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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Nasce um Grande Imortal: Das narrativas do sítio Saracura às sendas literárias


Publicado originalmente no site Lagarto Net, em 13 de novembro de 2016.

Nasce um Grande Imortal:
Das narrativas do sítio Saracura às sendas literárias.
Por Rusel Barroso*

Oriundo da progressiva Itabaiana, eis que surge, para enriquecer a Literatura Sergipana, um cidadão simples, cuja serenidade encanta os que têm o privilégio de, com ele, trocar um dedo de prosa. Sua fala, genuinamente nossa, valoriza as nossas raízes e a linguística que, sabiamente, defendemos nas academias, sejam literárias ou de ensino superior.

Seus textos, vivos e transparentes, cantados em verso e prosa, passeiam pela cultura popular sem se perder da literata, pois fazem com que a sabedoria frequente a ciência, mas continue solta pela vida, como se convidasse a razão a transitar pela poesia.

Não por acaso, setembro de 2016 ficará marcado na história da cultura sergipana com a escolha de Antônio Francisco de Jesus, o nosso Saracura, para ocupar, na Academia Sergipana de Letras, a Cadeira nº 10, sucedendo o admirável escritor Hunald de Alencar. Ambos, respectivamente, titular e patrono, cada um a seu modo, legam à sociedade um bem admirável e que, por certo, se perpetuará de geração à geração. A eleição, nada fácil, serve de exemplo para mostrar que querer é poder, sobretudo quando se é capaz, especialmente, de mudar o conceito das pessoas para uma visão mais ampla, como exige o mundo atual.

Aplausos aos imortais da Academia mater de Sergipe e os mais efusivos cumprimentos por tão louvável iniciativa. Não há dúvida de que Antônio, o Saracura, estará sempre a fulgurar pelas sendas literárias, solidificando, ainda mais, o patrimônio cultural sergipano, traço singular dos filhos que engrandecem a nossa terra, mormente o interior do estado.

Que o nobre confrade continue a construir seus textos para abrigar o conhecimento e que este possa transcender os muros que apequenam a grandeza do saber!

Bem-vindo seja, portanto, à Guardiã das Letras de Sergipe, Saracura!
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* Rusel Barroso, fundador da Academia Lagartense de Letras, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, membro do MAC da Academia Sergipana de Letras e da Associação Sergipana de Imprensa, vice-reitor do Centro Universitário UniAGES.

Texto e imagem reproduzidos do site: lagartonet.com

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Tambores da Terra Vermelha, de Saracura


Publicado originalmente no blog Academia Literária de Vida, em 28/01/2014.

Tambores da Terra Vermelha, de Saracura
Por Maria Lígia Madureira Pina

Tambores da Terra Vermelha é o mais recente livro de Antonio Francisco J. Saracura, natural da Terra Vermelha,(Itabaiana/Sergipe), recém-empossado membro da Academia Itabaianense de Letras e seu fundador. Li, li sem querer parar o citado livro. E lembrei-me da minha mãe, reclamando: essa quando pega um livro se esquece da vida. Não se lembra de comer, de dormir... Criatura de Deus, amanhã é dia de trabalho, sete horas você tem que estar no colégio! Como hoje eu não tenho mãe para me admoestar vou entrando, noite a dentro, sem pensar nas horas, porque também estou descompromissada de qualquer trabalho.

Voltando ao livro de Saracura. Encantou-me: pelo enredo e pelas características da construção; a leveza do estilo, bordado de humor fino, mesmo nos temas mais difíceis, que não são poucos. A fidelidade aos fatos, a espontaneidade, as lembranças fluem, leves, gritam por sair, como diria Garcia Rosa. Focaliza a dureza da infância na vida do campo. O trabalho pesado imposto às crianças, tudo com humor, sem traumas, nem mágoas. As dificuldades para estudar, diante da intransigência do pai que não via vantagem nos estudos. A filosofia de vida de D. Florita, as estratégias para abordar o assunto com o marido difícil, mas sabia ser firme, quando o marido inteligente tentava driblar o seu empenho em favor dos filhos. As carnes de sol e as laranjas encaixotadas, a doença de D. Florita. O encontro do autor com a mãe, quase desenganada pelos médicos; ou operava ou teria apenas seis meses de vida. Aí Antonio, já trabalhando na Petrobrás entrou em ação, prontificou-se a pagar as despesas, em Salvador na Bahia e dobrou o pai. Saracura salvou a vida da mãe.

Saracura não retrata apenas os fatos. Ele os absorve e os traz de volta, fieis, mas envolvidos em preciações, suas, ditos e costumes da época, rebordados de simbologia.

Mas Saracura expira momentos de revolta, diante da falta de iniciativa que levava a morte as parturientes. E cita dois casos: a que teve a criança, mas morreu sem “se despachar” (sem expelir a placenta) nas mãos de uma parteira. E a outra Tila, foi um caso muito mais doloroso: a mulher morreu e a criança viva no ventre, lutando pela vida. E ninguém teve a iniciativa de salvar a criança. Saracura comenta revoltado: tantos homens, ali, acostumados a salvar bezerras, tendo a faca na cintura e nada ficaram inertes.

A morte da matriarca Santinha tuberculosa, pedia constantemente para levá-la ao médico e ninguém atendia. E Saracura expele a sua revolta. Mas eu não vou fazer uma resenha do livro de Saracura, mesmo assim quero comentar sobre o mau olhado. Eu também não acredito. Mas, ele existe. Eu tenho cá minhas provas. Ou coincidências? Sei não. E por fim lembro o reencontro com parentes que você não via há tantos anos... Tudo graças ao seu livro Os Tabaréus do Sítio Saracura. D. Lourdes, sua prima viu o livro, comprou, leu, gostou, telefonou pra você, fez o convite para um encontro. Você foi e lá ficaram os dois a relembrar o passado, como se tudo estivesse acontecendo naquele momento. É muito gratificante. Eu passei por esta experiência. Parentes que não via há mais de 40 anos... De repente recebo uma linda carta, lembrando a nossa adolescência. E quando nos encontramos parecia não ter havido aquele interregno de mais de 40 anos.

Parabéns Saracura. Foi maravilhoso, viver com você a bela experiência da sua rica vida.

Foto e texto reproduzidos do blog:
academialiterariadevida.blogspot.com.br