E como fui convidada, fui conhecer o restaurante da chef número dois da cidade, o Roberta Sudbrack. Nunca dantes in my life havia provado comida estrelada, e a.m.e.i., na verdade, nasci para comer aquela coisa toda.
Não fiquei deslumbrada, mas agradecida por alguém fazer coisas tão interessantes para alegria do paladar e da imaginação de estranhos completos que, ao final, querem muito dizer a ela como foi bom, como gostaram de tudo, como perceberam a delicadeza em cada sabor, em cada prato, quanto cuidado nos detalhes, dá vontade de beijar as mãos dela, enfim... mas ela não apareceu, e ficamos na companhia educada e silenciosa de Luis Fernando Veríssimo e amigos que, em mesa ao lado da nossa, bebia vinho e acho que igualmente se encantava.
Enfim, as fotos não dizem do sabor, nem dos cheiros, mas vos asseguro - tudo estava saborosíssimo e não, não deu fome depois, foi tudo na medida e na quantidade certa, por incrível que possa parecer.
Começamos com esses pãezinhos que de longe lembravam os de queijo que conhecemos, mas iam muito além deles, dissolviam na boca e deixavam saudade no mesmo momento em que encontravam o céu da boca, e aquele salame ali, gente, o que é aquilo, bom demais...
Essa é uma farofa de banana que alguém na mesa atrás de mim elogiava tanto, enquanto eu esperava meus amigos, que não hesitei em pedir. Foi o único prato que não achei extraordinário, e mesmo assim era ótima, por mais estranha que pareça.
Esse é um prato de camarão que deu vontade de comer em contrição. Eu sei, não parece, mas estava maravilhoso, e também foi suficiente, não tinha de menos, nem de mais. Há uma película de massa revestindo a coisa mesma, além de outros sabores a serem descobertos, delícia.
E com esse pato eu descobri que nunca antes havia comido pato, ou pelo menos esse me revelou o sabor de pato que quero guardar na memória gustativa e olfativa. Além de ter vindo acompanhado dessas batatinhas, que também eram não apenas lindas, mas tão boas, tão - sabe aquelas batatas que o Van Gogh pintou no Comedores de batata? Estavam ali traduzidas, em pura arte.
O ravioli aí embaixo, olha, dos deuses. Vêem essa coisinha no meio, que parece uma tira de legume - é uma tira de legume, mas tão saboroso, tão diferente, que parece coisa de bruxa, com o gosto apurado do amendoim crocante, perfeito.
E deu-se, por fim, a sobremesa. Parece pouca e simples - ledo engano, era bastante e se simples, tinha a qualidade do que o simples guarda de melhor - todo o sabor concentrado sob a crosta crocante da massa, que revelava um chocolate com um creme branco nunca dantes provado, ou conhecido. Só bom demais.
Roberta, você é uma artista que faz feliz quem de sua cozinha se aproxima. Merci, longa vida a seu engenho e arte! O único problema dessa experiência é que, definitivamente, não pode viciar :)
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