com fatos interessantes, prosaicos e às vezes surpreendentemente reveladores.

A existência em Aracaju de personagens tão únicos faz do leitor uma presa do livro de Osmário Santos. “Oxente! Essa é a nossa gente” traduz bem o espírito do autor, descompromissado com chavões rebuscados e interessado apenas em revelar o propósito da obra, que é trazer à luz a existência de personagens, figuras ilustres, anônimas ou mesmo folclóricas de uma sociedade que vai se esvaindo a cada dia, e perdendo os seus referenciais humanos. “Oxente! Essa é a nossa gente” usa um termo de linguagem nordestina, “oxente”, para exatamente chamar a atenção do leitor para a sua identidade, quer no falar, no andar ou mesmo no existir numa sociedade aracajuana dos anos 40 aos nossos tempos atuais.

Osmário Santos, que assina uma página diária no JORNAL DA CIDADE, presta assessorias e mantém um site, é um jornalista incomum. Ansioso, apaixonado pelo seu ofício, ele busca os seus personagens, que ele prefere chamar de vultos sergipanos, quase que aleatoriamente e aí aperta o play e dá a redação daquele que terá a sua vida esmiuçada e traduzida para o público. Conta o autor que fez uma de suas entrevistas no hospital. Como a família achava que o doente precisava de descanso, ele voltava e voltava de novo, até conseguir por completo a sua entrevista. É claro que Osmário também é um coadjuvante de todas essas histórias.

A cultura de um povo se mostra pela diversidade que ele produz. No “Oxente! Essa é a nossa gente” este retrato é revelado. Mesmo as pessoas discriminadas, marginalizadas, que não vivem de acordo com o preestabelecido pela sociedade, estão no livro, e é esta a riqueza maior do volume de 525 páginas, ilustrado pelo artista plástico José Fernandes. Riqueza esta que não está na conta bancária, termômetro usado pelo sul para compendiar pessoas em livros, mas no valor histórico de cada pessoa, indistintamente. Este, talvez, seja o maior mérito do autor.

Além do aparecimento de nomes que aparentemente vivem esquecidos da vida cultural sergipana, “Oxente! Essa é a nossa gente” revela no decorrer da narrativa também mágoas, nomes, vitórias e fatos prosaicos da vida dos enfocados.

Antonio Gonçalves, o popular Feola, “foi jogador, técnico e dono de time de futebol. Uma figura das mais conhecidas da cidade das mais reverenciadas no calçadão da João Pessoa...”, Caio: o engraxate modelo de Aracaju, “com a magia da sua cadeira de engraxar, seu Caio, como é chamado por todos, é o engraxate modelo de Aracaju. São 60 anos de profissão. Seu ponto é na rua Laranjeiras, quase na esquina com a rua Itabaianinha...”. Candelária: uma vida de luta e martírio, “afastada da prostituição há 21 anos, vivendo com seus quatro filhos e criando mais um, que foi abandonado na porta de sua casa, Candelária é hoje uma outra mulher...”; Ciganinha abre o jogo sobre a sua e outras vidas: “Muito já se falou da condição de vida das mulheres que se envolvem ou são envolvidas com a difícil vida fácil...”. E por aí vai, Djalma Borboleta, Cleomar Brandi, Dom Altamiro, Domingo Félix, dona Ana, a lavadeira, dona Carlota, dona Finha, dona Hildete Falcão, padre Enaldo, Erotildes Araújo, Eurico Luiz, Eurípedes, Expedita, a filha de Lampião, Galego, Geraldão, Ginaldo, Herílio Alves, Hilton Lopes, Ilma Fontes, Ildete Nabuco Teixeira, Jácome Góes, J. Inácio, João da Cruz, João de Barros, João do Alho, José Eugênio de Jesus, José Orico, José Ramos, Josias Passos, Juca Beato, Lídio da Cocada, Lisboa, Luiz Adelmo, Manequito, Manoel D’Almeida Filho, Manoel Felizardo, Maria Feliciana, Mário, o bedel do Tobias, Mãe Marizete, Mestre Euclides, Nestor Braz, Orlando Machado, Osório de Matos, Osvaldo Tavares, Padre Pedro, Pinga, Popó, Ribeiro, Rita Peixe, Roberto Tunes, Rubens Chaves, Sapatão, Sargento José Luiz, Seu Álvaro, Seu Jonas, Seu Oscar, Seu Osvaldo, Seu Ribeiro, Silvio Santos, Sobó do Iate, Thenisson Araújo, Tia Rute, Tote Ajeitando, Tonho do Mira, Toni Chocolate, Tuca, Ursino Ramos, Valadão, Wellington Elias, Wilson Silva, Zamor, Zé de Raul, Zé Peixe, Zelito Machado. “Oxente! Essa é a nossa Gente”, o barbeiro de gente famosa, o engraxate mais antigo, o padre caridoso, o bon vivant da década de 60, o Chiquinho Scarpa Roberto Tunes, a lavadeira que hoje mora numa cobertura no Jardins, a mais fervorosa torcedora de futebol, o carnavalesco advogado e o colunista social mais antigo de Sergipe, todos estes são personagens que fazem ou fizeram a nossa história.

Como a vida é uma paixão inútil, no dizer de Sartre, estes radiografados por Osmário Santos têm seus 15 minutos de fama, que na verdade tornam-se atemporais, vítimas ou culpados, alegres ou tristes, donos de matizes únicos que só um espelho multifacetado de um sociedade plural consegue construir e os olhos bem acesos de um Osmário pode, em boa hora, imortalizar.
___________________________________________________________

Nossa Gente.
Por Gilfrancisco.

Quem é o jornalista? Michel Foucault (1926-1984), o filósofo da loucura universal, em conferência, na Bahia, a 3 de novembro de 1976, definiu assim: “O jornalista é o filósofo do século XX. Cada época tem as forças de filosofia que é capaz de produzir. Na nossa época, a filosofia voltou-se para aquilo que somos, a direção que seguimos e a que não devemos tomar. E isso é jornalismo”.

O jornalista é um semeador de amanhãs, explora terrenos moralmente ambíguos em que se movem os indivíduos sobre os quais escrevem, pela sensação de se poder ser testemunha ocular da história e do tempo. Porque a história ocorre sempre na “rua”, nunca numa redação de jornal. Ou seja, o jornalista planta o instante no chão cotidiano, porque o futuro é a própria história. Osmário Santos é um profissional do amanhã e por isso exige-se muito mais de transpiração do que inspiração.

O recém-lançado livro “Oxente! Essa é a nossa gente”, do colega Osmário Santos, aborda pessoas que fizeram ou fazem cotidianamente a história da cidade de Aracaju. O livro de grandes e memoráveis surpresas trata da “nossa gente”, gente sergipana de nascimento e de adoção, temática por excelência de sua vida harmoniosa, fecunda e intensa.

Osmário Santos é um jornalista memorialista, que tem a capacidade de extrapolar os limites de suas páginas dominicais, com uma espontaneidade, uma naturalidade, uma sagacidade de servir de exemplo aos novos profissionais. Sabe ser fiel à sua verdadeira inclinação, embora nem sempre consiga conter a força diabólica da irreverência.

Jornalista que possui vocação traz consigo uma trajetória de sucesso. Ós, como é carinhosamente chamado pelos colegas de redação e amigos, gosta de falar, de conversar, de provocar debates porque sente a necessidade impiedosa de comunicação oral. Porém emprega a forma escrita para expressar seu pensamento. “Oxente! Essa é a nossa gente” é o segundo volume de uma trilogia (Memórias de Políticos do Século XX em Sergipe, 824 páginas, 2002) do rico acervo das suas entrevistas realizadas nessas duas décadas.

É o que acontece com esse conjunto de retratos aracajuanos – entendidos como “vultos populares” por Marcos Cardoso. Não importa que cada um dos seus 85 retratos ou entrevistas já tenham vindo a público isoladamente, quando foram publicados nas páginas dominicais do JORNAL DA CIDADE. O fato é que ao aparecerem agora reunidas formam um todo. É um livro com suas 525 páginas repletas de curiosidades, ricamente ilustradas pelo renomado artista plástico lagartense José Fernandes, aba assinada pelo diretor de Redação do JORNAL DA CIDADE, Marcos Cardoso, e prefaciado pelo jornalista e escritor Luiz Antonio Barreto e teve patrocínio do Banese, dentro da programação dos seus 40 anos. “Oxente! Essa é a nossa gente” finalmente chega às mãos da comunidade de onde se origina e para onde, de direito, deve voltar, para ensinar a todos nós, profissionais e leitores.

Essa publicação é apenas mais uma conquista na carreira do jornalista Osmário Santos, ou como costuma dizer: “Que a vida é um eterno aprender e desaprender”, e demonstra sua disposição em continuar surpreendendo e emocionando seus leitores. É fruto da sua incansável busca pela simplicidade, algo muito difícil de atingir, segundo ele próprio.

Esses relatos, sem dúvida, compõem uma significativa parcela da história de Sergipe, um trabalho que resgata nossa “memória cultural” e, de certa forma, é uma grande contribuição aos estudos antropológicos da cultura sergipana, onde estão presentes vários tipos humanos: médicos, jornalistas, garçons, políticos, padres, engraxates, empresários, boêmios, radialistas, esportistas, dentre outros.

O livro é um grande caldeirão antropofágico, que suscita um repensar de determinados problemas relativos aos estudos já realizados sobre a historiografia sergipana. “Oxente!...” é mais uma fonte de pesquisa, mais uma referência para estudiosos carentes de informação substanciosas. É leitura obrigatória e pode ser encontrado nas melhores livrarias da cidade.

Para encerrar a conversa, parafraseando o saudoso amigo Jorge Amado, Sergipe são todos aqueles que conduzem pelo mundo afora a flama do humanismo que o marca e o define.
____________________________________________________________

Ilustres vultos populares.
Por Marcos Cardoso.

O médico humanista, o garçom boa-praça, o engraxate confiável, o padre contestador, o intelectual comunista que virou cristão, o empresário folclórico, a prostituta que era odiada pelas damas e amada pelos esposos destas. O que essas pessoas têm em comum além de comporem a trama de uma mesma sociedade, no caso, de Aracaju? É que todas, por esses desígnios inexplicáveis da vida, meio sem querer, tornaram-se, cada uma no seu ramo de atividade, figuras emblemáticas desta cidade. São vultos populares da sociedade aracajuana na segunda metade do século XX.

Osmário Santos, um dos principais nomes do colunismo de variedades de Sergipe — para não dizer o maior deles —, é jornalista possuidor de um senso de oportunidade rara. Daí saber ampliar seus interesses — com seriedade e ética — a outros campos, como o da mídia eletrônica e ao editorial. Assim, na Internet e nos livros, reverbera a voz que tem no JORNAL DA CIDADE, aonde milita há um par de décadas.

O jornalismo memorialista que produz semanalmente naquele que é o principal jornal diário sergipano cresceu em importância quando publicou, há dois anos, o livro “Memórias de Políticos de Sergipe no Século XX”. Com este “Oxente! Essa é a nossa gente”, reservada aos vultos populares, consolida seu obstinado trabalho de pesquisa.

Obstinada porque, além de perseverante, Osmário é relutante, teimoso e até birrento. Persegue um objetivo e não pára até consegui-lo. Mas não tem veleidades acadêmicas, pois é jornalista acima de tudo, um caçador de novidades — e não um caçador de relíquias. Ele é o Armindo Guaraná do nosso tempo, com a vantagem de que sua obra dispensa o cunho elitista do “Dicionário Bio-Bibliográfico Sergipano”, publicado no início do século passado.

A expressão vultos populares, usada aqui, insinua alguma contradição, porque se vulto designa a pessoa importante, aquele de alguma notabilidade, contrapõe-se ao popular, que é próprio do ou agradável ao povo, que tem as simpatias dele, sem ser vulgar ou ordinário. Mas a combinação do substantivo com o adjetivo dá uma noção mais precisa sobre quem é ou torna-se popular a partir ou apesar da sua importância social. Daí porque preferi classificar os personagens deste livro de vultos populares.

Para ampliar as qualidades que os distinguem, acrescentei outro adjetivo, ilustre, que tanto pode significar célebre, nobre ou esclarecido. E, de alguma forma, todos os que freqüentam este novo livro de Osmário Santos têm algo de nobre sem deixar de ser simpático ao povo, de célebre sem ser ordinário, de esclarecido, sendo ao mesmo tempo agradável.

Texto reproduzido do site: osmario.com.br