quinta-feira, 15 de agosto de 2013

De livros, flores - e Isaias Pessotti

Terminei o livro ótimo sobre a vida de Tim Maia - Vale tudo, Nelson Motta, há alguns dias e ainda ecoam na memória as estrepolias que ele aprontou na vida, as expressões engraçadas que usava, o jeitão bem carioca, no melhor sentido, desse homem e artista tão singular. Amei conhecê-lo melhor, não apenas porque uma parte do momento histórico que ele viveu também foi o meu, mas porque o restaurante Divino, onde sua vida de artista praticamente começou, eu também conheci (morava por perto), e também me sentia uma outsider - não porque os frequentadores fossem ricos, mas porque eu era, como Tim, pobre o suficiente para não ter acesso a tudo que queria dali. Também frequentei o cinema em frente por alguns anos, e vivi uma vez, na saída, uma situação tétrica, junto com uma grande amiga de então, por ser metida a falar demais.

De todo modo, o livro me deu grande prazer, mesmo com algumas fragilidades de estilo, sobretudo quando Nelson descreve discos e músicas, quase sempre com os mesmos adjetivos, fica meio arrastado, mas nada que tire a graça e o charme dessa vida tão louca, tão nossa e tão intensa, como foi a que Tim Maia escolheu viver.

E gostei muitíssimo de ler no kindle, achei bem prático de carregar pra qualquer lugar, embora os preços de e-books me pareçam abusivos ainda. Baixei alguns gratuitos, só pra carregar na bolsa e ler em consultórios, tipo poemas de Alberto Caeiro, antologias de ficções breves (nem sei ainda do que se trata).

Isso para quando terminar um livro (de papel) muito bom, que já estou lendo há algum tempo: A lua da verdade (1997), de Isaias Pessotti, um escritor que admiro bastante, de quem já li (não sei se comentei aqui) Aqueles cães malditos de Arquelau (1993) e me lembro de que gostei muito. Ele é um erudito, um estudioso e professor de filosofia, mas escreve de modo fascinante, e sigo aqueles caminhos antigos e medievais que ele cria e persegue com atenção e prazer. Acho que se não fosse um ótimo escritor duvido que toda a pesquisa histórica de que se utiliza em sua ficção funcionasse para alguém leigo nos assuntos de que trata. Não vou comparar com Umberto Eco, seria leviano se não posso dizer onde e quando eles se aproximam e se afastam, mas digamos que alguns aspectos das duas obras tenham pontos em comum. Por fim, acho que tenho aqui, em algum lugar,O manuscrito de Mediavilla (1995), seu segundo romance, que talvez seja o próximo da fila, se o encontrar na bagunça que se tornou essa minha biblioteca.

PS. Esse post ia ser apenas um comentário sobre os dois vasos com orquídeas que comprei na Feira do Museu da República, há mais ou menos um mês, pensando que não durariam nem uma semana. Uma delas, a que tinha cheiro, logo feneceu, mas a outra continua impávida e lindinha, em sua simplicidade - estou muito impressionada com ela.


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