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sábado, 1 de agosto de 2020

Em 2020, bicentenário de Sergipe é comemorado de forma independente


Publicado originalmente no SITE DO BARETA, em 8 de julho de 2020

Em 2020, bicentenário de Sergipe é comemorado de forma independente

Desta vez, os sergipanos celebram, em seus lares, o marco histórico que revela o protagonismo econômico e traz à tona a sergipanidade do povo

Existe uma máxima que o brasileiro é um povo que se não conhece sua história. Mas o sergipano sabe bem de suas dores e sabores até que seu antepassado conseguiu conquistar a independência e representatividade socioeconômica. Sergipe emancipou-se politicamente da Bahia em 8 de julho de 1820. De lá para cá, a então capitania de Sergipe del-Rei viria a ser elevada à categoria de província quatro anos depois e a estado, assim como as demais, após a proclamação da República em 1889.

O marco do bicentenário de Sergipe é um momento adequado para explorar fatos que contribuíram efetivamente para a formação e qualificação do povo sergipano. O economista Saumíneo Nascimento, que também é vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Tiradentes, explica que a celebração dos 200 anos de emancipação política do Estado só aconteceu graças à sua pujança econômica. “Graças a nossa agricultura daquela época, que hoje continua importante e também agregando novas atividades, com a agroindústria que só vem ganhando força no estado. Sergipe tem riquezas minerais, indústrias que chegam de outros estados e países, tem um comércio e serviços desenvolvidos”, explica.

Para ele, o setor da Educação cresceu significativamente ao longo desses dois séculos. “Vem se desenvolvendo muito, ofertando cursos de Graduação, Pós-graduação, em nível de mestrado e doutorado, formando e exportando cientistas que realizam importantes pesquisas com relevante impacto social. Então, enquanto sociedade, realmente temos muito a comemorar, porém, também temos desafios que devem ser superados pelas gerações que estão chegando. Que nesses 200 anos de emancipação, possamos pensar num futuro melhor em que as pessoas convivam pacificamente e que possam prosperar cada vez mais”, relata professor Saumíneo Nascimento.

Já a história da Educação em Sergipe tem como marco divisor a fundação do Colégio Tiradentes, em 1962, que depois passa a ofertar graduação e vira faculdade até alcançar o status de universidade. Para o reitor da Universidade Tiradentes, Sergipe tem muita gente capaz e disposta a solucionar problemas da sociedade.

“Por isso que a Educação é tão importante, sempre foi e sempre será. Somente por meio da Educação de qualidade é possível superar todos os obstáculos e vencer grandes batalhas, seja na seara da política, da saúde ou da cidadania. Enquanto cidadãos, todos temos a obrigação de cuidar do que é nosso pela grandeza que nossa terra tem. Dessa vez não poderemos comemorar os 200 anos do nosso estado da forma como queríamos, mas seguiremos trabalhando para isso”, declara o professor Jouberto Uchôa.

O professor de História da Unit, Gilton Kennedy, comemora a emancipação de Sergipe como um divisor de águas. “Se não houvesse independência, não teríamos autonomia, nem nossa sergipanidade, reconhecimento local, valorização dos interesses e da cultura, tudo ficaria muito disperso. A emancipação foi fundamental porque traz reconhecimento da identidade de nossa gente e força às tradições”.

Mas até chegar nos dias atuais, os trilhos da história foram recheados de intensas batalhas. “Infelizmente, até hoje, em Sergipe ainda há concentração de renda nas mãos de poucos, e isso vem desde os primórdios. Esse fato evidencia cada vez mais o processo de desigualdade social e vai traçando, obviamente, uma história castigadora em relação aqueles que estão à margem da sociedade. Mas temos esperança de que isso mude algum dia, caberá às novas gerações escreverem os próximos capítulos desta história”, conta o professor Kennedy.

Bicentenário

O marco histórico de dois séculos de independência de Sergipe não pode ser celebrado como a sociedade gostaria devido a pandemia causada pelo novo coronavírus. Antes desse cenário desafiador, a ideia era realizar uma série de festividades através da Comissão Preparatória dos Festejos do Bicentenário da Emancipação Política de Sergipe (Cobise).

Com o objetivo de enaltecer o espírito de sergipanidade, reafirmar a identidade do povo sergipano e trabalhar o resgate histórico de Sergipe, a Cobise estava apta a realizar uma extensa programação alusiva à comemoração dos 200 anos do estado. Mas as atividades precisaram ser suspensas. “Esperamos que tão logo essa pandemia passe para que possamos retomar os assuntos que tratamos na Cobise com as entidades parceiras”, revela a pesquisadora e escritora, professora Lúcia Marques, representante da Unit neste projeto.

Assim, esta quarta-feira, 08, não é feriado estadual, pois a data alusiva já foi antecipada para o dia 22 de maio, conforme projeto de lei encaminhado pelo governador Belivaldo Chagas à Assembleia Legislativa de Sergipe.

Unit 58 anos

A história da Universidade Tiradentes iniciou em Sergipe em 1962, com a criação do Colégio Tiradentes, que foi alçado à faculdade em 1972 e à universidade em 1994. Até hoje, segue sendo a única particular do Estado. Com inovação, ética e responsabilidade social, de 1976 até 2019, a Instituição de Ensino Superior sergipana já entregou ao mundo, mais de 70 mil profissionais graduados e capacitados para o mercado de trabalho.

Reconhecida com nota máxima pelo Ministério da Educação, a Unit tem destaque no Ensino Superior não somente por seus 58 anos de história, mas por sua excelência de ensino, pesquisa e extensão, responsabilidade social, gestão e corpo docente. Recentemente, o Google reconheceu a Unit como Universidade Referência Google for Education no mundo. Hoje, a Unit está posicionada entre as dez universidades brasileiras com melhores cursos de mestrado e doutorado do País.

Atualmente, a Unit possui cinco campi em Sergipe: dois em Aracaju (campus Centro e campus Farolândia), além de campus em Itabaiana, Propriá e Estância. Além deles, há ainda 24 polos de Educação a Distância em mais quatro estados do Nordeste – Bahia, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte –, consolidando seus 58 anos de atuação com o reconhecimento do Ministério da Educação, com nota máxima, devido sua excelência em ensino, pesquisa e extensão.

Para ampliar as diretrizes do ensino de qualidade da IES no Brasil, o Grupo Tiradentes foi estabelecido como entidade corporativa de gestão institucional da Universidade Tiradentes e Faculdade São Luís de França, ambas em Sergipe; do Centro Universitário Tiradentes em Maceió/AL; do Centro Universitário Tiradentes de Pernambuco, no Recife; e da Faculdade Tiradentes, em Jaboatão dos Guararapes/PE; além do Tiradentes Institute, em Boston/EUA. Ainda tem o Tiradentes Innovation Center, primeiro Centro de Inovação voltado à Educação no Nordeste, inaugurado em outubro de 2019, no campus Aracaju Farolândia, exatamente toda a história da corporação iniciou e só vem dando vida ao legado por meio da tecnologia e inovação.

Juntas, as instituições alcançam a marca de 40 mil estudantes universitários e, com isso, o Grupo Tiradentes se tornou um dos maiores grupos educacionais do Nordeste brasileiro, levando conhecimento especializado a centenas de estudantes que encontram no Ensino Superior o início de uma carreira de sucesso.

Assessoria de Imprensa | Unit

Texto e imagem reproduzidos do sitedobareta.com.br

quarta-feira, 8 de julho de 2020

A difícil luta pela emancipação de Sergipe


Texto publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 08 de Julho de 2020

Opinião - A difícil luta pela emancipação de Sergipe
Por Jorge Carvalho do Nascimento (Coluna Aparte)

Muitos dos estudos sobre a História de Sergipe afirmam que a Revolução Pernambucana de 1817 foi a principal causa para a criação da Capitania de Sergipe D’El Rey, em 8 de julho de 1820. Após aquela revolta, Dom João VI concedeu autonomia a três novas Capitanias: Sergipe, Alagoas e Rio Grande do Norte.

Neste texto defendo que o processo que separou o território de Sergipe da Capitania da Bahia é mais complexo e se coloca no contexto dos eventos vividos pelo Brasil entre a chegada de Dom João VI, em 1808, e a proclamação da Independência, por Dom Pedro I, em 1822. É necessário considerar o contexto econômico e o quadro político que levaram o rei a tomar esta decisão.

Contudo, vale a pena dizer que a revolta não se alastrou pelo território de Sergipe, distintamente do que aconteceu em outras Capitanias. Os proprietários rurais sergipanos entraram em pânico, principalmente porque a situação dos mais pobres era inquietante.

Naquele momento, Sergipe convivia com a escassez de gêneros alimentícios para os mais humildes, principalmente a farinha de mandioca, em face da seca com a qual conviveram os sergipanos em 1816. A elite local permutou com o Governo da Bahia o abastecimento dos gêneros de primeira necessidade em troca do compromisso de fornecer homens para combater os revoltosos e também montarias para a luta.

Não obstante as agruras que frequentemente se abatiam de modo intenso sobre os pobres, como as consequências da seca de 1816, a elite dos senhores proprietários de terra e dos comerciantes prosperava em Sergipe, um espaço geográfico e político que se fazia cada vez mais rico, de modo célere, desde o final do século XVIII.

Era visível a expansão de vistosos canaviais nos produtivos vales dos rios Sergipe, Cotinguiba, Vaza-Barris, Piauí e Real, onde o massapê do solo era propício ao cultivo da cana de açúcar. Da mesma maneira, o poder dos senhores de terra não conhecia limites, o que transformava o território sergipano em uma região na qual o Estado era um grande ausente e as contendas eram decididas num ambiente de muita violência. Os crimes, recorrentemente, permaneciam impunes.

Do ponto de vista político, portanto, como assinalou no relatório que fez a Dom João VI o primeiro governador da Capitania, Carlos César Burlamaqui, alguns movimentos pleiteavam a independência desde a primeira década do século XIX.O quadro de posições que tomaram os políticos brasileiros entre 1808 e 1820 é complexo e tem como pano de fundo um conflito central.

A posição dos que desejavam fazer do Brasil um Estado nacional independente em confronto com aqueles que gostariam de manter o território brasileiro na condição de colônia portuguesa, ou no máximo, aceitavam o reino unido subordinado a Portugal. Quando presentes políticos da Bahia e os que viviam e possuíam interesses no território que corresponde a Sergipe, a questão da independência de Sergipe em relação a Bahia era um dos elementos dentre os que serviam de combustível a este conflito.

O primeiro governador da Capitania de Sergipe, Carlos Burlamaqui, era português de nascimento, porém se identificava com os interesses dos brasileiros que defendiam a independência nacional. Após a sua nomeação e antes da posse pediu ao Conde da Palma, governador geral da Bahia, 100 homens para organizar minimamente uma tropa regular de segurança.

Estes homens organizariam o corpo de milícias sergipano. Requereu também as condições para fazer a defesa do litoral de Sergipe com peças de artilharia. Assinalou a necessidade de organização da Junta de Fazenda, para arrecadar e distribuir os recursos públicos.

Mal sabia Burlamaqui que não conseguiria executar seu plano e que o seu Governo duraria pouco menos de um mês. Chegou a São Cristóvão no dia 19 e foi empossado em 20 de fevereiro de 1821. A sua deposição ocorreu em 18 de março seguinte, por uma força armada vinda de Salvador com 200 homens.

Em Sergipe, já empossado, Burlamaqui garantiu a liberdade de circulação comercial e a saída das embarcações carregadas com mercadorias, passando a fiscalizar os portos da Cotinguiba, Estância e Itaporanga D’Ajuda, todos com fiscais da Fazenda, o que desagradava os senhores de engenhos produtores de açúcar. Era esse o temor dos senhores de terras que se apressaram em manifestar apoio a decisão da Junta Provisória de Governo da Bahia e tramaram abertamente para tirar do poder o governador Burlamaqui.

Os principais polos de conspiração eram as Câmaras das vilas de Santo Amaro das Brotas e Santa Luzia do Itanhy, além da próspera povoação de Laranjeiras. Alguns senhores de engenho também eram contrários a emancipação sergipana, em face dos compromissos financeiros que mantinham com banqueiros da Bahia. Recebiam de banqueiros e comerciantes lusos quanto precisavam para plantar cana e moer suas safras que ficavam hipotecadas.

Estes senhores enxergavam facilidades no fato de o governo estar distante das suas propriedades. Além da sonegação fiscal, não tinham necessidade de se submeter a nenhum outro tipo de autoridade. Cada proprietário de engenho era autoridade administrativa, política, policial e muitas vezes judiciária. A polícia e outros agentes do Estado não ousavam transpor o limite físico das terras daqueles engenhos e fazendas.

Aos interesses econômicos dos senhores de terras sergipanos se somavam os interesses dos senhores de terras da Bahia. Mantida a emancipação política de Sergipe, a Bahia deixaria de receber anualmente a vultosa soma de 120 contos de réis que arrecadava em impostos, mesmo com toda a sonegação dos proprietários rurais sergipanos.

Dentre os que defendiam a emancipação estavam os pequenos comerciantes, os pequenos proprietários de terras, os taverneiros, os donos de casas de aluguel nas cidades. De um modo geral, as camadas médias urbanas. A estes se juntavam ainda os pecuaristas.

Quando Burlamaqui foi deposto, Sergipe retornou à condição de dependente da Bahia. A Carta Régia de 8 de Julho de 1820 perdeu os seus efeitos. Esta decisão foi submetida às Cortes de Lisboa, que a aprovaram em 18 de Julho de 1821. Somente os fatos que ocorreram ao longo do ano de 1822 e o aumento das tensões entre Dom Pedro e as Cortes, além da luta das lideranças de Sergipe foram capazes de garantir uma efetiva emancipação política aos sergipanos.

Após a independência, no dia 5 de dezembro de 1822, Dom Pedro I reafirmou a validade da Carta Régia de 8 de Julho de 1820. A luta dos emancipacionistas sergipanos valeu a pena.

[*] Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br

História sobre Emancipação de Sergipe é contada na Alese

Foto: Júnior Ventura

História sobre Emancipação de Sergipe é contada na Alese

Por Aldaci de Souza – Rede Alese

Os 200 anos da Emancipação Política de Sergipe, comemorados nesta quarta-feira, 8 de Julho, foram destacados durante sessão remota na Assembleia Legislativa, pelo professor doutor em História e Filosofia da Educação, Jorge Carvalho do Nascimento. Ele fez um relato dos fatos registrados entre os anos de 1808 e 1822, mostrando que o processo foi longo, difícil e intenso.

Atendendo ao convite do presidente da Alese, deputado Luciano Bispo (MDB), Jorge Carvalho participou de uma videoconferência na Sala de Comissões, em que ressaltou a importância do decreto assinado por D. João VI, em 8 de Julho de 1820, tornando Sergipe independente do estado da Bahia.

Luciano Bispo lembrou que mesmo na pandemia, a data precisava ser comemorada

De acordo com o presidente Luciano Bispo, uma vasta programação foi definida para comemorar a data, mas teve de ser modificada em virtude da pandemia do novo coronavírus.

“Hoje Sergipe comemora os 200 anos de independência do Estado da Bahia e nesse momento atípico, mesmo diante das dificuldades sociais e econômicas não podemos esquecer a data.  A Assembleia Legislativa através de uma comissão de servidores vinha programando desde o ano passado, as comemorações pela passagem do bicentenário, mas o destino não quis e não permitiu. Tivemos que nos reinventar e através dos recursos de mídias sociais e da TV Alese, o Poder Legislativo prestará as devidas homenagens a Sergipe e aos Sergipanos”, destaca.

Aula

Jorge Carvalho cita nomes de defensores da emancipação

O professor Jorge Carvalho transformou a videoconferência em uma verdadeira aula sobre a História de Sergipe, passando pela Revolução de Pernambuco e por estudos divulgados em livros dos sergipanos Felisbelo Freire e de Maria Thetis Nunes.

“O Poder Legislativo está celebrando o Bicentenário da Emancipação Política de Sergipe e nada melhor do que lembrar o significado. O bicentenário registra na verdade a celebração do momento fundador desse espaço geográfico, que ganhou identidade, que imprimiu as marcas de uma cultura que nos é própria, distintiva e que podemos designar de sergipanidade”, ressalta.

Jorge Carvalho explicou que o espaço chamado de Sergipe nasceu institucionalmente como capitania do reino de Portugal.

“Se expandiu como província do Império do Brasil e se consolidou na condição de um importante estado membro da República Federativa do Brasil. Estudiosos da História de Sergipe costumam apontar a posição tomada por alguns senhores de terra, quando da Revolução Pernambucana de 1817, como sendo a principal causa para a criação da Capitania de Sergipe Del Rey, em 8 de Julho de 1820”, entende.

O professor acrescentou ser inegável a contribuição desse episódio na tomada de decisão pelo rei D.João VI, concedendo a autonomia a três novas capitanias do reino de Portugal.

“A Capitania de Sergipe, a Capitania de Alagoas e a Capitania do Rio Grande do Norte. Todas ganharam autonomia naquele mesmo período e naturalmente pela influência que teve na História do Brasil, o episódio da Revolução Pernambucana de 1817. Todavia, se a gente quiser entender porque Sergipe se separou da Bahia, esse não é um fator único”, informa.

Estratégia

Jorge Carvalho destacou que a Revolução Pernambucana parou no rio São Francisco.

“Conhecida como Revolta do Equador, ela não se alastrou pelo território sergipano e Sergipe foi muito importante na estratégia de defesa do rei D. João VI, organizada na Bahia pelo governante, o Conde dos Arcos. O brigadeiro Luiz Antônio Machado era o capitão-mor de Sergipe, que colocou em prática a estratégia do Conde dos Arcos, evitando que a Revolta de Pernambuco ultrapassasse o rio São Francisco e aqui chegasse”, diz.

Na explanação, o historiador acrescentou que o início do Século XX, em Sergipe não existia uma burguesia comercial forte que tivesse interesse suficiente para abraçar uma revolução que defendia a República.

“Nossa economia era formada principalmente pelos grandes proprietários de terra, plantadores de cana e proprietários de engenho de açúcar. Posteriormente vieram os criadores de gado e comerciantes. Diante da revolta, os proprietários de terra entraram em pânico; era uma situação inquietante, com a escassez de gêneros alimentícios como a farinha de mandioca em virtude da seca que dominou o nosso território até 1816. Com medo de que as pessoas com fome, aderissem à revolução, os produtores rurais forneceram homens e montarias à Bahia”, relata.

Estudos

O professor enfatizou que existem dois estudos que retratam a História de Sergipe: o livro de Felisbelo Freire, publicado em 1891 (História de Sergipe) e o livro de Maria Thetis Nunes, publicado no ano 2000 (Sergipe Provincial).

“Esses dois livros são importantes, mas agora no começo do Século XXI, outros estudos estão surgindo e eu gosto muito do livro sobre a independência do solo que habitamos, da professora Edna Maria de Matos Antônio, que estuda a situação de Sergipe entre 1750 e 1831”, afirma.

Poderio

Jorge lembrou que no início do século XIX era visível a expansão dos canaviais nos vales dos rios Sergipe, Vaza Barris, Cotinguiba, Piauí e Real, aumentando o poderio dos senhores de terra, transformando o território sergipano em um estado ausente, ou seja, cada proprietário de terra era autoridade máxima e os crimes eram abundantes, recorrentes e permaneciam impunes.

“Em 1809, o capitão-mor Manoel Inácio de Morais Mesquita Pimentel, enviou uma correspondência ao conde de Linhares, ministro da Guerra, dizendo que a Capitania de Sergipe Del Rey deveria se separar da Capitania da Bahia. Disse que Sergipe produzia muito, tinha um povo revoltado e uma economia rica que poderia render muito ao tesouro brasileiro. A demanda da independência de Sergipe vinha desde o Século XVIII”, entende.

Menos de 30 dias

Havia um grupo que desejava fazer do Brasil um estado que se opunha a manter o Brasil na condição da colônia portuguesa. Na Bahia eram grupos ligados aos portugueses e em Sergipe, grupos que defendiam a independência.

O primeiro governador de Sergipe antes da independência foi Carlos Burlamaque, um português de nascimento que se identificava com os brasileiros que defendiam a independência nacional.

A História conta que o governador Carlos Burlamaque fez uma série de exigências ao conde da Palma na Bahia, a exemplo de 100 homens para uma tropa de segurança, uma milícia sergipana, canhões e peças de artilharias, uma Junta da Fazenda para fiscalizar a produção dos engenhos e arrecadar os recursos do tesouro público, considerando a sonegação elevada.

“E ainda assinou com o conde da Palma, um pacto que transferia para a Fazenda, toda a renda que a Bahia havia auferido com os produtos de Sergipe e destacou a necessidade de uma secretaria de Governo e que viesse pra Sergipe com ele, um médico cirurgião e um farmacêutico com a sua botica. Ele não sabia que não ia conseguir executar seu plano e que seu governo ia durar menos de um mês. A Câmara de São Cristóvão o recebeu com entusiasmo, o deu um bastão de ouro em ambiente festivo, na igreja da Vitória, houve fogos de artifícios e menos de 30 dias, foi enviado uma tropa da Bahia com 200 anos para depô-lo”, relata.

O primeiro governador por Sergipe após a independência foi Manoel Fernandes da Silveira (nomeado por D. Pedro I), que destacou a sorte de ser governador de homens que nunca tinham sido governados por ninguém; uma missão muito difícil.

“Além disso, a Bahia reagia à independência política de Sergipe, pois significava para o Tesouro, a perda anual de 120 contos de reis, uma riqueza considerável no período. A mesma Câmara de São Cristóvão que recebeu Burlamaque com festa, jurou os olhos para a sua prisão por 30 dias em Salvador e depois mandado para o Rio de Janeiro. Isso fez com que Sergipe perdesse a sua autonomia menos de 30 dias da Carta Régia, colocando no lado oposto dos que defendiam a emancipação”, explica.

Defensores

Entre os que defendiam a independência de Sergipe da Bahia, estavam os pequenos comerciantes, os donos de tabernas, os pequenos proprietários, boa parte dos pecuaristas. “Era um grupo liderado por Joaquim Martins Fontes, da Vila de Lagarto e José Matheus Leite Sampaio, capitão-mor das ordenanças da Vila de Itabaiana, que lutaram com muita bravura pela emancipação, além de Bento Antônio da Conceição Matos, Pedro Cristino de Souza Gama, José Manoel Machado Araújo e o padre Antônio Fernandes da Silveira”, ressalta.

Carvalho enfatizou que institucionalmente o lugar onde se fez a maior defesa da Emancipação foi a Câmara de Vereadores de Itabaiana.

“Os parlamentares itabaianenses propuseram às demais câmaras, que se organizassem uma reunião para eleger o governador de Sergipe. No processo de emancipação haviam três grupos: um que desejava a permanência como colônia de Portugal, ligados à Bahia; um que desejava que declarasse a independência do Brasil, mas mantivesse uma boa relação com Portugal, organizando uma monarquia constitucionalista e o terceiro pretendia a independência e a implantação imediata da República. Ou seja, blocos em conflito no Brasil e em Sergipe entre 1808 e 1822”, completa.

Emancipação

No dia 5 de dezembro de 1822, D. Pedro I já imperador do Brasil decretou que a Carta Régia de 8 de Julho 1820 estaria em vigor e que Sergipe tinha autonomia e era uma das províncias do Império do Brasil. “Esse processo de luta é longo, difícil e tenso. Os sergipanos tiveram um papel importante e a gente percebe que valeu à pena a luta dos sergipanos. Com isso podemos construir essa bela pátria, essa identidade cultural e política, que nos orgulha e hoje estamos comemorando essa conquista”, afirma Jorge Carvalho agradecendo a oportunidade à Alese.

“Quero parabenizar o deputado Luciano Bispo por mesmo com a pandemia, ter assumido a responsabilidade de comemorar o bicentenário do Estado de Sergipe e a iniciativa do deputado Iran Barbosa em apresentar propositura, aprovada por todos os deputados, para que fosse definida uma programação alusiva ao bicentenário da Emancipação Política de Sergipe, ao diretor da Alese, Roberto Bispo, ao coordenador da comissão em comemoração ao Bicentenário da Emancipação Política de Sergipe, Igor Albuquerque e a Irineu Fontes, representante da Escola do Legislativo”, finaliza Jorge Carvalho.

Participações

A videoconferência contou com a participação dos deputados, que interagiram com o palestrante, a exemplo de Iran Barbosa (PT), Francisco Gualberto (PT), Goretti Reis (PSD), Maria Mendonça (PSDB), Dr. Samuel Carvalho (CIDADANIA), Garibalde Mendonça (MDB) e Zezinho Sobral (PODE), Todos elogiaram a explanação do historiador e destacaram a importância da data em comemoração à independência de Sergipe, mostrando orgulho por serem sergipanos.

Na sessão comemorativa foi exibido um vídeo da TV Alese, sobre a data, com destaque para os símbolos de Sergipe, a exemplo do hino ressaltado pela historiadora Aglaé Fontes, como o mais importante do estado. “Está na hora de o Hino de Sergipe voltar a ser cantado nas escolas, passando para os nossos alunos, a importância de ser sergipano”, entende.

Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br

Os dois séculos em tempos de pandemia

Foto: Mário Sousa

Publicado originalmente no site do GOVERNO DE SERGIPE, em 08 de Julho de 2020

Os dois séculos em tempos de pandemia

As terras de Cerezipe entram na história nos primórdios da colonização, quando, a ferro e fogo, foram dizimados os índios, seus primitivos habitantes. Exterminados ou escravizados os gentios; em pouco tempo, entre as barras do Vaza Barris e do Sergipe, ultrapassando as serranias de Itabaiana ou seguindo, bem ao norte, o curso do São Francisco, surgiram os currais. Ao terminar o primeiro século da existência do Brasil, as povoações da Bahia e Pernambuco já eram abastecidas com o gado dos pastos de Cerezipe.  Dos primeiros engenhos, instalados nas terras de massapês, já eram enviadas à Europa uma considerável quantidade de caixas de açúcar, e aqui,  foram aumentando, continuadamente, os povoadores e os seus empreendimentos.

Cerezipe era, contudo, um apêndice da grande Bahia, mas, passado algum tempo, os aqui nascidos estariam a exigir a sua própria identidade.

Não foi fácil extrair da Corte a Carta Régia datada de 8 de julho de 1820, que atendia aos sergipanos, e dava autonomia a um Sergipe del  Rei, separado da Bahia, cuja influência política fora um permanente obstáculo  às nossas pretensões.

Mas, enfim, chegamos aos duzentos anos de vida independente. Coube ao destino que eu estivesse à frente do governo de Sergipe por ocasião dessa grande efeméride.

Coube também,  ao destino, que eu estivesse, no governo, a enfrentar a maior crise já vivida pelo nosso estado nesses duzentos anos de existência.

Havíamos programado um elenco de atividades comemorativas, entendendo que iríamos viver o momento exato para fortalecer o nosso sentimento de sergipanidade. O objetivo principal era fazer conhecer  revisitando a nossa história,  oferecendo ao nosso povo, através de variados eventos culturais, o resumo pedagógico dessa afanosa trajetória de dois séculos.

Constituímos uma comissão, dialogamos com intelectuais, artistas, empreendedores, militares, e isso nos fez traçar um roteiro de eventos que se transformariam em atração turística, e gerariam emprego e renda.

Seria uma espécie de ano de ouro de Sergipe.

Para aqui viriam grandes orquestras, grupos de teatro e  folclóricos, bandas; teríamos desfiles, shows, atividades escolares alusivas e permanentes, seminários, conferencias, lançamentos de livros, enfim, seria a festa do nosso bicentenário de independência, a festa por excelência  de exaltação a Sergipe e aos sergipanos; uma homenagem às gerações que atravessaram  o tempo, o passado a ser rememorado, também estudado, analisado com pertinência, para que, conhecendo a nossa história, pudéssemos melhor projetar o futuro.

A pandemia, essa tragédia que vive o Brasil, acabou a nossa festa, e nos trouxe sofrimento, dor, agonias.

Como ente federativo de uma República que vimos nascer, pela qual lutamos, e que desejamos vê-la sintonizada com os princípios que a inspiraram, somos partícipes e solidários, na tarefa desafiadora lançada agora diante de todos nós brasileiros. Por isso, concentrados no mesmo esforço, o nosso bicentenário que não se comemora com luzes e sons, vem sendo o ano em que os valores da gente sergipana mais intensamente estão sendo postos à prova.  Dois séculos de história nos ensinaram muita coisa, e a lição maior é a de que, quando nos dividimos em confrontos desnecessários, perdemos a perspectiva de futuro, e nos desviamos da rota para alcançá-lo.

Passada essa quadra de tormentos, lágrimas, e perdas, iremos nos retemperar, valorizar ainda mais a vida, reverenciando os que se foram, homenageando a todos que se desdobraram para amenizar a dor, preservar vidas, e ter a certeza de que, no nosso tricentenário, as crianças sergipanas,  nas escolas exemplares do futuro, debruçando-se sobre a nossa história, dirão: “ Nossos bisavós, há cem anos construíram uma bela página de solidariedade, resistência e amor; aquele vírus mortal, foi um dos últimos a causar pandemias, a matar as pessoas. Hoje, eles não mais existem, como todas aquelas outras graves doenças que causavam tantas mortes. A ciência abriu caminho para que nós, jovens do ano 2120, tenhamos uma perspectiva de vida segura e longa, por isso, poderemos assistir o quarto centenário de Sergipe, sem maiores sobressaltos “.

Agora, o que temos  pela frente,  é a necessidade de refazer o ritmo da vida, consolidar a esperança, acreditar no futuro e  voltar intensamente a tentar construí-lo, da melhor forma possível. Espero em Deus, que, como governador de todos os sergipanos, estejamos, o mais rapidamente possível empenhados na grande missão, que será recuperar o que foi perdido, e  com mais discernimento e fé, prosseguir na caminhada rumo ao PORVIR, aquela palavra chave, que está caracterizada no nosso símbolo, o balão simples sustentado por dois índios, nossos ancestrais. Aquele aeróstato, quando nem ainda se conhecia a possibilidade da dirigibilidade dos balões, era uma alusão futurista ao sonho de voar entre as nuvens.

Trabalho, realismo e sonho, são essenciais para que o Sergipe del Rey, o nosso  Sergipe, atravesse os séculos comemorando com luzes a sua existência.

Que Deus esteja com este Sergipe del Rey, com o seu povo, neste bicentenário, e nos centenários que virão.

BELIVALDO CHAGAS
Governador de Sergipe

Texto e imagem reproduzidos do site: se.gov.br

Sergipe celebra 200 anos de emancipação política

São Cristóvão foi a primeira capital de Sergipe

Cópia do Decreto de Emancipação Política de Sergipe, 
datado de 1820. (Fotos: Maexwlle Cristinne/Arquivo/Supec)

Publicado originalmente no site do GOVERNO DE SERGIPE, em 08 de Julho de 2020

Sergipe celebra 200 anos de emancipação política

“Comemorar o Bicentenário da Emancipação Política do nosso estado, num momento especial como estamos atravessando, é um misto de privilégio e desafio. Privilégio, porque podemos celebrar aqueles que lutaram com garra e determinação, há 200 anos, pela independência do nosso território da Bahia; desafio, pelo fato de estarmos sendo diariamente estimulado a buscar as soluções para as várias demandas que a nova realidade do nosso estado nos apresenta”. A afirmação é do governador Belivaldo Chagas, ao celebrar a principal data política de Sergipe.

“A lição que aprendemos com a história é rica em exemplos de homens e mulheres que construíram um estado vencedor, nos deixando um grande legado. É graças a estas pessoas que o 8 de julho é um marco valioso na história de Sergipe. Saberemos honrar e celebrar os nossos valorosos antepassados, que se empenharam em lutar pela liberdade e pelo desenvolvimento do nosso estado”, destacou. 

Há 200 anos, no dia 08 de julho de 1820, os sergipanos receberam do Rei Dom João VI, a Carta Régia decretando a emancipação política de Sergipe do Estado da Bahia. A independência do território sergipano foi marcada por intensas lutas políticas. A historiadora e professora da Universidade Federal de Sergipe, Terezinha Alves de Oliva, relata que o tema da emancipação de Sergipe ainda é um desafio para os estudiosos. Ela conta que, em seus estudos, Felisbelo Freire descreve que alçar Sergipe a uma capitania independente foi a maneira que o Rei D. João VI encontrou para compensar a participação dos sergipanos na vitória da Corte Portuguesa sobre a Revolução Pernambucana de 1817.

O território sergipano foi conquistado em 1590 por Cristóvão de Barros. Desde então, Sergipe ficou sob a tutela da Bahia. “Durante mais de dois séculos, Sergipe foi capitania subalterna, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os encargos e os produtos do seu comércio”, expõe a historiadora.

Ainda de acordo com Terezinha Oliva, somente no século XVIII a economia de Sergipe conquistou uma nova estatura com o crescimento da atividade açucareira, tornando-se visível a movimentação das exportações sergipanas pelos portos baianos.

Nas primeiras décadas do século XIX, a capitania contava com mais de duas centenas de engenhos a estabelecer relações com o comércio da Bahia, com os capitalistas que financiavam a produção e controlavam o comércio de açúcar que abasteciam o comércio de escravos e de todos os bens demandados pela sociedade açucareira.

Contestação

Com o retorno do rei a Portugal, as medidas tomadas por Dom João para emancipar Sergipe foram contestadas. Apesar da nomeação do Brigadeiro Carlos César Burlamaqui como governador de Sergipe ter ocorrido em 25 de julho de 1820, ele somente tomou posse em 20 de fevereiro de 1821. Ocorrida em São Cristóvão, a posse se deu em clima conturbado pela chegada de cartas da Bahia que determinavam que ela não se realizasse.

Apesar dos protestos baianos, a posse ocorreu em fidelidade ao Rei Dom João VI. No entanto, no dia 18 de março do mesmo ano, o governador foi deposto do cargo por uma força armada a mando da Bahia, reforçada pelo apoio da Legião de Santa Luzia, comandada pelo senhor de engenho Guilherme José Nabuco de Araújo. Carlos Burlamaqui foi conduzido preso para Salvador.

Com este episódio, frustrou-se, temporariamente, a emancipação política de Sergipe. Se por um lado os senhores de engenho não queriam a independência, por outro, líderes do agreste e do sertão, criadores de gado como Joaquim Martins Fontes e José Leite Sampaio, tomaram posição em defesa da Emancipação Política de Sergipe e, a partir de 1822, pela Independência do Brasil. “Os dois processos se confundem e confluem”, conta Terezinha Oliva.

A adesão à Independência do Brasil significou a aceitação da Emancipação de Sergipe, uma vez que o Imperador Pedro I confirmou a Carta Régia de D. João VI. “Sergipe fica politicamente separado da Bahia e torna-se uma província do Império”, diz a historiadora.

Independência econômica

A Emancipação Política de Sergipe também influenciou a economia local. A partir da independência, de acordo com o economista Ricardo Lacerda, a elite econômica e política local, ainda que relativamente frágil e incipiente, começou a diminuir sua dependência em relação à praça comercial de Salvador.  Segundo ele, a base da economia de Sergipe no momento de sua emancipação destacava-se pela atividade açucareira com um grande número de engenhos em funcionamento.

“As principais lideranças políticas e econômicas eram vinculadas à atividade açucareira. Mas a pecuária ocupava uma ampla extensão do território sergipano nas áreas mais interioranas. Em torno da atividade principal, formou-se um complexo econômico distintivo, com o surgimento de casas de exportação e importação, fundamentais para o financiamento da atividade açucareira e os núcleos urbanos se adensaram e se multiplicaram na zona canavieira”, destacou.

De acordo com Lacerda, a atividade algodoeira vai se consolidar somente na segunda metade do século XIX, impulsionada pela revolução industrial inglesa e pela oportunidade surgida com o vazio de suprimento de algodão causado pela guerra civil norte-americana.

A industrialização de Sergipe se dará com a expansão da indústria têxtil nas últimas décadas do século XIX. Essas duas atividades vão dominar a economia sergipana por um longo período. Somente na segunda metade do século XX, Sergipe vai conhecer uma transformação industrial de maior vulto com a implantação da fábrica de cimento, a exploração de petróleo pela Petrobrás e mais adiante a produção de fertilizantes.

Duas datas

Pelo fato da Emancipação Política de Sergipe, em 8 de julho de 1820, ter sido bastante conturbada e contestada pelos líderes baianos e pelos senhores de engenho, a memória popular não registrou a data para festejar. Segundo Terezinha Oliva, a primeira comemoração que se tem notícia se deu no dia 24 de outubro de 1836.

“Nesta data, a festa cívico-religiosa foi marcada pelo canto do Hino de Sergipe, com letra de Manoel Joaquim de Oliveira Campos e música de Frei José de Santa Cecília. Em 1839 o dia 24 de outubro foi decretado como feriado da Emancipação”, conta.

As duas datas permaneceram como feriado: 8 de julho, data da elevação de Sergipe a Capitania Independente; 24 de outubro, data da recuperação da Independência de Sergipe consagrada pelo povo. No fim da década de 1990, a Assembleia Legislativa de Sergipe cancelou o feriado de 24 de outubro, pois a festa popular havia deixado de acontecer, e instituiu o Dia da Sergipanidade, preservando uma antiga memória ligada à Independência de Sergipe.

Sergipe celebra 200 anos de emancipação

“Comemorar o Bicentenário da Emancipação Política do nosso estado, num momento especial como estamos atravessando, é um misto de privilégio e desafio. Privilégio, porque podemos celebrar aqueles que lutaram com garra e determinação, há 200 anos, pela independência do nosso território da Bahia; desafio, pelo fato de estarmos sendo diariamente estimulado a buscar as soluções para as várias demandas que a nova realidade do nosso estado nos apresenta”. A afirmação é do governador Belivaldo Chagas, ao celebrar a principal data política de Sergipe.

“A lição que aprendemos com a história é rica em exemplos de homens e mulheres que construíram um estado vencedor, nos deixando um grande legado. É graças a estas pessoas que o 8 de julho é um marco valioso na história de Sergipe. Saberemos honrar e celebrar os nossos valorosos antepassados, que se empenharam em lutar pela liberdade e pelo desenvolvimento do nosso estado”, destacou. 

Há 200 anos, no dia 08 de julho de 1820, os sergipanos receberam do Rei Dom João VI, a Carta Régia decretando a emancipação política de Sergipe do Estado da Bahia. A independência do território sergipano foi marcada por intensas lutas políticas. A historiadora e professora da Universidade Federal de Sergipe, Terezinha Alves de Oliva, relata que o tema da emancipação de Sergipe ainda é um desafio para os estudiosos. Ela conta que, em seus estudos, Felisbelo Freire descreve que alçar Sergipe a uma capitania independente foi a maneira que o Rei D. João VI encontrou para compensar a participação dos sergipanos na vitória da Corte Portuguesa sobre a Revolução Pernambucana de 1817.

O território sergipano foi conquistado em 1590 por Cristóvão de Barros. Desde então, Sergipe ficou sob a tutela da Bahia. “Durante mais de dois séculos, Sergipe foi capitania subalterna, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os encargos e os produtos do seu comércio”, expõe a historiadora.

Ainda de acordo com Terezinha Oliva, somente no século XVIII a economia de Sergipe conquistou uma nova estatura com o crescimento da atividade açucareira, tornando-se visível a movimentação das exportações sergipanas pelos portos baianos.

Nas primeiras décadas do século XIX, a capitania contava com mais de duas centenas de engenhos a estabelecer relações com o comércio da Bahia, com os capitalistas que financiavam a produção e controlavam o comércio de açúcar que abasteciam o comércio de escravos e de todos os bens demandados pela sociedade açucareira.

Contestação

Com o retorno do rei a Portugal, as medidas tomadas por Dom João para emancipar Sergipe foram contestadas. Apesar da nomeação do Brigadeiro Carlos César Burlamaqui como governador de Sergipe ter ocorrido em 25 de julho de 1820, ele somente tomou posse em 20 de fevereiro de 1821. Ocorrida em São Cristóvão, a posse se deu em clima conturbado pela chegada de cartas da Bahia que determinavam que ela não se realizasse.

Apesar dos protestos baianos, a posse ocorreu em fidelidade ao Rei Dom João VI. No entanto, no dia 18 de março do mesmo ano, o governador foi deposto do cargo por uma força armada a mando da Bahia, reforçada pelo apoio da Legião de Santa Luzia, comandada pelo senhor de engenho Guilherme José Nabuco de Araújo. Carlos Burlamaqui foi conduzido preso para Salvador.

Com este episódio, frustrou-se, temporariamente, a emancipação política de Sergipe. Se por um lado os senhores de engenho não queriam a independência, por outro, líderes do agreste e do sertão, criadores de gado como Joaquim Martins Fontes e José Leite Sampaio, tomaram posição em defesa da Emancipação Política de Sergipe e, a partir de 1822, pela Independência do Brasil. “Os dois processos se confundem e confluem”, conta Terezinha Oliva.

A adesão à Independência do Brasil significou a aceitação da Emancipação de Sergipe, uma vez que o Imperador Pedro I confirmou a Carta Régia de D. João VI. “Sergipe fica politicamente separado da Bahia e torna-se uma província do Império”, diz a historiadora.

Independência econômica

A Emancipação Política de Sergipe também influenciou a economia local. A partir da independência, de acordo com o economista Ricardo Lacerda, a elite econômica e política local, ainda que relativamente frágil e incipiente, começou a diminuir sua dependência em relação à praça comercial de Salvador.  Segundo ele, a base da economia de Sergipe no momento de sua emancipação destacava-se pela atividade açucareira com um grande número de engenhos em funcionamento.

“As principais lideranças políticas e econômicas eram vinculadas à atividade açucareira. Mas a pecuária ocupava uma ampla extensão do território sergipano nas áreas mais interioranas. Em torno da atividade principal, formou-se um complexo econômico distintivo, com o surgimento de casas de exportação e importação, fundamentais para o financiamento da atividade açucareira e os núcleos urbanos se adensaram e se multiplicaram na zona canavieira”, destacou.

De acordo com Lacerda, a atividade algodoeira vai se consolidar somente na segunda metade do século XIX, impulsionada pela revolução industrial inglesa e pela oportunidade surgida com o vazio de suprimento de algodão causado pela guerra civil norte-americana.

A industrialização de Sergipe se dará com a expansão da indústria têxtil nas últimas décadas do século XIX. Essas duas atividades vão dominar a economia sergipana por um longo período. Somente na segunda metade do século XX, Sergipe vai conhecer uma transformação industrial de maior vulto com a implantação da fábrica de cimento, a exploração de petróleo pela Petrobrás e mais adiante a produção de fertilizantes.

Duas datas

Pelo fato da Emancipação Política de Sergipe, em 8 de julho de 1820, ter sido bastante conturbada e contestada pelos líderes baianos e pelos senhores de engenho, a memória popular não registrou a data para festejar. Segundo Terezinha Oliva, a primeira comemoração que se tem notícia se deu no dia 24 de outubro de 1836.

“Nesta data, a festa cívico-religiosa foi marcada pelo canto do Hino de Sergipe, com letra de Manoel Joaquim de Oliveira Campos e música de Frei José de Santa Cecília. Em 1839 o dia 24 de outubro foi decretado como feriado da Emancipação”, conta.

As duas datas permaneceram como feriado: 8 de julho, data da elevação de Sergipe a Capitania Independente; 24 de outubro, data da recuperação da Independência de Sergipe consagrada pelo povo. No fim da década de 1990, a Assembleia Legislativa de Sergipe cancelou o feriado de 24 de outubro, pois a festa popular havia deixado de acontecer, e instituiu o Dia da Sergipanidade, preservando uma antiga memória ligada à Independência de Sergipe.

Texto e imagens reproduzidos do site: se.gov.br

terça-feira, 30 de junho de 2020

Bicentenário de Sergipe 1820 > 2020



BICENTENÁRIO DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SERGIPE

8 DE JULHO DE 1820

HISTÓRIA

Em 8 de julho de 1820, uma Carta Régia, assinada pelo Rei de Portugal e do Brasil, D. João VI, separou, definitivamente, Sergipe da Bahia. Desde então, foi conferida à nova capitania, a capacidade de gerir seu território, administrar as próprias finanças, construir a sua história e decidir o destino do seu povo.

Para alguns historiadores, a independência de Sergipe foi o reconhecimento de D. João VI aos sergipanos que apoiaram a Corte Portuguesa na Revolução Pernambucana de 1817. Outros acreditam que a independência de Sergipe deve ser considerada parte do processo de independência do Brasil.

O território sergipano garantia 1/3 da renda da Bahia. Por isso, a independência de Sergipe contrariava os interesses econômicos da Província e de alguns comerciantes que tinham relação com a mesma. Assim, a independência não era desejo de todos. Com o retorno de D. João VI para Portugal, a carta régia foi contestada, assim como a indicação de Carlos César Burlamarqui como primeiro governador da província. Sem apoio, Burlamarqui chegou a tomar posse, mas foi deposto e preso, enquanto Sergipe voltava à condição de Comarca da Bahia.

Texto e imagens reproduzidos do site: al.se.leg.br

Arquivo Público promove ação na web para celebrar Bicentenário de SE

Dicas de leitura, exposição de fotografias, recortes de jornais, 
além de documentos que registram passagens marcantes 
da história do Estado, fazem parte da ação no Instagram
Foto: Seduc

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 26 de junho de 2020

Arquivo Público promove ação na web para celebrar Bicentenário de SE

Com a finalidade de resgatar a memória dos acontecimentos históricos no Estado, o Arquivo Público de Sergipe (Apes), vinculado à Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc), vem realizando, semanalmente, publicações no Instagram (@apesseduc) com dicas de leitura, exposição de fotografias, recortes de jornais, além de documentos que registram passagens marcantes nesses 200 anos de Emancipação Política, a serem comemorados no próximo dia 8 de julho. A iniciativa ainda tem como objetivo impulsionar a informação, educação e cultura, como forma de minimizar a distância entre o Arquivo e a sociedade neste período de distanciamento social.

De acordo com Licia Cristina Souza, diretora do Arquivo Público, devido às determinações do Governo de Sergipe, pelo decreto 40.560/2020, como medida para combater a disseminação do novo coronavírus, o Arquivo Público Estadual de Sergipe suspendeu o atendimento público, mantendo apenas o serviço interno. Porém, visando a aproximar a comunidade do rico acervo contido no APES, “ao longo desse período postaremos alguns dos documentos históricos, fotografias e recortes de periódicos contidos em nosso acervo”, declarou.

Uma viagem ao passado é o que traz o acervo do Apes na exposição virtual, a exemplo de um dos documentos mais antigos: a escritura de quitação e venda, do ano de 1692, de um sítio de terras “com todos os matos, pastos, águas, logradouros, entradas e saídas, novas ou velhas, com tudo o mais que ela dentro houver”, chamado A Campanha, situado nos limites da povoação de Itabaiana. O documento foi emitido no fim do século XVII, inserido no tempo do Brasil Colônia (e/ou América portuguesa), na capitania de Sergipe d´El Rei.

Além disso, foi publicada na rede social a carta Impressa do Imperador Dom Pedro I confirmando São Cristóvão como capital da Província de Sergipe, logo após a confirmação do decreto de autonomia de Sergipe em relação à Bahia, documento com data de 8 de abril de 1823. Outro documento que faz parte do acervo é uma petição datada aproximadamente de 20 de janeiro 1854, feita por uma mulher, por nome de Eufemia, que se apresentava numa condição entre escravidão e liberdade na cidade de Estância.

As fotografias também eternizam os 200 anos de Sergipe. Uma publicação relembra a apresentação musical do “Grupo Paroquial de Flauta Doce N. Sra. da Vitória”, da cidade de São Cristóvão, no Terminal Rodoviário Gov. José Rollemberg Leite, em 9 de julho de 1984. Outro registro fotográfico mostra um trecho da Orla de Aracaju, evidenciando especificamente os detalhes de um dos bares da época, o Bar do Vaqueiro. Apesar de não apresentar nenhum registro sobre o ano, acredita-se que, por meio de uma análise dos cartazes presentes no ambiente, o local foi fotografado em torno da década de 70.

Na dica literária, o Arquivo Público homenageia referências da literatura sergipana. Entre as personalidades está a escritora Núbia Marques, professora do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS), primeira mulher a integrar a Academia Sergipana de Letras, e também a escritora Carmelita Fontes, professora de Língua Portuguesa e Estilística, formada pela UFS.

Fonte: Seduc

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

domingo, 1 de março de 2020

Celebração do Bicentenário de Sergipe é iniciada em Santa Luzia do Itanhi















Fotos: Mário Sousa

Publicado originalmente no site GOVERNO DE SERGIPE, em 29 de Fevereiro de 2020

Celebração do Bicentenário de Sergipe é iniciada em Santa Luzia do Itanhi

“Dentro da programação que teremos esse ano, nós recontaremos os 200 anos da emancipação política de Sergipe fomentando a cultura e a identidade do povo sergipano”, disse o governador.

O Governador Belivaldo Chagas participou da primeira celebração alusiva ao Bicentenário da Emancipação Política de Sergipe, neste sábado (29) em Santa Luzia do Itanhi. O hoje município, foi cenário do primeiro ato religioso do território ocorrido em 1575. Por isso, a Comissão do Bicentenário de Sergipe elegeu iniciar as solenidades dos 200 anos.

Belivaldo disse que é bom reviver a história. “É muito importante estar aqui. É importante que todos tenham conhecimento que Santa Luzia do Itanhi é uma das primeiras povoações do nosso estado, pois aqui registra-se que há 445 ocorreu a primeira missa”, ele acrescentou ainda que “dentro da programação que teremos esse ano, nós recontaremos os 200 anos da Emancipação Política de Sergipe fomentando a cultura e a identidade do povo sergipano. A gente começa a recontar a história de Sergipe a partir daqui, começando hoje”.

O governador foi recebido festivamente pelos índios da Tribo Xokó e dos grupos folclóricos Tambores do Futuro e Batucada Buscapé. A programação iniciou com um cortejo saindo da Praça da Matriz até o Santo Cruzeiro para descerramento da placa comemorativa. Em seguida foi celebrada missa na igreja matriz do município presidida pelo bispo Dom Giovanni Crippa da Diocese de Estância, animada pela Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse) e o Coral da Deso. Na oportunidade, Belivaldo anunciou a revitalização do Santo Cruzeiro, em parceria com a prefeitura municipal.

A presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Conceição Vieira, comentou que “nós estamos aqui fazendo um registro histórico e revivendo um registro de quase meio século. Nós iniciamos a programação oficialmente aqui pois foi em Santa Luzia a primeira chegada dos Jesuítas portugueses. Eles começaram aqui a mensagem de cristianismo da igreja católica”.

Dom Giovanni Crippa, bispo da Diocese de Estância, enfatizou que a memória é a raiz de um povo. “Estamos aqui para fazer memória. Um povo sem memória é um povo sem raizes. Dentro do contexto do Bicentenário, lembramos e agradecemos. A história relata acontecimentos positivos e negativos. A fé que professamos chegou nesse território, por isso é bom, é positivo. É a partir do positivo que se constrói o futuro”, enfatizou o bispo.

Édison Cruz, prefeito do município, valorizou o evento porque divulga as potências da terra. Já Aglaé Fontes, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, disse ser importante celebrar os 200 anos de emancipação do estado. “É muito bom mexer com essa emoção escondida do Sergipano. O sergipano precisa começar a ter orgulho daquilo que compõe sua história. Isso é ótimo. É importante que se diga, que se célebre é que se viva”, finalizou Aglaé.

Texto e imagens reproduzidos do site: se.gov.br