Tudo no filme me interessou - a agilidade, quase feérica, em que vive imerso o fotógrafo, seu modo de trabalhar incansavelmente - acho que ele é obsessivo, no que somos aparentados; os deslocamentos pelos lugares, esse nomadismo, quando se exploram paisagens novas e sempre interessantes; o tema da morte, claro, em especial esse modo de personificá-la, que está também em Asas do desejo, o que faz com que ela, a morte, seja ao mesmo tempo intimidadora, por inescapável, e próxima a nós - tem a ver com uma visão aparentada com o mundo clássico, dos seres alados e mitológicos, mas ao mesmo tempo terrena, íntima, uma espécie de parente nosso, de que havíamos esquecido e reaparece inesperadamente - eu gosto muito do jeito como Wenders transita nesse mundo da morte, me sinto muito próxima de tudo.
E há o amor, a forma como esse homem vai-se deixando tocar pelo amor, pela vida em sua forma intensa, mas de outro modo - mais plena e comungante. Ele, que só conhecia o frenesi, passa a olhar e ver, não apenas fotografar, mas ver. O filme todo é bonito, tudo de que trata me interessa e gostei demais de ter visto.
Vale a pena conhecer o site onde fui encontrá-lo, onde há outros excelentes: http://www.cineclubecinemateca.com