Como estou vivendo um momento de vida extraordinário, não tenho muito assunto fora dessa situação particular. O blog nasceu para ser um espaço de comentários sobre livros, filmes, cultura, enfim. Por enquanto, a cultura tem sido relegada a um plano miserável em minha vida, porque ando cansada, estressada, sem vontade de quase nada.
Minha mãe está hospedada chez moi por esses dias, numa espécie de rodízio entre mim e a irmã, e não sei exatamente até quando nós conduziremos esse barco com razoável aprumo, só sabemos que estamos indo, remando conforme as ondas, ou as marolas. Por enquanto, há marolas bem navegáveis, facinhas de controlar e de remar por elas. Torçamos para que continue assim.
De todo modo, houve um dia, não sei quando, que fui ver aqui pertinho Chloe (em nossa ridícula tradução ficou O preço da traição, mais moralista impossível), um filme lindíssimo sobre amor, confiança, desejos, inseguranças, poderes de jovens e de maduras mulheres, além de interpretações excelentes do trio que leva o filme: Julianne Moore, Liam Neeson e Amanda Seyfried.
Um triângulo amoroso que tinha tudo para ser apenas mais uma boa história bem filmada, mas cujo desenlace surpreende e revigora toda a encenação anterior, permitindo ao espectador reler a trama sob outra perspectiva, muito mais interessante, aliás.
Por fim, estou ainda nos inícios, muito hesitante e titubeante, de outro Coetzee, já que o perdido no avião por lá ficou. Não tenho ainda quase nada a dizer sobre Verão, só que estou gostando mas lendo de modo tartarugal. E mesmo não tenho chegado nem à metade de Diário de um ano ruim, e tenha sentido desconforto com as três histórias simultâneas que estavam sendo narradas, uma melhor do que as outras duas, mesmo assim sinto falta de saber o que viria depois, e devo (re)comprá-lo em algum sebo.
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segunda-feira, 21 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
de atalhos e desvios
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Como nós todos sabemos, às vezes estamos seguindo um rumo na vida, bons momentos, outros menos, mas no caminho, na roda, circulando, vivendo, conhecendo coisas, pessoas, sentindo e desejando ver, respirar, olhar, sorrir, enfim. Mas aí, eis senão quando o caminho toma uma bifurcação, sem mais nem menos, e somos levados por um atalho esquisito, não planejado, onde tudo dói um pouco, tudo range no corpo, dores por todo lado, sentimentos vagos de o que é que eu fiz agora, por que isso está acontecendo comigo, por que não fui avisada de algum modo de que isso poderia acontecer etc, etc...
Para mim, esses desvios aconteceram sempre que a doença bateu a minha porta. Meu câncer, por exemplo, me deixou estupefata. Como? Eu também? Mas por quê, o que eu fiz? E ao mesmo tempo sendo levada por um roldão de exames, cirurgias, médicos, hospitais, remédios, sustos, infecções, rádios, químios, corpos estranhos no estranho corpo que agora era o meu, medo, muito medo não se sabe bem de quê, talvez de sofrer muito, de ficar incapacitada, mais do que de morrer. Morrer é muito mais fácil do que sofrer, acho.
Durante todo esse tempo, sentia que estava à margem da vida, era outro o mundo que eu habitava, o povo que eu conhecia "- qual o grau do seu - II? I? Recidivo?. Já estou aqui pela terceira vez, não sei muito o que esperar" - a gente ouve todo tipo de história nesse lugar, vê coisas que nunca imaginou, indo durante mais de um mês ali diariamente. A gente vive, continua vivendo, mas é num outro diapasão.
Agora, depois de muito custo (e alguma terapia), me vejo de novo no atalho dela, da grande dama. Minha mãe está doente, tem períodos de confusão mental que se misturam à claríssima lucidez. Há pouco mais de um mês ela andava pra cima e pra baixo, serelepe com suas dores no joelho, onde havia vários chumbinhos (em tese, eles serviam para amenizar a artrose). De repente, tudo ruiu. Ela é e não é a mesma pessoa, passou um caminhão por dentro da cabeça dela e fez um enorme estrago. O médico diz que ela vai ficar bem tomando a medicação e que pode viver bem por vários anos. Mas eu já sinto muita falta dela, sinto falta até da encheção de saco, quando ela queria porque queria viajar, mesmo não podendo. E sei que o estrago é geral, toda a família fica um pouco louca com a mãe assim.
Nesse momento, o lance é viver um dia de cada vez, um passo de cada vez.
(Quando fui a Buenos Aires, ela já havia passado por um hospital, estava em casa se recuperando, e achei que podia sair um pouco, arejar a cabeça. Mas a cabeça de filha vai junto, a confusão vai junto também. Por isso, não achei onde comer direito, não me importei com isso, queria só descansar, só descansar. Foi o que tentei fazer, ficar quieta).
Pra onde vão os trens, meu pai? Para Mahal Tami, Camirí, espaços no mapa, e depois o pai ria: também pra lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem tu não te moves de ti. (Tu não te moves de ti - Hilda Hilst).
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Como nós todos sabemos, às vezes estamos seguindo um rumo na vida, bons momentos, outros menos, mas no caminho, na roda, circulando, vivendo, conhecendo coisas, pessoas, sentindo e desejando ver, respirar, olhar, sorrir, enfim. Mas aí, eis senão quando o caminho toma uma bifurcação, sem mais nem menos, e somos levados por um atalho esquisito, não planejado, onde tudo dói um pouco, tudo range no corpo, dores por todo lado, sentimentos vagos de o que é que eu fiz agora, por que isso está acontecendo comigo, por que não fui avisada de algum modo de que isso poderia acontecer etc, etc...
Para mim, esses desvios aconteceram sempre que a doença bateu a minha porta. Meu câncer, por exemplo, me deixou estupefata. Como? Eu também? Mas por quê, o que eu fiz? E ao mesmo tempo sendo levada por um roldão de exames, cirurgias, médicos, hospitais, remédios, sustos, infecções, rádios, químios, corpos estranhos no estranho corpo que agora era o meu, medo, muito medo não se sabe bem de quê, talvez de sofrer muito, de ficar incapacitada, mais do que de morrer. Morrer é muito mais fácil do que sofrer, acho.
Durante todo esse tempo, sentia que estava à margem da vida, era outro o mundo que eu habitava, o povo que eu conhecia "- qual o grau do seu - II? I? Recidivo?. Já estou aqui pela terceira vez, não sei muito o que esperar" - a gente ouve todo tipo de história nesse lugar, vê coisas que nunca imaginou, indo durante mais de um mês ali diariamente. A gente vive, continua vivendo, mas é num outro diapasão.
Agora, depois de muito custo (e alguma terapia), me vejo de novo no atalho dela, da grande dama. Minha mãe está doente, tem períodos de confusão mental que se misturam à claríssima lucidez. Há pouco mais de um mês ela andava pra cima e pra baixo, serelepe com suas dores no joelho, onde havia vários chumbinhos (em tese, eles serviam para amenizar a artrose). De repente, tudo ruiu. Ela é e não é a mesma pessoa, passou um caminhão por dentro da cabeça dela e fez um enorme estrago. O médico diz que ela vai ficar bem tomando a medicação e que pode viver bem por vários anos. Mas eu já sinto muita falta dela, sinto falta até da encheção de saco, quando ela queria porque queria viajar, mesmo não podendo. E sei que o estrago é geral, toda a família fica um pouco louca com a mãe assim.
Nesse momento, o lance é viver um dia de cada vez, um passo de cada vez.
(Quando fui a Buenos Aires, ela já havia passado por um hospital, estava em casa se recuperando, e achei que podia sair um pouco, arejar a cabeça. Mas a cabeça de filha vai junto, a confusão vai junto também. Por isso, não achei onde comer direito, não me importei com isso, queria só descansar, só descansar. Foi o que tentei fazer, ficar quieta).
Pra onde vão os trens, meu pai? Para Mahal Tami, Camirí, espaços no mapa, e depois o pai ria: também pra lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem tu não te moves de ti. (Tu não te moves de ti - Hilda Hilst).
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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Pesou
Como já devem ter notado, a barra por aqui pesou - mãe doente, hospital, estresse, a tralha toda.
Volto quando os ares serenarem, ou eu mesma serenar.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
bad days
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Não estou muito bem, nada grave, espero, mas sem ânimo para postar. Acho que volto semana que vem, ou antes, se melhorar.
sábado, 12 de abril de 2008
stand by
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O mundo pára de repente e a respiração fica difícil quando se espera o resultado de um exame que vai dizer se você pode ou não continuar no fluxo da vida. Por isso, até dia 16 continuo em stand by.
A partir desta data, aguardo um parecer de alguém muito valoroso que vou encontrar em Fortaleza na próxima semana. E respiro de novo.
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O mundo pára de repente e a respiração fica difícil quando se espera o resultado de um exame que vai dizer se você pode ou não continuar no fluxo da vida. Por isso, até dia 16 continuo em stand by.
A partir desta data, aguardo um parecer de alguém muito valoroso que vou encontrar em Fortaleza na próxima semana. E respiro de novo.
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quinta-feira, 3 de abril de 2008
boa comida
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Durante esse período "em retiro", tive de comer muito mal ali por perto do hospital mesmo, e eu acho muito triste quando isso acontece comigo. Assim, foi um prazer grande quando, aproveitando a presença da empregada em casa, dei uma passada no centro da cidade para resolver coisas no edifício central, na rio branco, e almocei no restaurante 'art station', que fica no subsolo. Que comida legal, muito boa mesmo, num lugar simples e decente. Sei que há vários lugares bacanas no centro, mas não sou assídua daquelas bandas, portanto, quando achei esse fiquei feliz.
Durante esse período "em retiro", tive de comer muito mal ali por perto do hospital mesmo, e eu acho muito triste quando isso acontece comigo. Assim, foi um prazer grande quando, aproveitando a presença da empregada em casa, dei uma passada no centro da cidade para resolver coisas no edifício central, na rio branco, e almocei no restaurante 'art station', que fica no subsolo. Que comida legal, muito boa mesmo, num lugar simples e decente. Sei que há vários lugares bacanas no centro, mas não sou assídua daquelas bandas, portanto, quando achei esse fiquei feliz.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Fim da saga?
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Parece que terminou minha saga no hospital Rio Laranjeiras: o resultado do exame deu positivo para dengue, mas.... essa é a boa notícia, ela está assintomática, sem febre, sem manchas, as plaquetas subiram de 176 m3 para 182 m3 (o mínimo é 150 m3) e já pode ir para a escola, retomar atividades com moderação.
A má notícia: o médico disse que os repelentes têm duração curta na pele, em torno de meia hora, fiquei chocada. Então vou ter de sair com repelente na bolsa e colocar de meia em meia hora? Mas eles não são também tóxicos? E agora?
Fim da sessão "utilidade pública" do blog. Mas não da dengue: o hospital está lotadíssimo, ficamos lá de 11h até as 16h para fazer esse exame de sangue.
E chegando mais gente.
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Parece que terminou minha saga no hospital Rio Laranjeiras: o resultado do exame deu positivo para dengue, mas.... essa é a boa notícia, ela está assintomática, sem febre, sem manchas, as plaquetas subiram de 176 m3 para 182 m3 (o mínimo é 150 m3) e já pode ir para a escola, retomar atividades com moderação.
A má notícia: o médico disse que os repelentes têm duração curta na pele, em torno de meia hora, fiquei chocada. Então vou ter de sair com repelente na bolsa e colocar de meia em meia hora? Mas eles não são também tóxicos? E agora?
Fim da sessão "utilidade pública" do blog. Mas não da dengue: o hospital está lotadíssimo, ficamos lá de 11h até as 16h para fazer esse exame de sangue.
E chegando mais gente.
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quinta-feira, 20 de março de 2008
semana de exames
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Semana que vem vou fazer ressonância, vão me injetar um líquido para contraste, vão me colocar dentro de uma máquina do tempo onde ficarei imóvel por meia hora, sem quase piscar, tentando lembrar dessas frases do mantra, tentando buscar na memória momentos alegres, felizes, peaceful, enfim, todas essas coisas que minha professora de alongamento sugere ao final da aula de 6ª feira e que eu sou total e inteiramente incapaz de acompanhar ("pense agora que você está no lugar ideal, junto com a pessoa ideal, um espaço cheio de luz, de serenidade etc, etc, etc... afe!)
Semana que vem vou fazer ressonância, vão me injetar um líquido para contraste, vão me colocar dentro de uma máquina do tempo onde ficarei imóvel por meia hora, sem quase piscar, tentando lembrar dessas frases do mantra, tentando buscar na memória momentos alegres, felizes, peaceful, enfim, todas essas coisas que minha professora de alongamento sugere ao final da aula de 6ª feira e que eu sou total e inteiramente incapaz de acompanhar ("pense agora que você está no lugar ideal, junto com a pessoa ideal, um espaço cheio de luz, de serenidade etc, etc, etc... afe!)
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