A feirante Élida Rosa.
O engenheiro agrônomo Ivan Siqueira.
Fotos: Danillo França.
Publicado originalmente no site da PMA, em 02/08/2017.
Feira da Agricultura Familiar gera renda e muda vida de
feirantes
Superação e melhoria de vida. Foi com este pensamento que a
feirante Élida Rosa, natural do município sergipano de Areia Branca, decidiu
mudar o rumo dos seus dias a partir da agricultura familiar. Ela, que participa
da Feira da Agricultura Familiar, promovida pela Secretaria Municipal da
Assistência Social na sede da Prefeitura de Aracaju, desde a sua primeira
edição, teve um início tímido,
comercializando apenas hortaliças plantadas em um pequeno terreno da sogra. E
foi a partir daí que “o gosto pela coisa”, como ela mesma diz, começou.
“Eu comecei a frequentar este tipo de Feira da Agricultura
Familiar há dez anos, a partir de um convite da Emdagro, para um evento de
agricultores familiares. Levei produtos que tínhamos em nossa pequena roça,
pouca coisa, vendi apenas 18 reais. Mas, para mim, foi como se eu tivesse
vendido 18 mil, porque fiquei encantada. É que eu trabalhava em outras feiras
normais e via que a gente passava o dia inteiro, com muita coisa, para não
fazer quase nada no final do dia. Tinham ocasiões em que eu levava cestos e
cestos e voltava com apenas quarenta reais no bolso”.
Para a primeira experiência, o pouco virou muito e o
diferencial foi o grande incentivo do marido, dos filhos e da sogra, sendo esta
última sua maior parceira. Desde a lida na terra, até a comercialização junto
aos clientes. “A gente não plantava nada além de couve, coentro, cebolinha e
salsa. Mas aí pensamos no diferencial e começamos a cultivar produtos
diferentes como cebola, cenoura, beterraba, abobrinha, limão e berinjela.
Então, a gente viu a importância da oportunidade que a agricultura familiar dá
para pessoas como a gente. Você chega numa feira como essa e vê que além de
saudáveis, os alimentos são bonitos e produzidos com o amor de quem semeia,
colhe e com as próprias mãos vende para o cliente”.
De humilde vendedora a feirante empresária. Com a renda das
feiras, Élida Rosa conseguiu criar os filhos, comprou mais alguns hectares de
terra para crescer o negócio, adquiriu um automóvel e deu o pontapé inicial
para a construção da casa própria.
“Hoje a nossa família está inteiramente envolvida e é com
esse envolvimento que conseguimos pagar tudo: adubação, análise de solo e três
trabalhadores que semanalmente vão nos ajudar. É da feira que, graças a Deus,
eu consigo caminhar com os meus próprios pés. Não posso esquecer nunca de
agradecer aos meus parentes, clientes e à chance que a vice-prefeita e
secretária Eliane Aquino, além de toda a sua equipe, me deu de estar aqui hoje
e desde a época em que ela era secretária no Estado.”
Sem agrotóxicos e com preços acessíveis
Élida Rosa conta que ainda há um receio muito grande da
população em geral com os produtos orgânicos, mas que nada tem a ver com a
procedência e sim porque imaginam que os produtos são muito mais caros, o que
não corresponde a realidade. “Eu trabalho de domingo a domingo, pois a roça não
dá folga. Cuidar dos alimentos para que eles não morram e nem sofram com as
pragas dá trabalho e tudo isso a gente tem que saber na hora de cobrar. Temos
hora ‘roubada’ para comer, lavar roupa e fazer as coisas de casa. Nosso lar é a
lida. Dez centavos, vinte centavos, pode fazer diferença para o consumidor, mas
tudo é lábia, é conversa. Eu prefiro pensar que pra mim não faz, porque eu
fidelizo o cliente e ele volta. Mas ele tem que entender que coisa boa é
investimento, não um gasto”, conta.
O engenheiro agrônomo da Assistência, Ivan Siqueira,
considera que esse imaginário popular do produto orgânico com custo alto é
apenas um mito construído. “O produto agroecológico, como é trabalhado por
venda direta, tem a seguinte vantagem: quem possui esse produto é quem cultiva
e vende, há um circuito menor e sem atravessadores. Portanto, o preço não varia
tanto quanto as gôndolas dos supermercados ou feiras convencionais, com
agrotóxicos. Exemplo disso é que em qualquer outro lugar o quilo do inhame está
a R$ 7 reais, enquanto aqui está a R$ 6 reais”.
Ivan Siqueira ainda alerta para outro fator interessante.
“Existe uma certificação chamada Organização de Controle Social (OCS) que
permite que os produtores vendam de forma direta, não usem atravessadores e
funciona através da autofiscalização. Assim se mantém a competitividade e a
qualidade”, garante.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br