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sábado, 19 de janeiro de 2019

Dia Estadual de Luta da Consciência Negra


Publicado originalmente no site FAN F1, em 19/01/2019

Casa de Cultura Afro Sergipana celebra Dia Estadual de Luta da Consciência Negra

 Por Leonardo Barreto

A Casa de Cultura Afro Sergipana celebra o Dia Estadual de Luta da Consciência Negra, comemorado neste sábado, 19 de janeiro, com o ato cultural “Ni Oiá João Mulungu”, com entrega do Prêmio Oxé Pensadores de Consciência Negra em homenagem a personalidades com destacada atuação na luta pela defesa e proteção de direitos e valorização da cultura afro-brasileira. O evento acontece das 19h às 20h na sede da instituição, rua Goiás, 802, bairro Siqueira Campos.

“O prêmio Oxé Pensadores de Consciência Negra homenageia 12 personalidades dos diversos segmentos que tenham marcado em sua trajetória a valorização da leitura do Negro Sergipano nos diversos níveis, provocando ações inovadoras, em direção à preservação, revitalização, manutenção e difusão do conjunto patrimonial histórico e cultural, potencializando a valorização do seu arquivo humano”, explica Severo D´Acelino, coordenador da Casa de Casa de Cultura Afro Sergipana.

Ainda de acordo com Severo D´Acelino, o nome da premiação representa a memória de resistência do povo negro através da atuação de lideranças como João Mulungum, Quintino de Lacerda e Jacinta Clotilde do Amor Divino como referências da resistência do negro Sergipano.

Serão homenageados Ana Carla de Jesus, Ana Lúcia Vieira Menezes, Bruno Edwin Santana Alves de Melo, Carlos Eduardo Trindade, Carlos Alberto Santos de Paulo, Luiz Carlos Vieira Tavares, Petrônio José Domingues, José Pedro Neto, Robson Martins Ramos Santos, Robson Anselmo Santos, Romero Júnior Venâncio Silva e Judite Elói de Paiva.

Dia Estadual de Luta da Consciência Negra

O Dia Estadual de Luta da Consciência Negra ou “Dia Estadual da Luta da Comunidade Negra” foi instituído pela Lei Nº 4.192 de 23 de dezembro de 1999 como lembrança à luta por liberdade de um dos maiores líderes negros do século XIX: João Mulungu, que ficou também conhecido como “Zumbi sergipano”.

A celebração marca a memória da captura de João Mulungu no dia 19 de janeiro de 1876, mas destacando a importância de sua participação na história como um ato de resistência e reflexão da luta por direitos do povo negro na sociedade sergipana.

Nascido em Laranjeiras em 1851, na senzala do Engenho Flor da Roda, João Mulungu lutou pela libertação de milhares de escravos no colonialismo e é considerado a maior liderança dos quilombos sergipano.

Texto e imagem reproduzidos do site: fanf1.com.br

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Ocupe a Praça homenageia líder do movimento negro em Sergipe

 Severo D´Acelino





Presidente da Funcaju, Cássio Murilo

Carlos Trindade

Cleanes Silva 





Fotos: Edinah Mary/Ascom Funcaju

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 22/11/2018 

Ocupe a Praça homenageia líder do movimento negro em Sergipe

Em comemoração ao Dia da Consciência Negra, a Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), através do Núcleo de Produção Digital (NPD) Orlando Vieira, realizou, nesta quarta-feira, 21, o projeto ‘Ocupe a Praça’ homenageando o ator e escritor Severo D’Acelino. Na oportunidade, o ativista do Movimento Negro em Sergipe lançou o livro “Quelóide” e, também durante a programação, foi exibido o documentário “Severo D’ Acelino: Revisitação”, do diretor sergipano Luciano Freitas. O evento aconteceu no Centro Cultural de Aracaju (CCA), localizado na Praça General Valadão.

O presidente da Funcaju, Cássio Murilo, foi o mediador do ‘Liquidifica Diálogos’, momento em que os convidados dialogam sobre a temática. Cássio destacou que a noite foi de encontros de representatividade. “À medida que abrimos as portas do Centro Cultural, por meio do NPD, para a comunidade afro, damos a oportunidade de promover discussões diante de um tema tão importante como é o da Consciência Negra. E repito: esse papel é fundamental da Funcaju. Tenho certeza que as pessoas saem daqui sabendo cada vez mais sobre a sua ancestralidade”, declarou.

Conhecido por sua larga trajetória intelectual e artística voltada para a cultura afro sergipana, Severo D'Acelino desempenha um papel decisivo como ativista social na luta pelo espaço e inclusão do negro na sociedade brasileira. Com isso, fundou algumas entidades, dentre elas, a Casa de Cultura Afro Sergipana, em 1968, tornando-se uma figura de prestígio na história do estado. O escritor falou como se sente recebendo essa homenagem do ‘Ocupe a Praça’. “Fiquei surpreso, pois eu, realmente, não sabia de tudo isso que organizaram aqui. E, de repente, descubro que é um projeto institucional da Funcaju que elaborou essa linda programação com o NPD. Fico bastante sensibilizado com essas realizações", declarou.

No seu mais atual trabalho foi a produção do livro “Quelóide”, o sergipano conta como surgiu a ideia de escrever. “O livro apareceu meio que pronto quando eu marcava presença, em 2002, numa escola  do povoado de Água fria, em Salgado, e uma criança recusou-se a se identificar como negra, então foi um processo de lá para cá”, contou. Severo ressaltou, ainda, que a principal proposta da obra é denunciar os episódios de difícil aceitação do negro em busca por sua própria identidade.

Carlos Eduardo Trindade, economista e também fundador  da União de Negros de Aracaju (UNA/SE) e da Sociedade Afrosergipana de Estudos e Cidadania (SACI), também participou da mesa de debates do “Liquidifica Diálogos” e explicou para o público as conquistas e espaços de fala adquiridos em sua carreira como defensor da igualdade racial. Também participaram da discussão, a pedagoga Ana Iris Lima e a Yalorixá Sônia de Oliveira.

Cleanes Silva, 48 anos, professora na Escola Municipal de Dança, ministra aulas voltadas aos estilos contemporânea e afro, e expressou sua opinião acerca do evento. “O Ocupe a Praça é bem significativo, pois a medida que é realizado, traz arte e cultura para as pessoas, e isso é fonte de educação. Hoje, em especial, houve a recuperação de um passado sobre o Movimento Negro em Aracaju e isso é muito importante para nova geração”, ressaltou.

Texto e imagens reproduzidos do site:  aracaju.se.gov.br

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Severo D’Acelino é homenageado no Ocupe a Praça

Severo D’Acelino foi homenageado
Fotos: Portal Infonet

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 21 de novembro de 2018

Severo D’Acelino é homenageado no Ocupe a Praça

O ator Severo D’Acelino foi o homenageado em mais uma edição do Ocupe a Praça. O evento que ocorreu na noite desta quarta-feira, 21, no Centro Cultural de Aracaju e na Praça General Valadão teve uma programação especial para lembrar o Dia da Consciência Negra.

O ‘Ocupe’ contou debate sobre a história e memórias da negritude sergipana, apresentações culturais, exposições, exibição de documentário e lançamento do livro ‘Quelóide’, quinta obra da carreira de Severo D’Acelino como escritor. Ele conta que recebeu com surpresa a informação que seria homenageado. “Acreditávamos que seria somente o lançamento do livro, e de repente o lançamento se tornou além disso, se tornou símbolo e tema da consciência negra em Sergipe”, declara.

 Livro foi lançado nesta quarta

Aos 75 anos, Severo explica que ‘Quelóide’ retrata através dos seus 105 poemas identidade e ancestralidade do povo negro, e o lançamento dele em um espaço como o Centro Cultural é ainda mais representativo. “Nesse local muitos dos nossos ancestrais foram registrados, e isso nos traz uma ideia de resistência, é como se estivéssemos revisitando o nosso passado. Cada parede desta tem uma história para contar. É exatamente isso que o livro traz, cada poema significa um episódio da vida do negro sergipano”, pensa.

Para a coordenadora do Núcleo de Produção Digital (NPD) Orlando Vieira, Graziele Ferreira, é fundamental que existam eventos que promovam discussões. “Esse Ocupe a Praça foi pensado para integrar a programação alusiva ao mês da consciência negra, por isso buscamos homenagear um grande ícone do movimento negro em Sergipe que é o Severo D’Acelino”, explica.

Por Yago de Andrade

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

terça-feira, 23 de maio de 2017

Severo D’Acelino e a produção textual afro-brasileira


Publicado originalmente no site Geledes, em 24/10/2009.

Severo D’Acelino e a produção textual afro-brasileira.

in: Afro-brasileiros e suas lutas.

Por Rosemere Ferreira da Silva*

Resumo: 

O artigo em questão procura discutir, sob o ponto de vista de formação da literatura afro-brasileira, a produção cultural e textual do intelectual Severo D’Acelino na contemporaneidade. De que maneira, os textos de Severo podem ser lidos e relacionados às discussões que envolvem a participação de afro -descendentes na sociedade brasileira? Parte, do perfil biográfico do escritor, foi traçada para que o leitor conheça a sua trajetória de formação intelectual e de intervenções nas atividades culturais em Sergipe. A discussão sobre as atuações do intelectual hoje procura levantar questionamentos, principalmente, sobre: Que papel o intelectual assume na sociedade contemporânea como articulador da cultura? Quais são os dilemas do intelectual na sua política de cultura em relação ao poder hegemônico no Brasil?

Uma leitura crítica da poética de Severo D’Acelino busca relações crítico -literárias com outros escritores da literatura afro-brasileira. E a publicação do jornal Identidades é destacada, com o objetivo de problematizar as discussões em torno das questões sociais, culturais e políticas que envolvem a afro-descendência no Estado.

A produção cultural do escritor Severo D’Acelino em Sergipe está voltada para a discussão da afro-descendência como uma das principais formas de questionamento, na sociedade contemporânea, que envolve a participação direta de afro -descendentes nos mais diferentes setores sociais do Estado. A poesia escrita por D’Acelino bem como os artigos publicados e os projetos educacionais coordenados pelo escritor refletem uma preocupação constante em educar os sergipanos na direção de uma cultura produzida para marcar a importância da literatura afro-brasileira como um lugar de expressão significativo que problematiza as hierarquias sociais construídas, as relações de poder disseminadas socialmente, a formação de identidades, o combate ao preconceito e a discriminação racial e de gênero e ainda, a valorização da auto -estima como principal ponto de partida na luta contra a formulação de estereótipos.

O trabalho de Severo D’Acelino começa em fins da década de 60 do século XX, mais precisamente em 68, no Estado de Sergipe e na Bahia com o seu envolvimento na militância do Movimento Negro e em atividades teatrais, o que acabou rendendo -lhe participações em dois filmes: Chico Rei e Espelho D’Água e no seriado Teresa Batista Suas atividades culturais sempre estiveram ligadas à Casa de Cultura Afro-Sergipana, Instituição comprometida com as representações culturais e sociais da afro -descendência no Estado. Durante quase 40 anos de trabalho em torno das questões sociais, políticas e educacionais direcionadas à causa do negro, Severo publicou em 2002, apenas um livro de poemas, Panáfrica África Iya N’la e editou de 2001 a 2002 o jornal Identidades, considerado um dos principais veículos de comunicação pensado para incentivar o intercâmbio de idéias entre a comunidade e o poder público em Sergipe.

O jornal tratava de informar a população sobre um conteúdo, cuja abordagem não observamos nas edições dos jornais convencionais. A leitura da afro -descendência em Sergipe, associada ao cenário das discussões nacionais sobre as populações minoritárias, era mediada pelo trabalho de pesquisadores sergipanos e de outros estados do país. O Identidades constituía, desta forma, um fórum riquíssimo de debates entre intelectuais, população e alguns segmentos de poder no Estado. Em 2004, Severo D’Acelino coordenou o projeto “João Mulungu vai às Escolas”, com auxílio da Lei 10.639, destinado a discutir nas escolas públicas a inserção do afro -descendente na sociedade sergipana, através do exercício da cidadania de uma comunidade, que busca uma articulação de cultura negra fundamentada na discussão da questão étnico -racial, como prioritária no que entendemos como cultura afro -brasileira. Atualmente Severo se dedica a escrever o seu segundo livro de poemas chamado Quelóide.

Pelas pesquisas realizadas em arquivos, através de levantamento de fontes bibliográficas, entrevistas, leituras, empreitadas em bibliotecas, livrarias e principalmente discussões em torno da questão da formação de identidades do afro -descendente em Sergipe, tenho convicção de que só podemos nos referir a uma produção literária, intelectual e cultural voltada para uma inserção e um diálogo com a formação da literatura afro-brasileira em Sergipe, a partir do trabalho realizado por Severo D’Acelino.

No estudo realizado da historiografia da literat ura sergipana, escrita por Jackson da Silva Lima1, há registro de poetas que contribuíram literariamente apenas por usarem a temática do negro como um elemento de referência. Estes textos foram escritos no século XIX e a forma de abordagem do negro geralmente se debruçava sobre o lamento, o pranto, a lamúria da escravidão, a escravidão como castigo, a saudade dos negros escravizados de sua terra natal, a exploração da sexualidade da negra escravizada, o ímpeto pela defesa da abolição, marcados à distância p ela observação de um olhar do poeta deste século praticamente externo a toda essa problemática.

Os autores sergipanos citados por Jackson da Silva Lima são: Moniz de Souza, Constantino Gomes, Pedro Calasans, Bittencourt Sampaio, Oliveira Campos, Tobias Barreto, Silvio Romero, Severino Cardoso, Jason Valadão, Alves Machado, Antônio Diniz Barreto e Prado Sampaio. Os textos desses poetas ou estão compilados na História da Literatura Sergipana ou em Os Palmares Zumbi & Outros textos sobre a escravidão . O primeiro publicado em dois volumes em 1986 e o segundo em 1995. A história da literatura sergipana não abrange textos contemporâneos. Ou seja, falta a esta história uma leitura mais significativa sobre o modo de representação do afro -descendente sob o ponto de vista de formação de uma identidade cultural.

Não posso falar em literatura afro-brasileira em Sergipe sem antes voltar a estes escritores para mostrar que não houve, ainda que superficialmente, uma continuidade de escrita historiográfica sobre um contexto de abordagem que envolva o negro/ o afro – descendente. Observo que existe um espaço vazio entre os textos desses escritores do século XIX e a literatura afro-brasileira que veio a fortalecer-se no século XX. Não considero que os textos dos autores citado satisfaçam um estudo mais representativo da 1 LIMA, 1996

“presença” do negro na literatura, como muitos críticos denominam. São escritos concentrados num contexto político, histórico, social e cultural totalmente de desvantagens à leitura do afro-descendente como parte de uma identidade nacional.

Esses textos são fundamentais para a historiografia literária, mas não atendem a leitura de representações literárias voltadas para o estudo da literatura como produção cultural realizada em Sergipe, cuja abordagem esteja destinada a discutir questões relativas à preservação da cultura negra no Estado e, ainda a levantar problemas sobre a participação mais direta do afro-descendente no processo sócio-cultural, político e econômico, de modo que as diferenças étnico -raciais sejam percebidas como necessárias ao reconhecimento de uma sociedade multicultural.

Já no século XX, identifiquei na literatura sergipana alguns poetas que continuaram a escrever sobre a temática do negro, a exemplo: João Silva Franco (o João Sapateiro) e Santo Souza. A produção literária deles, embora mais crítica e mais de acordo com os questionamentos sociais trazidos pelas representações contemporâneas de afro-descendentes, ainda não abarcam uma leitura que discuta as relações étnico – raciais dentro do processo de formulação da identidade afro-brasileira em Sergipe.

Para falarmos de literatura afro-brasileira, de suas articulações de sentido com a literatura brasileira, da maneira como alguns conceitos e determinadas leituras foram ressignificadas neste universo de construções e desconstruções da imagem do afro – brasileiro na sociedade contemporânea, é necessário nomearmos as produções culturais e literárias que buscaram na própria polêmica sobre a existência de uma literatura negra dar visibilidade cultural e política a uma comunidade, até então, supostamente representada por alguns discursos legitimados socialmente. A forma como esses discursos eram “autorizados” pelo poder de uma hegemonia cultural branca, fixada em bases ocidentais, excluía toda e qualquer tentativa de manifestações culturais e literárias que tendessem a buscar na nossa herança africana elementos da história e da memória de afro-descendentes ou ainda a trabalhar a própria representação do negro a partir de um contexto de valorização de suas contribuições à nação brasileira.

Da década de 70 do século XX para cá, com a abertura da democracia no Brasil e conseqüentemente com os olhos voltados para um contexto político e cultural mais suscetível a questionamentos, os intelectuais afro -brasileiros buscam no país um espaço de expressão voltado para uma representação de valorização da cultura negra nas discussões sobre cultura, expressões artísticas, comunicação e formação de identidades.

A dinâmica das trocas culturais2 baseadas na negociação dos contatos culturais entre negros, brancos e índios, traduziriam alterações significativas no processo civilizatório ocidental.

A proposta da intelectualidade negra era de pensar a articulação da cultura negra, na sua forma de comunicação com a literatura, a partir da revisão historiográfica do ser negro no Brasil. Estabelecer uma problematização mais intensa da participação do afro-descendente na sociedade brasileira dependia da releitura e da desconstrução das antigas representações destes sujeitos sociais, construídas sob uma forma de poder hegemônico, que sempre excluiu as expressões minoritárias inviabilizando o reconhecimento social, político e cultural da diferença.

Ao assumir a condição de um “enunciador”, o escritor afro -descendente desestabilizou as bases da tradição literária brasileira, acostumada a ver o negro num lugar marcado pela condição inferior, subalterna a ele atribuída. A condição de negro no discurso da enunciação, fez com que o escritor afro -descendente trouxesse para o campo de análise teórica um discurso que problematiza os anseios e angústias de uma coletividade. E que leva o sentimento coletivo a reconhecer a sua total e plena condição de assumir papéis sociais mais definidores do ser negro na sociedade contemporânea, completamente diferente daqueles “naturalizados” pelo discurso colonial.

Foi possível abrir, através da proposta diferenciada dos estudos sobre cultura, mais especificamente a dos Estudos Culturais, um espaço de diálogo entre o que já consideramos literatura afro-brasileira e as produções culturais levantadas mais contemporaneamente em estados  distintos do Brasil. Isso reforça a ideia de que a cultura pode e deve ser entendida a partir das tensões criadas pelo conhecimento, nas suas múltiplas influências ideológicas com o saber cultural em processo, como afirma Florentina da Silva Souza:

Efetivam-se trânsitos e intercâmbios entre os conceitos construídos pelos escritores negros (na verdade pelos movimentos negros) e aqueles gerados pelos estudos e reflexões acadêmicas . Trocas marcadas pelo fato de, mais intensamente a partir dos fins da década de oitenta, crescer o número de afro -descendentes que investem nas pesquisas e estudos sobre cultura, tradição e história afro -brasileira.

Sem assumir qualquer posição essencialista, acredito que o fato de disputarmos posição de sujeitos e objetos dos estudos introduz uma outra perspectiva de análise da questão racial no universo acadêmico e enriquece a produção de reflexões e estudos sobre a questão racial no 2 SANTIAGO, 1998, p. 16 Brasil. Por outro lado, penso também que a proliferação de entidades e grupos negros no País nas últimas décadas evidentemente que aliada a outros fatores, muito contribuiu para a inserção do tema na agenda acadêmica e nas discussões políticas.

Considero literatura afro-brasileira toda produção cultural voltada para a afirmação de uma identidade negra de inclusão, questionamentos políticos, auto -estima, em constante tensão com o legado cultural da literatura instituída sempre em busca de ampliação e renovação de seu campo de saber através dos diálogos com escritores, intelectuais que pensam suas atividades culturais como forma constante de preservação cultural afro-brasileira e também de problematização das forças de poder que são exercidas na marcação de políticas que efetivam a diferença. A releitura das manifestações populares brasileiras se torna fundamental para a revisão do conceito de literário.

É neste contexto que o trabalho do intelectual orgânico 4 Severo D’Acelino começa a ser desenvolvido em Sergipe com o propósito, segundo ele, de dar visibilidade à cultura negra. Seu trabalho concentra ações diversificadas em torno da afro – descendência. Diferente de outros escritores de sua geração no Estado, Severo se projeta para um campo de saber que movimenta na contemporaneidade não só escritas sobre a temática do negro, mas, sobretudo a discussão pela participação direta no âmbito das políticas que inserem afro-descendentes no campo cultural, político e social brasileiro.

Sergipe tem, de acordo com as informações do senso de 2003 realizado pelo IBGE5, um percentual de 68,6 % de afro-descendentes. O município brasileiro com o maior contingente populacional de afro -descendentes é Nossa Senhora das Dores com 3 SOUZA, F. 2005, p. 97-98 4 utilizo o conceito de intelectual orgânico proposto por Gramsci, ou seja, aquele que se coloca a serviço de classes ou empreendimentos para organizar interesses, disputar e obter expansão dos espaços de poder.5

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), “os indicadores, elaborados principalmente a partir dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de D omicílios realizada em 2003, estão apresentados em tabelas e gráficos, para o Brasil, grandes regiões e unidades da federação e, para alguns aspectos, também para regiões metropolitanas. A publicação apresenta um glossário com termos e conceitos considerados relevantes”. Os percentuais de 68,6% (pardos), 27,4% (branca), 3,8% (preta) e 0,2 (amarela ou indígena) foram retirados da tabela 11.1 – População total e sua respectiva distribuição percentual, por cor segundo as Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas-2003. O percentual de pardos está sendo lido aqui como o de afro -descendentes. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ . Acesso em: 08 de set. de 2005.

98,7%6, sob o ponto de vista proporcional. As cidades de Monte Alegre, 93,7%, Indiaroba, 89,2% e Pinhão, 89,2% também reúnem uma população significativa neste sentido. No município de Porto da Folha a população “sarará” é interpretada como branca, mesmo apresentando características afro-brasileiras. Gilberto Gil na letra da música Sarará Miolo define o que vem a ser sarará: “como doença de branco, de querer cabelo liso, já tendo cabelo louro, cabelo duro é preciso, que é pra ser você crioulo”. 7 O cabelo duro, na letra da música, é interpretado como uma das marcas identitárias do afro-brasileiro, ao passo que o cabelo liso seria a reprodução de uma marca que não é a sua e, sim aquela atribuída por um padrão estabelecido de leitura estética e social branca. Na verdade, pelo percentual total de afro-descendentes no estado de Sergipe, percebemos claramente que as cidades do interior influenciam na leitura da capital como predominantemente branca.

Incoerente pensar que Aracaju seja uma capital branca.

O percentual de brancos em Sergipe é de 27,4%, de pretos, 3,8% e de cor amarela ou indígena é de 0,2%. Se somarmos os números de pardos, considerados aqui afro -descendentes mais o percentual de pretos, já constatado pelo IBGE, teríamos um total geral de 71,4% de afro -descendentes. Portanto, não deveria haver motivos para que a população de afrodescendentes não seja percebida como um contingente populacional significativo na leitura de afro-descendência no Estado. Acho que a problemática sobre as relações raciais em Sergipe tem suas raízes plantadas principalmente nesta leitura mal feita. Os índices são claros e não deixam dúvidas sobre a caracterização da população quanto à cor. A política governamental do Estado não é uma política voltada para os indicadores sociais desta população. O discurso político em Sergipe fortalece uma identidade e branca, momentânea e que não contribui para que as diferenças raciais sejam seriamente pensadas.6

Este percentual está baseado em Estudos e Pesquisas/ Nota de Estudos 02/203 – Ranking dos cem (100) maiores municípios negros do Brasil.
Fonte: Microdados da Amostra de 10% do Censo Demográfico de 2000. Programação: Luiz Marcelo Carvano. Disponível em: http://www.observatórioafrobrasileiro.org.br . Acesso em: 08 de set. de 2005. 6GIL, Gilberto. Sarará Miolo, Intérprete: Gilberto Gil. Realce. Warner Music, p. 1979. Faixa 7.

Os versos da letra da música de Gilberto Gil ilustram uma definição de “sarará” que está diretamente relacionada com a crítica à rejeição de características que c circulam socialmente como definidoras de um padrão de beleza estética branco. O “sarará” já traz naturalmente a cor dos cabelos loura, o que se aproxima desta construção de padronização criada pela sociedade. Portanto, o “duro” seria enfatizar que o “louro -duro” é a diferença que existe entre o branco louro de cabelo liso e o branco louro de cabelo duro, diferença esta que quando assumida reforça muito mais a identidade afro -brasileira do que uma identidade branca.

O afro-descendente em Sergipe incorpora mais a ideia de ser branco do que a ideia de não-branco. Mesmo a população do interior do Estado é levada pelas condições de inferioridade racial, formação de estereótipos e invisibilidade à política de ações afirmativas, a pensar que um tom de pele mais claro, ou o cabelo forçosamente liso, embora com características fenotípicas negras, seja branca.

O discurso da brancura é uma forma de esconder os problemas étnico -raciais, para que eles não venham à tona como uma problematização que possa repercutir no que entendemos como diversidade cultural e identidades múltiplas na formação étnica nacional. As pessoas são levadas a mascarar uma ideia de “branqueamento” para tentar com isso evitar a exclusão.

Penso a identidade do afro-descendente em Sergipe como um conceito que opera, como afirma Stuart Hall 8, “sob rasura”. A identidade cultural na contemporaneidade é estudada como identidades. A pluralidade retira do conceito a predominância de uma identidade única no reconhecimento da diferença. O sujeito se percebe socialmente pelo conjunto de identidades que possui e pela não fixidez da construção do conceito de identidade sob uma historicidade em processo. As identidades do afro-descendente na contemporaneidade não podem ser entendidas sem que haja recorrência ao seu passado histórico, como discute Stuart Hall:

As identidades parecem invocar uma origem que residiria em passado histórico com o qual elas continuariam a manter uma certa  correspondência. Elas têm a ver, entretanto, com a questão da utilização dos recursos da história, da linguagem e da cultura para a produção não daquilo que nós somos, mas daquilo no qual nos tornamos. Têm a ver não tanto com as questões “quem nós somos” ou “de onde viemos”, mas muito mais com as questões “quem nós podemos nos tornar”, “como nós temos sido representados” e “como essa representação afeta a forma como nós podemos representar a nós próprios.”9

Não se trata de atribuir culpas pela lentidão do debate racial em Sergipe, apenas pretendo dizer que a representação do afro -descendente deve ser reavaliada e que de uma forma muito clara e objetiva políticas devem ser implementadas para resgatar um pouco da auto-estima e da capacidade de intervenção social do afro – descendente como sujeito que se pensa como tal. Por isso, o nome de Severo D’Acelino e seu trabalho desenvolvido tornam-se importante para o Estado.

8 HALL, 2005, p. 104

9 HALL, op cit, p. 108-109

Severo D’Acelino é o intelectual em Se rgipe que contemporaneamente vem trabalhando com questões relacionadas com a formação de identidades, com o combate aos estereótipos, usados na caracterização da comunidade afro -descendente e denunciando textualmente, seja através de sua poesia ou de artig os, a necessidade de inclusão social desta população, com as atividades direcionadas a projetos de uma pedagogia de educação voltada para a reflexão e para o conhecimento de conteúdos específicos da cultura negra nos municípios.

Os textos de Severo D’Acelino podem ser lidos como uma produção da literatura afro-brasileira porque seu conteúdo literário discute a problemática do ser negro no Brasil. O sujeito negro é colocado em primeiro plano. Neste sentido, falar do cotidiano desta comunidade acaba sendo o fio condutor que direciona a organização de sua escrita, objetivando uma expressão mais definida, do entender -se negro no nosso país.

As experiências vivenciadas como negro estão traduzidas em cada linha de sua poesia.

Experiências estas que no passado foram menosprezadas por uma literatura instituída que sempre buscou excluir o afro dos afro -brasileiros. Não estamos tratando aqui de uma temática, como já estamos cansados de ouvir. Estamos ampliando nossos conhecimentos, nossos saberes de uma maneira geral para tratar de uma literatura afrobrasileira.

De uma forma de escrever que procura se despir dos moldes ortodoxos da nossa língua portuguesa. A qualidade literária da literatura afro -brasileira não está nas formas rebuscadas de escritas, nas classificações , conceituações e etc, ela está concentrada indiscutivelmente na experiência poética, artística, cultural e política de saberes que representam o qualificativo afro de afro -descendentes e de afrodescendência no Brasil.

No início do livro Panáfrica África Iya N’la Severo D’Acelino cria uma certa expectativa em contar uma história de afro -descendência fragmentada pela dispersão de informações que remetam a construção de uma trajetória de ascendência africana.

Mesmo sem a recorrência aos documentos, a história a merece ser contada e remontada com base nos relatos e tradições da ancestralidade africana que vive, embora modificada na diáspora pela aproximação com a cultura ocidental, para que o passado possa ser reinventado no presente, através de uma representaçã o literária que assume a história da cultura afro-brasileira como um legado de informações que fortalece a identidade afro – brasileira.

Na primeira parte do livro, que corresponde ao primeiro manifesto, o sentido de “Panáfrica” é de resistência cultural e política. A resistência da cultura afro -brasileira conseguiu manter as tradições africanas ressignificadas nos rituais do candomblé, nos enredos das escolas de samba e na forma de viver dos quilombolas. “Panáfrica” corresponde à preservação de uma memória pronta a ser ativada na reconstrução do arquivo cultural e humano, no qual as expectativas do grupo étnico -racial sejam usadas a repercutir uma ideia de cultura voltada para a visibilidade à diferença.

O poema que abre o primeiro manifesto é “Rito de abertu ra, saudação a Exu”. O poeta escolhe iniciar suas escritas com este texto, talvez porque de acordo com a tradição do candomblé no Brasil o Orixá sempre convocado à abertura dos trabalhos é Exu. Metaforicamente, o Orixá tem a função de abrir toda reflexão d e “Panáfrica”, e como mensageiro indicar o caminho que os textos poéticos irão percorrer na sua forma de abordagem da cultura afro-brasileira em Sergipe.

(…)
O que sempre segue

Na frente e quem primeiro
É servido, Saravá
Leva meus rogos e preces
Ao meu Orixá.
Minhas preces em cantos
E prantos do meu povo
Diasporizando, nesta revisitação
A memória ancestral
Para que nosso pranto e cantos
Sejam a partir de agora
Canções de regozijo pela revisitação
Do meu axé10
(…)

Recorrer à figura de Exu é comum aos es critores afro-brasileiros para explicar na tradição afro-brasileira a presença do Orixá como metáfora de atividade crítica da interpretação. Leda Maria Martins, em A Cena em Sombras, ao explicar o código da duplicidade que instaura o jogo da aparência e da representação, escolhe Exu como um “operador semântico de alteridade africana na sua interseção cultural nos Novos Mundos”. Exu, na leitura de Leda, “é o princípio dinâmico de comunicação e interpretação que se configura como elemento mediador de sentido” .11

10 D’ACELINO, 2002, p. 74
11 MARTINS, 1995, p. 56-57

Já Henry Louis Gates12 associa o Macaco Significador do discurso a Exu, figura segundo Gates, trapaceira na mitologia ioruba. As figuras trapaceiras são “mediadoras” na leitura do autor. Assim como para a maioria dos escritores afro -brasileiros Exu domina o campo das trapaças, das ambigüidades, da inversão, do jogo discursivo, sempre brincando com as palavras e criando imagens, muitas vezes, irônicas do que repete e inverte.

“Aquele que segue na frente e em primeiro lugar”, assim Exu é definido por D’Acelino. O que segue primeiro é, em consonância com o discurso dos autores citados, o dono da notícia, da comunicação direta do ato de comunicar na representação do significado de “Panáfrica”.

A poética de Severo D’Acelino é o esboço de uma literatura afro -brasileira escrita para ser conhecida como o início de uma “caligrafia” que pensa o afro – descendente em Sergipe num contexto histórico de representações que enfatizam a necessidade de reconhecimento e visibilidade deste grupo étnico-racial. Tradição africana, cultura popular brasileira, identidade, religiosidade, representações e diferenças étnicas, historicidade, intervenções culturais e políticas são alguns dos aspectos que podemos levantar através de sua abordagem literária como forma de problematizar a participação do sergipano, mais especificamente a do afro -sergipano na vida cultural e política de seu Estado.

É neste contexto do debate político e étnico-racial contemporâneo que analiso a atuação direta do intelectual Severo D’Acelino em Sergipe. Destaco seu trabalho como fundamental para pensarmos o diálogo de sua produção cultural com a de artistas e outros intelectuais da literatura afro-brasileira. Acredito também que a diversidade do trabalho de Severo tenha impacto em todos os setores da opinião pública, gerando

polêmica com o poder hegemônico sergipano. Na efetivação de seu discurso, ele se vale da condição e do papel de intelectual, para criar estratégias de intervenção na política 12 GATES, 1992, p. 206-207 cultural e, na estrutura educacional, buscando uma representação do afro-descendente mais emancipatória, sob o ponto de vista da reconstrução da história e da memória do afro-descendente em Sergipe em consonância com as leituras da literatura contemporânea.

*Doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos – Universidade Federal da Bahia
Centro de Estudos Afro-Orientais

REFERÊNCIAS:
BHABHA, Homi. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, et al. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
D’ACELINO, Severo. Panáfrica África Iya N’La. Aracaju: MemoriAfro, 2002.
GATES Jr. Henry Louis. A escuridão do escuro: uma crítica do signo e o Macaco
significador. In: HOLLAND, Heloísa Buarque. (Org.). Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. p. 205-216.
GILROY, Paul. Atlântico Negro. São Paulo: Editor 34, 2001.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura . Trad. Carlos Nelson Coutinho. 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.
HALL, Stuart. Da diáspora. Identidades e mediações culturais. SOVIK. Liv (Org.). [Trad.
Adelaine La Guardia Resende…[et al]. Belo horizonte: UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003.
_______. &WOODWORD, Kathryn. Identidades e Diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. SILVA. Yomaz Tadeu da (Org. & Trad). 4 ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
LIMA, Jackson da Silva. História da literatura sergipana. Aracaju: FUNDESC, 1986.v.2.
_______. (org.). Os Palmares Zumbi & Outros textos sobre escravidão. Aracaju:
Sociedade Editorial de Sergipe, 1995.
MARTINS, Leda Maria. A cena em sombras.São Paulo: Perspectiva, 1995.
SANTIAGO, Silviano. Democratização no Brasil – 1979-1981 (Cultura versus Arte). In:
ANTELO, Raul et al (Org). Declínio da arte, ascensão da cultura . Florianópolis: Letras
Contemporâneas/ ABRALIC, 1998. p. 1 -24.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
SOUZA, Florentina da Silva. Afro-descendência em Cadernos Negros e Jornal do MNU.

Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

Texto e imagem reproduzidos do site: 
geledes.org.br/severo-dacelino-e-a-producao-textual-afro-brasileira

quinta-feira, 16 de março de 2017

Severo D’Acelino lança em Aracaju o livro ‘Opará Revisitado’

Foto: Arquivo Pessoal.

Publicado originalmente no site G1 SE., em 14/03/2017.

Severo D’Acelino lança em Aracaju o livro ‘Opará Revisitado’
Sessão de autógrafos ocorre na quinta-feira no Museu da Gente Sergipana.

Textos abordam problemáticas relacionadas ao Rio São Francisco.

Do G1 SE.

Nesta quinta-feira (16), no Museu da Gente Sergipana, localizado na Av. Ivo do Prado, 398 - Centro, em Aracaju (SE), o ator, ativista social e escritor sergipano Severo D’Acelino vai lançar o livro ‘Opará Revisitado’.

“É uma revisitação onde vou trabalhando a história e a geografia do rio dentro de um contexto cultural e poético, usando a linguagem afro. Foram anos de produção que resultaram em dezenas de poemas”, disse o ator. São textos fortes que abordam temas como o assoreamento, abandono e mutilações do rio desde a nascente mineira até à foz em Sergipe.

Ele explica que Opará significa o grande rio, em indígena e na linguagem nagô é a morada de Oxum (Oxum Opará). “A Oxum Guerreira, assim como o rio é. Antes, ele adocicava as águas do mar, agora acontece o contrário”, conta.

Biografia.

Severo D’Acelino é marinheiro por formação e um ativista social ligado a defesa dos movimentos negros. Fundou o Movimento Negro em Sergipe; é dramaturgo, pesquisador das culturas Afro Indígena de Sergipe. Como ator fundou o Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista Castro Alves, o Cactueiro Cênico Grupo e Teatro GRFACACA, introduzindo o Teatro Armorial e o Teatro de Rua em Sergipe.

No ano passado interpretou na novela Velho Chico, da Rede Globo, o personagem Eugênio Etore, capitão de um barco que navega pelo rio São Francisco. Antes esteve no elenco da novela Tereza Batista.

Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/se/sergipe

terça-feira, 15 de março de 2016

Sergipano Severo D'Acelino participa da novela "Velho Chico".

Foto: João Miguel Junior/ TV Globo).

Infonet > Cultura > Noticias > 14/03/2016.

Sergipano Severo D'Acelino participa de Velho Chico.

O ator sergipano interpreta o personagem Eugênio Etore.

A nova novela da Rede Globo, intitulada ‘Velho Chico’ que estreia nesta segunda-feira, 14, contará com a participação de um sergipano. Trata-se do ator Severo D'Acelino que interpretará o personagem Eugênio Etore.

Severo D'Acelino conversou com o Portal Infonet e contou que seu personagem é um contador de histórias do rio São Francisco. “Fiquei surpreso. Faço o Capitão Eugênio, um apaixonado pelo rio e contador de suas histórias. Ele Comanda uma Gaiola encantada que é um barco especial. O trabalho que estou realizando é muito importante não só para mim, mas para discutir a questão do rio. Essa discussão vai  vai fazer com que as pessoas possam ter um maior conhecimento do rio, da sua importância não só social, mas histórica e cultural. É um trabalho que eu estou gostando muito de fazer e agradeço a participação desses diretores por me dar oportunidade”.

O sergipano já participou de outras produções na Globo. “Fiz um personagem negro que luta para dar expressão em Tereza Batista e também em Espelho D’água. Tenho sido agraciado não só na literatura e nas interpretações em dar vida a personagens negros que lutam pela sua comunidade. Espero que o capitão Eugênio possa dar essa expressão dentro do processo ribeirinho e dessa expressão que é o rio São Francisco”, conta.

Por Aisla Vasconcelos.

Texto reproduzido do site: .infonet.com.br/cultura
Foto reproduzida do site: 
http://gshow.globo.com/TV-Sergipe

Biografia de Severo D' Acelino

Severo D'Acelino, na arte de Charles Henry

Biografia: SEVERO D'ACELINO.

José Severo dos Santos. Sergipano de Aracaju, Filho de Acelino Severo dos Santos e Odília Eliza da Conceição, neto de Mãe Eliza de Aiyrá. Casado com Maria José Dias Porto Severo dos Santos, Pai de Obanshe e Iyanzamé Severo D'Acelino e Porto. Severo D'Acelino fundador do Movimento Negro contemporâneo de Sergipe(68) Bahia(73) Alagoas(80) é Ativista dos Direitos Civis, Militante do Movimento Negro - Fundador e Coordenador Geral da Casa de Cultura Afro Sergipana Ex-GRFACACA(68) Conselheiro Estadual de Cultura. Autor de diversas monografias sobre a temática afroindigena com ênfase na cultura popular e religiosa sergipana, egresso das universidades federais de Sergipe e da Bahia. Não tem formação teórica. Poeta, Dramaturgo, Ator, Compositor, Contista, Pesquisador Conferencista, Coreógrafo.Dirigiu Navio Negreiro, Vozes D"África, De Como Revisar Um Marido Oscar, Terra Poeira In Cantus, Algemas Partidas;, Save Our Sur; Dança dos Inkices D'Angola, Água de Oxalá, Iybó Iná Iyê, Suíte Nagô. Protagonizou no cinema o personagem Galanga Gonguemba Iybiala Chana,,conhecido por CHICO REY, atuou como Candelário em Espelho D'Água e como Alfredão no Seriado Tereza Baptista Cansada de Guerra, produziu e dirigiu o Documentário etnográfico Filhos de Obá apresentado no Congresso Internacional de Culturas Negras das Américas, África e Caribe . Participa do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Instituto Nacional de Tradições e Cultura Afro Brasileira é Oni Odé do Iylê Ashe Opô Aiyrá. Autor de Panáfrica África Iya N'La, Quelóde, Visões do Olhar em Transe. Entre seus títulos e homenagens destacam: Cidadão Larangeirense., Bastião do Movimento Negro em Sergipe, pela Secretária Estadual de Cultura, bem como Diploma Memorial do Teatro Sergipano, Secretaria de Justiça de Sergipe o Troféu de Igualdade Racial, a Medalha de Mérito Cultural Ignácio Barbosa, pelo Município de Aracaju, o Troféu CURTA-SE. Foi Conselheiro Municipal de Cultura e Conselheiro Nacional do Memorial Zumbí. Em luta contra o Racismo em Sergipe, tem desenvolvido diversas ações no Legislativo na produção de Leis capazes de atenuar os conflitos decorrentes da falta de Políticas Públicas e dar visibilidade ao coletivo negro sergipano, com ênfase no preto e seu Arquivo Humano e Patrimônio Cultural, como o Tombamento do Terreiro Filhos de Obá, e o reconhecimento de JOÃO MULUNGU E QUINTINO DE LACERDA como Heróis Negro Sergipano.Autor dos projetos de Inclusão da Cultura Negra nas grades das disciplinas do ensino fundamental e médio do Estado, uma votada pelo Conselho Estadual de Educação em 86 e outra votada pelo Legislativo Estadual em 99. É contra a reserva de vagas para negros nas universidades, se bate para que o negro seja contemplado com a releitura da educação onde a prática da metodologia inclusiva com conteúdos racial seja implementado em todas as disciplinas no sentido da relevância do negro e suas culturas na sociedade sergipana como instrumento para atenuar o apartheid e combater o racismo, alimentado pelo Estado através dos seus poderes. "Dentre os projetos mais importantes destaca o "Projeto Cultural de Educação 'João Mulungu vai ás Escolas" onde itinerantemente difunde nas Escolas a importância do Negro e suas Culturas na formação da Cultura Sergipana, através da cultura local e para tanto produziu diversos Cadernos Pedagógicos sobre o tema e os Cadernos Diversidade Etno Históricos e Culturais dos Municípios dando ênfase ao Negro e o Índio, repensando a educação regionalizada, bem como o Livro de Teste Metodologia da Educação Inclusiva, prefaciada pelo expoente da cultura sergipana. Luiz Antônio Barreto. O Projeto Cultural de Educação na sua última edição atingiu 48.789 mil participante em 16 municípios da zona sul e foi politicamente retirado. Realizou diversos Cursos, Conferências e Palestras nas Escolas, Comunidades de Terreiros, Associações de Moradores, Faculdades, Organizações Militares e de Segurança, Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos e apresentado diversos projetos e temas em Seminários, Conferências estaduais, Internacional e Congressos a níveis Nacionais e Internacionais além de oferecer aos legislativos Municipais e Estadual diversos Projetos de interesse do coletivo afro negro sergipano, no âmbito dos Direitos Humanos, Religião,Arquivo Humano e Educação. Editou o Jornal IdentidadeS, veiculo de transformação e divulgação do conteúdo afro sergipano com o instrumento de debates coletivo sobre as nossas Questões e Condições, divulgando as grandes contribuições dos nossos pesquisadores e intelectuais sobre a temática. Lutar contra as adversidades é uma tarefa de inteligência e precisa de múltiplas estratégias para sobreviver e passar por cima das retaliações e dos ciúmes pessoais e coletivos. Temos um excelente Arquivo Humano, como referencial de Luta e dentre eles, João Mulungu, o Herói Negro de Sergipe e Quintino de Lacerda, o Herói Negro sergipano de Itabaiana, herói de Santos, Líder do maior Quilombo fora de Palmares. o primeiro vereador negro do Brasil e agraciado por bravura pela Presidente Marechal Floriano Peixoto. Seus reconhecimentos têm a chancela de Severo D'Acelino, ampliado pelos inúmeros admiradores e parceiros anônimos, da nossa luta, a luta do negro por melhores condições, dignidade e respeito. A luta continua é a Resistência Negra que pede passagem e busca aliados na revisitação ancestral e radicalização nas práticas democráticas na desconstrução dos mitos e revitalização da Identidade Etno Histórica e Racial. Hoje a Casa de Cultura Afro Sergipana (1968), passa por transformação estrutural e funcional, com seu foco na Educação e redirecionamento na metodologia através do Transculturalismo e Multiculturalismo como visão Panafricana da Diáspora Negra numa africanidade cultural que se instala com o Centro de Pedagogia Afro Sergipana, cujo objetivo é a formação e treinamento de professores e Agentes multiplicadores através de Cursos de Extensão Universitária, na sede e itinerante. Eu Severo D'Acelino, sou o alvo preferido pelos políticos dos quatros poderes de Sergipe,( a mídia, instrumentos dos poderosos só liberam espaços para negros na ação policial. É racista e comanda o apartheid no estado que se diz laico e democrático). Estou sempre excluído e perseguido pelas minhas afirmação e convicções denunciosas, mas não difamatórias ou desrespeitosas. Afirma que Sergipe é o Estado mais Racista do Brasil. 86% de sua população é negra, mas não se assume. Aqui o negro é o preto, os outros são brancos., daí não haver políticas públicas para negros. Atuação: em defesa do negro sergipano, através do Teatro, das Tradições Populares, dos Direitos Humanos, da Cultura e da Educação. Severo D'Acelino.

Fonte: biografia extraída do blog: severoacelin 


Reproduzida do site: estancia.se.gov.br

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

SE não reconhece sua cultura negra, declara estudioso

 Severo D'acelino é coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana.


 João Mulungu, símbolo sergipano da luta negra.

Katiane Alves é coordenadora do Museu da Gente Sergipana.
Fotos: Portal Infonet.

Infonet - Cultura - Noticias - 20/01/2015.

SE não reconhece sua cultura negra, declara estudioso

Severo D’acelino diz que 87% da população de SE tem negros

Com mais de oitenta por cento de sua população composta por negros, o estado de Sergipe não reconhece a sua cultura negra. É o que explicita o coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana, Severo D’acelino. Ele deu palestra na tarde desta terça-feira, 20, no Museu da Gente Sergipana, como homenagem ao herói negro sergipano João Mulungu.

Segundo o Severo D’acelino, Sergipe tem aproximadamente 87% de pessoas negras na composição de sua população. E que, apesar do forte número, o estado ainda não se reconhece como negro. “Infelizmente, ainda não existe o reconhecimento negro em Sergipe. Mas a gente vai lutando para que essa resistência seja quebrada e os valores da cultura e da comunidade negra sejam evidenciados”, declarou o coordenador.

Ainda que não haja reconhecimento, Severo comemora os jovens como aliados que têm sido encontrados na quebra de barreiras contra o negro. “Dentro da sociedade que resiste, também temos aliados fantásticos para o signo da luta. A meninada hoje em dia está chegando junto e enfrentando os ‘velhos conservadores’. O mais importante é que estamos sendo reconhecidos pela nova geração”, explicou.

Para o estudioso da cultura negra, Sergipe só tem a ganhar daqui para frente. “É nisso que o estado vai ganhar. Todo um processo com consistência dentro da visibilidade, não só da cultura do negro, sobretudo da cultura indígena, que estamos carentes”, disse. “Ações como essas (palestra) que a gente busca para que o sergipano reconheça a cultura e se reconheça”, completou Severo.

O coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana chamou atenção para a ausência da cultura negra na educação brasileira. “Até hoje, não temos a cultura negra, que é importantíssima, presente na educação no Brasil. A gente precisa da cultura negra nas escolas justamente para diluir os preconceitos e as desigualdades, a intolerância racial e religiosa”, falou Severo.

A palestra ministrada por Severo D’acelino teve, além de enaltecer e estimular a cultura negra em Sergipe, o intuito também de exaltar João Mulungu, um dos maiores líderes da população negra do século XIX. Seu dia é comemorado no dia 19 de janeiro, juntamente com a Consciência Negra no estado. Severo destacou a existência e declara João Mulungu como “herói sergipano”.

A coordenadora do Museu da Gente Sergipana, Katiane Alves, não escondeu a satisfação de expor a história do negro sergipano no espaço cultural. “Ele é um símbolo da identidade cultural. Serve para fortalecer a importância dos negros no estado. E, infelizmente, muitos negros e sergipanos desconhecem a presença desse herói”, disse Katiane.

“Essa casa fala sobre a identidade de Sergipe. Isso tem a ver com cidadania, reconhecimento de valores, raízes. Nossa identidade está presente na herança dos negros, índios, europeus. Temos que trazer essas raízes e falar sobre nossas heranças e identidades. Eventos como esse dizem à sociedade que os nossos valores, nossas crença, nossa cor têm valor”, disse a coordenadora do museu.

Por Helena Sader e Verlane Estácio.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura