Mostrando postagens com marcador - ANTÔNIA AMOROSA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador - ANTÔNIA AMOROSA. Mostrar todas as postagens

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Antônia Amorosa foi empossada como diretora-presidente da Funcap







Ivo Adenil


Orquestra Sânfonica de Sergipe

Cantor e compositor Tonho Baixinho

Jailson do Acordeon

Cantora Joseane

Grupo Batalá
Fotos: Igor Matias

Publicação compartilhada do site do GOVERNO DE SERGIPE, de 17 de Fevereiro de 2023

Construir uma gestão participativa e fortalecer a interiorização da cultura são algumas das metas da nova gestão da Funcap

Antônia Amorosa foi empossada como diretora-presidente e afirmou que o trabalho à frente da fundação será pautado pela transparência e zelo, para contribuir com uma nova construção em favor da cultura sergipana

Em uma solenidade que contou com a participação da classe artística sergipana, tomou posse oficialmente como nova diretora-presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) a jornalista e cantora Antônia Amorosa. A solenidade foi realizada na quinta-feira, 16, no auditório da Biblioteca Pública Epiphanio Dória, e contou com a presença do vice-governador e secretário de Estado da Educação e da Cultura, Zezinho Sobral, representando o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri.

Em um discurso emocionado e cheio de referências a personalidades que marcaram a história da cultura sergipana, Amorosa reforçou que o trabalho à frente da fundação será pautado pela transparência e zelo, visando contribuir com uma nova construção em favor da cultura sergipana.

Ela destacou que sua gestão está alinhada ao olhar do governador Fábio Mitidieri e do vice Zezinho Sobral sobre a nossa cultura. “Almejamos uma jornada participativa, interativa, ouvindo nossos agentes, identificando as carências do setor e buscando soluções, conforme o alcance orçamentário e o planejamento alinhado ao foco do nosso líder. Queremos trabalhar para fortalecer a interiorização da cultura, estimular o intercâmbio em tempo planejado e oportuno, inovar o funcionamento das unidades dirigidas pela fundação que urge de inovação sobre vários aspectos”, disse.

Amorosa disse que almeja também uma equipe motivada e disposta a realizar os projetos em andamento, implantando novas frentes para que a cultura, nos espaços dirigidos pela Funcap, cumpra o seu real papel de entender que o artista deve ir aonde o povo está. “Desse modo, nossa luta também passa por um caminhar lado a lado com a educação. Ao mesmo tempo, um plano estratégico de promoção do modo de ser sergipano, em seu contexto cultural, extensivo ao seu Patrimônio Material e Imaterial, também deve ser a tônica do nosso trabalho”, apontou.

A diretora-presidente disse que pretende dinamizar o setor, promovendo o diálogo com a categoria. “Entendemos que ao existir orçamento para o setor, na esfera estadual, os projetos de recursos que virão da esfera federal devem ser trabalhados de uma forma que consigamos dialogar com os fazedores da cultura, no sentido de produzir um quantitativo material que permita Sergipe mostra-se, não apenas para si mesmo, mas para o mundo cada vez mais conectado”. 

Dinamismo

Amorosa destacou também a construção de uma política permanente para cultura.  “É o início de um caminho que poderá, se tiver continuidade, em duas décadas, dar frutos, já que não se constrói política de futuro em quatro anos. Calculo que, em 20 anos, transformar-se-á a mentalidade sergipana em seu próprio conceito, conhecimento e pertencimento”.

Disse ainda que vai buscar o fortalecimento da produção audiovisual em Sergipe. “É a oportunidade única que poder colocar nosso estado no pódio merecido, por meio da produção de audiovisual, que poderá transitar em curtas ou longas produções, por meio de documentários, filmes temáticos, DVDs, musicais e históricos, programas biográficos, resgate da nossa história, além de registros de festas populares”.

Na ocasião, o vice-governador e secretário de Estado da Educação e da Cultura, Zezinho Sobral, ressaltou a contribuição que a nova diretora dará à pasta.  “A cultura sergipana está em festa. Amorosa tem uma história de vida, tem uma contribuição imensa e fantástica ao nosso estado e país. É uma mulher dotada de qualidades especiais, de um talento extraordinário e, acima de tudo, de uma vontade de contribuir e fortalecer a cultura sergipana. O estado de Sergipe se vê muito prestigiado com a chegada dela, com a sua condução e com a sua história. Sabemos que ela vai contribuir muito com a cultura do Sergipe”, destacou.

Classe artística

A cantora Joseana de Josa foi uma das artistas que elogiaram a escolha de Amorosa para dirigir a Funcap. “Com certeza, Amorosa representa inclusão, acessibilidade, vai fazer a arte acontecer. Dança, comida, vestimenta, canto, tudo de bom e reconhecimento material, para podermos continuar. Amorosa é alguém que tem no sangue toda uma história do que é acreditar, permanecer e perseverar na arte. Tivemos a grande sorte, um grande presente divino com essa escolha”, exaltou.

Para o cantor, compositor, ator e produtor Tonho Baixinho, a expectativa é muito positiva. “Eu, como o artista mais antigo, fico muito contente porque vi Amorosa nascer, brotar na nossa cultura e é muito importante a gente ter um artista dentro do setor cultural para poder dinamizar o nosso trabalho. A gente sofre muito pelo fato de não ter incentivo na nossa cultura e é com ela dentro vai melhorar muito as condições”, comemorou. 

Quem também comemorou a posse de Amorosa foi o presidente da Associação dos Forrozeiros Sergipanos (Asforse), Jailson do Acordeon. “Para nós, artistas sergipanos, é muito gratificante, significa um avanço grande. Ela é uma artista que conhece toda a realidade e vai nos ajudar muito. Tenho certeza que fará diferença para a cultura do nosso estado”, pontuou. 

Presenças

Estiveram presentes o desembargar do TRF da 5ª Região, Vladmir Carvalho; o reitor da Universidade Tiradentes, Gilberto Uchôa; o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Igor Albuquerque; o vice-reitor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Rosalvo Ferreira; presidente da Academia Sergipana de Letras (ASL), José Anderson Nascimento; o presidente da Academia de Letras de Aracaju (ALA), Francisco Diemerson; presidente da Academia de Letras de Itabaiana, Josevanda Mendonça; presidente do Sindicato dos Artistas de Sergipe, Ivo Adnil, demais autoridades e personalidades da cultura sergipana.

Perfil

Amorosa é natural de Itabaiana e tem mais de 35 anos de carreira. Iniciou como radialista aos 14 anos, na Rádio Princesa da Serra. Atuou como atriz, escreveu peças de teatro, novelas para rádio, crônicas, colunista social, na Europa, realizou 45 apresentações entre Alemanha e Áustria, além de ter cantado ao lado de importantes nomes da música brasileira como Leila Pinheiro, Alceu Valença, Antônio Carlos e Jocáfi, e Paulo Diniz. Além de cantora, compositora e intérprete, Amorosa é autora dos livros ‘Vôo Rasante’ e ‘Translúcida’, foi também apresentadora do programa musical pela TV Cidade chamado "Som da Cidade".

Texto e imagens reproduzidos do site: se.gov.br

terça-feira, 26 de maio de 2020

Thaís Bezerra ENTREVISTA Antônia Amorosa


Publicado originalmente no site JORNAL DA CIDADE, em 16 de maio de 2020

Thaís Bezerra entrevista Antônia Amorosa

Guerreira vencedora, dona de uma fé gigante, mãezona, amiga generosa e ser humano de coração nobre

A nossa entrevista é com Antônia Amorosa, cantora, compositora, produtora cultural e uma mulher de luz própria. Guerreira vencedora, dona de uma fé gigante, mãezona, amiga generosa e ser humano de coração nobre. Exerce com plenitude a compaixão e a fraternidade pelo próximo. Eu costumo chamá- -la de “Amora-Amada-Amiga-Amor-Amorosa”, por tudo que ela representa na minha alma e no meu coração. Autora de diversos projetos voltados para a Cultura, assina a autoria do projeto DEND’CASA que reúne 40 expressões da música em Sergipe, sendo o 1º festival independente do Brasil lançado neste modelo, para esta quarentena, nos dias 28, 29 e 30 de maio, a partir das 15h.

O projeto tem como objetivo promover artistas de Sergipe através da internet e gerar solidariedade por meio da valorização a estes artistas, seja por patrocínios ou colaborações espontâneas. Para ajudar é só manter contato com qualquer um dos artistas que está na programação e, se quiser tratar pelo WhatsApp é só enviar mensagem para o celular (79) 99852-2036. No recheio do Caderno TB, todos os artistas que vão participar desse projeto ousado e inovador, com o dia e a hora que cada um estará se apresentando. Agende para prestigiar os talentos sergipanos e não perder!

THAÏS BEZERRA - Qual o objetivo do grupo Artistas na Luta e como ele foi criado?

ANTÔNIA AMOROSA - Na verdade, eu fui inserida no grupo, onde no percurso alguns saíram, mas a maioria expressiva dos artistas convidados, permaneceram firmes. Mantivemos a mesma visão que aqueles que caminham sozinhos não conseguem experimentar - a colheita do coletivo não importando quanto. Neste grupo, cuidamos uns dos outros e distribuímos tarefas.

TB - Qual a primeira ação realizada pelo grupo?

Antônia Amorosa- Publicamos uma nota para a sociedade onde dezenas de artistas comunicou para a mesma que nenhuma organização, sem a nossa assinatura ou fala, estava autorizada falar em nosso nome porque a classe musical é muito extensa, mas existem grupos que usam a classe para falar por toda ela, o que não é de bom alvitre. Neste grupo, respeitamos a individualidade e dignidade de cada artista.

TB - Como foi a criação da página @artistasnaluta pelo Instagram?

ANTÔNIA AMOROSA - Mesmo que cada artista tenha sua página, criamos a nossa para agregar valor para todos os envolvidos no projeto. Temos feito lives diárias e publicado conteúdos. Será através dela que o público poderá assistir o festival DendCasa. Aproveito homenagear todos os envolvidos na pessoa de Luiz Arnaldo.

TB - Porquê DendCasa? Para combinar com o confinamento?

ANTÔNIA AMOROSA - Sim. Uma das características do nosso festival é não usar espaços externos, sim, nossa casa como as pessoas também estão fazendo. É trazer o público para a intimidade de cada artista, no seu modo mais natural possível de cantar e se expressar, mesmo que use uma pequena caixa de som ou apenas o seu celular. O que prevalece nesse festival é a empatia, união, talento e a famosa frase que diz que “quem sabe faz ao vivo”.

TB - Quais as outras ações já feitas pelo grupo?

ANTÔNIA AMOROSA - Além de termos atas, comissões e ações diárias, gravamos a música Cheiro da terra em um arranjo incrível, que já está sendo executada; estamos preparando o vídeo da mesma e batalhando diariamente, todos nós, para buscar apoio da sociedade sergipana. Digo sempre que se conhece a evolução de um povo pela forma como trata seus artistas.

TB - Quem abraçou o projeto até aqui? E como fazer para ajudar?

ANTÔNIA AMOROSA - Até aqui contamos com o apoio do Instituto Banese, Cachaça Boa Luz & Xingó, Petrox, Fan FM, Amigos da Mesa 14, OdontoClin, Mário Britto, Davi Calazans, Os Inteiraços. Agradecimentos: Grupo atalaia, Fundação Aperipê, Thais Bezerra, Correio de Sergipe e todos os apresentadores que estarão no festival como convidados. Para ajudar é só manter contato com qualquer um dos artistas que está na programação e, se quiser tratar pelo whatsapp é só enviar mensagem para o celular (79) 99852-2036.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Entrevista - Antônia Amorosa


Publicado originalmente no site Bacanudo.

Antônia Amorosa.

Em busca do resgate da autêntica raiz cultural

"Se cada nordestino não se atentar para o que está acontecendo, o próprio nordestino destruirá, com seus gostos flutuantes, a sua maior cultura musical – o forró".

O desabafo de artistas nacionais e músicos consagrados, com relação ao explícito desrespeito cultural pelo qual vem passando os tradicionais festejos nordestinos, onde a cada ano, a tradição do nosso povo está sendo engessada através da cultura de outras regiões e empurradas goela a dentro nas festividades públicas, através de administradores municipais, produtores musicais e veículos de comunicação, respingou em nossa terra através da icônica artista sergipana Antônia Amorosa, que não é de agora que vem sentindo na pele este descaso cultural e como um espécie de espinha presa na garganta, chegou até a engavetar a carreira, para evitar bater de frente com os tidos "donos da situação", resolvendo emudecer para não contrariar e ferir brios.

Mas, como tudo, uma hora o caldo sempre entorna, ela resolveu arrancar do peito todo o sentimento de angústia e de insatisfação, e somou-se aos demais artistas que usaram das mídias sociais e entrevistas para fazerem o seu lamento e as suas reivindicações, deixando claro que a diversidade de um povo condiz primeiro com a preservação da cultura de um lugar. Não queiramos jamais dizer que os outros não têm vez, até por que existe também o gosto popular a ser respeitado, mas sim que o espaço de cada um começa quando termina os das raízes locais, inerentes a uma cultura, a um comportamento, uma tradição e uma história que atravessa muitos e muitos anos.

Bastou uma declaração dela numa rede social, para o assunto viralizar em todo o país, fortalecendo o pertinente, coerente e mais que oportuno discurso, com adesão de apoios vindos de todas as regiões do país.

Para quem talvez não saiba, Antônia Amorosa tem régua e compasso para bater forte nesta tecla, afinal detém 32 anos de carreira, mais de 60 prêmios como cantora, com destaque para as premiações de melhor intérprete no festival "Canta Nordeste", em 1993, evento pilotado pela Rede Globo; melhor intérprete do país, na "Festa da Música Brasileira", no Rio de Janeiro, em 2001; tendo recebido no ano passado o maior prêmio de consagração de um artista nordestino, o "Troféu Gonzação", em Campina Grande, na Paraíba, ao lado de Carlinhos Brown, Elba Ramalho e Marina Elali.

Atuou em mais de 80% dos Estados brasileiros, além dos países da Alemanha, Áustria, Estados Unidos e Inglaterra. Foi diretora de arte e cultura da Funcaju, criando o mais importante espaço de preservação do forró, o "Casarão da Clemilda".

Amorosa é membro das Academias Itabaianense e Aracajuana de Letras, autora de cinco livros, colunista há cinco anos no Jornal Correio de Sergipe, além de ter gravado sete CD's e ter participado de 12 coletâneas. Em breve, estará lançando o seu novo disco "Raiz, Amor e Fé", que contará com um dueto com a consagrada cantora Marinêz, trabalho musical desenvolvido pelo filho da grande cantora paraibana, o maestro Marcos Farias.

Através desta exclusiva para o BACANUDO.COM, acompanhe os pontos de vista coerentes e sensatos desta exímia e respeitada artista a respeito do tema que tomou conta do país, principalmente do Nordeste. Anavan! 

BACANUDO - A cada ano que se passa percebemos uma crescente descaracterização dos nossos festejos juninos. O que está acontecendo?
ANTÔNIA AMOROSA - Um dos motivos que me fizeram sair dos palcos em 2010 foi este e, o principal motivo do meu retorno este ano, também. Percebi que não estava ajudando com o meu silêncio, nem atuando timidamente, nos bastidores. Quando tive a chance de estar no poder, dentro do espaço que me fora dado, consegui criar projetos que ajudaram a fortalecer o movimento, como o 'Casarão da Clemilda', no ForróCaju. Mas, sei que se trata de um ponto num universo mais complexo que envolve a educação familiar e escolar, a mídia e a visão dos gestores. Se cada nordestino não se atentar para o que está acontecendo, o próprio nordestino destruirá, com seus gostos flutuantes, a sua maior cultura musical – o forró – que deve ser a maior atração dos festejos juninos, ao lado das nossas quadrilhas, culinária e cenário característico. Portanto, o maior problema está na responsabilidade do próprio nordestino em lutar, ao lado dos artistas, pela cultura que lhe pertence, e não aquela que está sendo colocada “goela abaixo”,através da mídia.

BACANUDO - A quem pode ser atribuída a culpa dessa desvalorização cultural?
AA - São vários culpados. E cada um deve assumir a sua cota. A primeira delas começa em casa. Crianças nascem todos os dias, e os pais, que esquecem de onde seus próprios pais e avós vieram, não ensinam a estas crianças sobre o valor da nossa cultura. A escola, em parte, faz sua parte, mas ainda é insuficiente para a demanda. Em seguida, vem a mídia que muitas das vezes, ao invés de cumprir seu papel social, se submete à “grana que ergue e destrói coisas belas.” E, na sequência, vêm os empresários, gestores, artistas..., que preferem cantar o modismo do que a verdadeira cultura; e, quando decidem defender uma cultura, andam na contramão, cantando e tocando com o chapéu dos outros, quando deveria usar o seu próprio chapéu. Na verdade, ao que parece, os “novos nordestinos” têm vergonha dos nordestinos que os antecederam e lutaram muito para que eles se tornassem o povo quase esclarecidos que são hoje. Porque se fossem realmente cultos, não permitiriam tamanha violência contra sua própria história. 

BACANUDO - As tradições nordestinas estão perdendo espaço para a cultura de outras regiões? Por quê?
AA - Porque nossa capenga educação forma o cidadão para uma profissão, mas não prepara o cidadão para a boa cultura. Nas escolas, esta matéria não é levada a sério, tudo é feito com improviso, não havendo uma política permanente de formação para mostrar para as novas gerações que o forró é mais do que um estilo – é a biblioteca musical da história do povo nordestino, num período crítico da nacionalidade brasileira, que só conseguiu se consolidar, graças à atuação de artistas como Luiz Gonzaga, que cantou e contou a história do nosso povo, com poesia, elegância, simplicidade e sabedoria. Esta parte da história que envolve secas rigorosas, abandono político, imigração, doenças e morte da nossa gente, não pode ser esquecida. Nos festejos juninos, prevalece nosso orgulho de sermos nordestinos, de termos vencido algumas dificuldades e construído uma nação paralela, dentro do Brasil. A partir do momento que “sertanejamos” nosso São João, estamos dizendo não ao nosso passado, presente e futuro, para dizer sim, à vitória de outras regiões. Não significa
dizer que tenhamos que ser fechados para eles, mas não podemos nos negar para tirar o espaço de quem é da gente, e priorizar a cultura de outros. Neste ponto, há linguagens e signos que revelam nossa estima e capacidade de autoconhecimento. O nordestino está devendo uma autoreflexão sobre seus próprios valores culturais. 

BACANUDO - Alguns artistas tradicionais e icônicos, assim como você, estão reclamando e batendo fortemente na tecla dessa desvalorização cultural. Esse grito pode resultar em vitória?
AA - Me preocupo, muito mais com o percurso, do que com o resultado. Porque prefiro a ação do que a omissão. Há regras midiáticas que precisam ser revistas, especialmente nas rádios do Brasil, que recebem concessões e têm como uma das principais missões, fortalecer o movimento cultural da região onde se estabelece. Mas, o que temos visto é a determinação da grande mídia impondo sobre as pequenas, e fragilizando mercados que poderiam caminhar independentes e fortes, ao lado das suas representações musicais. O Brasil é gigante e cabe todos, se cada um souber o seu lugar. Não significa que tenhamos que criar sistemas de isolamento. Ao contrário. Podemos interagir, sem perder o equilíbrio proporcional de deixar mais para quem é de casa, e menos para quem é de fora. Mas, a cultura que prevalece não é esta. E isto é muito ruim para o desenvolvimento cultural da imensa diversidade brasileira. O povo está “osmoseado” (onde a repetição de algo cria vício), por produções duvidosas, sem qualidade textual, caprichando nos arranjos e no visual, mas empobrecendo cada vez mais, o nível musical do povo brasileiro, que tem boa música, mas não consome.

BACANUDO - Por que já não se fazem festejos e não tem sido criadas programações como antigamente?
AA- Porque a madre desta cultura, que são os lares nordestinos, foi substituída pela cultura das ruas. Antes, estas festas aconteciam como ocorre no natal. As famílias se reuniam para brindar os festejos juninos, caprichando na culinária, decoração, figurino, música. O abandono desta tradição que deveria ser mantida pelas famílias nordestinas foi transferida para os gestores públicos, que nem sempre cumprem com seu papel em preservar a cultura permanente. Nesta luta de braço, a cultura paralela está engolindo, em altas doses, a nossa cultura mais autêntica.

BACANUDO - Os artistas e músicos nordestinos estão sendo desvalorizados e jogados ao escanteio ou esquecimento?
AA- Proporcionalmente, sim. É necessário que cada gestor compreenda qual o seu papel dentro do universo cultural onde atua. Se ele tem 100 reais para gastar, ele precisa fazer o levantamento da demanda local, e destinar o maior percentual para aqueles que dependem das ações dele para sobreviver dignamente. Somente na sobra, se sobrar, é que se paga ao vizinho ou o forasteiro para mostrar sua cultura. Mas, como a cultura do pão e do circo jamais saiu do imaginário popular, o circo de fora é sempre mais bonito do que o “palhaço” de dentro – onde todos veem o riso do palhaço, mas não consegue ver a sua lágrima. E o gestor, sabido, sabe usar isso a seu “favor”. Afinal, a mediocridade  de muitos, alimenta a artimanha dos poucos espertos.

BACANUDO - Por onde deve e de que forma pode ser feito o resgate das tradições?
AA- Particularmente, só acredito numa mudança através de uma lei que, sendo aprovada, deve ser fiscalizada para seu cumprimento. Lei sem cobrança é lei morta. Ao mesmo tempo, para tentar salvar as próximas gerações, defendo técnicas de ensino que fortaleçam o conhecimento da nossa cultura e a importância da sua preservação. O resgate de tradições que honram a história de um povo. Já fui recebida em residências, tanto na Alemanha quanto em Porto Alegre, onde os anfitriões usavam trajes folclóricos com um orgulho estampado no rosto. Em Sergipe, jamais fui convidada para um almoço ou jantar, onde os convidados estivessem caracterizados de folcloristas sergipanos. Está mais do que na hora de fazermos algo assim. Está lançado o desafio. A propósito - Uma vez, fui convidada para cantar no Circo do ator Marcos Frota. Cantei. Vestida de São Gonçalo!

BACANUDO - Você, como artista, também vem sentindo um certo desprezo pelo trabalho desenvolvido durante décadas e pela bandeira que sempre hasteou, em torno da tradição nordestina?

AA - Afirmo que a música me deu amigos, amores e irmãos. A música me deu prêmios, reconhecimento, popularidade. Estabilidade, não. Já fiz muitos shows de graça, fora aqueles que fiz e jamais recebi – por considerar que fui amadora em acreditar nas pessoas, jamais fui na imprensa entregar nenhum deles. Você não imagina como comprometeu minha cidadania e meu nome. Mas, carrego uma esperança e uma fé acima de qualquer compreensão.  A música, para mim, é missão. Mas, ela não me deu em estabilidade, o que dei a ela em fidelidade, e isso passa pela consciência social do ambiente onde o artista atua. Sei que muito do que faço, só será reconhecido depois da minha morte. Só espero em Deus que eu consiga honrar com tudo que preciso, sem que seja preciso entregar ninguém. Sou uma descendente de Abraão, assim creio. E os filhos de Abraão só colhem suas lutas quando os anos cobrem os fios dos seus cabelos. Permaneço com uma espada invisível nas mãos e os olhos em atalaia. Sou uma fênix e uma guerreira. Esta vitória, pela fé, há de vir porque sei que plantei com profundo amor. Como sei que há raízes que são tão profundas, que demoram a surgir na superfície. Portanto, o tempo não é meu, mas de Deus.

Texto e imagem reproduzidos do site: bacanudo.com

domingo, 5 de março de 2017

Amorosa comemora aniversário e carreira com show inédito

Foto: arquivo Portal Infonet.

Publicado originalmente no Portal Infonet.

Amorosa comemora aniversário e carreira com show inédito
Show acontece dia 8 de março no Iate Clube

Após cinco anos afastada dos palcos, a cantora sergipana Amorosa retorna em clima de comemoração dos seus 50 anos de idade, com 32 deles dedicados à música. Considerada como uma das mais importantes referências da música em Sergipe, Amorosa coleciona mais de 60 prêmios como cantora, tendo atuado em 80% dos Estados brasileiros, além dos países da Alemanha, Áustria, Estados Unidos e Inglaterra.

Com este show e o lançamento do seu novo CD “Raiz, Amor e Fé”, marcam oficialmente o seu retorno aos palcos. Nesta obra, conta com uma participação inédita da cantora Marinêz, atendendo ao convite do seu filho, o maestro Marcos Farias, onde ambas interpretam a música “Ingazeira da Saudade”, gravado pela cantora paraibana em 1959. A citada artista considerava Amorosa como uma das maiores cantoras que conheceu. Neste ano, em homenagem aos dez anos de morte de Marinêz, diversos artistas brasileiros gravaram uma música com a mesma, no uso da tecnologia que integra as vozes, e Amorosa foi uma das escolhidas para este momento histórico.

Mas, enquanto o CD é concluído em sua última etapa, que teve o apoio de diversas empresas privadas e amigos da intérprete, o Show “Gratidão”, acontece no próximo dia 08 de Março, às 20h, no Iate Clube de Aracaju, onde a cantora afirma que “Será um dia de celebração à vida e gratidão aos amigos que me ajudaram a chegar até aqui. Gratidão pode não ser obrigatório, mas para mim é fundamental. Irei comemorar a vida, agradecendo e cantando.”

A intérprete promete um show que trará um repertório de releituras de músicas que marcaram sua carreira nas décadas de 80/90, até os dias atuais. De compositores sergipanos aos nacionais, a garantia da cantante aniversariante é que “Não irei abrir mão do samba, do forró, do chorinho e das canções que interpretei nestas três décadas de muita história e emoção.”

Além da participação de diversos artistas que irão cantar ao seu lado, Amorosa preparou um elenco de imagens e nomes de pessoas que quer agradecer publicamente – “Não irei transformar o show num rosário de falas. Então, para criar uma dinâmica ao espetáculo, usaremos a tecnologia, mostrando no telão a imagem de pessoas que tenho gratidão por qualquer gesto positivo que fizeram a meu favor. Não esqueço nada do que fazem por mim, especialmente quem faz de bom coração.”

A reserva de mesa pode ser feita pelo whatsaap 99808 9009.

Fonte: Assessoria de Imprensa.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/entretenimento/agenda

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Amorosa será homenageada no maior prêmio de música do Nordeste

Foto: Arthur Soares.

Publicado originalmente no site do "Correio de Sergipe", em 13/04/2016.

Amorosa será homenageada no maior prêmio de música do Nordeste

No próximo dia 17 de maio, em Campina Grande (PB), acontece mais uma edição do Troféu Gonzagão, considerado o maior prêmio destinado a compositores, intérpretes e referências da música produzida especialmente no Nordeste e também no cenário nacional. E, entre as referências musicais no Nordeste, a cantora sergipana Amorosa receberá o prêmio em um momento especial onde comemora 30 anos de carreira.

O compositor Zé Dantas (in memoriam), parceiro de Luiz Gonzaga em dezenas de músicas que se tornaram clássicos, Carlinhos Brown e Elba Ramalho também serão homenageados.

Para Amorosa, “Deus foi generoso comigo. Colecionar mais de 50 prêmios como cantora representa mais do que prestígio, pois é a dimensão da responsabilidade que me foi confiada. Receber um prêmio na cidade que realiza o maior festejo junino do mundo, por acontecer durante todo o mês de junho e pelo conjunto das realizações culturais que desenvolve, é um privilégio. Divido com todos os forrozeiros sergipanos, os que partiram desta terra e os que permanecem nela”, concluiu.

Resgate da memória

O projeto que alcançou credibilidade no meio artístico, político e empresarial do Nordeste foi criado pelo Centro de Ortodontia Integrado (COI), através dos seus idealizadores Rilávia Sayonara de Castro Cardoso Lucas e Francisco Ajalmar Maia. A ideia surgiu de um encontro festivo informal, tendo alcançado uma proporção que consagrou o evento como o mais importante prêmio da atualidade, no conceito de resgate da memória da musicalidade nordestina, valorização ao produto artístico e integração de referências musicais que produzem cultura com talento, em diversos Estados brasileiros.

Nas edições realizadas, diversos artistas já foram homenageados. Entre eles, Flávio José, Marinêz, Dominguinhos, Alceu Valença, Jackson do Pandeiro, Alcymar Monteiro, Genival Lacerda, Chico César, Waldonys, Dorgival Dantas, Maestro Marcos Farias (filho da cantora Marinêz), Anastácia, João Silva, Rosinha Gonzaga, Sivuca, Antônio Barros & Ceceu, entre outros.

Cultura

Para uma das idealizadoras do evento, Rilávia Cardoso, “a realização de uma premiação deste porte traz a evocação de uma cultura que tem como bandeira o forró, fruto da genialidade de um homem simples, cuja sabedoria e amor ao seu povo revolucionaram e construíram uma nova história que engrandeceu, definitivamente, o cancioneiro da música popular brasileira”.

Texto e imagem reproduzidos do site: ajn1.com.br

sábado, 27 de setembro de 2014

Amorosa lança primeiro livro bíblico musicado no Brasil

Foto: Helena Sader/Portal Infonet.

Infonet - Cultura - Noticias - 25/09/2014.

Amorosa lança primeiro livro bíblico musicado no Brasil
A obra foi intitulada “Eclesiastes em Septilha”

Foi lançado nesta quinta-feira, 25, pela artista e jornalista sergipana Antônia Amorosa o livro “Eclesiastes em Septilha”, utilizando de técnica apreciada pela autora: o cordel. O livro tem o acompanhamento de um CD que traz a obra em forma de música, interpretada pela autora acompanhada de Valmir Ferreira, o Vigu, no violão. O evento de lançamento contou com a presença de amigos de Amorosa e aconteceu no Museu da Gente Sergipana, em Aracaju.

O lançamento se trata da quinta obra escrita por Amorosa e é a primeira vez que um livro bíblico é lançado musicado no Brasil. Em relação à técnica cordel, já é a segunda vez que Amorosa lança livros com essa vertente. De acordo com a autora, apesar de estar ligado diretamente à Bíblia, o livro lançado tem mesmo o objetivo de expressar o aspecto filosófico do Eclesiastes.

“As pessoas, quando pensam na Bíblia, pensam de uma forma muito estigmatizada. Mas o Eclesiastes é um livro muito abrangente do ponto de vista filosófico. É um texto extremamente poético e atual, e bem interessante em referência à natureza humana”, disse Amorosa.

A autora chamou a atenção para como a obra foi desenvolvida. “Este livro segue fielmente a sequência de versículos do livro Eclesiastes da Bíblia. O diferencial é a inserção da técnica da septilha (técnica do cordel) no decorrer do texto e da musicalidade”, explicou Amorosa.

Carreira

Amorosa é cantora, compositora e jornalista, vencedora de vários prêmios como cantora, destacando o Festival Canta Nordeste e Festa da Música Brasileira. Sua voz foi ouvida em mais de 80% dos estados brasileiros, além de países como a Alemanha e a Áustria. Natural de Itabaiana, reside na capital sergipana há mais de vinte anos.

Por Helena Sader e Verlane Estácio.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura