Publicado originalmente no site Sergipe Inform, em
12/05/2016.
Do teatro ao cinema: PM se divide entre a farda e a arte de
encenar e já acumula quatro filmes em seu currículo.
“O teatro faz parte da minha vida, me complementa, me faz
feliz”. As palavras são do policial militar, que concilia a profissão com o
amor pelas artes cênicas. O aracajuano Luciano Lima Santos, que está há cerca
de 10 anos na Polícia Militar do Estado de Sergipe e no momento compõe os
quadros da Força Nacional, atua, nas horas vagas, encantando plateias no teatro
e no cinema.
Do teatro ao cinema: PM se divide entre a farda e a arte de
encenar e já acumula quatro filmes em seu currículo O soldado Lima, como
é chamado na tropa, iniciou a vida teatral ainda na infância, durante
apresentações escolares. O mundo do teatro o levou a voos altos, fazendo-o se
descobrir como profissional multifacetado, que, em seus 14 anos de carreira, já
foi cangaceiro, poeta, padre, policial civil, vendedor, ambulante, entre tantos personagens. Tudo, graças
à paixão pelas artes.
Em 2002, passou a encenar profissionalmente no Grupo Veia
Cômica, com peças infantis. A estreia ocorreu com o trabalho “Janjão e os
Super-Heróis”, em que o militar fazia cinco personagens, entre mocinhos e
vilões. “Foi uma experiência intensa, pois, como trabalhávamos com projeto
escola, o teatro lotava de crianças e era uma gritaria quando o Super-Homem
entrava em cena”, afirmou o nostálgico Luciano.
No ano de 2004, o ator, que trazia duas peças no currículo,
fez audição para o aclamado Grupo Imbuaça, onde está até hoje, totalizando seis trabalhos na casa. “Já são 12 anos de estrada com ele,
identifiquei-me 100% com a linguagem adotada pela trupe no teatro de rua, cujos
textos sempre se baseiam, em sua maioria, nas histórias dos
folhetos de cordel”, frisou Lima.
Numa crescente ascensão no cenário cultural, em 2008 o PM
participou do primeiro filme de abrangência nacional – Orquestra dos Meninos.
“O Imbuaça é referência no país inteiro, são 38 anos de
estrada, então, quando a equipe do filme esteve em Aracaju, pediu para conhecer
o elenco e fazer testes. Muita gente passou, inclusive eu. E foi assim com “O
Senhor do Labirinto”, “Aos Ventos que Virão” e “A Pelada””, revelou o militar.
Após a experiência com a sétima arte, o policial ganhou uma
nova paixão. “No cinema, foram participações pequenas, porém a experiência de
estar em projetos grandiosos, entre bastidores, câmeras e figurantes, foi algo
que marcou demais minha vida, pois até então só tinha visto nas telonas,
prontinho. É algo mágico. No teatro, tive a oportunidade de dar vida a
personagens que tinham influência com o público, seja emocionando, seja fazendo
rir, e isso para mim é a magia do teatro de rua”.
O ator, que, no cenário nacional, é fã de Marcos Caruso e
Lilian Cabral, admira o trabalho de muitos colegas sergipanos, inclusive, teve
como madrinha a atriz sergipana Tetê Nahas. “Ela foi a minha
diretora no espetáculo que estreei em 2002. Tetê é referência no Estado, conhecida
no Brasil por meio do Imbuaça, e, graças a ela fiquei sabendo do teste do
Imbuaça. Em 2004, estávamos dividindo o mesmo palco e isso foi simplesmente
maravilhoso. Sou muito grato por tudo”.
Conciliando carreiras Sobre a conciliação da vida de policial
com a de ator, Luciano, que tem formação acadêmica em Artes Visuais, pela
Universidade Federal de Sergipe, afirma não ter problemas. “Sempre recebi muito
apoio, pois a PM sabe que a levo tão a sério quanto a minha vida de ator.
Quando me apresento em Aracaju, meus amigos da briosa fazem questão de
prestigiar e, quando preciso viajar, sempre uso as férias e as folgas. Gosto
demais das duas profissões”.
O soldado já teve oportunidade de atuar em todas as regiões
do país, mas ainda tem muito fôlego para emocionar as plateias. “Estou afastado
do Imbuaça, por conta da Força Nacional, mas a trupe não fechou as portas para
mim, pelo contrário, me deu apoio e aguarda ansiosamente pelo meu retorno.
Então, não tenho em mente parar, o teatro faz parte da minha vida, me
complementa, me faz feliz”.
Imbuaça.
Fundado em 28 de agosto de 1977, o Grupo Imbuaça – nome que
homenageia um artista popular, o embolador Mané Imbuaça – é fruto de oficinas
realizadas em Aracaju, principalmente a de teatro de rua, ministrada por
Benvindo Siqueira a partir da sua experiência no “Teatro Livre da Bahia” em
Salvador.
O primeiro espetáculo do grupo foi composto por dois textos
da Literatura de Cordel, que sempre foi elemento fundamental para a construção
da dramaturgia. Até hoje, é um dos elementos que compõe a
identidade do Imbuaça.
No seu currículo, o Imbuaça traz importantes conquistas,
conferindo-lhe uma posição de referência como um dos grupos de teatro de rua
mais antigos do Brasil. Passou por mais de 500 cidades dos 25
estados brasileiros e por quase todos os 75 municípios sergipanos. Esteve
também em Portugal, Equador e México.
Informações da PMSE.
Texto e imagem reproduzidos do site: sergipeinform.com.br