Ainda não recomecei porque não sei que rumo dar a essas notas.
Quando parei, já estava meio confuso o meio de campo - havia comentários sobre filmes, basicamente, quase nada sobre livros, que continuam sendo pouco lidos, embora comprados regularmente.
Houve uma postagem retirada de um conjunto de textos que escrevi sobre fotografias de minha infância, e que eu pretendo/pretendia um dia transformar em diário de uma época, e hoje não sei o que será, ou se será. Não por ser autobiográfico, o que as fotos já dizem, mas por haver climas tensos e alguns dramas, e não sei a quem se destinaria tal diário, quando em letras e frases e páginas.
Houve essa última exposição dos livros, e o consequente explicitar do nome real e da pessoa sob o pseudônimo de clara lopez, o que já se vinha desenhando no facebook, sobretudo quando escrevi a resenha do livro de minha amiga Eliana Bueno, sobre Santo Antonio, e ela espalhou aos amigos quem era a autora, mas convivo bem com ambos - ou ambas.
Enfim, sinto falta desse espaço - primeiro, de escrita; segundo, de comunicação. Mesmo não tendo o retorno de leitores, sei pelas estatísticas que várias pessoas (se não forem alienígenas, o que eu adoraria) visitam o blog e, suponho, o leem.
Não sei que rumo dar a essa volta (se volta for), e talvez não precise dar um rumo, só escrever, e se for para conversar, converso então com o blog da marina dabliú que postou aqui um áudio com a voz de Adélia Prado falando um de seus mais belos poemas. Logo que comecei a ouvir, parei, porque não suporto ouvir poemas, sejam ditos por intérpretes, sejam ditos por seus próprios autores. Considero, basicamente, que aquele poema que eu ouço não é o que eu li, o que guardei em mim. E os de Adélia, sobretudo, me pertencem de um modo especial, porque convivi com eles à exaustão, há muitos anos, e ainda lembro dos significados que emprestei a cada um, e de seu timbre em mim.
Então, quando comecei a ouvir na voz de Adélia aquele poema de amor - tão visceral, e ao mesmo tempo tão singelo -, parei o som. Mas voltei, ouvi tudo e reconheci o poema novo que ela me apresentava - senti a mesma ternura como se lido pela primeira vez. Ela encontrou na voz a simplicidade molecular de sua estrutura na fala, que corresponde inteiro às linhas que eu percorri e ainda guardo na memória - e no afeto.