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sábado, 8 de fevereiro de 2014

sessenta e cinco

Hoje faço 65 anos. Não tenho a menor ideia do que isso significa, mas é uma idade difícil. Achei que os cinquenta fossem um marco, e talvez tenham sido, mas não me senti assim, como estou me sentindo, meio à deriva, meio em abismo. Ainda era bem menina naquele então pra rir do meio século - em 2000 estava me aposentando da Universidade, tinha a fantasia de que me estava libertando para enfim procurar o trabalho para o qual havia nascido, sem as obrigações de frequentar reuniões chatíssimas, nem ter que estar em sala de aula às sete da manhã. Não foi bem assim que os anos se mostraram. Eu tomei um ser sob meus cuidados, e descobri que tomar conta de outrem é minha especialidade - e meu tormento também. E pude entender por que não tive filhos - não foi apenas porque tive que trabalhar muito, estudar muito, escrever muito, produzir muito, viajar muito - há mulheres que fazem tanto quanto eu fiz e mantêm uma família, mesmo com dificuldades. Eu não poderia, porque cuidar para mim é um ato de abnegação quase total. Eu não apenas cuido, como me torno - exupéryanamente - para sempre responsável pelo ser cuidado. Daí que minha vida, que ia ser livre, leve e solta, fincou-se no chão das responsabilidades e durante anos não vi as três cores do filme. 

Depois, outros acontecimentos vieram, outras voltas no caminho, e outros cuidados me foram exigidos: entrei em outra Universidade, voltei às aulas e à rotina acachapante; minha saúde sofreu um baque, me tratei, sofri e fiquei relativamente boa - sempre by myself. O que eu não sabia é que minha excessiva autossuficiência haveria de cobrar seu preço, e cobrou sob forma de uma certa descompensação, que levaria alguns anos para se resolver. Em seguida, ainda meio zonza, a mãe requer cuidados, sofre um AVC, e a persona cuidadora entra em cena de novo. Desde 2010 venho exercendo o papel com afinco, até que não deu mais e tive que - tive que - cair fora. Cheguei há pouco mais de um mês nessa Vila Velha, que de velha não tem nada; nesse Espírito Santo, que eu acolho em seu nome, e no meu.

Aos sessenta e cinco, recomeçar a busca, tentar cuidar de mim com o mesmo zelo e afinco com que minhas asas sempre se abriram para abrigar o que ou quem sob elas se recolhesse. Recolher as asas. Redefinir a rota. Afinal, voar não é com os pássaros?

domingo, 19 de janeiro de 2014

Conversa de domingo

Ontem finalmente encontrei a peça que conecta a TV à base, num saco esquecido onde havia elástico, um par de meias de dormir da AA, pastas de dente, enfim, onde eu jamais pensaria encontrar tal objeto, uma espécie de ferradura preta (não é esse da foto, mas tem a mesma função), com os respectivos parafusos num saquinho plástico. Olhei praquilo atentamente, e demorei pra entender do que se tratava, já que essa televisão nunca fora usada antes sem ser na parede. Foi tão boa a descoberta, ao acaso da sorte, que eu mesma fiz a montagem, com o maior cuidado pra não quebrar nada, nem carregar muito peso - essa TV é bem pesada. Ficou ótimo, deu tudo certo, já inaugurei revendo ontem Django livre no HBO, e mesmo sentada numa poltrona nem tão confortável vi até o fim e achei bom demais esse filme, tudo ali é feito para durar muitos anos de prazer, pensar e riso.

Uma das coisas boas de mudança, entre tantos bagaços cansativos, é a descoberta de objetos que a gente não sabia que tinha, ou não usava no cotidiano - eu redescobri, e nem sabia que era tão, mas tão bom, um conjunto de CDs do Oscar Peterson que estou ouvindo desde ontem e tem-me feito um bem enorme.

Outra coisa boa de mudar é que a nova casa impõe outros objetos, diferentes arranjos, e a criatividade desenferruja um pouco, a gente tem que usar impensadas antes disposições das coisas, que se adequem aos novos espaços, nesse caso, bem maiores. Duas compras inadiáveis (na verdade três, mas a terceira, um sofazão, ainda não chegou) gostei demais de ter feito, e por isso levei os objetos do mostruário, já que não havia outros em estoque, os preços estavam bons, e não me arrependo: uma cômoda com sete gavetões, em madeira ótima, e um rack para a televisão e o pequeno som, onde também guardei todos os DVD's e CD's, e ainda sobrou espaço.

A rua onde moro é calmíssima, mas no domingo passado, à tardinha, passou por ela um bloco bem animado, o que me deixou surpresa, mas não cheguei a ficar chateada com essa pretensa invasão carnavalesca em meus redutos de calmaria, até porque a coisa toda veio e foi bem rápido. Ah, e tocaram Olha a cabeleira do zezé, entre outros clássicos do carnaval.

Acho que tem um ninho de passarinho dentro do espaço onde fica o ar condicionado do meu quarto, pelo lado de fora, vou ver isso na próxima semana. Acordo de manhã com canto de passarinho, sim, mas também com uma algaravia de gritinhos variados bem dentro do meu ouvido, parece que os bebezinhos estão pedindo comida aos berros. Vou ficar num dilema se houver mesmo o tal ninho. Esse aí está sempre na varandinha do quarto, deve ser um parente próximo da prole.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Indo e vindo



Indo para Vila Velha. Indo e vindo, parece que assim será. Outras plagas também estão nos planos. Planos andando.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

NINJAs, jornalismos etc

Li esse texto do jornalista Vladimir Cunha no facebook e achei-o tão perfeito que trago sua referência aqui, porque tudo que merece ficar, a despeito do tempo, seja de que ordem for, merece mais do que o espaço efêmero do jornal diário nas masmorras do facebook.

Acho que esses jovens do grupo NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) se apresentam como uma coisa realmente nova em nossa forma de fazer jornalismo, uma atividade que se tornou tão careta e tão comprometida com todas as formas de poder, há tanto tempo, que nos faz aclamar o ar novo que eles trazem, mesmo (ou sobretudo) quando se percebe uma pegada meio amadora, com imagens muitas vezes borradas, sem foco, mas mergulhadas no acontecimento e na paixão por ele, tentando nos mostrar sem ambivalências ou censuras (ao menos explícitas) o que está acontecendo no instante-agora. Por causa deles e de seu jornalismo "na veia", os jornalões estão sendo obrigados e publicar fatos que não podem mais ser ignorados: o jornal O globo acaba de fazer uma enorme matéria sobre os tentáculos de poderes que sustentam os transportes no Rio, com a conivência promíscua dos poderes municipais e estaduais,aqui

O jornal O Dia também publicou matéria sobre os repórteres, descrevendo suas úlitmas façanhas, o que já é alguma coisa, mas faltou caracterizá-los melhor, dizer de onde vêm, o que pretendem, o que fazem além de ser NINJAs - ou seja, faltou uma matéria um pouco mais comprometida com o objeto.

PS. A foto acima vem deste último jornal, sem crédito de autor na matéria citada. 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

cri cri

Tosse seca, quentura-quase febre, mal estar - oh, saco! E olha que tomei a vacina contra gripe, sempre tomo, mas isso deve ser outra coisa. Vou tentar ir ao médico amanhã. Por que fico tão irritada quando estou doente? Não basta estar doente, ainda tem de ficar de mau humor?

Mas usando casaco e cachecol, vi o filme dos mágicos (Truque de mestre, Louis Leterrier) e gostei muito - envolvente, truques bem feitos, mágicas ótimas e uma historinha final fraca mas ninguém liga, quer mais é acompanhar a busca detetivesca frenética e cheia de efeitos especiais. O final parece, mais do que imprevisível, uma ótima jogada. Atores ótimos, atriz ótima: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harreston, Isla Fisher. E, de lambuja, Morgan Freeman e Michael Caine - timão.



sábado, 6 de julho de 2013

Orquídeas, adubos e uma certa moça

Hoje fui ao Museu da República ver a exposição de orquídeas, tomar sol e caminhar um pouco. Não tenho plantas em casa, salvo essa senhorita aqui, totalmente inexpressiva (desculpe, querida, mas é um fato), de que cuido muito mal, e não entendo como ela teima em sobreviver. Acho que mais ela cuida de mim do que eu dela, embora sempre tente deixar bastante água quando viajo - até hoje ela tem sobrevivido a mim.


Mas acho que todo mundo que vê orquídeas, um monte delas, tendo ou não jeito com plantas, enlouquece um pouco e acha que pode ter uma, ou duas, ou várias. Eu também achei isso e acabei comprando duas: uma pequenina, pela delicadeza (e preço mais em conta. Seu nome: Phalaenopsis):


Outra pelo cheiro - eu nem sabia que orquídeas tinham perfume e o dessa, cujo nome é Zygopetallum Mackay, é maravilhoso - delicado, mas intenso:


O que eu não sabia, salvo quando coloquei a bela em cima de minha mesa e sentei-me para lanchar diante dela, é que o adubo usado em seu vaso tinha estrume. Então, aqui estou com uma lindinha e delicada flor, que tem um perfume encantador, e ao mesmo tempo um cheiro fétido vem do vaso, até dor de cabeça já me deu. Amanhã volto lá para perguntar ao expositor qual adubo posso usar pra trocar esse aqui. Se não puder trocar, adeus bela flor.

Aliás, Machado tem um trecho nas Memórias póstumas de Brás Cubas muito adequado para a situação, sobretudo por sua crueldade clássica, que dá bem uma ideia do impasse aqui. Por sorte, achei suas referências: está no capítulo XXXIII, com o seguinte título: "Bem-aventurados os que não descem":

O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárneo. Por que bonita, se coxa? por que coxa, se bonita? Tal era a pergunta que eu vinha fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, sem atinar com a solução do enigma. O melhor que há, quando se não resolve um enigma, é sacudi-lo pela janela fora; foi o que eu fiz.
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PS. Não se trata de estrume no vaso, mas da decomposição natural do adubo, preciso esperar a floração acabar e aí posso mudá-lo. É por isso que não tenho plantas, todas precisam de cuidados e essas então, são fresquíssimas, quero ver quanto tempo duram com essa senhora impaciente aqui.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Modo frio

Um dos modos de enfrentar esse bem vindo friozinho, que não deve durar muito.
Hoje revi Meia noite em Paris e gostei demais - de novo. Há vários aqui que ainda não vi, que bom.















quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Interregno

Alguns filmes vistos, livro empacado (ainda) do Valter Hugo, outro em andamento do Amós Oz, lindo em seus inícios (O mesmo mar), a coletânea de poesia da Ledusha, agora Leda Beatriz Abreu Spinardi, de quem resolvi reler o Finesse e fissura (1984), que só escapou da doação aos alunos de Fortaleza porque faz parte da minha história pessoal e intelectual (como quase todos da coleção Cantatas Literárias), para ver onde e quando as coisas andaram nessa poeta, e em sua obra, até porque o Finesse está no Notícias da ilha mas sem nenhuma observação formal - pelo que estou percebendo (recém comecei a leitura) os poemas já publicados estão fora dos colchetes, no índice. A conferir.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

o que houve com o sorriso do Sam Shepard? : Marido por acaso

Hoje ia fazer o canal de um dente complicadíssimo, que acabou não rolando - minha alegria foi enorme. Por isso entendo a bronca que o Sam Shepard deve ter de dentistas.

Isso porque vi ontem no Telecine o filme Marido por acaso, de 2009, com Uma Thurman, Collin Firth, Jeffrey Dean Morgan, uma comédia romântica bobinha que a gente vai vendo, vendo e quando percebe já terminou - bem e sem maiores problemas, tudo leve e ligeiro, sem pensares profundos ou elocubrações.

O que mais me impressionou, no entanto, foi o estado geral do (não) sorriso do Sam Shepard, que faz o pai da Uma, e os meio sorrisos que dá sempre que está em cena, quase de boca fechada, a gente percebe que ele não quer expor os dentes pouco cuidados. Fui ver nas fotos e fiquei muito espantada - como é que um homem tão talentoso, tão charmoso, que já participou de tantos filmes bons (portanto, usando a imagem, seu instrumento de trabalho) deixa as coisas chegaram nesse ponto? Não há hipótese de ser falta de dinheiro. Pra mim, pode ser pânico de dentista. Ou desleixo puro e simples. E o mais triste é que esses estragos têm fácil solução, o homem só precisa sentar na cadeira de um bom dentista e relaxar um pouco. Vamos, Sam, coragem.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

o lado A do B

Perdi meu celular hoje, e enquanto eu cancelava na operadora o chip e o aparelho, quem o achou (provavelmente deixei no táxi) me ligou duas vezes no número onde eu xingava o portador, mas permaneceu mudo - o sujeito, ou a, brincou com ele por pouco tempo, mas esse dia parece que tinha de terminar assim.

Por outro lado - e esse é o lado que importa - encontrei uma amiga que não via há tempos (foi na ida para vê-la que o cel dançou, mas eu é que estava desplugada), fomos ao Moviola, é sempre tão bom vê-la, e sabermos que mesmo sem encontros assíduos seremos amigas forever. Muito bom. E o creme de alho poró, outra delícia.

domingo, 14 de outubro de 2012

Passar e lavar roupas etc

Há alguns filmes que parecem ótimos entrando em cartaz nos cinemas, mas nenhum prazer se compara a estar sozinha um fim de semana inteiro, sobretudo se os dias estão meio nublados e eu não tenho que ir a lugar algum, menos ainda a cinema cheio de gente comendo pipoca com cheiro de óleo (comum em fins de semana) - às vezes, basta isso para se estar bem.

Minha secretária para assuntos do lar sofreu um AVC, mas já está melhor, ou estava há alguns dias (espero que fique totalmente bem, gosto muito dela), mas o fato é que ainda não encontrei ninguém que faça as coisas aqui. Tenho varrido a casa, passado pano úmido no chão, lavo a louça, cozinho (gosto de cozinhar algumas coisas, e acho que tenho bom tempero), mas passar roupa nunca tinha feito antes, e fui adiando, adiando, a pilha já estava enorme.

Hoje, entre um espiada e outra no FB, e na polêmica sobre o fato de eu me dizer leitora e assinante de Veja - está difícil lidar com uma certa esquerda petista hoje, sobretudo no FB, e não sou afeita a polêmicas, não tenho nenhuma paciência - mas, enfim, hoje decidi passar a pilha de roupas e descobri que não é tão ruim assim a tarefa, dá pra pensar um bocado passando roupas. Só os lençóis com elástico me deram ganas de estraça-lhá-los, mas terminei quase tudo.

E aproveitando o tema candente, comprei esse cobre leito numa promoção da loja First class (só compro lá em promoções, porque cobra bem carinho) e resolvi lavar antes de usar (tudo que é made in qualquer lugar eu lavo antes de usar) e aconteceu uma coisa estranhíssima: a colcha saiu da máquina completamente coberta de uns fiapos brancos, como se toda a forração do matelassê tivesse sido dissolvida, o que não aconteceu, está toda lá, direita.

Eu passei a ferro o lençol (pesado à beça, meu braço doeu) e as fronhas imensas, ou porta travesseiros, não sei, coloquei tudo dobrado em cima da máquina de lavar, e ao lado estava o meu celular. Horas depois, quando fui pegar para guardar, o celular estava coberto de uma espécie de pó, uma nuvenzinha de poeira de algodão - fiquei meio assustada, será que isso não é tóxico? Nunca vi um algodão tão volátil assim, nem sei se vou usar isso. Se alguém tiver um parecido, tell me, please.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

de molho

Sempre vou ficar nesse hotel, ele é meu Welcome por aqui, porque já me acostumei com o pessoal, eles me tratam super gentilmente, fazem o possível para atender tudo que peço, e o flat tem um tamanho bom, não me dá claustrofobia, mas há coisas chatas, para as quais me falta paciência, e a velhice vai tornando mania, hélas.

Por exemplo, cama - tem de ser confortável, colchão não mole, os lençóis têm de ficar esticados, mas aqui não tem jeito. Embora eles tenham trocado o colchão da minha cama e colocado um novo, ele não é de boa qualidade e vai fazendo aquele buraco com o tempo, daí vou me movendo pro outro lado mas ele também vai ficando flácido, além de que se desloca sozinho. E os lençóis não ficam esticados de jeito nenhum, porque não têm elástico, tentam amarrar com um nó nas pontas, e não funciona, claro.

São coisas simples de resolver, mas implicam investimentos, que não sei se querem, ou podem, fazer. De todo modo, penso que jamais fiquei em Buenos Aires, por exemplo, em quartos onde tudo não estivesse absolutamente correto, com produtos de ótima qualidade. Acho que o problema é mesmo de qualidade, a gente aqui tenta economizar no que não pode, de jeito nenhum, então dá nisso:




domingo, 22 de janeiro de 2012

Tempo, tempo

        Amanhã, ela faz 86 anos











Amanhã, ele faz 1 ano e 7 meses






Tudo pulsa:  história e vida.















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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Passeando em palavras


De amanhã a sábado vou descansar no Art Suites & Gallery, na Recoleta, Bs As. A gente viaja porque precisa sair das mesmas vistas, da mema rua, dos mesmos conhecidos e, sobretudo, dos mesmos desconhecidos que cruzam por você no bairro, nas ruas, na cidade. Viajo para reabastecer meu imaginário, para lembrar de coisas que - em tese - ainda não vi, embora isso se torne cada dia mais difícil, ou seja, imaginar histórias diferentes das habituais e criar novas, com outros personagens. De todo modo, gosto demais dessa cidade para onde vou, apesar de uma certa acidez nos modos, em geral, dos habitantes, irritados com nossa invasão cotidiana a lojas, restaurantes, e fúria consumista. Dessa vez, vou levíssima, sem nenhuma reserva para compras quaisquer, o que está ótimo para mim, fico livre para só caminhar, olhar, me deixar ir pra onde as pernas e os pés levarem - olhando bem e, claro, tomando cuidado, porque a maré por lá também não está pra peixe.

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Ainda vou ver Vi hoje O garoto da bicicleta, tudo a ver comigo e estou certa de que vou amar.
Tendo visto, posso dizer que é, sim, bonito, sensível, generoso, difícil e real o amor daquela moça pelo garoto, miseravelmente abandonado pelo pai. Ele - o garoto - parece inicialmente um osso duro de roer, mas ela não desiste, e isso é amor, e isso é bonito. Algumas lágrimas rolam.

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Vi Se não nós, quem?, filme pesado e interessante, sobre épocas que deram estrutura a minha geração, em que ideias e ideais valiam os sonhos, os projetos, a vida, enfim, literalmente. Não se trata apenas de abordar o nascimento do grupo Baader-Meinhof, mas de como uma certa geração pós segunda guerra lidou com as contradições de sua época, os impasses políticos que começavam ali e deixaram seus rastros na hístória que vivemos hoje, de modo muito mais distanciado, indiferente, cínico, talvez.


Late bloomers é divertido, sobretudo por conta da beleza e talento de Isabella Rossellini, e bastante menos na conta do absolutamente-a-mesma-expressão-blasé William Hurt (percebo agora que não é mais possível ver atuações de Hurt, não há diferença alguma entre um serial killer que ele represente e esse cara aqui, tudo é o mesmo personagem, sem nuances, sem força. Ele ficou lá atrás, naquela história com a namorada cega, e não saiu mais de lá ). De todo modo, o filme vale o tempo, e é ótimo ver maduros personagens, como nós, encenando enredos de recomeço e aprendizagem.


Confesso: vi Amanhecer e só posso dizer que é uma vergonha - não eu ter pago para assistir a ele, isso também, mas o filme em si - constrangedoramente esticado, para caber em dois megablusters. Nem o fato de algumas cenas se passarem aqui no Rio melhora a qualidade do embuste. E a mocinha, faça-me o favor, ninguém merece mais ver aquela coisa totalmente estapafúrdia. Enfim - e ainda falta mais um.

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Amanhã nunca mais fica prejudicado na minha avaliação, porque reconheço a ótima atuação de Lázaro Ramos, bem como dos excelentes coadjuvantes, sobretudo Milhem Cortaz e Maria Luísa Mendonça, impagáveis, mas o protagonista é um zé mané total, mas tão abestado, que fiquei irritadíssima com sua lerdeza, além de que os closes imensos, enormes, não funcionam para dar idéia de - de quê, mesmo?.

E porque ele é lerdo, fica parado muito tempo num trânsito caótico de São Paulo, a minha paciência com ele também foi-se esgotando à medida que ele se metia em mais e mais confusões. Diferente do clássico After hours, comparação inevitável, aqui parece que o personagem está agrilhoado àquelas situações sem saída, e meu sentimento foi mais de irritação do que de empatia com ele. Quando, finalmente, chega-se a um desenlace, me pareceu tarde demais, já estava querendo que ele sumisse na tela. Enfim, uma pena, porque Lázaro faz sempre um trabalho de mestre.


A casa dos sonhos não chega a ser assustador, mas garante bons momentos de tensão, e ótima diversão para quem gosta de filmes de 'pequeno terror'.


Ah, li dois livros, um extraordinário, A máquina de fazer espanhóis, valter hugo mãe; outro, bem bom, Nada a dizer, de Elvira Vigna, que busquei porque minha amiga Eliana falou dele de modo que me interessou. Espero ter vontade de escrever sobre ambos, e outros que ando lendo, em algum momento.

Bye ghosts.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

viajar é preciso




Quero viajar, urgente, pra onde não chova muito, nem faça sol de rachar. Difícil achar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

na falta de

Na falta da vontade de escrever o que quer que seja, flores, de várias cores e odores, e luzes da primavera em forma de casinhas.


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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

a morte dos sapatos

Plagiando anna v, e considerando que blog também é informação, sugiro que não usem essa coisa aí embaixo contra mofo próximo a sapatos porque o desastre é certo. O pior é que está em letras bem pequenas que pode causar ressecamento no couro - a palavra exata, no entanto, é outra: ele destroi o couro, encolhe e enverga o sapato. Perdi dois que eu amava demais, por isso o aviso. Vejam a tristeza: a botinha binne já comprei outra, porque não viajo sem. O sapatinho preto morreu mesmo.





















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quarta-feira, 29 de junho de 2011

andando ao léu

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Depois de andar muuuuito em Inhotim sem enfartar, e de tomar um tombão naquelas ruas sobe e desce de Belo Horizonte, todas com pedrinhas portuguesas faltando muitas delas, comecei a andar menos de táxi e a usar mais os próprios pés. Hoje fiz uma longa caminhada vindo do INSS da rua das Laranjeiras até quase o Largo do Machado. Vim fotografando os prédios, a paisagem, os passarinhos nas gaiolas, de repente já estava quase em casa. Amanhã vou andar de novo, até porque tem feito uns dias tão lindos, mas tão lindos. Outono/inverno - tempo de luzes no ar.

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terça-feira, 29 de março de 2011

ele tinha a força

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Admirei sempre a coragem do ex-vice presidente, a alegria com que ele saudava a vida, a força imbatível com que teimava em enfrentar seus males, com ajuda da melhor medicina, que suas condições econômicas permitiam - sim, eu sei que a fortuna veio com os mesmos vícios que a de quase todos os muito ricos nesse país.

Mas a a luta contra a doença era admirável e transparecia também uma grande conexão com a vida, e isso independe de dinheiro, tem mais a ver com energia pessoal, fé, crenças, que sei eu. Sempre que voltava ao hospital me fazia lembrar que a vida é breve passagem.

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quarta-feira, 16 de março de 2011

Não sei não

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Como ainda não posso escrever com todos os dedos (a maldição da tendinite me persegue ainda), vou copiando e colando aqui o que me chama a atenção no cotidiano, só para não desativar de vez o blog.

Essa notícia me pareceu meio esquisita, imagina se todos os artistas quiserem fazer blogs subvencionados por nós, contribuintes. Não sei não, mas é uma grana alta para cantar uma música por dia, mesmo sendo a Bethânia.

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A cantora Maria Bethânia conseguiu autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 1,3 milhão e criar um blog.

A ideia é que o site "O Mundo Precisa de Poesia" traga diariamente um vídeo da cantora interpretando grandes obras.
A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington.
Há três anos, Bethânia se envolveu numa polêmica ao ter um pedido de captação, de R$ 1,8 milhão para uma turnê, rejeitado pela área técnica do ministério.
O então titular da pasta, Juca Ferreira ignorou o parecer e autorizou a captação de R$ 1,5 milhão.

A informação é da coluna Mônica Bergamo, publicada na Folha desta quarta-feira (16). A íntegra da coluna está disponível para assinantes do jornal e do UOL.

Daqui: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/889245-maria-bethania-tera-r-13-milhao-para-criar-blog.shtml